Artur Queiroz*, Luanda
A democracia precisa de instituições fortes para criar raízes e fazer o seu caminho sem desvios que ponham em causa os direitos e liberdades individuais. Mas os regimes democráticos são permanentemente postos à prova por forças contrárias, muitas vezes disfarçadas em discursos pretensamente democráticos, mas que não passam de meros exercícios de populismo e demagogia.
Os democratas sabem que o edifício democrático está em permanente construção e é preciso responder aos ataques às liberdades com mais responsabilidade, mais educação e sobretudo mais tolerância. Um sistema político que vive permanentemente com forças adversas que desejam aniquilá-lo, precisa de políticos esclarecidos mas também disponíveis para darem tudo pelo Estado de Direito e Democrático.
Em Angola temos agentes políticos e forças partidárias que são incapazes de compreender a realidade actual. Alguns vivem hoje na lógica das fogueiras da Jamba e no tempo em que ajudavam as forças do apartheid a ocupar Angola, pondo em causa a soberania nacional e a integridade territorial.
Como só pensam em golpes, não são capazes de tirar ilações das sucessivas derrotas eleitorais. Nem vão ser capazes de digerir a mãe de todas as derrotas que vai acontecer no dia 24 de Agosto. O líder da UNITA insultou a memória de Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos. É um fabulador irresponsável e inconsciente. Nem sequer se dá conta de que ao comprar-se com os nossos mais velhos, está a insultar o Povo a que eles pertencem e pelo qual lutaram sem tréguas.
Foi esta lógica que levou Savimbi a servir forças estrangeiras numa guerra devastadora contra o Povo Angolano. E é este pensamento abstruso e simplista que leva Adalberto e outros chefes de partidos da oposição a pôr em causa a legitimidade democrática de quem governa.
Quem concorre a eleições e ignora o veredicto popular não é democrata, ainda que invoque a democracia para derrubar as instituições democráticas. As últimas eleições foram limpas e o povo falou muito alto. Os eleitores deram ao MPLA uma maioria qualificada. Desde 2017 que a direcção da UNITA só tem um objectivo: Minar os alicerces da democracia para tomarem o poder pela força. Sonham com o dia em que alguma potência “amiga” crie em Angola uma Líbia, um Egipto, uma Tunísia. Se conseguirem transportar para o nosso país a tragédia da Síria ou da Ucrânia, eles finalmente fazem a festa da vitória que lhes foge eleição após eleição.