terça-feira, 26 de julho de 2022

Angola | ATENTADO À SEGURANÇA NACIONAL

Artur Queiroz*, Luanda

A democracia precisa de instituições fortes para criar raízes e fazer o seu caminho sem desvios que ponham em causa os direitos e liberdades individuais. Mas os regimes democráticos são permanentemente postos à prova por forças contrárias, muitas vezes disfarçadas em discursos pretensamente democráticos,  mas que não passam de meros exercícios de populismo e demagogia. 

Os democratas sabem que o edifício democrático está em permanente construção e é preciso responder aos ataques às liberdades com mais responsabilidade, mais educação e sobretudo mais tolerância. Um sistema político que vive permanentemente com forças adversas que desejam aniquilá-lo, precisa de políticos esclarecidos mas também disponíveis para darem tudo pelo Estado de Direito e Democrático.

Em Angola temos agentes políticos e forças partidárias que são incapazes de compreender a realidade actual. Alguns vivem hoje na lógica das fogueiras da Jamba e no tempo em que ajudavam as forças do apartheid a ocupar Angola, pondo em causa a soberania nacional e a integridade territorial. 

Como só pensam em golpes, não são capazes de tirar ilações das sucessivas derrotas eleitorais. Nem vão ser capazes de digerir a mãe de todas as derrotas que vai acontecer no dia 24 de Agosto. O líder da UNITA insultou a memória de Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos. É um fabulador irresponsável e inconsciente. Nem sequer se dá conta de que ao comprar-se com os nossos mais velhos, está a insultar o Povo a que eles pertencem e pelo qual lutaram sem tréguas. 

 Foi esta lógica que levou Savimbi a servir forças estrangeiras numa guerra devastadora contra o Povo Angolano. E é este pensamento abstruso e simplista que leva Adalberto e outros chefes de partidos da oposição a pôr em causa a legitimidade democrática de quem governa.

Quem concorre a eleições e ignora o veredicto popular não é democrata, ainda que invoque a democracia para derrubar as instituições democráticas. As últimas eleições foram limpas e o povo falou muito alto. Os eleitores deram ao MPLA uma maioria qualificada. Desde 2017 que a direcção da UNITA só tem um objectivo: Minar os alicerces da democracia para tomarem o poder pela força. Sonham com o dia em que alguma potência “amiga” crie em Angola uma Líbia, um Egipto, uma Tunísia. Se conseguirem transportar para o nosso país a tragédia da Síria ou da Ucrânia, eles finalmente fazem a festa da vitória que lhes foge eleição após eleição.

Angola | Detidos 33 militantes: FNLA diz que polícia angolana "agiu de má-fé"

A Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA) apela à libertação dos militantes do partido histórico presos no sábado, na sequência de detenções da polícia. E diz que o episódio "mancha" o processo eleitoral.

Trinta e três militantes da FNLA, incluindo quatro candidatos à Assembleia Nacional, estão presos, desde sábado (23.07), na sequência de detenções efetuadas pela polícia durante os incidentes que tiveram lugar em Luanda, no arranque da campanha para as eleições gerais de 24 de agosto.

O grupo de militantes cruzou-se com uma caravana de motoqueiros, que nesse dia foram responsáveis por atos de vandalismo na cidade. Após o comício de abertura do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), camisolas, bonés e bandeiras do partido no poder foram queimados por moto-taxistas, que reivindicavam a promessa de pagamento de 10 mil kwanzas (cerca de 22 euros) pela participação numa passeata a favor do MPLA.

Em entrevista à DW África, Joveth Sousa, membro do Comité Central da FNLA, diz que o partido não compreende o que terá motivado as detenções dos seus militantes, mas não tem dúvidas de que a polícia nacional "agiu de má-fé".

Angola | CRÓNICA DO ÓDIO RENOVADO -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Uma emergência nacional obrigou-me a interromper as férias, vestir o fato-macaco e esgrimir o porrete. Não me dão descanso, desde tempos que a memória faz tudo para armazená-los no esquecimento. Um dia, numa aula em que se discutia a estractificação social, pediram-me para definir o colonialismo. E eu respondi: É um latifúndio onde se cultiva o ódio. Em criança e na adolescência senti o peso do ódio racial. Os portugueses residentes ou nascidos em Angola deviam tudo o que tinham e eram aos angolanos. Mas odiavam-nos visceralmente. E confiscavam-lhes o direito de cidadania.

