sexta-feira, 3 de junho de 2022

A AMÉRICA É UM BOM LÍDER DO MUNDO?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

O principal problema do debate político atual neste Atlântico Norte, onde uns militam e outros vivem, é a dualidade de critérios com que este mundinho turbulento é analisado - e essa parcialidade, essa batota intelectual, começa pela benevolência com que olhamos os Estados Unidos da América.

Em teoria a América (vamos chamar-lhe assim para simplificar, embora o continente americano tenha muitos outros países, como todos sabem) é a terra da liberdade, dos direitos individuais e da representatividade democrática. E, de facto, é assim que as suas leis fundamentais e as suas instituições supostamente organizam o Estado.

Em teoria a América, o país mais poderoso do planeta, só policia o mundo para combater o terrorismo e assegurar a liberdade, a justiça, a democracia. E é esse, realmente, o discurso dos seus políticos.

Mas da teoria à prática há um caminho de desvio, de decomposição, de destruição da pureza do ideal inicial.

Na prática a América é o país que mais presos tem no mundo, quase um quarto da população prisional mundial (22%, para ser rigoroso), com valores per capita muito superiores às piores ditaduras, autocracias e oligarquias que se espalham pelo planeta.

Na prática, a América, o país mais rico do mundo, tem mais de 11,4% da população a viver abaixo do limiar da pobreza (números oficiais do censos de 2020), o que representa 37,2 milhões de pessoas.

Na prática, a América é um país violento, onde as pessoas se matam constantemente nas ruas com os 43 milhões de armas que têm nas mãos - a média anual é superior a 40 mil mortes e, este ano, já vamos em 22 mil assassinatos com armas de fogo, como aconteceu a semana passada em Uvalde, no Texas, quando um miúdo de 18 anos matou 19 crianças e 2 professores da sua escola.

Na prática, o sistema democrático da América está sempre sob suspeita: ou são eleições cujo resultado, sistematicamente, há já muitos anos, é investigado por alegadas fraudes; ou são congressistas e senadores que atuam como representantes de lobbys que financiaram as suas campanhas, defraudando as populações que votaram neles; ou são paralisações intermitentes do funcionamento do Estado por desentendimentos absurdos entre os dois partidos do poder, que valorizam mais a politiquice mesquinha do que a satisfação das necessidades do povo norte-americano.

Na prática, o valor absoluto da liberdade de expressão na América - hipoteticamente a maior contribuição do país para o mundo civilizado, o que todos deveríamos agradecer - está a ser brutalmente torpedeado: a censura política na internet e nas redes sociais, por exemplo, tornou-se corriqueira.

Na prática, a América, com ou sem NATO, passa a vida a invadir outros países e a colocar governantes - vários deles ditadores sanguinários - que sirvam os seus interesses: Coreia, Vietname, Haiti, Iraque, Afeganistão, Granada, antiga Jugoslávia são, de memória, algumas das mais conhecidas, mas uma ida rápida à Wikipédia, a citar números oficiais, lista quase 200 intervenções militares norte-americanas no estrangeiro desde 1900 até aos nossos dias - é mais de uma por ano.

Ah!, e a América é o país da tortura em Guantánamo, da perseguição desumana e indefensável a Julian Assange, da falsificação de provas na ONU para justificar a segunda invasão do Iraque, da colocação de escutas no gabinete da chanceler alemã Angela Merkel, da prisão dúbia de uma gestora da empresa chinesa Huawei, do assassinato do líder militar do Irão, do apoio à Arábia Saudita, da indiferença face à Palestina, da instigação das Primaveras Árabes que substituíram ditaduras por outras ditaduras ou pela desordem e o caos.

A América é o país envolvido no golpe Euromaiden na Ucrânia, em 2014; da expansão da NATO até às portas da Rússia e das ameaças constantes ao seu maior rival económico, a China - tudo ações que poderiam ter muitas boas razões iniciais, mas que estão a lançar-nos numa III Guerra Mundial, com ameaça de armas nucleares.

Porque é que a América é um exemplo a seguir? Por que a aceitamos como líder do mundo? Por que a defendemos quando ela faz tantas coisas indefensáveis?...

*Jornalista

Portugal | DESPEJOS: "PAGAR UMA RENDA OU PASSAR FOME"

EM QUE LUGAR FICA O DIREITO À HABITAÇÃO?

Políticas de habitação garantem que as cidades têm lugar para os seus moradores, mas o mesmo não se verifica nos casos de despejo que têm decorrido nas últimas semanas na cidade de Lisboa e arredores. Mães e famílias estão sem alternativas. A autarquia reconhece que algumas famílias vivem em “insegurança" mas só tem uma solução transitória. 

Ana Patrícia Silva | Setenta e Quatro

As portas da sede da associação Habita! abriram-se para mais uma reunião com moradoras em risco de despejo. Num semicírculo de cadeiras, quatro moradoras do Bairro Carlos Botelho, nas Olaias, contam como é que os despejos ocorreram naquele lugar a que chamam casa, sem alternativa de habitação.

