Cristina Figueiredo | Expresso (curto)
Quatro meses depois, o
secretário-geral das Nações Unidas regressa à Ucrânia. António Guterres está em Lviv, onde se encontrará esta quinta-feira
com o chefe de Estado do país, Volodymyr Zelensky, e com o Presidente turco,
Recep Tayyip Erdogan, com a delicada situação da central nuclear de Zaporijía na agenda. Amanhã visita
o porto de Odessa, um dos vários por onde estão a ser escoados os cereais
ucranianos através do acordo entre russos e ucranianos apadrinhado pela ONU e
pela Turquia.
A presença do secretário-geral da ONU no território não para a guerra. "Estamos num impasse
estratégico" afirma Oleksiy Arestovych, conselheiro de Zelensky. Em Kharkiv, ontem à noite, novo ataque russo fez seis
mortos e pelo menos dezasseis feridos. “Um ataque desprezível e cínico que
não tem justificação”, classificou Zelensky, prometendo vingança. Entretanto há
notícias de novo ataque na segunda maior cidade ucraniana, já esta manhã, que
terá feito um morto e mais de uma dezena de feridos.
Por cá ainda não se vislumbram quais as ideias do Governo para cumprir a
acordada poupança de 7% no consumo energético, mas em Espanha as primeiras
medidas em curso já produziram efeito: a redução no consumo de eletricidade foi de 3,7% no
período de
Seis meses depois (cumprem-se na próxima quarta-feira), o conflito
continua sem fim à vista. Katarzyna Zysk, investigadora na área da segurança,
defesa e estudos estratégicos em Oslo, dá uma entrevista ao Expresso onde confirma isso mesmo e
defende que o ocidente não tem alternativa senão continuar a apoiar
militarmente a Ucrânia.
OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...
O incêndio na Serra da Estrela foi finalmente dado como dominado, eram 21h30. Onze dias após a ignição
inicial e consumidos mais de um quarto da área total do parque. Outro incêndio,
que começou ontem à tarde nas Caldas da Rainha, foi extinto já de
madrugada. Um bombeiro morreu ontem neste incêndio, vítima de ataque
cardíaco. Ministro da Administração Interna e Presidente da República não
demoraram a demonstrar o seu pesar pelo sucedido. Os dois políticos vão estar hoje,
ao final da tarde, lado a lado no briefing da Autoridade Nacional de
Emergência e Proteção Civil, sinal (se mais fossem precisos) de que a época de
incêndios ainda está longe do fim e, não menos importante, de que Marcelo está em consonância com o Governo em mais uma provação.
Sinal também de que são para levar a sério os avisos do IPMA sobre
uma nova onda de calor (a terceira) já a partir de sábado.
E se o calor não faz greve, ”a contestação laboral não tira férias". A Raquel
Moleiro foi fazer as contas e concluiu que os pré-avisos de greve comunicados
este ano no Ministério do Trabalho mais do que duplicaram até junho, face ao
mesmo período de 2021. Já somam 632.
Mais de uma semana foi o tempo que levou Sérgio Figueiredo a apresentar a
renúncia ao cargo de consultor para que tinha sido convidado por Fernando
Medina. Umas horas depois, o ministro das Finanças fez chegar um comunicado às
redações para lamentar "profundamente" que o país tenha
assim ficado impedido de contar com "o valioso contributo" do
antigo jornalista. Suficiente para por uma pedra sobre o assunto? A oposição,
apesar de saudar o que considera ser "o desfecho
inevitável", acha que não. Mas sobre o "estranho caso", aos socialistas não se ouviu um
pio. Exceção feita a Ascenso Simões, o deputado por Vila Real, antigo
secretário de Estado da Administração Interna e (por breves momentos) diretor
de campanha de António Costa em 2015, que acha que tudo se resume aquela palavra com que Camões fecha os Lusíadas, e alguns
outros socialistas que, ouvidos pela SIC mas mantendo o anonimato, se
confessaram "aliviados" pelo fim (será mesmo?) da controvérsia.
Esta quarta-feira foi um dia de sucessos desportivos nacionais (e Marcelo já congratulou os atletas).
