quarta-feira, 15 de junho de 2022

Operações secretas dos EUA em África estão semeando futuras crises

#Traduzido em português do Brasil

Jonathan Ng | Truthout

Em março deste ano, asforças malianas atacaram Moura, uma pequena cidade ensolarada no meio do país. A operação começou em um dia de mercado, quando os moradores afluíram para a área com seu gado. Os moradores se lembram de ouvir helicópteros cortando o ar e soldados desembarcando com determinação sombria. Forças malianas e combatentes de língua russa sitiaram a vila por vários dias, supostamente massacrando civis e envolvendo cadáveres em chamas. Em um comunicado clinicamente redigido, o governo anunciou que o exército completou uma “limpeza sistemática da zona” com “inteligência muito precisa”, matando 203 jihadistas.

Imediatamente, os investigadores contestaram seu relato, e a Human Rights Watch classificou a operação como “a pior atrocidade no conflito armado de uma década no Mali”. As estimativas de mortes de civis chegam a 500 . Outro episódio de uma série de atrocidades, as Nações Unidas pediram a investigação do último escândalo na guerra do Mali contra o jihadismo.

No entanto, o massacre também significa o fracasso da política dos Estados Unidos, já que o Mali ocupa o centro da estratégia dos EUA na região do Sahel. Desde 2007, o Comando Africano dos EUA (AFRICOM) tem feito parcerias vigorosas com estados para combater o jihadismo, reforçar a influência e controlar a concorrência russa e chinesa. Em vez de garantir a paz, a intervenção dos EUA internacionalizou os conflitos locais, aprofundou as divisões sociais e fomentou o militarismo.

Seu fracasso tem raízes profundas. A crise do Mali e outros conflitos são inseparáveis ​​de uma história em cascata do intervencionismo dos EUA na África.

Militarismo pós-colonial

A política do AFRICOM baseia-se diretamente na Guerra Fria. Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA promoveram discretamente a contenção ocidental na África. As autoridades ajudaram os europeus a reafirmar o domínio colonial para forjar um bloco capitalista unificado e apoiar a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Eles armaram notavelmente a França durante sua amarga guerra na Argélia, que se tornou a luta emblemática pelo colonialismo.

Mas como o conflito drenou a legitimidade ocidental, os formuladores de políticas dos EUA encorajaram os europeus a substituir a ocupação territorial pela hegemonia informal. Paradoxalmente, uma nova ordem imperial surgiu com a descolonização. As capitais ocidentais mantinham a soberania efetiva por meio de um equilíbrio de poder “soft” e “hard”: a névoa da ideologia, mercados de capitais, pressão política, bases militares e outras ferramentas que poderiam mergulhar uma ex-colônia no caos.

Sem ferramentas comparáveis ​​na África, os EUA inicialmente terceirizaram o imperialismo para aliados europeus. No entanto, gradualmente, os EUA lançaram uma sombra causticante, apoiando golpes para sufocar o radicalismo, abrir mercados e combater a influência soviética.

A República Democrática do Congo sentiu seu peso pela primeira vez em 1960. As autoridades americanas consideravam o país como um tesouro subterrâneo repleto de minerais estratégicos. No entanto, eles viam seu primeiro primeiro-ministro, Patrice Lumumba, com aguda ansiedade. Lumumba recusou-se a aceitar a hegemonia ocidental, enquanto celebrava a independência congolesa como “um passo decisivo para a libertação de todo o continente africano”.

O presidente Dwight D. Eisenhower desejou cair em um rio cheio de crocodilos. Naquele verão, ele planejou assassinar Lumumba e instalar um substituto flexível. A CIA considerou “sua remoção” um “objetivo urgente e primordial”.

Eventualmente, os secessionistas obrigaram Lumumba a solicitar a intervenção da ONU. No entanto, como observa a historiadora Elizabeth Schmidt , a operação foi “em grande parte um assunto americano”. Os EUA transportaram tropas da ONU para o Congo, enquanto arrebatavam o poder de Lumumba. Depois que ele frustrou seu domínio, a CIA ajudou as autoridades locais a prendê-lo. Eles entregaram Lumumba a secessionistas, que o assassinaram brutalmente diante de uma audiência de observadores ocidentais.

O assassinato de Lumumba foi uma premonição cruel. Nos anos seguintes, os líderes dos EUA eliminaram impiedosamente os expoentes da libertação africana. Eles visaram especialmente Kwame Nkrumah, o colosso elegante do pan-africanismo. Depois que Lumumba caiu, Nkrumah alertou que o “neocolonialismo” ameaçava subverter a independência africana, reduzindo os estados a bombas “dirigidas de fora”.

Nkrumah transformou Gana em um bastião da revolução, oferecendo refúgio a movimentos anticoloniais e inspirando ativistas dos direitos civis dos EUA . Em resposta, o Departamento de Estado congelou empréstimos e deprimiu os preços globais do cacau, estrangulando a economia de Gana. Os oficiais finalmente atacaram em fevereiro de 1966. Os oficiais dos EUA se gabavam de que o novo governo militar era “quase pateticamente pró-ocidental”.

Em 1957, a libertação de Gana foi o catalisador simbólico da independência africana, conferindo à descolonização um ar irresistível de inevitabilidade. Em contraste, a queda de Nkrumah solidificou uma tendência sinistra em direção ao regime militar. Antes de 1965, os golpes eram relativamente raros. Em menos de duas décadas, os líderes militares governaram 40% da África .

Em última análise, a estratégia dos EUA restringiu a promessa de independência e acelerou a tendência ao militarismo, enquanto esculpia o continente em esferas de influência invisíveis, mas duradouras. Repetidamente, os parceiros dos EUA travaram guerras por procuração catastróficas em toda a região. A crítica de Nkrumah ao neocolonialismo provou ser profética: “Para quem o pratica, significa poder sem responsabilidade e para quem sofre com isso, significa exploração sem reparação”.

Ukronazis abateram militares ucranianos que se iam render em Novomikhailovka

#Traduzido em português do Brasil

Em 14 de junho, o Ministério da Defesa da Rússia informou que o exército ucraniano continua a sofrer perdas significativas, especialmente porque nas últimas semanas os casos se tornaram mais frequentes quando unidades de nacionalistas ucranianos atiraram nas costas de militares ucranianos que se renderam.

