Cândida Pinto é um nome entre
muitos que estão a assassinar o Jornalismo em directo na Ucrânia. Revelo-o
porque ela levou o crime a um nível repugnante que ninguém ainda tinha
atingido. Entrevistou duas crianças de sete anos e estas foram dizendo que viram
os russos fazer muitas maldades na cidade onde vivem, nos arredores de Kiev.
Isto aconteceu na RTP, canal público português. Quando uma jornalista considera
credível o depoimento de uma criança e faz dessa conversa uma notícia, já não é
possível ir mais além na falsificação, no embuste e na aldrabice.
Karl Kraus, o jornalista maldito
da “Die Fackel” dizia que os jornalistas da época (início do século XX) tinham
desaparecido das redacções porque foram todos para escriturários. Esta Cândida
Pinto fez um percurso inverso. Saiu de empregada da limpeza, perita em Sonasol
limpa tudo, esfregonas, gotas de fayri lavam mais loiça e foi para o
jornalismo. Mais dia, menos dia, havia de mostrar a sua face assassina. É mau.
Muito mau. E na RTP não há jornalistas? Se há, como admitem semelhantes crimes
contra o jornalismo? É isso, não há.
Uma “jornalista” da CNN Portugal
foi a uma cidade nos arredores de Kiev e com ar de vendedora de caixões apontou
para dois desgraçados que cavavam e disse: “Ali está enterrado um civil morto
pelos soldados russos. Os tanques russos desceram esta rua e aqui dispararam
contra um civil. Ali dispararam e feriram uma menina num braço que acabou por
morrer. Os russos cometeram aqui muitos crimes de guerra”. Viu? Não viu.
Fontes? Não são reveladas.
Um “jornalista” da revista Visão
disse na SIC Notícias: “O presidente Zelensky falou aos deputados gregos com um
membro do Batalhão de Azov a seu lado por ser de origem grega. O militar disse
que não podia ser nazi porque o seu avô lutou contra os nazis. Logo, o Batalhão
de Azov não tem nada a ver com os nazis”. Não estou a fazer ficção, isto aconteceu
mesmo. O meu avô era milionário, logo eu sou milionário. O problema é que o
velho tinha quatro filhas e um montão de netos. A mim tocou-me ser o pobre por
erros meus, má fortuna e amor ardente. Estás a ver a matemática, rapaz?
Um rapaz com barba e orelhas de
burro, ajaezado com um letreiro onde diz “press” está em Odessa e contou tudo
aos telespectadores do canal português SIC: “Hoje os habitantes queriam
comemorar a libertação, pelas forças ucranianas, da cidade ocupada pelos nazis,
mas não puderam por causa dos bombardeamentos russos. O rapazola não sabe que
foi o Exército Vermelho, da União Soviética, que libertou Odessa e esmagou as
tropas nazis na Frente Oriental. Nessa altura, os ucranianos estavam entretidos
a servir os nazis.
A CNN Portugal deu esta notícia,
em directo: Os serviços secretos ucranianos gravaram uma comunicação via rádio
onde um chefe militar mandou matar civis. Mais crimes de guerra! A assassina do
jornalismo em directo nem se incomodou a avisar os telespectadores que aquela era
a versão de serviços secretos ucranianos, interessados em falsificar, mentir,
deturpar. A versão da “secreta” passou a ser uma verdade indiscutível,
confirmada e reconfirmada por fontes independentes. Na CNN Portugal não há
jornalistas? Pelos vistos foram todos para escriturários. Caso contrário
exigiam que o jornalismo não fosse assassinado em directo.
Uma empregada da limpeza ao
serviço da CNN Portugal foi a Vorzel, nos arredores de Kiev. Vieram de lá os
russos e mataram um jovem. A avó conta como foi. Aquela senhora foi atacada.
Salvou-se porque tinha com ela a pedra do Santo Sepulcro. Uma explosão muito
grande.
Kharkiv foi atacada. Há registo
de dez mortos entre eles, uma criança. Quem diz isto está em Odessa mas afirma,
confirma, reafirma. Como se tivesse testemunhado o acontecimento. Os russos
deixaram aqui toda a crueldade. Ai os russos! Uma batalha intensa, olho por
olho, dente por dente. Várias vítimas mortais. Os russos já foram embora.
Uma empregada da limpeza da CNN
Portugal viu isto em Hostomel: “Os russos chegaram e roubaram tudo. Deixaram os
seus telemóveis podres e levaram os bons telemóveis dos ucranianos. Roubaram
tudo.
Um tipo com ar de bandido está em
Odessa e conta em directo tudo o que vê a 350 quilómetros de
distância: “Atacaram a estação dos comboios conde estavam quatro mil
refugiados. Foi o inferno”. A SIC tem jornalistas? Claro que não. Foram todos
para traficantes de droga ou proxenetas de prostitutas ucranianas. Se existisse
um que fosse, protestava contra o assassinato do jornalismo em directo. E dava a cara,
para não ser confundido com traficantes e chulos.
José Luís Mendonça diz que a
UNITA tem sido ostracizada por aqueles com quem assinou a paz, leia-se o MPLA.
Tu foste director do jornal “Cultura” vários anos. Vais fazer o favor de
revelar quantas e quantos membros da UNITA ligados às artes e letras, às
ciências sociais, à intelectualidade angolana colaboraram no teu jornal.
Nenhum? Essa agora é que está muito boa. Então tu também ostracizaste o Galo
Negro (olha que não há Galo Mulato) e ignoraste a produção artística e
literária dos seus membros.
Brincadeira, não me leves a mal.
Eu sei que a UNITA não tem gente à altura para colaborar num jornal cultural. É
só porrada, destruições, assassinatos, atentados, aldrabices. Se tu nunca
tiveste quem da área da UNITA colaborasse no teu jornal, faz um esforço e
pensa. Se calhar na política o vazio é o mesmo. Eles não são ostracizados mas
ostracizam a democracia. Sabes que puxar o gatilho e dizer umas aldrabices é
fácil. Mas fazer política é uma actividade nobre, não está ao alcance de
sicários e mentirosos compulsivos. Segura o meio campo que eu trato da defesa,
nem que seja à canelada.
* Jornalista