Na juventude vi colonos babando ódio enquanto apedrejavam a Missão, por trás do Hotel Trópico, que na época ainda não existia, eram terrenos baldios. Partiram os vitrais à pedrada. Eram peças lindíssimas. Motivo? Os norte-americanos (alguns pastores ou mesmo um bispo) eram dos EUA, apoiavam a UPA e os fiéis protestantes eram “calcinhas”. Crime dos crimes, faziam parte da incipiente elite angolana, arrasada social e economicamente entre o final do século XIX e os anos 30 do século XX. 

Hordas de colonos tentaram assaltar a Sé de Luanda (Igreja dos Remédios) quando foi tornado público que o cónego Manuel das Neves estava implicado na Revolução do 4 de Fevereiro. O ódio andava à solta com o seu cortejo de agressões e mortes.

A Revolução do 4 de Fevereiro deu grande protagonismo ao MPLA, até porque os aparelhos repressivos do colonial ismo tinham detectado que o nascimento do movimento, em 1956, tinham mudado radicalmente o panorama político angolano. No início de 1963, o MPLA dirigido por Agostinho Neto ganhou protagonismo na luta armada pela libertação de Angola. Os aparelhos repressivos do colonialismo atacaram impiedosamente todos os seus militantes e simples apoiantes. Ódio de morte contra o MPLA, seus dirigentes, seus combatentes, seus militantes, seus apoiantes. 

Ninguém imagina até onde os colonialistas levaram o ódio. Um grupo de estudantes da Universidade de Luanda, militantes do MPLA, foi desmantelado pela PIDE. Todos enviados para o Tarrafal com a designação: ”Pretos e mulatos pé descalço que têm de ser postos na ordem”.  Ódio, muito ódio. Quem não pactuava ou simplesmente não convivia com os ocupantes, era logo considerado terrorista do MPLA e a sua vida destruída. 

No dia 25 de Abril de 1974 o regime colonialista e fascista caiu, com a preciosa colaboração das forças guerrilheiras do MPLA. O ódio ao movimento atingiu as raias da loucura. Pedro Benje, um nacionalista pacífico, deu vivas ao general Spínola e os colonos mataram-no. Organizaram grupos armados que há noite iam matar as populações indefesas dos musseques de Luanda. Só o MPLA teve a coragem de enfrentar os matadores e derrotá-los. O ódio pegou fogo em Luanda e outras grandes cidades angolanas onde os militantes e activistas do movimento defendiam as populações. 

Angola | Ex-Presidente de Cabo Verde vai dirigir missão de observação da CPLP

O antigo Presidente de Cabo Verde Jorge Carlos Fonseca vai liderar a missão da observação da CPLP às eleições gerais angolanas, anunciou hoje o ex-chefe de Estado, após ter sido recebido pelo Presidente angolano, João Lourenço, em Luanda.

Em declarações à imprensa no final da audiência, Jorge Carlos Fonseca disse que abordou, com João Lourenço, questões ligadas à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e adiantou que a visita a Angola visa também encontros com a comunidade cabo-verdiana no país.

Jorge Carlos Fonseca informou que em breve regressará a Luanda para dirigir uma missão da CPLP de observação das quintas eleições gerais que Angola realiza no dia 24 de agosto próximo.

Angola detém atualmente a presidência da CPLP, organização lusófona que, até 2021, foi presidida por dois anos por Cabo Verde.

RTP | Lusa

Angola | MEMORIAL DO GOLPISTA DESALMADO – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Nito Alves foi aluno do Liceu Salvador Correia sem nunca lá ter entrado. Aderiu à guerrilha na I Região Política e Militar do MPLA quando os guerrilheiros estavam em posições defensivas e de mera subsistência. Com a Operação Nova Luz apenas ficaram os esconderijos nas exuberantes matas dos Dembos. Proferiu um discurso no congresso de Lusaka mas tal congresso não se realizou. O discurso existe. Descubram quem o escreveu e ficam a saber muito sobre o 27 de Maio de 1977. Descubram quem redigiu as suas “teses” e ficam a saber quem mexia os cordelinhos das marionetas nitistas. 