O relatório do Ministério da Defesa russo diz:

“Assim, após a preparação do poder de fogo para a ofensiva das tropas russas na área do assentamento de Novomikhailovka da República Popular de Donetsk, mais de 30 militares do 25º batalhão da 54ª Brigada Mecanizada das Forças Armadas da Ucrânia decidiram depor suas armas e se rendem.

Os militares ucranianos que ocupavam um ponto forte na área da Fazenda Animal comunicaram por rádio ao comando da unidade russa, pedindo cessar fogo e providenciar um corredor de saída.

Por volta das 22 horas, os militares da AFU com bandeiras brancas começaram a avançar em direção às posições russas.

Naquele momento, uma unidade dos nacionalistas ucranianos, que chegou ao reduto em veículos blindados, abriu fogo cruzado pelas costas contra os militares da 54ª Brigada das Forças Armadas da Ucrânia.

Como resultado deste tiroteio, 32 militares ucranianos foram fatalmente feridos e mortos.

Este incidente, como muitos outros semelhantes, demonstra claramente que, no contexto de crescentes fracassos militares e desmoralização das tropas ucranianas, o regime nacionalista de Kiev está tentando impedir a retirada e a rendição de suas unidades por meio de ações punitivas de destacamentos.

As vidas dos militares ucranianos e dos combatentes mobilizados das unidades de defesa territorial não significam nada para a atual liderança da Ucrânia”.

South Front 

EXÉRCITO RUSSO CAPTUROU MERCENÁRIOS DOS EUA EM KHARKIV, NA UCRÂNIA

#Traduzido em português do Brasil

Os militares russos capturaram dois mercenários dos EUA que lutavam nas fileiras das forças de Kiev perto da cidade de Kharkiv, na Ucrânia, informou o The Telegraph em 15 de junho.

A agência britânica identificou os dois mercenários como Alexander Drueke, 39, e Andy Huynh, 27. Drueke serviu no Exército dos EUA no Iraque, enquanto Huynh, um ex-fuzileiro naval, nunca esteve em combate ativo antes.

Um camarada não identificado dos dois mercenários disse ao Telegraph que eles faziam parte de uma unidade de dez homens que se envolveu em uma batalha feroz com uma grande força russa em uma cidade perto de Kharkiv em 9 de junho. Ambos os homens desapareceram após a batalha. Os esforços de reconhecimento não mostraram vestígios dos dois homens e a suposição de que eles caíram no cativeiro foi confirmada no mesmo dia quando os canais de notícias russos no Telegram relataram a captura de “dois americanos” perto de Kharkiv.

O Departamento de Estado e o Pentágono ainda não comentaram a captura, nem o Ministério da Defesa russo.

Se confirmado, Drueke e Huynh serão os primeiros mercenários dos EUA a serem capturados pelos militares russos. Kiev recrutou milhares de mercenários, incluindo muitos dos EUA, nos primeiros dias da operação militar especial russa na Ucrânia.

Nas últimas semanas, as forças de Kiev empurraram um grande bloco de mercenários estrangeiros para as linhas de frente mais quentes em Kharkiv e na região de Donbass, em uma tentativa de apoiar suas forças em colapso. Muitos desses mercenários já foram mortos , incluindo pelo menos um ex-soldado britânico.

A Rússia e seus aliados já alertaram que não tratarão mercenários estrangeiros como prisioneiros de guerra. Como parte dessa política, os mercenários britânicos Shaun Pinner e Aidan Aslin foram  condenados  à morte por fuzilamento na República Popular de Donetsk no início deste mês. Os dois mercenários foram capturados na cidade de Mariupol em abril. Drueke e Huynh podem enfrentar uma sentença semelhante, se estiverem de fato em cativeiro russo.

South Front

Portugal | HÁ ALGUMA NOVIDADE NOS HOSPITAIS?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Se compreendi bem todas as notícias que li sobre a degradação do Serviço Nacional de Saúde, uma onda que desta vez começou por causa do colapso de algumas urgências de obstetrícia, a conclusão a tirar é que... não há notícia.

Não é notícia a falta de médicos e de enfermeiros, cada vez mais grave, no Serviço Nacional de Saúde.

Quem não se lembra da promessa de António Costa, em 2016, de garantir um médico de família para todos os portugueses? Essa promessa pressuponha que faltavam médicos no sistema, o que era verdade, e que Costa ia resolver o problema, o que seria mentira, pois ele, entretanto, agravou-se.

Não é notícia a fuga de profissionais de saúde do serviço público, seja para o estrangeiro (quando isso é possível), seja para o setor privado, que se expande cada vez mais.

Ainda agora, só para exemplificar, deram mais uma medalha ao enfermeiro português, um dos que decidira emigrar, que tratou a covid-19 de Boris Johnson.

Não é notícia a evidente suborçamentação do Ministério da Saúde, que o impede de resolver os problemas de vez. Uma das razões da queda da "geringonça" foi, precisamente, essa.

Não é notícia a crónica falta de dinheiro para o serviço público de Saúde, é um assunto com décadas, foi uma política comum a vários governos que, aliás, subsidiaram, simultaneamente, indiretamente, o crescimento do setor privado de várias maneiras, a começar pelas Parcerias-Público-Privadas e a passar por frequentes benefícios fiscais, para indivíduos e para empresas, dados a quem subscrevesse seguros de saúde, sustentando assim um início de crescimento, que era difícil, para os hospitais e as clínicas privadas,.

Não é notícia aparecer todos os anos o conjunto habitual de cromos político-corporativos a defender que a solução não está em colocar mais dinheiro no Serviço Nacional de Saúde, em pagar decentemente a médicos e enfermeiros para eles não se irem embora, em fixar mais profissionais no quadro.

Não, para esses profetas das consultas universais a 100 euros a solução é dar dinheiro às empresas privadas de saúde para elas fazerem o mesmo serviço.

De resto, a prática já é frequente, embora na sombra: vários sindicatos estão há anos a denunciar o recurso crescente a empresas de prestação de serviços, através das quais há médicos a receber mais por hora do que os clínicos dos quadros do Estado!

