Em exclusivo à DW, o líder do maior partido da oposição, Jorge Bom Jesus, diz que o que aconteceu a 25 de novembro foi um assalto de "meliantes" a um quartel, que estará agora a ser usado para "aniquilar opositores".
Cerca de duas semanas depois da tentativa de assalto a um quartel militar
Em entrevista exclusiva à DW África, o presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD) afirma que o que aconteceu foi um assalto ao quartel protagonizado por "meliantes", que está agora a ser aproveitado pelo Governo para perseguir opositores políticos.
Acrescenta que o atual governo está a transformar São Tomé e Príncipe num Estado "autocrático, autoritário e ditatorial".
DW África: Como é que o seu partido reage à tentativa de golpe de Estado que se viveu no seu país?
Jorge Bom Jesus (JBJ): Mais do que uma intentona, é uma invenção. Não foi nada mais, nada menos do que o assalto ao quartel por um grupo de meliantes, que foi aproveitado como pretexto para poder atingir e quiçá aniquilar alguns opositores políticos. Com base nisto, o MLSTP exige a demissão das altas chefias militares, sobretudo depois da demissão do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o brigadeiro Olinto Paquete.
DW África: No seu entender, o que é que motivaria meliantes a tentar assaltar um quartel militar?
JBJ: Esses indivíduos entraram por uma porta do quartel, certamente com a cumplicidade de outro militar. Mas muitos já acham que tudo isso foi orquestrado. Por isso, exigimos que os outros também ponham os seus cargos à disposição, porque o que aconteceu no quartel foi um verdadeiro banho de sangue, em termos de tortura, com requintes de sadismo muito agravados.
DW África: Mas acredita que este "banho de sangue" a que se refere tenha sido uma tentativa de apagar provas?
JBJ: Naturalmente, as pessoas foram eliminadas em menos de 24 horas. A isso chama-se queimar arquivos, silenciar para sempre e mesmo eliminar fisicamente os opositores.
DW África: Neste caso, os opositores correm risco de vida?
JBJ: Corremos risco de vida, corre-se risco de vida se nada for feito.
DW África: Acredita que o Governo atual tenta atingir opositores, principalmente do seu partido?
JBJ: Naturalmente do meu partido, mas também há o caso do ex-presidente da Assembleia Nacional, Delfim Neves, que foram buscar a casa. Graças à mobilização da opinião pública e dos advogados, ele escapou com vida. Estão a passar por cima dos direitos mais elementares da pessoa humana. Portanto, estamos a chamar a atenção da opinião pública e da comunidade internacional no sentido de que as investigações sejam independentes e imparciais, que sejam profundas, porque nós queremos saber a verdade.
DW África: Porque acha que o atual Governo está a perseguir o seu partido?
JBJ: Também não entendo. Nós
queremos entender isso, porque,
DW África: Neste momento, pela sua colocação, está a dizer que ,em menos de um mês de governação, o atual regime está a caminhar para um Estado autocrático?
JBJ: Autocrático,
autoritário, ditatorial, e
Amós Fernando | Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário