Artur Queiroz*, Luanda
Para enviar uma mensagem positiva, bela e poética a todas e todos os oportunistas desta vida, sobretudo aos que devem ao MPLA tudo o que são e têm mas agora cospem no prato, um amigo enviou-me um poema belíssimo que me disse ser de Agostinho Neto. Li, reli e na verdade é uma peça que fala de todas e todos os que, por ambição desmedida e oportunismo apanharam o comboio da Revolução para encherem a bolsa e darem satisfação a ódios antigos. Mas também para apresentarem a factura do que dizem ter feito pelo Povo.
Eu não conhecia o poema mas fiquei feliz por passar a conhecê-lo. Ainda que admirado, porque conheço bem a obra de Agostinho Neto e nunca me tinha cruzado com tão belo poema.
Uma amiga, assim que leu a minha crónica O Governo à Prova de Guerra disse-me que o poema não é de Agostinho Neto mas do poeta moçambicano Jorge Rebelo. Fui investigar e confirmei. O autor do poema “Do Povo Buscamos a Força” é mesmo de Jorge Rebelo, poeta moçambicano e que foi dirigente da FRELIMO. Ele é que redigiu a Constituição da República Popular da Liberdade Universal. Que agora repito. Pedindo desculpa ao autor e aos meus leitores pelo erro. Mas também dando às e aos vira-casacas, às e aos oportunistas que hoje cospem no prato, rasgam a bandeira do MPLA e traem o Povo Angolano, a oportunidade de se reverem neste espelho poético:
Não basta que seja pura e justa
a nossa causa
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós.
Dos que vieram
e connosco se aliaram
muitos traziam sombras no olhar
intenções estranhas.
Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.
Para alguns outros era uma bolsa
bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enchê-la
com coisas sujas
inconfessáveis.
Outros viemos. Lutar pra nós é ver aquilo
que o Povo quer
realizado.
É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres pra trabalhar
É ter pra nós o que criamos.
Lutar pra nós é um destino
é uma ponte entre a descrença
e a certeza do mundo novo.
Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam - vamos lutar.
Lutar pra quê?
Para dar vazão ao ódio antigo?
Ou pra ganharmos a liberdade
e ter pra nós o que criamos?
Na mesma barca nos encontramos.
Quem há-de ser o timoneiro?
Ah as tramas que eles teceram!
Ah as lutas que aí travamos!
Mantivemo-nos firmes:
no povo buscáramos a força
e a razão.
Inexoravelmente
como uma onda que ninguém trava
vencemos.
O Povo tomou a direção da barca.
Mas a lição lá está, foi aprendida:
Não basta que seja pura e justa
a nossa causa
É necessário que a pureza e a justiça
existam dentro de nós
Jorge Rebelo
*Jornalista
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