Não é notícia a incompetência, desleixo ou intenção de governar mal o Serviço Nacional de Saúde, que dá cada vez mais argumentos a quem defende a sua entrega para os privados - chegámos ao ponto de, a partir de 2006, mandarmos bebés portugueses, de mães que vivem na fronteira alentejana, nascerem em território estrangeiro, a Badajoz!

Não é notícia a acusação de "preconceito ideológico" feita sobre todos os que não concordam com a doação do Serviço Nacional de Saúde às empresas privadas. O papão de "o comunismo é a culpa disto tudo" é usado em Portugal há pelo menos 101 anos.

O problema não é ideológico, a não ser que achemos que, no que diz respeito à saúde, todos os portugueses não devem ter o mesmo direito de acesso a serviços de qualidade equivalente e que, também aí, o mundo tenha de se dividir entre ricos e pobres.

O problema é que a partir do momento em que se monte um sistema onde, generalizadamente, o Estado passa a pagar a privados ou ao setor social o fornecimento de um serviço de saúde universal e tendencialmente gratuito, perde uma estrutura que depois não será capaz de remontar. Se, ao fim de uns anos, com o SNS estatal praticamente desmontado, com a legislação entretanto produzida a defender, inevitavelmente, os interesses dessas empresas, elas disserem ao governo, "o contrato que temos não presta, queremos cobrar mais ou vamos embora", o governo não tem outro remédio que não seja aceitar a fatura, seja qual for o preço a pagar, ou então deixar os portugueses mais pobres ao Deus dará.

Não tenhamos ilusões: veja-se o que se passa por esse mundo fora (Portugal, o que é incrível, ainda é dos melhorzinhos em Serviços de Saúde) ou o escândalo global dos preços dos medicamentos, para se perceber o espírito que impera nestes negócios da doença.

Se uma notícia pressupõe a existência de uma novidade, de uma informação nova que não conhecíamos, então a minha conclusão inicial estava certa e este debate é um "dejá vu", é "old news".

Respondo, por isso, para se perceber o que pode vir aí se não salvarmos o verdadeiro Serviço Nacional de Saúde, com o título de outra velha notícia, de 28 de outubro de 2020: Hospitais privados sem disponibilidade para receber doentes covid-19 em Lisboa.

*Jornalista

MARTA TEMÍVEL NO CARGO DE MINISTRA DA SAÚDE DOS PORTUGUESES


Na Imagem Escolhida de hoje no PG destacamos a ministra Marta Temível (rebatizada) que na foto exibida parece estar a dizer "mas eu não sei o que fazer para garantir aos portugueses o direito à saúde e por conseguinte à vida, como constitucionalmente é garantido" (não sendo de facto). A ministra não sabe o que fazer... Está a resolver o criminoso e inconstitucional falso direito à saúde e à vida encerrando urgências hospitalares aqui e ali, praticamente por Portugal inteiro e mais ainda onde existem maiores concentrações populacionais. O "figurino" para os que nascem é terrível. Acontece o temível dois em um no ato de nascer acompanhado do ato de morrer... Poupança de oxigénio?

António Costa pediu uma maioria e deram-lhe (quando aprendem os eleitores a não fazer tal disparate a seja quem for?) e agora é isto. A inépcia do governo, dos ministros, do próprio primeiro-ministro António Costa, está exposta e está a matar portugueses logo à nascença e mais além. O país está a rebentar pelas costuras. Saúde, aeroportos, inflação, baixos salários, miséria... O que fazer? A situação é temível, como a Marta e seus coadjuvantes, como o governo justamente acossado. Mais temível ainda porque não se vislumbra na oposição capacidades de competências para solucionar os descalabros... Resta uma solução: é irmos andando, morrendo, sofrendo e lutando para conseguirmos sobreviver às elites políticas, económicas e apaniguadas que  têm vindo a conduzir o país para o descalabro do selvagem e inumano neoliberalismo.

A indignação cresce a par da fome e da miséria, das mortes prematuras, das mortes dos mais idosos por falta de cumprimento ao constitucionalmente garantido (que não é). E os jovens? Esses também estão a morrer muito antes do que naturalmente é expectável. Portugal está a transformar-se num necrotério e os altos responsáveis fazem como Pilatos, lavam as mãos e mentes sujas! (MM / PG)

Portugal | A MÚSICA DA TENEBROSA TEMIDO E DO COMPADRE COSTA

Joana Petiz | Diário de Notícias | opinião

Urgências pediátricas só entre as 8.00 e as 20.00 no Garcia de Orta, Maternidade Alfredo da Costa fechada por falta de pessoal, pedido de demissão dos chefes de equipa do serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Amadora-Sintra. As notícias que hoje causam incredulidade e revolta no país não são de todo novidade. Estas que aqui recupero são de 2018 e 2019...

Nesse tempo, ainda a covid não provocara os danos e atrasos que todos conhecemos à Saúde. Ainda as equipas de médicos, enfermeiros e auxiliares não haviam merecido aplausos por serem heróis, para a seguir levarem rebites de uma ministra que descartava o seu estado de esgotamento afirmando que tinham de ser "resilientes" e "enfrentar a pressão". Ainda BE e PCP eram pilares de suporte de um governo orgulhosamente de esquerda, com Marta Temido a admitir que a melhor forma de fixar os médicos em fuga de um SNS em colapso era obrigá-los a ficar, fossem quais fossem as condições.

"Vamos equacionar a celebração de pactos de permanência, após a conclusão da formação especializada", admitia há três anos a ministra que se orgulha de ser carrasco das parcerias público-privadas na Saúde, em nome de um serviço que para ela apenas se faz de Estado, desprezando abertamente a complementaridade do privado e do setor social - mesmo quando a eles teve de recorrer, em plena pandemia ou sempre que falta a assistência pública.