“Eram forças de intervenção que estavam presentes. Bateram à porta, saí e não me deixaram mais entrar”, recorda Ana Faustino, de 22 anos e uma das moradoras despejadas da sua casa no Casal de Cambra, em Sintra.  O apartamento foi o seu lar durante um ano, depois de se ter separado do companheiro. Sem alternativa, ocupou uma casa vazia com a filha e o irmão. “Trouxe comigo a minha filha. Tentei tudo o que podia dentro da legalidade, mas nunca me deram um apoio ou solução”, explica. 

O caso de Ana Faustino é apenas mais um entre várias famílias, sobretudo de mães solteiras, que se viram obrigadas a ocupar casas vazias por as instituições públicas não lhes darem resposta. O seu despejo juntou-se a três outros na Quinta no Loureiro, a cinco no Bairro Carlos Botelho, em Olaias, e aos da passada quinta-feira no Bairro Padre Cruz, em Carnide. O que têm em comum? São casas sob a responsabilidade da Gebalis, empresa municipal que gere a habitação camarária e que tem liderado o processo a que chama “desocupação de imóveis ilegal e abusivamente ocupados”. 

Em fevereiro, Ana Faustino recebeu a primeira e única notificação para desocupar o andar e não respondeu à Câmara de Sintra com receio do que poderia acontecer. No dia em que avançaram com o despejo, a solução que lhe deram foi contactar a Santa Casa da Misericórdia, prometendo que lhe dariam teto durante 72 horas. No dia do despejo, um sábado, não recebeu qualquer resposta aos inúmeros contactos que fez: “fiquei na rua e tive que levar a minha filha a casa do pai para que ela não percebesse o que se passava”. 

Sem alternativa institucional, não restou à jovem mãe procurar um outro lugar, ainda que por apenas alguns dias, mas os valores de arrendamento superavam em muito as suas possibilidades financeiras. Agora que está desempregada, depois de ter trabalhado durante um ano num restaurante, ainda se torna mais difícil. “Tenho de escolher: pagar uma renda ou passar fome”, admite.

Ana Faustino e Natália Sousa nunca se cruzaram antes, mas as suas histórias não podiam ser mais parecidas, e das suas bocas sai a mesma frase: “disseram que a lei estava do nosso lado”. “Temos direito a uma habitação, direito a apoio social, para nos ajudarem a ter uma vida melhor, para começarmos a reconstruir a nossa vida. É só papel”, diz Natália Sousa, de 37 anos e há dois anos moradora no Bairro Padre Cruz.

Está previsto que a família de Natália Sousa seja uma das seis despejadas das casas que ocuparam no Bairro Padre Cruz. Serão, no total, dezenas de pessoas despejadas, entre elas oito crianças e uma mulher que foi mãe há cerca de quatro semanas, segundo as contas dos moradores. A Gebalis começou por desocupar três casas a 26 de maio e prosseguiu-se mais uma no dia seguinte. 

A empresa pública, que gere 66 bairros sociais com 60 mil habitantes, justifica as desocupações com o intuito de “repor a legalidade” e “acautelar a segurança das comunidades”, argumentando que muitas das casas estão em “estado de pré-ruína”, afirmou em comunicado. Depois das desocupações, explica a empresa, o objetivo é demolir as casas para que no seu lugar seja construído um “novo edificado, que oferecerá condições de habitabilidade dignas às famílias” ali alojadas depois de “todos os trâmites legais para a atribuição de habitação social”. 

O Setenta e Quatro contactou a Gebalis durante mais de uma semana com o objetivo de perceber melhor estas informações, mas não recebeu qualquer resposta até à publicação do artigo.

Portugal | Afropeu, o livro que se serve da Cova da Moura para dar exemplo à Europa

O livro "Afropeu" do britânico Johny Pitts alerta que a Europa corre o risco de "multiplicar" bairros como o Cova da Moura, se continuar a "fechar os olhos" às realidades sociais e raciais como as que se vivem na Área Metropolitana de Lisboa.

Após visitar o bairro degradado da Amadora, habitado maioritariamente por cidadãos de origem africana, o escritor e fotógrafo britânico escreveu que a Cova da Moura é "indicativo de uma narrativa oculta por toda Europa", demonstrando que os mais desfavorecidos da zona da capital portuguesa vivem misturados com o resto da população "trabalhadora e consumidora", como se fossem invisíveis.

"A Cova da Moura era isso. Um mundo oculto que obrigava a questionar a identidade e as estruturas por detrás das visões grandiosas de Lisboa. Mas esta visão não pode ser mantida para sempre. Se o Ocidente continuar a vilipendiar ou a fechar os olhos à pobreza global, às enormes desigualdades e às necessárias migrações ambientais e económicas que atualmente ocorrem, a maior parte da Europa poderá parecer em breve a Cova da Moura", escreveu Pitts no livro "Afropeu", que foi traduzido para português.

O livro "Afropeu - A diáspora negra na Europa", distinguido com o European Essay Prize 2021, é o registo da longa viagem do britânico Johny Pitts, nascido em Sheffield, norte de Inglaterra, filho de mãe europeia e de pai afro-americano. 

O termo "Afropeu" ("Afropean", no original), foi inicialmente utilizado pelo músico norte-americano de origem escocesa David Byrne, nos anos 1990, e é definido no livro como um espaço onde a "negritude" participa na formação da identidade europeia "no geral", e que "ser negro na Europa" não significa ser imigrante.

