Com uma polarização nunca antes vista no Brasil, eleitores esperam que a democracia prevaleça na segunda volta das eleições gerais. O ex-Presidente Lula da Silva mantém o favoritismo contra o atual PR Jair Bolsonaro.
O Brasil é chamado às urnas no próximo domingo (30.10) para a segunda volta das eleições gerais, para eleger o próximo Presidente da República. Na disputa estão o atual Presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), e o ex-Presidente e favorito nas pesquisas Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Na última semana da corrida eleitoral, a guerra de ideologias entre os dois candidatos à presidência brasileira ficou ainda mais acirrada.
Durante um evento de campanha no Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro defendeu que "no próximo domingo, mais do que eleger um Presidente da República", os eleitores vão escolher se querem "uma Nação de paz, tranquilidade e progresso", ou as "velhas práticas de corrupção do Partido dos Trabalhadores".
Por seu turno, Luiz Inácio Lula
da Silva falou em democracia. "Esta eleição significa a luta da democracia
contra a barbárie; a luta da democracia contra o fascismo; a luta pelo
restabelecimento da dignidade do povo brasileiro", afirmou o candidato do
PT num comício
Cenário eleitoral polarizado
Assim, Bolsonaro e Lula da Silva tentam ainda convencer uma parcela de eleitores indecisos. A tarefa não é fácil, principalmente num cenário cada vez mais polarizado, onde as questões políticas já deram lugar a questões ideológicas.
O ativista congolês, naturalizado brasileiro, Prosper Dinganga, avalia que, "independentemente da pessoa que vai ser eleita nesse domingo, vamos ter uma parcela muito relevante da população que não se vai identificar com essa política, seja do lado do atual Presidente ou do ex-Presidente que tenta se eleger".
Lula da Silva venceu a primeira volta com 48,4% dos votos contra 43,2% de Bolsonaro. E a poucos dias da segunda volta, as sondagens confirmam o favoritismo do candidato do PT, que defende o resgate de políticas económicas que marcaram o seu Governo (entre 2003 e 2010), além do fortalecimento de políticas sociais.
Do lado de Bolsonaro, porém, o que chama a atenção dos eleitores são políticas económicas que fortalecem o agronegócio, além de questões polémicas como o porte de armas.
Os eleitores não escondem a ansiedade para o resultado destas eleições. "Todos têm medo, mas [o resultado] é algo que é muito incerto. Os dois candidatos estão muito próximos um do outro. Só vamos ter certeza no domingo", diz Richard Chagas, do Rio de Janeiro.
O jogo da democracia
Mas o que é que está em jogo na segunda volta das presidenciais no Brasil?
Para o ativista congolês Prosper Dinganga, a resposta é a democracia. "Seja qual for o resultado que vai dar nesse domingo, o povo precisa aceitar esse resultado, porque é o jogo democrático".
Já para o digital influencer angolano Esmael Nzuzi, que vive há oito anos na cidade de Criciúma, no estado de Santa Catarina, no sul do país, o que está em jogo nestas eleições é o próprio Brasil.
"O que está em jogo nestas eleições é o Brasil. A unidade do povo brasileiro com a Nação, e que as pessoas mais pobres se sintam parte do Brasil e tenham orgulho de serem brasileiros", afirma Nzuzi, que produz conteúdos sobre o continente africano nas suas redes sociais.
"Esperança na vida das pessoas"
Ser brasileiro é o que motiva o
ativista da República Democrática do Congo (RDC), que deixou o seu país de
origem devido à perseguição política que sofria. Prosper Dinganga, aos 36 anos,
vive desde 2013
"Eu, como cidadão brasileiro, que chegou já adulto na condição de refugiado e depois se naturalizou brasileiro, que consegue também opinar sobre estas eleições, eu espero que o país volte a crescer… A qualidade do ensino, a qualidade da saúde pública seja melhor. Nós esperamos que o Presidente que vai ser eleito volte a colocar esperança na vida das pessoas", diz o jovem ativista que trabalha com a regularização de migrantes no Brasil.
O jovem angolano Esmael Nzuzi, de 29 anos, também tem esperança "que o melhor candidato vença e que o povo brasileiro se sinta orgulhoso das suas escolhas".
"Que o pobre seja valorizado e o rico não seja excluído. E que o país também valorize os estrangeiros e assim eu acredito que o Brasil, cada vez mais, se tornará um país próspero", conclui.
Thiago Melo | Deutsche Welle
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