Encerrada nas suas palas ideológicas, Temido foi sacudindo dos ombros a responsabilidade pelas sucessivas demissões de chefias e equipas hospitalares por todo o país. Pela mão do primeiro-ministro, seguiu feliz no caminho de destruição do SNS, encerrou PPP e anunciou investimentos e contratações, concursos e planos de contingência que nunca chegaram, admitindo, então como agora, que há "problemas recorrentes", mas recusando teimosamente a evidência de que os serviços que hoje engordam a lista de hospitais em apuros - Braga, Vila Franca de Xira, Loures - são os que, enquanto PPP, faziam o pódio dos melhores do país, elogiados pelas comunidades que serviam, apreciados pelos profissionais que lá exerciam, distinguidos nos rankings públicos decorrentes de análises independentes.

O problema "é grave", repetem agora ministra e primeiro-ministro, antecipando os problemas de uma população envelhecida e empobrecida, com cada vez menos acesso a uma Saúde deficiente e esgotada. Já o era quando Costa e Temido implodiram aquilo que funcionava... Quando o gasto com médicos a prestar serviços, em pleno governo da geringonça, atingiu um recorde de 104,5 milhões de euros (2018), sendo bem maior o preço em perda de qualidade dos serviços.

Talvez agora exijamos soluções e escrutinemos a sua execução, em vez de continuarmos a deixar passar os problemas de ombros encolhidos, em vez de ignorarmos como "peculiaridades" verdadeiras alarvidades a que assistimos, como a ideia de que só promovendo o desemprego e o medo na classe se consegue fixar médicos no público, como convictamente defendeu há dias um autarca socialista. Nada que a própria Temido não tivesse já deixado no ar, quando afirmou, em plena comissão parlamentar (2020), que melhorar as condições dos profissionais de Saúde é um desejo, mas não uma prioridade. E quando fez aprovar em Conselho de Ministros a exclusividade ao SNS para uma fatia de profissionais sem nunca falar em contrapartidas.

Com maestros assim, não admira que a orquestra desafine..

Angola | MPLA É Igual a Independência e Liberdade -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Alguns meses antes das eleições de 1992 participei numa reunião, na Orion, com os peritos contratados pelo MPLA para a campanha. O chefe da empresa contratada fez um discurso onde explicou minuciosamente quais as possibilidades do partido ganhar. Eram poucas. Porque, dizia, a sua imagem estava muito suja. Nos anos todos de independência, o governo “do partido único” nem foi capaz de levar água e luz às casas dos angolanos! O seu conselho foi separar a campanha do Presidente José Eduardo dos Santos, para se salvar alguma coisa. Alguém levantou dúvidas e o grande mago de eleições disse num tom quase secreto: E ainda temos o problema do 27 de Maio…

Rui de Carvalho convidou-me a dizer umas palavrinhas. E eu disse que 99 por cento das famílias luandenses (negras) nunca tiveram água e luz em casa. E os angolanos negros no resto do país, pelo menos 99,5 por cento iam acarretar o precioso líquido e luz, só a do Sol. Mas 100 por cento dos angolanos, até ao dia 11 de Novembro de 1975 nunca tiveram a nacionalidade, a a cidadania, a liberdade. O MPLA deu-lhes tudo isso. Nem que agora faça tudo para perder as eleições, vai ganhar. Nem daqui a mil anos um partido dará tanto ao Povo Angolano. 

Quanto ao 27 de Maio de 1977 disse aos presentes que mais de 99 por cento das angolanas e dos angolanos estavam gratos ao MPLA e aos seus dirigentes, por terem impedido que o país caísse mas mãos de uma quadrilha de assassinos, irresponsáveis, oportunistas, racistas e ambiciosos. Como o Bureau Político tinha emitido um comunicado explicando o que foi o golpe de estado, a única acção avisada e correcta era entregar uma capa com exemplares desse comunicado a cada dirigente, cada candidata e candidato. Se alguém quisesse esclarecimentos, entregavam uma cópia. E nada mais do que isto.

As coisas correram mais ou menos assim. De facto, o partido dos golpistas de 27 de Maio reforçados com restos da Revolta Activa teve uma votação residual e elegeu apenas um deputado. Nas eleições seguintes (2008), o partido dos golpistas teve 0,22 por cento e foi extinto por falta de votos. Também foram extintos por não chegarem aos 0,50 por cento dos votos a AD (0,29 por cento), o PADEPA (0,27 por cento), a FOFAC (0,17 por cento), o PAJOCA (0,24 por cento), o PLD (0,33 por cento) o PPE (0,19 por cento).A Frente para a Democracia (FpD) que congregava restos da Revolta Activa e tinha como estrelas Justino Pinto de Andrade e Filomeno Vieira Lopes, teve 0,27 por cento e acabou.

Os seus mentores mudaram-lhe o nome para Bloco Democrático. Sedento de poder, Justino Pinto de Andrade integrou as listas da UNITA de segunda escolha (CASA-CE) e cumpriu o sonho dourado de toda a vida, ao ser eleito deputado. Nas eleições de 24 de Agosto, Filomeno Vieira Lopes, o maoista dos maoistas, vai candidatar-se na lista da UNITA. Ai de ti, Filomeno, se a UNITA ganhasse as eleições. Os kwachas comiam-te vivo e nem os ossinhos te restavam para o coveiro Francisco Queiroz enterrar.

Os parentes de José Van-Dúnem e Sita Vales não querem ossadas nem espectáculos de mau gosto. Querem dinheiro. Se possível, muito. Puseram a circular essa de que os assassinos golpistas eram a nata e o luxo de Angola. Os maiores. Tenho uma má notícia para todos. A grande revolucionária portuguesa que fugiu para Angola quando as sedes do Partido Comunista começaram a ser incendiadas pelos fascistas, Sita Vales, nunca foi das minhas relações. Não a conhecia. José Van-Dúnem era um miúdo, conheci-o quando saiu do Bentiaba, apresentado por Gilberto Saraiva de Carvalho. Nunca fomos próximos. Todas e todos os outros eram pessoas que conheci bem. Alguns e algumas, muito bem mesmo. Fomos colegas no Liceu Salvador Correia. E estreitamos laços nas reuniões partidárias.

Só um golpista tinha profissão e formação superior (médico). Os restantes profissionalmente valiam zero. O Juca Valentim ainda arranjou um emprego por turnos, para trabalhar e estudar. Era uma espécie de biscato. Nada mais. As elites de uma nação não eram profissionais de nada, apenas da política. Viviam pendurados no MPLA, à custa dos militantes que se desunhavam para meterem dinheiro nos cofres do partido.