MPLA aprova programa de governo focado na consolidação da paz e democracia

O comité central do MPLA aprovou o programa de governo 2022-2027 e o manifesto eleitoral, nos quais reitera "os grandes compromissos para com as aspirações do povo", nomeadamente consolidação da paz e democracia.

De acordo com o comunicado final da II reunião extraordinária do comité central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), orientada pelo líder do partido, João Lourenço, os dois documentos "fundamentais" apresentam "as propostas de medidas de políticas que deverão continuar a assegurar o desenvolvimento socioeconómico sustentado do país e a melhoria da qualidade de vida de todos os angolanos".

Nos dois documentos, o MPLA reitera também "a reforma do Estado e boa governação, o desenvolvimento harmonioso do território, a promoção do capital humano, com realce para a educação, saúde, emprego, cultura e desporto, a redução das desigualdades sociais, combate à fome e à pobreza".

"Igualdade do género, modernização e eficiência das infraestruturas, intensificação da diversificação económica, com predominância para o setor produtivo e privado, e assegurar a defesa da soberania, da integridade do território e da segurança nacional", são outros objetivos traçados.

O comité central saudou o facto de o programa de governo do MPLA, para o próximo quinquénio, estruturado em sete eixos estratégicos, e o seu manifesto eleitoral, composto por três desígnios, "terem sido antecedidos de um amplo trabalho de diálogo social promovido pelo partido, de um profundo balanço e avaliação da atividade governativa 2017-2022, e da absorção da moção de estratégia do líder, aprovada no VIII Congresso Ordinário do MPLA, realizado em dezembro de 2021, em Luanda”.

Presidente angolano propõe eleições gerais para 24 de agosto de 2022

João Lourenço disse que estão criadas as condições para convocar o ato eleitoral.

O Presidente de Angola disse esta sexta-feira, no início do encontro com o Conselho da Republica, órgão consultivo com o qual está reunido, que pretende convocar as eleições gerais para 24 de agosto de 2022.

Estas serão as quintas eleições gerais realizadas no país desde 1992.

João Lourenço disse que estão criadas as condições para convocar o ato eleitoral, estando esta sexta-feira reunido no Palácio Presidencial em Luanda com o Conselho da República, composto por 24 conselheiros, para esse efeito.

Dirigindo-se aos conselheiros, o chefe de Estado angolano afirmou que, tendo já o parecer favorável da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e a confirmação de que o Tribunal Constitucional está em condições para iniciar a receção das candidaturas dos partidos, pretende convocar as eleições para o próximo dia 24 de agosto, tendo em conta que estas devem ocorrer durante a segunda quinzena do mês de agosto do ano em que terminam os mandatos do presidente e dos deputados à Assembleia Nacional.

A convocatória permite também cumprir as demais tarefas do estado cuja execução não pode ocorrer sem que as eleições sejam marcadas, complementou.

Da convocação das eleições gerais dependem vários atos praticados pelos mais diferentes intervenientes, entre as quais a preparação da versão definitiva do ficheiro informático dos cidadãos maiores, que deve ser entregue à CNE até dez dias após a convocação das eleições, onde devem constar apenas os cidadãos que completem 18 anos até a data das eleições, sublinhou João Lourenço.

O executivo garante que estão cumpridas as condições para que os dados finais sejam remetidos à CNE, no prazo legalmente definido.

Após a receção destes dados, a CNE terá os elementos necessários para mapeamento das mesas e assembleias de voto e elaboração dos cadernos eleitorais, prosseguiu o Presidente angolano.

Da convocação das eleições está igualmente dependente o início do processo de apresentação de candidaturas pelas formações políticas que deve ocorrer nos 20 dias subsequentes a entrada em vigor do ato que convoca as eleições, referiu ainda João Lourenço, salientado que estão igualmente cridas condições para o financiamento publico da campanha eleitoral cuja atribuição esta dependente da validação das candidaturas pelo TC.

João Lourenço (MPLA), que se recandidata a um novo mandato, foi eleito a 23 de agosto de 2017, substituindo José Eduardo dos Santos ao fim de 38 anos no poder, Tomou posse a 23 de setembro tornando-se no terceiro Presidente do país, desde a independência em 1975.

Às próximas eleições poderão concorrer 13 partidos: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o Bloco Democrático (BD), o Partido de Renovação Social (PRS), bem como a Aliança Patriótica Nacional (APN), o Partido Democrático para o Progresso de Aliança Nacional Angolana (PDP-ANA), o Partido de Apoio para a Democracia e Desenvolvimento de Angola-Aliança Patriótica (PADDA-AP), o Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), o Partido Pacífico Angolano (PPA), o Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA), que integram a coligação CASA-CE e os recém-chegados Partido Nacionalista para Justiça em Angola (P-JANGO) e Partido Humanista de Angola (PHA).

