domingo, 16 de outubro de 2022

Portugal | AJUDA INESTIMÁVEL À UCRÂNIA


Henrique Monteiro | Henricartoon

A NOTÍCIA:

Portugal oferece seis helicópteros Kamov inoperacionais para a Ucrânia consertar

Os seis helicópteros russos comprados por António Costa em 2006 como ministro da Administração Interna, e que foram ao longo dos anos protagonistas das mais variadas polémicas, serão enviados para a Ucrânia, que tem aeronaves do mesmo tipo. Estavam na posse da Força Aérea, mas as sanções à Rússia impediam as reparações, que já de si seriam muito onerosas

Portugal vai enviar para a Ucrânia os seis helicópteros Kamov de combate a incêndios, atualmente sem licença para operar por serem de origem russa, um dos quais inutilizado, anunciou esta quinta-feira a ministra da Defesa, Helena Carreiras. Estes meios aéreos pesados foram comprados por António Costa em 2006, quando era ministro da Administração Interna por 348 milhões de euros, mas custaram muito mais milhões ao longo dos anos, com os problemas de manutenção e contratos com os privados que os operavam.

Estas aeronaves estão paradas pelo menos desde janeiro de 2018 por falta de manutenção e certificação e já tinham passado da Proteção Civil para a Força Aérea, que deveria proceder à sua recuperação. Ainda este verão, a empresa Everjets foi condenada por um tribunal arbitral a pagar 2,5 milhões de euros ao Estado por falhas na manutenção, quando a Proteção Civil exigia €24 milhões, depois de rasgar o contrato, noticiou a TVI esta semana. A recuperação dos Kamov custaria cerca de €20 milhões, chegou a avançar o Correio da Manhã.

"A pedido da Ucrânia e em articulação com o Ministério da Administração Interna vamos disponibilizar à Ucrânia a nossa frota de helicópteros Kamov que, em virtude do cenário atual, das sanções impostas à Rússia, deixámos de poder operar, aliás não têm os seus certificados de aeronavegabilidade e nem sequer poderemos repará-los", anunciou Helena Carreiras.

Falando à imprensa portuguesa em Bruxelas, no final da reunião dos ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), na qual foi discutida a guerra na Ucrânia, a governante apontou estarem em causa "seis helicópteros que precisam de reparação, um deles inoperacional porque foi acidentado".

Helena Carreiras vincou que estes seis helicópteros Kamov, que serão "transferidos no estado em que estão", serão "muitíssimo úteis à Ucrânia e essa cedência foi muito agradecida pelas nossas contrapartes ucranianas".

"Os ucranianos conhecem as condições em que se encontra o material", apontou a ministra da Defesa, recordando a "cadeia logística de helicómetros semelhantes" detida pela Ucrânia, que os poderá reparar.

A ideia é que a transferência das aeronaves ocorra "o mais rapidamente possível", adiantou Helena Carreiras.

Neste encontro, os Aliados acordaram, ainda, em manter o apoio militar à Ucrânia.

"Os países demonstraram, de forma absolutamente clara, a sua intenção de continuar a apoiar a Ucrânia e, portanto, há aqui uma grande sintonia de posições entre os Aliados", observou a ministra portuguesa da tutela.

No caso de Portugal, o país já mobilizou para a Ucrânia equipamentos individuais, armas, munições, veículos blindados, sistema de comunicações e drones, material sanitário e médico, tendo ainda manifestado disponibilidade para acolher refugiados e combatentes feridos, bem como de treinar soldados ucranianos.

Nesta reunião de dois dias, que aconteceu numa altura de escalada das tensões na Ucrânia pelas novas ameaças e anúncios russos, ficou ainda assente "a importância de reposição dos 'stocks' de munições de equipamentos que estão deficitários em todos os países".

"É por isso que também aqui falámos de iniciativas de aquisição conjunta que visam, justamente, repor os níveis necessários de munições das chamadas reservas de guerra, com vista a enfrentar a situação que vivemos, que é de facto uma situação de guerra, uma situação que nos obriga a todos a reforçar aquilo que são as nossas capacidades e as nossas defesas", referiu ainda Helena Carreiras.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou a fuga de milhões de pessoas e a morte de milhares de civis, segundo as Nações Unidas, que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Expresso | Lusa

Imagem: Os helicópteros Kamov estão parados há dois anos -- António Pedro Ferreira

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