Nós fomos buscar à Universidade jovens que estivessem interessados em iniciar uma carreira no jornalismo. Sabem o que aconteceu? Os assassinos golpistas escorraçaram-nos de Angola porque eram dos Comités Amílcar Cabral (CAC). Algumas e alguns já tinham profissão. Graça D’Orey era assistente social. Jornalista de mão cheia. Catarina Gago da Silva. Grande jornalista. Vítor Mendanha, grande craque do jornalismo. Pena Pires, Quinta da Cunha, Paulo Pinha, João Melo ou Anapaz. Todos profissionais. Nenhum era golpista. Pelo contrário, quase todos foram molestados pelos golpistas.

O MPLA, em 1974, estava encurralado e precisávamos de armas. Só o Marechal Tito respondeu. Mas os portos e aeroportos ainda estavam sob a responsabilidade dos portugueses. Esse material bélico chegou a Angola e aos nossos combatentes. Mérito dos nossos “almirantes”, Aristófanes Couto Cabral e Correia Mendes. Já eram profissionais e viviam bem. Deixaram tudo para ajudar o MPLA a triunfar. Mas tinham as suas vidas e profissões. Não eram parasitas do MPLA, como quase todos os golpistas. 

Querem mais? Nelson Gaspar. Foi oficial do Exército Português. Quando regressou â vida civil tornou-se empresário bem-sucedido. Não lhe faltava nada. Em 1974, voltou a pegar em armas integrando as FAPLA. Comandou a unidade Corvos ao Imbondeiro, jovens que eram a nata e o luxo da Nação. Tinham uma vida profissional. Deixaram tudo para combater pela Independência Nacional.  

Quem fez tudo para unir o MPLA e lutou até à vitória final sim, foi a nata e o luxo de uma Nação. Os assassinos golpistas excluíram-se. Não quiseram ser cidadãos dignos e à altura da luta do MPLA pela Independência, a Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Ninguém faça de funcionários e parasitas do partido, elites do Povo Angolano.

O aracnídeo Agualusa era um garoto em 1974. Um rapazola em 1977 (menos de 17 anos). Nas leiam o que ele escreveu sobre o 27 de Maio: “Foi uma tentativa de golpe de Estado contra o então presidente Agostinho Neto. Este respondeu de forma brutal, ordenando a prisão e o fuzilamento de um largo número de presumíveis desafetos políticos no seio do seu próprio partido, o Movimento Popular para a Libertação de Angola, MPLA. Acredita-se que durante essa vaga de cruel e violentíssima repressão terão morrido entre 30 a 50 mil pessoas” O Estado Angolano paga-lhe os vícios e a boa vida, para escrever estas coisas. É isso mesmo: Luanda paga aos traidores dos Heróis Nacionais.

*Jornalista

Angola | Adalberto Costa Júnior, burlão, falsário, mentiroso compulsivo

Da Tribuna de Angola recorremos ao texto que se segue onde é demonstrado que Adalberto se ajusta ao que mencionamos em título. Também da Wikipédia reproduzimos uma menção ali constante sobre ACJ. Ficamos a saber que afinal Adalberto, presidente da UNITA, não é engenheiro e tem vindo a mentir sistematicamente, compulsivamente. Quem, em seu juízo perfeito, pode confiar num evidente e comprovado mentiroso? Os eleitores angolanos em 24 de Agosto saberão dar a resposta… (PG)

ACJ, Sábado e Lusa

É impressionante como se tenta modificar a realidade através de campanhas massivas de propaganda.

Na semana passada a revista Sábado escreveu que ACJ não tinha nenhuma licenciatura pelo ISEP.

O documento de resposta do ISEP foi tornado público. Dizia expressamente: “Adalberto da Costa Júnior não obteve o grau de licenciado pelo ISEP”. Estava assinado por Alexandra Afonso Ribeiro.

Esta semana a Lusa veio dizer que: “”Numa nota enviada à agência Lusa, a presidência do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), em Portugal, esclarece que o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) obteve o grau de bacharel em engenharia eletrotécnica naquele instituto, em 13 de dezembro de 1995.”

Ao contrário do que a propaganda da UNITA-ACJ pretendeu de imediato intoxicar a opinião pública, as notícias não são contrárias. Uma confirma a outra.

A verdade é simples: ACJ não tem nenhuma licenciatura e não é engenheiro.

ACJ tem um bacharelato.

O que é isto?

No sistema português em vigor em 1995, o bacharelato era um curso curto de cariz profissionalizante, geralmente, com três anos. Nada tinha a ver com licenciatura.

Quem quisesse ser licenciado teria que fazer mais dois anos no que então se chamava Diploma de Estudos Superiores Especializados com a duração de dois anos.

Então ACJ precisava de mais 2 anos para ser licenciado e engenheiro.

Além disso, obviamente que em Portugal, inúmeras universidades concediam o grau de licenciado em engenharia electrotécnica.

Durante anos alimentou a fábula que era licenciado e engenheiro. Agora está claro que não é.

Não servem as comparações do bacharelato português com o bachelor inglês. Eram sistemas diferentes e sem equivalência.

Também não vale a pena dizer que não era engenheiro, mas era engenheiro técnico. Nunca se inscreveu na respectiva associação ou ordem.

O que temos aqui é uma aldrabice alimentada durante anos, e que agora com conivências várias ACJ procura apresentar a uma luz positiva, quando o que temos é uma fraude, muito semelhante à que José Sócrates cometeu em Portugal e que lhe valeu no fim de contas o lugar de primeiro-ministro.

Tribuna de Angola

A PROVA DA MENTIRA

Nota PG, da Wikipedia:

Adalberto Costa Júnior

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

Adalberto Costa Júnior (Chinjenje8 de maio de 1962) é um político angolano e engenheiro eletrotécnico. É deputado a Assembleia Nacional e Presidente da UNITA.

Vida e Obra

Formado em Engenharia Eletrotécnica no Instituto Superior de Engenharia do Porto e em Ética pública na Pontifícia Universidade Gregoriana, a política entrou na sua vida ainda muito jovem. Tem cartão de militante da UNITA desde 1975, que integrou por influência familiar e algumas situações que reforçaram convicções e que o afastaram do MPLA, exemplo o 27 de Maio[1]. Em 2017, esteve entre as personalidades do ano[2] e foi muitas vezes apontado como a figura mais acertada para substituir Isaias Samakuva na presidência da UNITA. E assim foi eleito Presidente aos 15 de Novembro de 2019.

Ler na Sábado:

Líder da UNITA é mesmo engenheiro?

ENGENHEIRO? SÓ SE FOR ENGENHEIRO DA TRETA!

Angola | Memória Atraiçoada e Bandeira Emporcalhada – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Nito Alves afinal era metodista. Mandou os seus esbirros perseguir e escorraçar ministros e seguidores das igrejas que na época existiam em Angola. Ai de quem manifestasse publicamente as suas opções religiosas! Se fosse militante do MPLA era logo perseguido pelos esbirros fraccionistas que, diga-se de passagem, já estavam no poder. Se fosse funcionário público, era saneado. A religião era “o ópio do povo”. Padres, bispos e arcebispos da Igreja Católica foram simplesmente ignorados, ostracizados e não poucas vezes perseguidos. Nito Alves mandou prender Joaquim Pinto de Andrade porque os golpistas consideravam-no um traidor desprezível. Foi Salvo por Agostinho Neto.

Sabem quem defendia, com unhas e dentes, a liberdade religiosa? Agostinho Neto, Lúcio Lara, Pedro Maria Tinha (Pedalé), formado na Igreja Católica ou Manuel Pedro Pacavira que nunca deixou de ir à missa na igreja da Sagrada Família, aos domingos. Um dia foi baptizar um familiar e convidou-me. Disse-lhe que só entrei na Sé de Luanda porque ia acompanhar o Zeca Bailundo (artista plástico Zé Rodrigues) quando ia desenhar a sua madrinha, Nossa Senhora dos Remédios, que o salvou de uma doença fulminante, era ainda bebé.

Na época do golpe de estado militar (27 de Maio de 1977) ninguém ousava professar uma religião, ninguém entrava nos templos. Salvo o Samuel Aço que não abdicava da sua religião. O templo (sinagoga?) era na então Rua Coronel Artur de Paiva. Peço perdão e muita desculpa se estou a errar, mas eu, muito antes de Nito Aves e os assassinos do 27 de Maio, não entrava nas igrejas fossem quais fossem porque estou de relações cortadas com o dono da casa. 

Quem se estava nas tintas para a repressão religiosa era o meu amigo Orlando Rodrigues. Nunca abdicou da sua fé. Na segunda fase da Grande Batalha de Luanda (contra as tropas zairenses e os grupos de extermínio da FNLA), num clima de guerra generalizado nas ruas da capital, ele e outros camaradas foram proteger o convento de freiras na Samba. Zelou que ninguém perturbasse a clausura daquelas servas de Deus. Provavelmente por causa disso, nunca chegou a ministro. Mas ganhou a minha estima e consideração. Eternamente. Orlandini, és o maior, camarada! 

O  cóccix de Nito Alves foi hoje a enterrar. O caixão saiu do Estado-Maior do Exército e estava coberto com a Bandeira Nacional. Tudo certo. Se Rafael Marques, traidor de alguns dos nossos Generais, foi condecorado, um assassino golpista, covarde, falso comandante, bem pode ser honrado pelos companheiros de armas dos assassinados. Bem pode ser envolvido na Bandeira Nacional que ele fez tudo para rasgar e arrear dos mastros da Pátria ocupada por forças estrangeiras. Não se lembram? Então eu vou avivar-vos a memória.

Já decorriam os preparativos do golpe de estado e o Presidente Agostinho Neto falava com o Presidente Carter. Das conversações resultou a Emenda Clark, que impunha o fim da ajuda secreta às forças que se opunham ao Governo da República Popular de Angola, como biombos da África do Sul ou do Zaire de Mobutu. 

A 25 de Fevereiro de 1977, Agostinho Neto teve um encontro público com os embaixadores acreditados em Angola. Alertou-os para aquilo que considerou muito grave. Leiam: “Mobutu está a preparar um dispositivo militar que ameaça Angola. A FNLA, a FLEC, o ELP (Exército de Libertação de Portugal, organização de extrema-direita portuguesa) e mercenários, vão participar numa operação de grande envergadura contra a República Popular de Angola no último trimestre deste ano. A invasão tem como nome ‘Operação Cobra77’ (também denominada Operação Natal em Angola) com o envolvimento de meios aéreos e terrestres e que está marcada para Setembro ou Outubro a partir de um ataque contra Cabinda dirigindo-se depois para o Sul. O responsável pelas operações militares é o coronel Georges, especializado em Saint-Cyr, França. Participam também no comando, os coronéis Mike Brown, Johnson e Thompson. Brown e Johnson, militares norte-americanos, foram oficiais ‘boinas verdes’, forças especiais dos Estados Unidos na década de 1960. Thompson foi oficial da 82ª Divisão Aerotransportada dos Estados Unidos”.

Portanto, dois meses antes do golpe de estado militar Nito Alves, Monstro Imortal, Bakalof, Sianouk, Zé Van-Dúnem e outros assassinos golpistas sabiam que estava em preparação uma operação militar estrangeira de grande envergadura para destruir a República Popular de Angola. Continuaram a conspirar e desencadearam o golpe. É legítimo concluir que eram aliados dos invasores e agressores estrangeiros.

E o golpe? Rui Coelho, professor, foi preso em Luanda por envolvimento ao nível da direcção. Disse no seu depoimento perante o Tribunal Popular Revolucionário: “Defendemos que o MPLA deve estar ligado ao Partido Comunista da União Soviética. Confesso que estou convencido da existência de anti-sovietismo a nível do aparelho de Estado e do MPLA. Colaborei na elaboração das teses que Nito Alves escreveu para apresentar em sua defesa ao comité central. Ele considera que o partido está dominado por forças direitistas, por social-democratas aliados aos maoistas”. 