Diário de Notícias | Lusa | Imagem: João Lourenço © Carlos Costa/Global Imagens

A RAINHA PLATINADA E O RUBLO GARANHÃO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A guerra da Ucrânia acabou, o Zelensky ficou a falar para os pides dele e o senhor Biden está entretido nos velórios dos tiroteios que são a marca mais inquietante do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Porque eles exportam esses matadores! Militares israelitas armados até aos dentes entraram na Cisjordânia de rompante e dispararam contra miúdos que se manifestavam contra a demolição de um bairro de palestinos, os donos da terra. Um morreu, três estão à beira da morte e mais quatro para lá caminham. O canal Al Jazeera quebrou o silêncio sepulcral dos Media ocidentais e deu a notícia assim: “Tropas de Israel dispararam munições reais contra manifestantes pacíficos”. Está feito. Muda as câmaras para Londres.

Na capital do império colonial fundado e engendrado por piratas sanguinários, por ladrões de alto coturno mas de colarinho branco e cabeleiras empoeiradas, apareceu à janela do palácio uma rainha platinada, tipo Jayne Mansfield. Anita Ekberg ou Catherine Deneuve, esta usurpada pelo ladino Paulo Portas nas brincadeiras do Parque Eduardo VII, em Lisboa. Na rua desfilavam 270 cavalos devidamente ajaezados, contemplados por milhões de burras e burros, mais as assassinas e assassinos do Jornalismo, que resiste estoicamente. Na festa platinada estavam representantes de todas as colónias britânicas. Portugal ficou de fora porque é apenas uma feitoria já lá Vão 650 anos.

Platinadas, não frequento. Sou um reverente apreciador de morenas, quanto mais escuras e inteligentes, melhor. Não me levem a mal nem me colem o rótulo de machista por amar a las mujeres y reñir com los hombres, como diria Casanova quando fez as malas e partiu para França, à caça de marquesas ricaças, casadas e mal servidas na cama pelos poderosos maridos. (Lá estou eu com as ordinarices). 

Mas também sou um nadinha avesso a reinados. Os mesmos Media que criticam, por tudo e por nada, o facto de o MPLA estar no poder em Angola vai para 47 anos, com a legitimidade e o apoio do voto popular, exultam com uma velhota que não larga o osso há 70 anos! Porque ela era loira, agora platinada, branca e europeia. Se fosse angolana, levava mais dentadas nos calcanhares do que levou o Presidente José Eduardo dos Santos por ter passado 22 anos a lutar pela soberania nacional e a integridade territorial, sem qualquer hipóteses de fazer outra cosia que não fosse lutar. Governar, nem pensar! É isso, o Presidente José Eduardo só governou entre Fevereiro de 2002 e 2017. Sempre com a maioria absolutíssima dos eleitores.

Até domingo, os Media ocidentais só dão a rainha coberta de platina e pior da perna. Um alívio, porque as assassinas e assassinos do Jornalismo fazem um intervalo na propaganda a partir da Ucrânia. Eu aproveito para informar que desde Janeiro até hoje, o rublo foi a moeda que mais valorizou no mundo, uma média de 11 por cento. Mas só em Maio a valorização foi de 15,4 por cento. Graças às sanções unilaterais impostas pela União Europeia e o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA). Está a correr bem! Segundo Zelensky, 20 por cento da Ucrânia já foi à vida.

“A verdade é uma força fortalecedora”. Segundo José Fuso, um daqueles golpistas do 27 de Maio de 1977 que nem teve a coragem de pegar em armas e ficou escondido debaixo das saias da Sita Vales, esta frase com imensa profundidade é de António Guterres, aquele rato de sacristia que o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) colocou à frente da ONU. Pois, mas a verdade na boca dos golpistas é uma fraqueza enfraquecedora. Uma mentira ignóbil. De ano para ano eles avançam na mentira até níveis inimagináveis. Sujam tudo.

Este Fuso também desfilou nas páginas do Novo Jornal com as suas mentiras idiotas e sem sentido. Eles mentem como quem respira. Diz que os golpistas se limitaram a fazer manifestações de protesto contra “prisões arbitrárias” e o “afastamento de altos dirigentes”. Ai foi? E manifestaram-se quando Nito Alves e os seus sequazes prenderam quem tinha ligações à Revolta Activa? Manifestaram-se quando a camarilha de Nito Alves, Sita Vales e Zé Van-Dúnem prenderam dezenas de camaradas das estruturas do Poder Popular, sobretudo do Órgão Coordenador das Comissões Populares de Bairro? Manifestaram-se quando a direcção do Diário de Luanda foi demitida pelos bandidos do Nito Alves, apenas porque defenderam, num editorial, os camaradas presos? Foram acusados de “sabotadores do processo produtivo”. Sabem o que isso queria dizer? Eu digo: fuzilamento ou campo de reeducação do Bentiaba. Manifestaram-se quando Agostinho Neto afastou o comandante Monty? Nem um pio.

A aldrabice mais repugnante deste Fuso na chafurdice do Novo Jornal é esta: “Todos queriam o apoio de Agostinho Neto ou julgavam ir em seu apoio”. Os “manifestantes” que os golpistas transformaram em escudos humanos iam ao Palácio apoiar Agostinho Neto. Juntaram-se em frente à Rádio Nacional, há horas ocupada pelos golpistas, para apoiarem Agostinho Neto. Mas aos microfones eles diziam que apoiavam Nito Alves e a “revolução” deles. 