Uma forte delegação angolana participou nos trabalhos do congresso do Partido Comunista da União Soviética, em Moscovo. Era chefiada por Nito Alves e “assessorado” por José Van-Dúnem. Quando discursou aos delegados disse: 

“Camaradas! A nossa vitória sobre o colonialismo português tornou-se possível graças à ajuda da União Soviética”. Faço-lhe a justiça de aceitar que não sabia o que estava a dizer, porque desconhecia em absoluto o que se passava no seio do MPLA. Mas sabemos quem escreveu o discurso: Marechal Epichev, comissário político do Exército Vermelho. Tirem as vossas conclusões. Sim, a União Soviética ajudou. Mas Argélia, Cuba, Jugoslávia e outros países socialistas ajudaram muitíssimo mais!

Naquele tempo os impostores e oportunistas eram mais do que muitos. Alguns foram denunciados com provas evidentes. Outros passaram pelos pingos da chuva e chegaram ao topo. Nito Alves foi denunciado antes do 11 de Novembro de 1975. O jornal Diário de Luanda denunciou as suas manobras para controlar as estruturas do Poder Popular. Não houve reacção. Já com o fato de ministro do Interior, o Diário de Luanda denunciou as perseguições selváticas aos membros das Comissões Populares de Bairro que não se submeteram. Ninguém reagiu. 

Nito Alves proferiu o célebre discurso racista no Comissariado Provincial de Luanda. E o Diário de Luanda saiu em defesa dos militantes do MPLA atacados. Mais do que atacados, perseguidos e ameaçados de morte. O futuro líder visível do golpe de 27 de Maio de 1977 apelou à morte aos esquerdistas. Morte aos militantes da Revolta Activa. Morte aos membros da Organização Comunista de Angola (OCA). Atacou as e os angolanos brancos e mestiços com um discurso de racismo primário. Tínhamos poucos quadros e ainda ficámos com menos. Entre presos, eliminados e os que se retiraram preventivamente, o MPLA perdeu militantes muito valiosos.

Em Dezembro de 1975 já ninguém tinha dúvidas de que impostores e oportunistas de toda a espécie se preparavam para tomar o poder pela força. Com a aprovação da Lei do Poder Popular, no início de 1976, toda a gente percebeu que Nito Alves tinha como objectivo controlar as organizações de base e o Departamento de Organização de Massas (DOM), onde colocou a sua companheira Sita Vales. Com a feroz repressão sobre “esquerdistas” e desalinhados, só não percebeu que o golpe estava em marcha, quem não quis.

Apesar dos alertas e denúncias do Diário der Luanda, ninguém reagiu. Ou melhor, reagiu o ministro da comunicação social, João Filipe Martins. Demitiu os jornalistas que dirigiam o Diário de Luanda. O jornal era a “menina dos olhos” do Presidente Agostinho Neto. E ele só percebeu que o projecto estava ao serviço dos fraccionistas, quando telefonou pelo número da direcção do jornal (exclusivamente usado para falar com o líder) e foi atendido pelo novo director, um ajudante de Sita Vales. De jornais apenas sabia que o papel era bom para embrulhar jinguba torrada e outras mercadorias. Não foi por acaso que colocaram Neto “aqui onde não sinto a chuva nem oiço o vento”, por razões de segurança!

LUTA DE LIBERTAÇÃO DA UCRÂNIA ABRANGE DONBASS E OUTRAS REGIÕES

A UCRÂNIA VAI DEIXAR DE SER UM BORDEL DOS UKRONAZIS E DA NATO!

Martinho Júnior, Luanda

AO 5º MÊS O TERRITÓRIO DA REPÚBLICA POPULAR DE LUGANSK ESTÁ LIBERTADO

O TERRITÓRIO DA REPÚBLICA POPULAR DE DONETSK AINDA EM MÃOS DOS UKRONAZIS VAI SER PALCO DA CONTINUAÇÃO DOS MAIORES COMBATES ATÉ AO FINAL DO ANO, OU PARA ALÉM DE 2022

01- Nos primeiros 5 meses de luta de libertação do Donbass, as forças libertadoras coligadas, além de assumirem o controlo consolidado do Mar de Azov, conseguiram libertar todo o território da República Popular de Lugansk que ainda se encontrava em poder dos ukronazis e garantiram na profundidade um anel de segurança ao redor da península da Crimeia (oblasts de Kherson e uma parte de Zaporizhzya), em ligação com o Donbass.