Bakalof, da dirtecçãomdo golpe,  não esteve com meias medidas e disse ante o Tribunal Marcial: “O partido está nas mãos de contra-revolucionários. Por isso, tínhamos que expulsá-los e derrubar o Governo”. O jornal Diário de Lisboa”, na edição de 30 de Junho de 1977, mais de um mês depois do golpe de estado militar, Mário Pinto de Andrade escreveu a seguinte mensagem: 

“Considero-me sempre um militante do MPLA. Em primeiro lugar lamento profundamente a expressão criminosa e facínora que tomou a intentona de 27 de Maio, devido ao oportunismo e ambições políticas do grupo de Nito Alves e que levou à perda irreparável de comandantes e camaradas tão determinantes na luta de libertação nacional. Estou de acordo com as decisões tomadas pelo Bureau Político do MPLA e com as declarações do camarada presidente Agostinho Neto. Todos nós esperamos que o MPLA saia reforçado desta prova. Reconhecemos que o MPLA, temperado neste tipo de luta, vai com certeza triunfar mais uma vez sobre todas as formas de oportunismo político, mascaradas de verbalismo esquerdista”.

Leiam agora a declaração do Presidente Neto aos microfones da Rádio Nacional, sem cortes nem manipulações: “Os divisionistas que dirigiram o fraccionismo fugiram da capital. Mas nós vamos capturá-los. Haverá o veredicto do MPLA. Haverá, portanto, Justiça. Neste momento em que estamos a combater contra forças que nos atacam do exterior, é muito estranho que os esquerdistas, os ultra-revolucionários, venham combater-nos também. É muito estranho. Quero dizer mais uma vez que não haverá para aqueles que se introduziram numa luta contra o MPLA, qualquer espécie de contemplação. Qualquer espécie de perdão. Não haverá mais tolerância. Nós vamos proceder de uma maneira firme e dura”.

Para o ministro do golpe de estado, Francisco Queiroz, não manipular e explorar a ignorância, informo que na época, o partido estava acima de tudo, era a vanguarda revolucionária. Quando Agostinho Neto afirmou que “haverá o veredicto do MPLA” sobre os actos dos golpistas, estava a dizer que a Justiça Popular Revolucionária estava garantida.  

Os assassinos golpistas e seus familiares provavelmente queriam que o Chefe de Estado mandasse distribuir chocolates e champanhe às bandidas e bandidos. Agora sim, têm essas distinções e favores. A direcção do MPLA lá sabe porquê. 

No dia 10 de Junho de 1977 realizaram-se os funerais das vítimas do golpe de estado. No dia 13 de Junho de 2022, no mesmo cemitério, foram sepultados os ossos dos seus assassinos. Com honras militares. Embrulhados na Bandeira Nacional que tudo fizeram para rasgar e arrear. O que vimos hoje em Luanda foi o negócio das ossadas, em grande. Francisco Queiroz está a facturar que nem um leão faminto. Só em flores, hoje ganhou uma fortuna. Lágrimas, gritinhos, soluços e camisolas devem ter-lhe rendido uma fortuna. Este bem merece o título de chefe da quadrilha. Ele ainda não sabe, mas eu vou alertá-lo: O dinheiro que está a ganhar tem a marca da corrupção e da traição. Na hora da verdade tem uma cela em Viana, garantida.

Monstro Imortal era comandante. E foi patenteado como oficial superior. Era vice-chefe do Estado Maior General das FAPLA. Nito Alves não era nada. Nem comandante, nem militante do MPLA. Sabem porquê? Foi expulso no dia 21 de Maio de 1977. Hoje a reportagem da TPA só filmou o espectáculo de quem nada valia. A claque do comandante foi ignorada. Nem quando nos enterram os ossinhos há igualdade. Se pudesse falar, o comandante Monstro estava a vociferar: “Eu vou bocar às massas!” Acho que o ministro do 27 de Maio comeu o dinheiro devido aios figurantes de Monstro Imortal e Sianouk. Do Ramalhete nem vou falar. Foi o bufo que orientou os matadores. Simplesmente repugnante.

Todas estas barbaridades são cometidas para garantir em 24 de Agosto mais 0,20 por cento dos votos ou, no máximo, um deputado! Pelos vistos, ninguém faz contas aos votos que estão a perder e aos deputados que vão desaparecer do Grupo Parlamentar.

*Jornalista

REINO UNIDO CANCELA PRIMEIRO VOO DE DEPORTAÇÃO PARA O RUANDA

Foi cancelado o primeiro voo que esta terça-feira deveria deportar sete migrantes do Reino Unido para o Ruanda, após uma intervenção do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que alertou risco de "danos irreversíveis".

Os tribunais britânicos já tinham autorizado o voo para o Ruanda, mas um cidadão iraquiano recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que acabou por decidir a favor das pessoas visadas.

A secretária do Estado dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, disse estar "desapontada" com a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Contudo deixou indicação que vai preparar o próximo voo.

"É muito importante que estabeleçamos o princípio desta rota para o Ruanda. É uma parte fundamental da nossa estratégia para enfrentar os terríveis contrabandistas que estão a negociar as esperanças e sonhos das pessoas e, em muitos casos, a custar-lhes a vida", sublinhou.

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, defendeu o plano do Reino Unido, argumentando que é uma maneira legítima de proteger vidas.

"É preciso fazer uma distinção clara entre a imigração legal por vias seguras e legais, que apoiamos e defendemos porque todos nós sabemos dos seus benefícios para o nosso país. Outra coisa diferente é migração perigosa e ilegal através do Canal de Mancha. É o que pretendemos travar", explicou.

Pacto polémico assinado em abril

A 14 de abril, o Reino Unido e o Ruanda assinaram um pacto para enviar para o país da África Oriental migrantes que tinham entrado ilegalmente no Reino Unido. As autoridades do Ruanda irão processar os pedidos de asilo- Se forem bem sucedidos, os refugiados serão autorizados a permanecer nesse país.

O Reino Unido ajudará a cobrir com até cerca de 144 milhões de euros de despesas. Ativistas e várias organizações dos direitos humanos acusaram o Ruanda e Reino Unido de violações dos direitos humanos.

Será que o Ruanda tem condições para alojar o grupo que será repatriado? Lewis Mudge, diretor da Human Rights Watch para a África Central, responde que não está preocupado com a capacidade do Ruanda para receber os refugiados.