No seu depoimento escrito, Monstro Imortal afirma que a manifestação popular servia de capa aos golpistas para invadirem o Palácio da Cidade Alta e depois matarem Agostinho Neto. Ele próprio, dada a proximidade que tinha com o presidente, ficou com a missão de matá-lo. Grande apoio. O Fuso pode não saber, mas o depoimento escrito existe. Só não é tornado público porque isso interessa a quem quer embaciar a figura de Agostinho Neto. Mais um pormenor. Monstro Imortal ficou com a incumbência de matar Agostinho Neto porque dele ninguém desconfiava. Pouca gente sabe que o matador eras seu afilhado de casamento. O golpista ia matar o padrinho. Como foi demitido do comando da Frente Norte (substituído pelo comandante Ndozi) ficou com essa pedra no sapato e o 27 de Maio, para o golpista, era o momento da vingança: Matar o padrinho que o demitiu!

Este Fuso anda muito confuso. E arrastou para a kibanga de porcos onde todos chafurdam, a filha de Saidy Mingas, o ministro das Finanças assassinado pelos golpistas. Diz ele que ela não recebeu a certidão de óbito do pai. Estes porcalhões enlouqueceram. A filha de Avelino Mingas (Saidy) foi criada por Rui Mingas, era uma criança de tenra idade, em 1977. Se não teve uma certidão de óbito do pai foi porque não a pediu. Espero que esta vítima dos golpistas não se deixe instrumentalizar pelos assassinos do pai e do melhor que na época existia em Angola. Porque ficou sem pai mas corre o risco de perder o futuro. Enquanto não se empanturrarem de dinheiro do Estado Angolano, os golpistas não descansam. E agora que estamos perto das eleições, é o festival de aldrabices a que estamos a assistir nos jornais, nas televisões e no cinema. Todas e todos filados no dinheiro fácil. O triunfo dos porcos, está quase.

*Jornalista

Imagem: Obra de Pablo Picasso 

ARMAS BIOLÓGICAS, UM PERIGO QUE NÃO SE QUER COMBATER

Nazanin Armanian, Pedro López López *

«É particularmente preocupante a existência de laboratórios biológicos secretos tanto na Ucrânia como em outros lugares. Que a actividade seja secreta não augura nada de bom, obviamente que o sigilo não é necessário para realizar actividades legais e legítimas. Assim, o desenvolvimento de investigação destinada à fabricação de armas biológicas, considerado criminoso pelo Estatuto de Roma e outras normas, deve ser qualificado como actividade criminosa e, portanto, é lógico é que seja uma actividade punível dada a sua gravidade.»

Durante a que Putin designou como “Operação Militar Especial”, as forças russas afirmam ter descoberto provas que demonstrariam que o Ministério da Saúde da Ucrânia estava envolvido numa limpeza de emergência com a tarefa de levar a cabo uma destruição completa de bioagentes; afirmam também ter descoberto documentos semi-destruídos relacionados com uma operação secreta dos EUA em laboratórios em Kharkiv e Poltava, insistindo no carácter altamente militarizado dos biolaboratórios ucranianos e num excesso de patógenos.

A este respeito, a China solicitou uma investigação internacional sobre as actividades biológicas militares na Ucrânia. A Ucrânia, por sua vez, insiste em que as instalações eram civis e dedicadas à saúde pública e que, segundo as instruções da OMS, destruíram qualquer agente altamente perigoso para evitar o risco de surtos no caso de um laboratório ser atingido pelas forças russas.

Entretanto, as respostas de Washington apenas aumentam a preocupação e as suspeitas. A subsecretária de Estado Victoria Nuland reconhece a existência de biolaboratórios secretos dos EUA na Ucrânia, tal como reconhece ter recomendado a destruição das provas antes que caíssem em mãos russas (”Estamos a trabalhar com os ucranianos sobre como podem impedir que qualquer desses materiais de investigação caia nas mãos das forças russas”, declarou. Naturalmente que não falta a acusação à outra parte; assim, a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, acusa a Rússia de procurar um pretexto para lançar o seu próprio ataque com armas biológicas contra a Ucrânia.

A guerra biológica, ou guerra bacteriológica, é o uso de toxinas biológicas ou agentes infecciosos, como bactérias, vírus, insectos e fungos com a intenção de matar, prejudicar ou incapacitar humanos, animais ou plantas como acto de guerra.

Muitos séculos passaram até que a algum comandante militar ocorrreu utilizar dardos envenenados para matar com sofrimento as tropas inimigas; mais tarde, as armas foram aperfeiçoadas enviando pacientes de tularemia a terras inimigas, os poços ou os cavalos do inimigo foram envenenados com o fungo do ergot. Já mais próximo dos nossos tempos, ocorreu ao comandante-em-chefe das forças britânicas na América do Norte, Sir Jeffrey Amherst, enviar varíola às “tribos de índios descontentes”, embora tenha sido o antraz a arma biológica mais utilizada desde o início do séc. século XX.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha usou antraz e mormo para fazer adoecer os cavalos das tropas norte-americanas e francesas, e os franceses infectaram os pobres animais da cavalaria alemã com burkholderia. O Protocolo de Genebra de 1925 proíbe o uso, mas não a posse, o desenvolvimento e o armazenamento de armas biológicas e químicas. Além disso, os estados poderiam recorrer a essas armas como represália a um bioataque.