Nas áreas rurais muitos combates ocorreram em florestas, junto ao rio Donetzk e em pequenas localidades, onde quer que tivessem havido trincheiras e baluartes das aglomerações militares ukronazis.

As fortalezas de Severodonetsk, Lisichansk e Gorlovka foram caindo por via de acções de isolamento, paulatino cerco e tomada final, partindo do campo para a cidade e começando por dominar as vias de acesso de forma a impedir a logística das guarnições que acabaram por ser neutralizadas com pesadas perdas, por insustentabilidade de suas posições.

Quer em Severodonetsk, quer em Gorlovka ocorreram algumas das principais batalhas depois de Mariupol.

A cidade de Lisichansk, que tem um habitat disperso polvilhado de fábricas, foi tomada em parcelas isolando uma a uma as áreas dessas fábricas…

A RAÇA | Comité de Auschwitz "horrorizado" com discurso do Orbán. "Perigoso"

O Comité Internacional de Auschwitz admitiu hoje ter ficado "horrorizado" com declarações do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, sobre a existência de uma "raça húngara pura", e pediu à União Europeia que "se distancie dessas conotações racistas".

O discurso do líder nacionalista, classificado pelo vice-presidente da organização, Christoph Heubner, como "estúpido e perigoso", faz lembrar aos sobreviventes do Holocausto "os tempos sombrios da sua própria exclusão e perseguição".

Em comunicado enviado à agência francesa de notícias AFP, Heubner pediu ao chanceler austríaco, Karl Nehammer, que vai receber Orbán na quinta-feira em visita oficial, para se demarcar da postura do primeiro-ministro húngaro, em nome da União Europeia.

Temos de "fazer o mundo entender que Orbán não tem futuro na Europa", cujos valores "nega conscientemente", disse.

Num discurso proferido no sábado na Transilvânia romena, onde reside uma grande comunidade húngara, o líder nacionalista, conhecido pela sua política anti-imigrantes, rejeitou a existência de uma sociedade "multiétnica".

"Não queremos pertencer a uma raça mestiça", que se mistura com "não-europeus", afirmou na altura.

Os países "onde coabitam povos europeus e não-europeus já não são nações. Não passam de conglomerados de povos", defendeu Viktor Orbán, que já tinha feito comentários semelhantes, mas sem usar o termo "raça".

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EM PORTUGAL NÃO QUE ADMIRAR PELO DITO POR ORBAN: Quando ainda presidente da República Cavaco Silva afirmava que no Dia de Portugal – 10 de Junho – se comemorava o DIA DA RAÇA portuguesa,  porque é exatamente isso em que acredita - ao modo de “antigamente”, salazarento, fascista, pidesco com provas dadas publicamente. Provavelmente também racista como Orban. Provavelmente? E no entanto Portugal ainda o sustenta... Dispendioso e perigoso.

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O Governo húngaro defendeu-se hoje, alegando através do seu porta-voz, Zoltan Kovacs, o que considerou ser "uma má interpretação" das declarações do primeiro-ministro por "pessoas que claramente não entendem a diferença entre a mistura de diferentes grupos étnicos na esfera do judaísmo-cristianismo e a mistura de povos de diferentes civilizações".

Orbán também fez alusão às câmaras de gás do regime nazi, criticando o plano de Bruxelas de reduzir em 15% a compra de gás da Europa à Rússia.

"Não vejo como podem forçar os Estados-membros a fazê-lo, embora haja 'know-how' alemão nesta área, como o passado já demonstrou", ironizou.

A comunidade judaica húngara também reagiu contra o discurso de Orbán.

