Artur
Queiroz*, Luanda
O aniversário de sua majestade o
imperador do Japão, um passeio ao museu Hector Pieterson, a viagem de catamarã
Luanda-Soyo, sobre o cinema e a biblioteca em casa, os brancos sabem dançar? E
envergonhadamente lá saiu um texto intitulado Fracasso da diplomacia leva
Rússia a decidir actuar. O título é um nadinha construído com os pés, muito
verbo (decidir está a mais, devia ter ficado no copy-desk) e pouco sumo, mas é
melhor do que nada. Assim vai a opinião no Jornal de Angola. E esta é,
indubitavelmente, uma forma de alienar, manipular, distrair, desinformar,
ajudar os fanáticos da UNITA a imporem as regras da seita. Parece que na hora
da verdade, Jesus disse doído: Perdoai-lhes Senhor, eles não sabem o que fazem!
Um sicário da UNITA diz que a
desgraça de Jonas Savimbi foi perder as telecomunicações. Até mandou um escravo
à Zâmbia para comprar um telefone satélite. Desconseguiu. O criminoso de guerra
tinha um excelente plano de paz a propor à comunidade internacional. Ao Governo
de Angola nem pensar, relações cortadas. Ao Povo Angolano nada de satisfações.
Não lhe deram votos suficientes em 1992.
O Acordo de Bicesse, que ele
assinou, foi crivado de balas, ocupado militarmente por 20.000 homens que
Savimbi e os serviços secretos da África do Sul esconderam em bases no Cuando
Cubango, para ocuparem Angola caso a UNITA perdesse as eleições como perdeu,
estrondosamente.
O Protocolo de Lusaka foi
espezinhado pelas botas da soldadesca do criminoso de guerra. Apenas serviu
para Savimbi se armar até aos dentes, enquanto, de boa-fé, o general Eugénio
Manuvakola e o Dr. Jorge Valentim negociavam a paz em nome da UNITA. Decorriam
os trabalhos e aviões ucranianos aterravam no Bailundo e no Andulo com
toneladas de armamento sofisticado. O plano pacífico do criminoso de guerra
metia um aparato bélico nunca visto em Angola. Para trucidar a paz e impor no poder os
criados dos nazis de Pretória.
Savimbi morreu como um fora da
lei, um assassino em série, um terrorista cruel que nem por um momento hesitou
em disparar contra o Povo Angolano ao serviço de forças estrangeiras, desde os
colonialistas portugueses aos racistas sul-africanos, aos torcionários da CIA e
de outros serviços secretos ocidentais. Em 2001 tinha um plano de paz para Angola?
Os fanáticos da UNITA estão a levar as mentiras e falsificações até níveis
intoleráveis. Estão a ver? Ele era bonzinho, amava a paz. Só não mostrou a sua
face pacífica porque não lhe deixaram comprar um telefone satélite.
O piolhoso mental Alcides Sakala
até diz que o chefe da seita, criminoso de guerra, é um exemplo para Angola e
para o mundo! Os piolhos comeram-lhe a inteligência! Vamos recapitular. Num
gesto de boa vontade, o Presidente José Eduardo dos Santos amnistiou os
sicários da UNITA, todos criminosos de guerra. O lugar deles era no Tribunal
Penal Internacional mas em vez do merecido castigo, ocuparam lugares no Governo
de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), nos Governos Provinciais, nas
administrações municipais e comunais, nas embaixadas, nas Forças Armadas, na
Polícia Nacional.
Savimbi rasgou o Protocolo de
Lusaka e tornou-se um fora da lei e regressou ao registo de assassino cruel.
Forças policiais, reforçadas com unidades militares porque os bandidos eram
perigosos e estavam armados até aos dentes, perseguiram impiedosamente os
bandoleiros. Nada de falinhas mansas. Todas e todos os que estavam com Jonas
Savimbi eram membros de uma perigosíssima quadrilha. O mesmo que amnistiou
todos os seus crimes, disse a Jonas Savimbi, alto e bom som: Savimbi ou se
rende, é preso ou morre. Foi para se ouvir nas matas do Leste e nos gabinetes
de Lisboa (a capital da traição permanente ao Povo Angolano), Paris, Londres,
Washington e na África do Sul já com Nelson Mandela.