E coloca outra questão: "Será o Ruanda um país que respeita os direitos humanos, civis e políticos? Para nós, a resposta é não."

"Ruanda não respeita direitos humanos"

"Os ruandeses são conhecidos pela sua hospitalidade. Mas o Governo do Ruanda não respeita os direitos humanos", disse também Victoire Ingabire, a líder do movimento de oposição ruandês DALFA Umurinzi, que as autoridades recusaram até agora a registar como partido político.

"Quanto a estes requerentes de asilo, não terão futuro no Ruanda, uma vez que o país ainda está a reconstruir-se a si próprio", lembra Victoire Ingabire. "Os ruandeses estão classificados entre a população menos feliz do mundo no índice de felicidade de 2022 e as tensões políticas entre o Ruanda e os seus estados vizinhos tornaram-se frequentes e duradouras, tornando o país e toda a região dos Grandes Lagos num lugar menos seguro", acrescenta.

O Ruanda acolhe mais de 130.000 refugiados e migrantes de outras nações africanas e países como o Paquistão, Segundo o Governo ruandês.

No ano passado, Kigali, a agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a União Africana (UA) alargaram um acordo para a transferência de requerentes de asilo na Líbia para o país da África Oriental.

Centenas de pessoas anteriormente enviadas para o Ruanda foram entretanto reinstaladas em países terceiros, de acordo com o ACNUR.

Deutsche Welle | Lusa

Etiópia recusa deixar os EUA legislar seu relacionamento com a Rússia

#Traduzido em português do Brasil

Andrew Korybkoª | One World

Ao se recusar a permitir que isso aconteça, a Etiópia está orgulhosamente flexionando sua autonomia estratégica e liderando o resto da África pelo exemplo, o que se alinha com seu papel histórico no continente. Esta é uma posição ainda mais impressionante considerando que a Guerra de Terror Híbrida conduzida pelo TPLF foi desencadeada pelos EUA contra este país como punição por sua política externa equilibrada, o que mostra que o conflito falhou completamente em eliminar a independência da Etiópia.

O embaixador da Etiópia na Rússia, Alemayehu Tegenu Aargau, disse em entrevista ao Sputnik que seu país não permitirá que os EUA legislem seu relacionamento com a Rússia. Ele foi questionado sobre a “ Lei de Combate às Atividades Russas Malignas na África ” que foi apresentada pelo Congresso no final de abril, que exigirá que o Departamento de Estado “avaliasse regularmente a escala e o escopo da influência e das atividades da Federação Russa na África que prejudicam os Estados Unidos. objetivos e interesses” e determinar como os EUA poderiam responder ao seu rival por meio de programas orientados para a “democracia”.

O principal diplomata da Etiópia em Moscou disse que “Sim, eu ouvi sobre isso [projeto de lei]. Veja, a Etiópia é um país soberano; mantemos toda a relação e contato com quaisquer estados com base em nosso interesse nacional, dignidade nacional, soberania. Nossas relações externas só serão administradas por nós mesmos, não por qualquer outro estado. Este é o padrão da Etiópia em relação a qualquer projeto de lei. A Etiópia quer fortalecer a cooperação bilateral com a Rússia. Somos um país independente que pode decidir sobre nossos próprios problemas”. Esta posição está em conformidade com o direito internacional e visa a prossecução dos interesses nacionais objetivos do seu país.

Para elaborar, eles estão na expansão abrangente de sua cooperação com países como a Rússia que estão liderando a transição sistêmica global para a multipolaridade . Uma forma que isso toma é a ânsia da Etiópia em participar da plataforma de multipolaridade financeira da Rússia , sobre a qual o embaixador Alemayehu também falou em sua entrevista ao Sputnik. Para ser absolutamente claro, as relações etíopes-russas não são direcionadas contra terceiros, mas são mutuamente benéficas e visam acelerar a emergente Ordem Mundial Multipolar que beneficia a grande maioria da humanidade que reside no Sul Global.

Nenhum país que se preze , muito menos o berço histórico do anti-imperialismo e do pan-africanismo que a Etiópia é, jamais permitiria que um país estrangeiro legislasse seus interesses com qualquer outro. O que a América está tentando fazer em toda a África por meio de seu ato mencionado anteriormente é reafirmar sua hegemonia unipolar em declínio por meios neoimperiais. Seus representantes arrogantemente se consideram vice-reis das dezenas de países daquele continente, o que é realmente racista, estejam eles conscientes disso ou não. Os EUA não têm absolutamente nenhum direito de se intrometer em suas políticas externas, especialmente em relação à Rússia.

Ao se recusar a permitir que isso aconteça, a Etiópia está orgulhosamente flexionando sua autonomia estratégica e liderando o resto da África pelo exemplo, o que se alinha com seu papel histórico no continente. Esta é uma posição ainda mais impressionante considerando que a Guerra de Terror Híbrida conduzida pelo TPLF foi desencadeada pelos EUA contra este país como punição por sua política externa equilibrada, o que mostra que o conflito falhou completamente em eliminar a independência da Etiópia. Ao contrário, a Etiópia está redobrando seu compromisso de se tornar o líder africano da multipolaridade, como prova a priorização de suas relações com a Rússia.

*Andrew Korybko -- analista político americano

**Andrey Korybko, é analista político americano, baseado na Rússia, jornalista da Sputnik News, conselheiro e membro do Conselho de Especialistas do Instituto de Estudos e Previsões Estratégicas, uma seção especializada da Universidade da Amizade dos Povos da Rússia

LIVRO - Guerras Híbridas - das revoluções coloridas aos golpes (PDF)

Sua obra mais famosa é "Guerras Híbridas – Das Revoluções Coloridas aos Golpes” [5], o qual afirma que Revoluções Coloridas seriam uma nova forma de guerra projetada pelos EUA, com tudo, desde sua composição organizacional até a aplicação geopolítica, sendo guiada por estrategistas americanos. Mas, ao contrário de pesquisadores anteriores que abordaram o assunto, Andrew leva seu trabalho ainda mais longe e usa os exemplos mais recentes da Guerra na Síria e do EuroMaidan para argumentar que os EUA teriam atuado diretamente nesses cenários

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