"Muitas espécies diferentes povoam o nosso planeta. Mas sobre duas pernas, a trabalhar, a falar e, às vezes, a pensar, existe apenas uma espécie: 'Homo Sapiens Sapiens'. Esta raça é una e indivisível", escreveu o rabino-chefe, Robert Frolich, numa mensagem publicada na rede social Facebook.

Na classe política, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Roménia, Bogdan Aurescu, considerou as ideias defendidas por Orbán como "inaceitáveis".

Notícias ao Minuto | Lusa

V CONGRESSO DOS JORNALISTAS PORTUGUESES

É verdade que a revolução digital destruiu o modelo de negócio do jornalismo. Mas é também verdade que, na luta desesperada para recuperarem os lucros de antigamente, os gestores das empresas jornalísticas tomaram decisões erradas que feriram os alicerces do edifício jornalístico, porque puseram em risco o seu quadro de valores.

Pedro Coelho | Setenta e Quatro

Em 2017, o IV Congresso dos Jornalistas Portugueses elegeu o lema “Afirmar o Jornalismo”. Em janeiro de 2024, quando chegarmos ao V Congresso, sete anos depois da hercúlea epopeia de 2017 – de afirmar o jornalismo distinguindo-o da miríade de vozes que circulam no espaço digital, muitas delas amplificadas por interesses obscuros e ocultos – o que ainda nos restará?

Em janeiro de 2024, nos 50 anos do 25 de abril, nos 90 anos do Sindicato dos Jornalistas, uma das três entidades, juntamente com a Casa de Imprensa e o Clube dos Jornalistas, promotoras do V Congresso, voltaremos a estar juntos em amplo debate. Será, seguramente, um debate vivo, construtivo, mas também a revelação dos resultados de uma luta desigual, onde – de forma transparente e honesta – assumiremos as frustrações e os receios que nos condicionam. Sejamos justos, nós, os que estivermos juntos em janeiro de 2024, estaremos juntos porque ainda acreditamos no futuro jornalismo, de outra forma baixaríamos os braços e entregávamo-nos a outros desafios. Acreditamos no futuro, apesar de todos nós, com o ceticismo que nos molda, sentirmos a densidade da névoa, que obscurece o que está para vir.

É verdade que a revolução digital destruiu o modelo de negócio do jornalismo. Mas é também verdade que, na luta desesperada para recuperarem os lucros de antigamente, os gestores das empresas jornalísticas, no mundo inteiro, tomaram decisões erradas que feriram os alicerces do edifício jornalístico, porque puseram em risco o seu quadro de valores.

Na luta pela sobrevivência enterrámo-nos, todos os dias, um bocado mais.

Quando uma televisão tabloidizada coloca uma frase a ocupar um terço do écran onde lemos - “Monstros estão a ser ouvidos” - referindo-se a três suspeitos (sublinho suspeitos) de um crime hediondo, que as autoridades estavam, nesse exato momento, a interrogar e nada acontece, ninguém, da nobre entidade que regula a ação dos media, usa o poder que tem para, publicamente, estancar o caudal de fel…

Quando outra televisão obriga um repórter/vítima de um incêndio a trabalhar, tendo, o dito repórter, pedido expressamente para não trabalhar e apenas nos rimos com a desgraça jornalística amplificada nessa mesma TV e nas redes sociais… Quando, há 21 anos, na tragédia de Entre-os-Rios, um diretor, de um terceiro canal de televisão, gritou aos ouvidos de um jornalista em direto, exigindo-lhe que entrevistasse os familiares das vítimas, porque a concorrência também as estava a entrevistar… O mesmo diretor, os mesmos diretores, na cobertura da mesma tragédia, que tinham dado ordens para que as câmaras, em direto, filmassem 24 horas de buscas no rio Douro, rio de onde, a qualquer instante, poderiam emergir corpos decepados, desfeitos…

Há um imenso role de asneiras, de atentados ao jornalismo, de que muitos de nós, até pelo nosso silêncio, temos sido cúmplices.   

Sim, o modelo de negócio ruiu, mas também ruiu o estrito cumprimento dos valores do jornalismo. Philipe Meyer diz-nos que a credibilidade gera influência, e que a influência gera receita. Da mesma forma, digo eu, que este “jornalismo” que, quotidianamente, há mais de 20 anos, alimentamos, nos rouba receitas, porque destrói a nossa credibilidade.