O Exército Imperial Japonês produziu armas biológicas e usou-as contra soldados e civis chineses durante a Segunda Guerra Mundial: bombardearam Ning-Bó com bombas cheias de pulgas que transportavam a peste bubónica. O Reino Unido fez o mesmo testando tularemia, antraz, brucelose e botulismo na ilha de Gruinard, na Escócia.

Chomsky: "Única forma de acabar com a tragédia é um acordo diplomático"

OS EUA NÃO QUEREM UMA SOLUÇÃO DIPLOMÁTICA NA UCRÂNIA. QUEREM CONTINUIDADE DA GUERRA. NATO E PAÍSES DA UNIÃO EUROPEIA, SERVOS DOS EUA, SEGUEM O MESTRE DO TERROR GLOBAL - PG

Em entrevista ao Expresso, o intelectual norte-americano critica a "cultura totalitária" que se vive no seu país, onde quem propõe uma solução diplomática para a guerra "é condenado e caracterizado como um apoiante de Putin ou um gangster".

O linguista e filósofo Noam Chomsky deu uma entrevista ao Expresso (link is external) para falar da guerra da Ucrânia e da forma como está a ser debatida pelos políticos e media norte-americanos. "Qualquer pessoa que tenha um osso de moralidade no seu corpo procurará alguma forma de acabar com esta tragédia. E só há uma forma de o fazer: é através de um acordo diplomático", defende Chomsky, contrapondo que "qualquer pessoa que o proponha, nos Estados Unidos, é condenado e caracterizado como um apoiante de Putin ou um gangster", no que apelida de "cultura totalitária".

Chomsky sublinha que as mesmas pessoas que invocam "princípios morais" para apostar na escalada da guerra e assim enfraquecer a Rússia são as mesmas que apoiam "as atrocidades norte-americanas" nas guerras que protagonizam em vários pontos do mundo. Dá o exemplo da jornalista e escritora Anne Applebaum, que "apoiou intensamente a guerra no Iraque, que foi muito pior do que esta. Ou seja, critica crimes cometidos pelo outro lado, mas apoia os seus próprios crimes. É isso que tem vingado no Ocidente: uma lógica como a da antiga União Soviética".

A comparação com o tempo da União Soviética também é invocada no que diz respeito à informação a que os norte-americanos têm acesso acerca das posições russas. "Se os Estados Unidos querem saber o que a Rússia diz, temos internet, é possível descobrir, por exemplo, na televisão indiana. Mas isso é 100% abolido nos média norte-americanos", aponta. Questionado sobre se isso não é uma tentativa de neutralizar os efeitos da desinformação russa, Chomsky responde que "a propaganda russa é uma piada" e que já nos tempos da União Soviética a maioria das pessoas partiam do princípio de que estava a acontecer o contrário do que passava nos media oficiais.

Em vez de serem alvo de operações de contra-propaganda, prossegue Chomsky, o que os cidadãos norte-americanos devem estar informados é acerca do que o seu próprio país está a fazer: "Por exemplo, as declarações de Stoltenberg e Biden e a "confissão" do Departamento de Estado norte-americano, de que não levam em consideração as preocupações russas em matéria de segurança. Tente encontrá-las nos média norte-americanos. Mas pode encontrá-las na página da Casa Branca. É isso que os russos leem".

CEM DIAS DE GUERRA NA UCRÂNIA? NÃO. HÁ MAIS OU MENOS OITO ANOS

O estado de guerra na Ucrânia já soma 100 dias. Na realidade são muitos mais dias. Não esão a ser contabilizado nem referidos os oito anos em que internamente a Ucrânia já estava em guerra e em que os nazis ucranianos e os chamados “internacionalista mercenários” nazis cometeram enormes atrocidades contra populações ucranianas até tomarem os poderes.

O golpe de estado foi consequência e objetivo dos nazis apoiados pelos EUA. Zelensky é o fantoche que se tem prestado a dar sequência ao plano dos EUA. EUA que empurraram a União Europeia para a colaboração e a suportar muitas das despesas traduzidas em milhares de milhões de euros na alimentação de uma guerra por procuração contra a Rússia. Além disso existem os refugiados. Ucranianos com as vidas desfeitas que são aos milhões a serem suportados, tratados e alimentados pelos países da União Europeia, por contribuintes de países da União Europeia. É o que se queira, a EU é uma colónia dos EUA e não há propaganda que consiga demonstrar aos europeus avisados e sensatos o contrário. A propaganda não consegue nem vai conseguir encobrir que a Europa tem às portas uma guerra fabricada pelos terríficos e macabros arquitetos dos EUA.

Batalhão Azov e restantes agrupamentos nazis foram treinados pelos EUA. Além disso há a NATO. Genocídios foram o ponto de honra desses selváticos membros depois integrados nas forças armadas pelo comediante Zelensky. Muitos desses já foram capturados em Azevstal e noutros locais da Ucrânia. Mas a desnazificação perseguida pelas forças russas continua. O desarmamento foi já parcialmente conseguido através da obliteração de laboratórios equipados para o fabrico de armamento destinado à guerra biológica, como já revelado e demonstrado. Os EUA têm sido os grandes mentores e financiadores das condições que trouxeram a Ucrânia para a anterior e atual condição de ameaça à Rússia e a toda a Europa, sem ser por favor que nesta perspectiva podemos incluir todo o mundo.

