A exclusão da Rússia do Sistema de Pagamento Internacional SWIFT, devido à invasão da Ucrânia, está a criar dificuldades aos estudantes cabo-verdianos no país. Nem familiares, nem Governo conseguem enviar-lhes dinheiro.
Estudantes cabo-verdianos na Rússia enfrentam dificuldades para receberem as ajudas dos pais e apoios sociais do Governo, desde que o país foi banido do Sistema de Pagamento Internacional (SWIFT), devido à guerra na Ucrânia.
Juliana Lima, bolseira do Governo russo e aluna do terceiro ano do curso de Mecânica de Aviação, disse à DW África que estão a sentir falta dos apoios enviados de Cabo Verde.
"Principalmente da ajuda dos nossos pais, que era algo fixo e com o qual contávamos mais. Já a bolsa que temos de Cabo Verde, era algo trimestral. Quer dizer, recebíamos um valor que era estipulado pelo Estado para ajudar os alunos aqui", explicou.
No entanto, esta estudante afirma que o principal fator da crise que vive é o facto de os pais "não terem a possibilidade" de os apoiar financeiramente.
"181 euros não chegam para comer num mês"
Além de não poderem receber dinheiro, os estudantes debatem-se ainda com aumento do custo de vida na Rússia. Juliana diz que, agora, tudo ficou mais complicado, mesmo tendo uma bolsa de estudos.
"Antes, se os meus pais me enviassem 20 mil escudos (181 euros), rendia aqui um valor considerável, que me permitia comprar comida e pagar os transportes", disse.
A estudante faz as contas e, no saldo final, afirma que atualmente os 181 euros são "insuficientes para a alimentação mensal".
Mesmo com dificuldades, Juliana conta que os estudantes não têm passado por situações extremas, porque têm-se apoiado mutuamente, com o pouco que ainda têm. Mas lembra que isso não durará por muito tempo.
O Presidente da Associação dos Estudantes Cabo-verdianos na Rússia, Renato Fortes, ouvido pela DW, diz que se não for encontrada uma solução, a situação vai agravar-se.
"A situação dos estudantes cabo-verdianos na Rússia poderá piorar, caso não seja encontrado um método de envio de subsídio de Cabo Verde ou de outro país para a Rússia", disse. O porta-voz explicou ainda que a situação pode complicar-se a curto-prazo pois "já faz muito tempo que os alunos receberam os seus últimos subsídios".
Governo cabo-verdiano à procura de solução
Renato Fortes afirma que os estudantes tentam arranjar formas para contornar o problema, mas que tem sido "complicado".
"Nós não estamos em contacto direto com o Governo. Porém, temos recebido ajuda da diretora do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que tem tentado encontrar métodos para fazermos transferências a partir de outros países para a Rússia".
A DW tentou contactar a Secretária de Estado para o Ensino Superior de Cabo Verde, Eurídice Monteiro, para uma entrevista, mas sem sucesso. Contudo, em respostas às perguntas enviadas por mensagem, esclareceu que os estudantes na Rússia são bolseiros do Governo russo e que estes têm recebido as suas bolsas normalmente.
Disse ainda que o que não têm
recebido é o apoio complementar do Estado de Cabo Verde e remessas dos pais.
Mas, sublinha, O Governo
Ângelo Semedo | Deutsche Welle
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