O desafio que nos espera - e será certamente ele uma das âncoras do nosso V Congresso – é o de fazermos emergir o jornalismo, salvando os valores que o enformam, protegendo a missão que o guia (a de servir o público), apesar da contraditória premissa de ter de gerar lucro financeiro. Se isso, como nos dizem Bill Kovach e Tom Rosenstiel, foi possível 200 anos, deixou de ser a partir do momento em que tomámos a decisão de apenas salvar o negócio. Caros leitores, neste nosso tempo, o jornalismo já não pode ser um negócio.

No V Congresso dos Jornalistas Portugueses, a cuja comissão organizadora terei a honra de presidir, tentaremos encontrar resposta para a mais complexa das perguntas: como poderemos salvar o jornalismo, libertando-o do modelo de negócio que, tendo fracassado, arrasta, nesse fracasso, o fracasso do próprio jornalismo? 

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Portugal | ONDA GIGANTE


Henrique Monteiro | Henricartoon

UE masoquista | Alimentam guerra, sanções, miséria e cortes do gás em Portugal

Aprovado plano para reduzir 15% do consumo de gás na União Europeia

Após questões levantadas por vários países, incluindo Portugal, os 27 já chegaram a um consenso.

Os ministros da Energia da União Europeia já chegaram a um consenso sobre a meta para reduzir 15% do consumo de gás até à primavera, para precaver cortes de fornecimento da Rússia.

A notícia está a ser avançada pela agência AFP, que cita uma mensagem divulgada pela Presidência Checa do Conselho da União Europeia no Twitter.

"Não era uma missão impossível", pode ler-se. "Os ministros atingiram um acordo político sobre a redução da procura de gás para o próximo inverno".

Depois de, inicialmente, o Governo português se ter manifestado contra o plano para redução do consumo de gás, esta manhã o ministro do Ambiente, Duarte Cordeio, assegurou que a nova proposta já responde a algumas das questões levantadas por Portugal e outros países.

Carolina Rico | TSF -- Título PG

Sobre um tal primário-ordinário incontinente que grunha e rasteja para ser notícia

De Portugal e a primatas grunhidores auto-convencidos que são cantores e artistas é recomendável ignorá-los e nem lhes dar voz – porque nem a têm… que preste para o efeito. Cometemos aqui o erro excessivo mas calculado de divulgar uma pequena parte dos excessos de um tal Abrunhosa na condição permanente de um roufenho  que rasteja mendicante para ser notícia pelo pior mas que ele sabe ir cair nas manchetes de fossa putrefacta. Opções próprias e delirantes, mesquinhas, ordinárias, retrógradas, salazarentas e caçadoras de supostas famas em sanitas repletas de sarro. Irrelevante. Exatamente por isso isto nem devia aqui caber no PG. Mas, vá lá... Dignas e de razão são as palavras de Lapa Pádua, a São José, a merecidamente reconhecida senhora da arte e da cultura de Portugal. Leiam então sobre o mencionado em Notícias ao Minuto e noutros da media portuguesa que fazem parte do quotidiano circo habitual e deplorável. (MM | PG)

"A minha voz NÃO é a tua". São José Lapa critica Abrunhosa contra Putin

Atriz critica palavras do cantor sobre guerra na Ucrânia durante concerto em Águeda.

Oconcerto de Pedro Abrunhosa, em Águeda, no início deste mês, continua a dar que falar, depois de o cantor abordar a guerra na Ucrânia, levando a embaixada da Rússia em Portugal a condenar as suas palavras. Desta foi, foi a atriz São José Lapa que decidiu comentar o assunto, mas com fortes críticas ao músico.

"A minha voz NÃO é a tua voz, Pedro Abrunhosa. Aliás, tu NUNCA tiveste voz… Nunca! Quanto ao resto, bem podes dizer vitupérios nos teus concertos… Estou-me nas tintas se até as Pussy Riot já se tornaram pornográficas. Força", escreveu a atriz, numa publicação divulgada na rede social Facebook, este sábado.