Numa ação preventiva – a que a Rússia chamou “operação especial” – a Rússia invadiu a Ucrânia com muitas certezas de que aquele país estava a constituir uma ameaça séria e perigosa para o seu território e para as suas populações. O conluio e cumplicidades com os EUA assim o vieram comprovar. E a guerra continua. A desnazificação da Ucrânia continua com sucesso e a bom ritmo, as ameaças de guerra biológica da Ucrânia contra a Rússia foram exemplarmente desactivadas a quase cem por cento e o mentor operacional dessa estratégia criminosa (EUA) e de tal intenção dos nazis ucranianos nos poderes foi desmascarado perante a opinião pública mundial. Mesmo assim a União Europeia, colónia dos EUA, optou por mascarar a realidade que a todos na Europa nos afetaria com contra informação e com propaganda inconcebível e inadmissível. Felizmente a Rússia está a levar a bons resultados de desnazificação e desarmamento. Percebe-se isso mesmo ao analisarmos atentamente os “diários de guerra” e evoluções no terreno. O próprio Zelensky é uma sombra tétrica e em declínio que perdeu a credibilidade. A propaganda dos gabinetes dos EUA e as influencias e favores prestados à captação de jornalistas para relatarem mentiras e manipularem informação está a colocar a classe de rastos e também sem credibilidade. Este é o tempo de sabermos em quem confiar-nos no desempenho daquela profissão, assim como noutras – no topo os políticos dos EUA, da União Europeia, do Reino Unido e outros mais pertencentes à classe dos abutres, dos gananciosos, e dos de caracteres subhumanos. E desses, ao longo da historia,  sabemos que existem imensos. Podem até agora condecora-los mas é certo que na historia permanecerão como na realidade quem foram: sabujos da humanidade.

Tempo de final de considerações da lavra do PG e de muitos outros que por vezes aqui trazemos em colaborações devidamente esclarecedores, sem rodeios. Passemos então ao constante no Dário de Notícias em alguns pontos a que damos relevância. Até porque muitas vezes nas entre-linhas a verdade manipulada e/ou escondida deixa de o ser, tal como uma janela aberta que mostra uma paisagem linda mas que é descrita pelos articulistas como feia, horrível, desconsiderante. Felizmente nem a todos esses vendilhões da “verdade” e de mentes leprosas convencem. Há os que sabem abrir bem os olhos e pensar.

Pobres dos povos dependentes de poderosos criminosos que se arrogam frequentemente de democratas, humanistas, honestos... Mas que nem um pingo disso possuem na sola dos pés quanto mais no ser, na consciência e em seus atos.

Leia a seguir: o resumo do Diário de Guerra no DN. Saberemos todos que pensar não custa nada e que não dói nada? Que nem sequer nos causa dores de mioleira? Bom dia. Boa vida... Se conseguirem.

MM/PG

Polónia percebeu que não pode financiar indefinidamente a Ucrânia e seus refugiados

#Traduzido em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

A ironia é que, enquanto a Polônia procurou colonizar a Ucrânia, foi a própria Polônia que acabou sendo colonizada pela UE.

A nostálgica corrida neo-imperial de reconstituir a há muito perdida Commonwealth através da recente fusão da Polônia com a Ucrânia em uma confederação de fato provou ser de curta duração depois que Varsóvia de repente percebeu que não pode financiar indefinidamente Kiev e seus refugiados. Tudo parecia perfeito no início depois que o presidente Duda e seu colega ucraniano Zelensky elogiaram os países um do outro no final de maio, enquanto falavam perante a Rada. Eles falaram melancolicamente sobre retornar aos dias felizes quando não havia fronteiras entre eles e se comprometeram a criar uma união aduaneira para esse fim, entre outras iniciativas abrangentes de conectividade. Essa confederação de fato soava bem no papel, mas a Polônia rapidamente percebeu que seu orçamento simplesmente não pode arcar com esse ambicioso projeto geopolítico.

Os primeiros sinais de problemas vieram apenas alguns dias depois, depois que o primeiro-ministro Morawiecki exigiu que a vizinha Noruega imediatamente desse todo o lucro extra obtido com as vendas de energia até agora este ano para Varsóvia e Kiev. Oslo, claro, recusou, o que foi seguido pela Polônia reclamando que a Alemanha não substituiu os 200 tanques mais antigos que Varsóvia deu a Kiev por outros mais novos, como alegou que seu vizinho havia prometido. Berlim negou que qualquer acordo desse tipo tenha sido fechado, o que acabou deixando a Polônia deprimida depois que seus tomadores de decisão finalmente perceberam que eles acabaram de ser enganados pela Alemanha para transferir metade dos tanques de seu país para aquela ex-república soviética em troca de literalmente nada em tudo.