No triplo salto: em menos de um ano, Pedro Pablo Pichardo conquistou o ouro nas Olimpíadas, no campeonato mundial e, ontem, ao final do dia, no europeu;
Na natação: depois do bronze de Diogo Ribeiro nos 50m mariposa, Gabriel Lopes conquistou a segunda medalha (também bronze) para Portugal nos Europeus de Roma;
No futebol: o Benfica venceu o Dínamo de Kiev por 2-0, na Polónia, na primeira mão do play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, ficando assim em confortável vantagem para a segunda mão, que se joga na terça-feira, no Estádio da Luz.
...E LÁ FORA
Donald Trump soma e segue apoios nas primárias republicanas para as
eleições intercalares de novembro, à medida que os seus adversários internos não conseguem ser eleitos. O processo já trouxe de volta à
ribalta política a antiga governadora do Alaska (e candidata a vice-presidente
de John McCain, em 2012) Sarah Palin.
Os EUA e Taiwan vão iniciar negociações formais com vista a um acordo comercial.
Isto numa altura em que a China anunciou o envio de tropas para a Rússia para... exercícios
militares conjuntos.
Em Cabul, no Afeganistão, um ataque à bomba a uma mesquita fez 10 mortos (entre eles um importante clérigo) e algumas
dezenas de feridos.
O agressor de Salman Rushdie fez declarações ao jornal New York Post.
Admitindo aversão pelo escritor, que considera atacar o Islão, Hadi Matar, 24 anos, confessa que leu
apenas duas ou três páginas de Os Versículos Satânicos.
No Brasil, a campanha para as presidenciais de outubro já começou,
sob elevado risco de violência política. Alexandre de
Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, tomou posse esta terça-feira
e prometeu combater as notícias falsas durante a campanha.
Verdadeira, infelizmente, é a notícia que a floresta amazónica perdeu, no último ano, a maior área
dos últimos 15: quase 11 mil quilómetros quadrados.
FRASE
"Lamento (...) não poder contar com o valioso contributo de Sérgio
Figueiredo ao serviço do interesse público"
Fernando Medina, ministro das Finanças
"Este contrato e tudo o que rodeou, todas as circunstâncias que rodearam,
dão sinais de que o PS está disposto a usar de uma forma impune a sua maioria
absoluta"
Paulo Rangel, vice-presidente do PSD, ainda sobre o caso Sérgio Figueiredo
“Para nós alemães, qualquer relativização da singularidade do Holocausto é
intolerável e insuportável”
Olaf Scholz, chanceler alemão, em resposta ao presidente palestiniano, Mahmoud
Abbas, que acusara Israel de cometer "50 holocaustos" sobre os
palestinianos
"Não ouvi nos últimos meses nenhum chefe de Estado de nenhum país
desenvolvido falar da situação no Tigray. Porquê? (…) Talvez a razão seja a cor
da pele das pessoas no Tigray"
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial de Saúde, sobre a
crise naquela região da Etiópia, de onde ele próprio é natural
O QUE ANDO A LER
"Os 5 homens que mudaram Portugal para sempre", da jornalista Isabel
Nery. Trata-se de um livro que procura cruzar as biografias de Álvaro Cunhal,
Mário Soares, Francisco Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Ramalho Eanes,
enquanto protagonistas do pós-25 de abril, período definidor do país que hoje
somos. A ideia é boa, a concretização fica talvez um pouco aquém, mas a obra
lê-se muito bem. É sempre útil (e, mais do que isso, gratificante) revisitar
aqueles anos, experiência inevitavelmente acompanhada de uma certa nostalgia
pelo tempo em que a política era dominada pelas grandes causas e não (só) pela
gestão pragmática das circunstâncias, em que se discutia (e se lutava por) uma
ideia de país e não apenas como garantir votos no próximo ato eleitoral. Os
horizontes, hoje, são sem dúvida outros. Infelizmente mais curtos.
E porque Curto é mesmo o adjetivo que se impõe, este fica por aqui. Pode sempre
retomar o fio à meada nos sites do Expresso e da Sic Notícias. Tenha um dia bom.
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