Recorde-se que o momento em causa aconteceu no dia 2 de julho, antes de Pedro Abrunhosa cantar o tema 'Talvez Foder'. Nesta música, o cantor aborda temas como a guerra,

"Não podemos, nem vamos esquecer, que a Europa vive uma guerra. E a guerra mais estúpida de todas, uma guerra perfeitamente evitável, uma guerra de ódios, uma guerra em que famílias como as nossas todos os dias têm que fugir", afirmou o cantor na altura.

O músico lembrou que também "há quem não fuja, e numa ilha da Ucrânia um marinheiro respondeu a um apelo de um barco russo dizendo: 'Barco russo, go fuck yourself', que é como quem diz 'russian boat ...', que é como quem diz 'Vladimir Putin, go fuck yourself'".

"Este grito hoje tem que se ouvir em Moscovo e em Kyiv", disse.

Na semana passada, através de um comunicado divulgado no seu site oficial, a Embaixada da Federação Russa na República Portuguesa abordou aquelas que considerou serem "declarações inaceitáveis do cantor Pedro Abrunhosa", depois de receber "cartas dos compatriotas russos zangados que afirmam estar chocados pelo comportamento dum dos famosos cantores portugueses". A embaixada indicou ainda que "as respetivas conclusões serão tiradas" e  que "nenhumas provocações ignóbeis" contra os cidadãos russos em Portugal "ficarão sem resposta".

Na sexta-feira, Pedro Abrunhosa e a Sons em Trânsito, que o representa, pediu um posicionamento do Governo em relação à "intimidação" que o artista diz ter sofrido por parte da Embaixada da Rússia em Portugal. No mesmo dia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros repudiou o "tom e conteúdo" do comunicado da Embaixada e defendeu a liberdade de expressão como "inalienável".

Já esta segunda-feira, a Iniciativa Liberal propôs que o parlamento manifeste um "protesto veemente" contra o comunicado, considerando que se trata de "um atentado inaceitável à liberdade de expressão".

Notícias ao Minuto

A GUERRA IMAGINÁRIA

 Patrick Lawrence*

Nos media dominantes, nos EUA e no “Ocidente” seu vassalo, trava-se na Ucrânia uma guerra imaginária, que teve início “quando o regime de Biden e a imprensa deturparam os objectivos russos. Todo o resto tem fluído daí.” Com o passar do tempo, a distância entre essa guerra imaginária e o que se passa no terreno alarga-se. Este texto desmonta várias vertentes dessa ficção. O que falta averiguar inteiramente é quais os objectivos pretendidos com ela. E esse assunto diz directamente respeito ao nosso país, e a um governo que, como os outros governos da UE, encaminham o país para uma profundíssima crise, se é que não ajudam a abrir caminho a uma catástrofe planetária.

O que iam fazer as cliques políticas, “a comunidade de inteligência” e a imprensa que serve ambas quando o tipo de guerra na Ucrânia sobre o qual falavam incessantemente se tornasse imaginário, uma Marvel Comics de um conflito com pouco fundamento na realidade? Tenho-me interrogado sobre isso desde que a intervenção russa começou em 24 de Fevereiro. Sabia que - quando finalmente tivéssemos uma - a resposta seria interessante.

Agora temos uma. Tomando como guia o governamentalmente supervisionado New York Times, o resultado é uma variante do que vimos quando o fiasco do Russiagate se desfez: aqueles que fabricam ortodoxias e consentimento estão a sumir-se pela porta dos fundos.

Poderia dizer-vos que não pretendo destacar o Times nessa disparatada chicana, com a excepção de que o faço. O outrora, mas não mais, jornal de referência continua a ser singularmente perverso nos seus enganos e aldrabices, pois impõe a versão oficial - embora imaginária - da guerra a leitores desavisados.

Como os leitores devidamente desconfiados de Consortium News se lembrarão, Vladimir Putin foi claro quando disse ao mundo as intenções da Rússia quando iniciou a sua intervenção. Estas eram duas: as forças russas iam para a Ucrânia para “desmilitarizar e des-nazificar”, um par de objectivos limitados e definidos.