Em pânico, a Polônia exigiu que a sede da ONU para a reconstrução da Ucrânia fosse baseada em seu país, em vez daquela que a comunidade internacional supostamente tentaria reconstruir, provavelmente através do esquema que Zelensky compartilhou durante a Cúpula Econômica Mundial em Davos, em que seus parceiros pode literalmente assumir o controle de “uma determinada região da Ucrânia, cidade, comunidade ou indústria”. Varsóvia obviamente quer obter a maior parte disso ou pelo menos economizar alguns dos fundos para supostamente facilitar esse processo, o que pode ajudar a compensar os incontáveis ​​bilhões de dólares que já foram gastos na Ucrânia, ergo porque quer hospedar essa sede.

Essa demanda, como praticamente tudo o que a Polônia pediu até agora, como a ideia anterior de Duda durante sua última visita a Kiev de que o Ocidente liderado pelos EUA reinvestisse os ativos estrangeiros roubados da Rússia na reconstrução da Ucrânia (o que serviria para subsidiar a confederação de fato da Polônia com isso), não foi abraçado com entusiasmo por seus aliados como Varsóvia esperava. Ainda pode acontecer, mesmo que apenas em parte, mas a Polônia agora sabe que não pode continuar financiando indefinidamente seu projeto geopolítico com a Ucrânia na mesma medida que esperava. É por isso que de repente está cortando sua generosa ajuda aos refugiados ucranianos, cortando entregas gratuitas de combustível e se posicionando como o “ centro econômico ” de Kiev .

A Ukrainização da sociedade polonesa pelo partido no poder “Lei e Justiça” (PiS por sua abreviatura polonesa) pretendia armar esses “recém-chegados” como “ agentes de influência ” na outra metade da Commonwealth reconstituída de fato. Eles esperavam que isso fosse financiado por Bruxelas por meio de sua prometida parcela de ajuda aos refugiados de cerca de € 150 milhões, que ainda não havia sido desembolsada  no fim de semana passado. De qualquer forma, a Polônia está exigindo bilhões a mais em ajuda, após o que o Politico informou em seu último artigo sobre os custos crescentes do programa de refugiados daquele país que “Bruxelas também disse que a Polônia poderia usar € 1,2 bilhão em fundos não utilizados do REACT EU … refugiados."

A UE também aprovou cerca de 35 bilhões de euros em doações e empréstimos à Polônia como parte de um programa de recuperação da COVID, mas está retendo essa assistência até cumprir as exigências de Bruxelas de reformar seu judiciário. Em outras palavras, a Polônia foi jogada por todos – especialmente a Alemanha – para assumir o papel de liderança do bloco no apoio abrangente a Kiev e seus milhões de refugiados, apenas para ser deixada na mão sem qualquer assistência substancial até que conceda unilateralmente em uma questão significativa de interesse nacional ligado à sua autonomia estratégica. A ironia é que, enquanto a Polônia tentava colonizar a Ucrânia, foi a própria Polônia que acabou sendo colonizada pela UE.

A lição a ser aprendida é que as lideranças de alguns países podem ser facilmente manipuladas apelando para sua nostalgia imperial, assim como o PiS foi por seus chamados “aliados”. Ao pressioná-los a assumir a liderança em arcar “temporariamente” com os custos do que é retratado como um “esforço multilateral”, forças externas podem levá-los a ir tão longe que eles não podem reverter suas políticas sem incorrer em algum custo sério para si mesmos, mesmo se apenas reputacionais ou ligados à política eleitoral. A liderança manipulada é, portanto, pressionada a manter o curso, não importa o que aconteça, com a expectativa de que “só um pouco mais” é tudo o que é necessário para finalmente liberar os fundos prometidos que podem nunca vir.

Em um mundo ideal, tudo teria corrido de acordo com o plano do PiS. O Ocidente liderado pelos EUA teria dado a Varsóvia seus bilhões de dólares em ativos russos confiscados para reconstruir a Ucrânia de acordo com seus desejos. A Noruega teria sido culpada por participar e a Alemanha também já teria reabastecido a metade do arsenal de tanques da Polônia que o PiS despachou para a Ucrânia, enquanto a ONU teria estabelecido sem reservas sua sede de reconstrução ucraniana em Varsóvia. Bruxelas, por sua vez, não teria vinculado nenhum compromisso político à sua prometida ajuda aos refugiados na Polônia. Nada disso ainda está para acontecer e, em vez disso, a Polônia agora é forçada a reduzir o financiamento para Kiev e seus refugiados.

O projeto da Neo-Commonwealth, portanto, não teve um bom começo, já tendo sido odiado por nacionalistas conservadores poloneses genuínos desde o início e agora possivelmente desencadeando a ira daqueles globalistas liberais na sociedade que exigem que todos participem continuar a financiar Kiev e os seus refugiados na mesma medida que antes. A Polônia simplesmente não pode pagar por isso, e é por isso que teve que voltar atrás em seus planos inicialmente ambiciosos, embora só depois de já ter se comprometido a se fundir com a Ucrânia em uma confederação de fato, um desenvolvimento revolucionário no qual já investiu demais para reverter . O tempo todo, o Ocidente está rindo do “idiota da aldeia” que facilmente conseguiu fazer o seu lance.

*Andrew Korybko -- analista político americano

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