Um leitor astuto desses comentários apontou num recente comentário que o presidente russo provou mais uma vez, para além do que se possa pensar dele, ser um estadista concentrado com uma excelente compreensão da história. Na Conferência de Potsdam em Julho de 1945, o Conselho de Controlo Aliado declarou o seu propósito pós-guerra na Alemanha como “os quatro D’s”. Estes eram a desnazificação, a desmilitarização, a democratização e a descentralização.

Demos aqui a David Thompson, que trouxe esta referência histórica à minha atenção, um merecido contributo:

“A reiteração por parte de Putin dos princípios de desnazificação e desmilitarização estabelecidos a partir da Conferência de Potsdam não é apenas um pitoresco tirar do chapéu à a história. Ele estava a assinalar aos Estados Unidos e ao Reino Unido que o acordo alcançado em Potsdam em 1945 é ainda relevante e válido…”

O presidente russo, cujo argumento fundamental dirigido ao Ocidente é que uma ordem justa e estável na Europa deve servir os interesses de segurança de todos os lados, estava simplesmente a recolocar os objectivos que a aliança transatlântica assinara realizar. Em outras palavras, estava a apontar a grosseira hipocrisia dessa aliança, que arma os descendentes ideológicos dos nazis alemães.

Detenho-me neste assunto porque a guerra imaginária teve início com as bastante irresponsáveis deturpações do regime de Biden e da imprensa sobre os objectivos da Federação Russa na Ucrânia. Todo o resto tem fluído daí.

Lembram-se: as forças russas iriam “conquistar” toda a nação, acabar com o regime de Kiev, instalar um governo fantoche e depois seguir para a Polónia, os estados bálticos, a Transnístria e o resto da Moldova, e depois disso quem poderia imaginar o que se seguiria. A desnazificação, podemos agora ler, é um engano fraudulento do Kremlin.

PREPARE-SE PARA CONGELAR…

Administradores elitistas da UE dão novo e sinistro significado à Guerra-Fria

– A Rússia tem feito todos os esforços para manter a Europa abastecida. Mas governos europeus atrelados à política imperial dos EUA têm feito todos os esforços para arruinar os seus próprios povos.

Strategic Culture Foundation [*]

Congelamento de famílias, custos de energia paralisantes e as consequentes altas dos preços do alimentos são o resultado da agenda de guerra dos Estados Unidos e da NATO em relação à Rússia. A temporada do Verão trouxe ondas de calor sufocantes por toda a Europa (e alhures) mas, dentro de poucos meses, mais de 500 milhões de cidadãos da União Europeia enfrentarão níveis recorde de privação quando a escassez de gás proveniente da Rússia se manifestar plenamente.

A Rússia tem feito todos os esforços para manter a Europa abastecida. Mas governos europeus atrelados à política imperial dos EUA têm feito todos os esforços para arruinar os seus próprios povos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Peter Szijjarto, durante uma visita a Moscovo exprimiu uma rara nota de sanidade quando declarou que a Europa simplesmente não pode sobreviver sem o fornecimento de energia russo. Contudo, outros líderes europeus estão cegados pela russofobia irracional e subserviente aos ditames americanos. Um dia de acerto de contas deve acontecer, a menos que o dia do juízo final possa ser evitado.

Este suicídio auto-infligido de nações europeias foi imposto por governos que se prostraram à agenda imperial de Washington de confrontação com a Rússia. A guerra na Ucrânia é o resultado trágico de muitos anos de beligerância dos EUA-NATO contra a Rússia. Qualquer um que ouse declarar a verdade objetiva é caluniado como um propagandista do Kremlin. A discussão pública e o pensamento críticos foram totalmente cancelados no ocidente. A censura maciça da Internet agravou esse cancelamento. Este jornal online, por exemplo, foi posto na lista negra e bloqueado para os leitores nos EUA e na Europa por governos que declaram defender o livre discurso e o pensamento independente.

A implacável expansão para leste e o armamento de um regime ucraniano infestado de nazis criou o conflito atual e as suas consequências destrutivas, incluindo problemas de abastecimento de energia e alimentos.

Obcecada com a russofobia e o servilismo ao agressivo imperialismo de Washington, a elite europeia está a impor às suas populações uma Guerra-Fria sem precedentes que se arrisca a transformar-se numa catastrófica guerra mundial. Uma guerra que inevitavelmente levaria a uma conflagração nuclear.

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