terça-feira, 30 de agosto de 2022

UCRÂNIA E A POLÍTICA DA GUERRA PERMANENTE -- Chris Hedges

Chris Hedges* | ScheerPost.com | em Consortium News

Os críticos, já excluídos da mídia corporativa, são implacavelmente atacados e silenciados por ameaçar a quietude do público enquanto o Tesouro dos EUA é saqueado e a nação é estripada. 

#Traduzido em português do Brasil 

Ninguém , incluindo os defensores mais otimistas da Ucrânia, espera que a guerra do país com a Rússia termine em breve. A luta foi reduzida a duelos de artilharia em centenas de quilômetros de linhas de frente e avanços e recuos rastejantes. A Ucrânia, como o Afeganistão,  vai sangrar  por muito tempo. Isso é por design.

Em 24 de agosto, o governo Biden  anunciou  mais um  pacote maciço de ajuda militar  à Ucrânia no valor de quase US$ 3 bilhões. Levará meses e, em alguns casos, anos, para que esse equipamento militar chegue à Ucrânia. Em outro sinal de que Washington assume que o conflito será uma longa guerra de desgaste,  dará um nome  à missão de assistência militar dos EUA na Ucrânia e a tornará um comando separado supervisionado por um general de duas ou três estrelas. Desde agosto de 2021, Biden  aprovou  mais de US$ 8 bilhões em transferências de armas de estoques existentes, conhecidas como retiradas, para serem enviadas para a Ucrânia, o que não requer aprovação do Congresso.

Incluindo assistência humanitária, reabastecimento de estoques de armas dos EUA e expansão da presença de tropas americanas na Europa, o Congresso  aprovou  mais de US$ 53,6 bilhões (US$ 13,6 bilhões  em março  e outros US$ 40,1 bilhões  em maio ) desde a invasão da Rússia em 24 de fevereiro. A guerra tem precedência sobre as ameaças existenciais mais sérias que enfrentamos. O  orçamento proposto  para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) no ano fiscal de 2023 é de US$ 10,675 bilhões, enquanto o  orçamento proposto  para a Agência de Proteção Ambiental (EPA) é de US$ 11,881 bilhões. A nossa assistência aprovada à Ucrânia é mais do dobro destes montantes. 

Os militaristas que  travaram  uma guerra permanente que custou trilhões de dólares nas últimas duas décadas  investiram pesadamente  no controle da narrativa pública. O inimigo, seja Saddam Hussein ou Vladimir Putin, é sempre o epítome do mal, o novo Hitler. Aqueles que apoiamos são sempre heróicos defensores da liberdade e da democracia. Quem questiona a justiça da causa é acusado de ser agente de uma potência estrangeira e traidor.

A mídia de massa divulga covardemente esses absurdos binários em ciclos de notícias de 24 horas. Suas celebridades e especialistas em notícias, universalmente extraídos da comunidade de inteligência e militares, raramente se desviam do roteiro aprovado. Dia e noite, os tambores da guerra não param de bater. Seu objetivo: manter bilhões de dólares fluindo para as mãos da indústria de guerra e evitar que o público faça perguntas inconvenientes.

Angola | A VITÓRIA RETUMBANTE DE UM CONTRA TODOS -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Frente Patriótica Unida alargada aos accionistas da sociedade civil. Até incluíram um “projecto” de Abel Chivukuvuku que nunca existiu. Tudo em nome da alternância. A montanha pariu uma matacanha. Todos contra o MPLA deu mais uns quantos deputados que não aquecem nem arrefecem. Oportunistas, vadios doutorados, matumbos encartados, pançudos deformados e imbecis descabeçados chegaram a deputados, eleitos nas listas da UNITA. Tenham dó. 

O partido UNITA foi usado pelo colonialismo para travar a luta armada pela Independência Nacional. Depois foi usado pelos independentistas brancos para destruir o processo de descolonização. A seguir os sicários do Galo Negro foram usados pelo regime racista de Pretória para destruírem a Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Entre uma e outra traição puseram as armas ao serviço dos kamanguistas karkamanos e internacionais. Roubaram milhares de milhões de diamantes ao Povo Angolano. Pedras cobertas com o precioso sangue dos nossos Heróis. Nestas eleições venderam lugares nas listas de deputados a toda a espécie de bandidos. É o fim da linha.

Os donos da UNITA estão a lançar o barro à parede. Querem que o MPLA deixe entrar os seus sicários no Executivo. Já esqueceram que se uniram todos para a “alternância”. Até meteram o Chico Viana, chulo dos angolanos, desde que nasceu. E o decrépito soldado motorista do RI20. A desavergonhada Luzia Moniz. E outro lixo político mais perigoso do que o coronavírus. 

Todos contra o MPLA. Chegou a hora da alternância. E todos levaram uma tareia eleitoral memorável. Não brinquem com coisas sérias. A legislatura iniciada em 2017 foi praticamente perdida. Crise do petróleo. Pandemia. E na ponta final a guerra da Ucrânia. O simples desgaste da governação pode custar de três a cinco porcento dos votos. A forma desastrosa como foi gerida a morte do Presidente José Eduardo também fez voar muitos votos.  

Angola | JOÃO LOURENÇO REELEITO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) declarou, esta segunda-feira, em Luanda, João Lourenço como Presidente da República e Esperança da Costa como Vice-Presidente da República, após divulgar os resultados definitivos das Eleições Gerais de 24 de Agosto, que confirmaram o MPLA como partido vencedor, com 3.209.429 votos, correspondendo a 51,17 por cento dos votos válidos.

O presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, que apresentou os resultados definitivos, disse que, em segundo lugar, ficou o partido UNITA, com 2.756.786 votos, correspondendo a 43,95 por cento. Com estes resultados, continuou, o MPLA elege 124 deputados, enquanto o Galo Negro tem 90 deputados. 

Assim, o PRS, com 71.351 votos, que equivalem a 1,14 por cento, a FNLA, com 66.337 votos, correspondendo a 1,06 por cento, e o PHA, com 63.749, que equivalem 1,02 por cento, elegeram cada dois deputados.

A CASA-CE obteve 47.446 votos, correspondendo a  0,76 por cento, a APN, 30.139 votos, equivalentes a 0,48 por cento, e P-JANGO, com 26.867 votos, correspondendo a 0,42 por cento, não elegeram nenhum deputado.

O presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, afirmou, durante a apresentação dos resultados definitivos, que a acta de apuramento das Eleições Gerais, em função dos votos escrutinados, confirma o MPLA com 124 deputados, UNITA com 90, PRS, FNLA e PHA com dois deputados cada. Nesta ordem, a CASA-CE, APN e o P-JANGO não obtiveram, conforme atesta a acta, nenhum deputado.

PCP alerta para operações de "ingerência" em Angola a partir de Portugal

O Partido Comunista Português (PCP) alertou esta segunda-feira para "as operações de ingerência" feitas a partir de Portugal para desestabilizar Angola.

Em comunicado, os comunistas felicitaram o MPLA e consideraram que os 51,17% alcançados pelo partido expressam o reconhecimento por parte da população "do percurso histórico e papel fundamental” daquela força política "na conquista da independência, da defesa da soberania e da integridade territorial face à agressão do regime de apartheid”.

No documento, citado pela CNN, o PCP "denuncia as operações de ingerência que a partir de Portugal procuram, uma vez mais, promover a desestabilização de Angola”, alertando para a tentativa "de colocar em causa o processo eleitoral” por parte da UNITA e de outras forças políticas "perante a sua derrota” e "à semelhança de situações anteriores”.

Na visão do PCP, as forças políticas que estão a contestar o resultado das eleições "não aceitam a vontade soberana, livre e democraticamente expressa” pelos angolanos.

Jornal de Angola

Angola | QUEM NÃO VOTOU EM MIM É DOS MEUS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A minha irmã que dá ao seu bebé água com fuba porque o seu leite secou, está desesperada e abandonada à sua sorte azarada. A minha irmã que carrega banheiras à cabeça e percorre todas as ruas das cidades para ganhar um pão porque o diabo lhe come tudo o que ganha, está cansada, triste e desesperada. 

O meu irmão esgravata a vida, todas as horas de todos os dias. À noite, todas as noites, encontra em casa os filhos com fome porque o trabalho só lhe dá canseiras mil e míseras esmolas. Está desesperado, amargurado, irremediavelmente vencido.

A minha irmã que trabalha na repartição pública não consegue dar de comer aos filhos porque o salário é tão rastejante que nem chega para comprar fome. Está triste, desiludida, desesperada, abandonada. Nem tem um sindicato que defenda os seus direitos. Está onde a UNTA? Onde estão os meus camaradas sindicalistas?  

A minha irmã funcionária pública também está indignada porque a TPA passa de minuto a minuto um vídeo onde lhe chamam corrupta. Que a ameaça com a Procuradoria-Geral da República. Que pede aos miseráveis, que sejam bufos vendendo as suas irmãs e seus irmãos quando servidores públicos pedem “gasosa” para desenrascarem um papel. Agilizarem um atendimento de rotina. 

Marta temeu continuar ministra da morte neste luso-país doente e desgovernado

O feitor do Expresso Curto de hoje é Miguel Prado jornalista do informativo Galináceo Balsemão de Bilderberg. Ele mesmo dá por título a este Curto “Roleta”, talvez inspirado na Roleta Russa que vem crescendo na UE com a russofobia antidemocrática, ultraneoliberalista, mais a atirar para o radicalismo do fascismo, do terrifico nazismo à mistura com xenofobias desenterradas dos solos cansados da história dos radicais amantes do ultracapitalismo, das guerras e dos desprezos aos povos deste rincão europeu em notório servilismo às políticas, interesses e ordens malfazejas dos EUA.

É facto que do manifestado neste parágrafo anterior a “coisa” resume-se a algo simples: mencionar factos do cardápio oficial autorizado pela media dos EUA-UE-Ocidente. Os russos que se lixem (dizem e pensam os falsos democratas e pseudo-humanistas). Não têm o direito de viajar pela União-Europeia dizem os sábios-chulos de alto gabarito que detêm os poderes decisórios às ordens de Washinton. Mas afinal que culpa têm os cidadãos russos do que Putin e os seus decidem? Têm tanta quanto os cidadãos da União Europeia têm nas práticas de servilismo aos EUA da senhora Ursula von der Leyen, que provavelmente até tem dupla-nacionalidade, talvez EUA-Alemã. E ainda para agravar o currículo dessa tal Leyen poderá ser prima em terceiro grau do nazi Hitler de horríveis memórias… Nunca se sabe. É o que por vezes parece, mas… Temos de deslindar tudo isto melhor para não estarmos a pensar e a escrever de barato. Adiante.

A grande notícia em Portugal de Costa ao Interior Chamuscado é Marta Temido, a ministra da ‘dessaúde’ e da mortandade do povinho prejudicado, mal pago e mal tratado. A senhora demitiu-se, Finalmente. No cardápio curricular leva uns quantos cadáveres de bebés, de mulheres grávidas, de jovens com doenças oncológicas que não tiveram vagas para fazerem quimioterapia atempadamente (escreve quem sabe e sente), inclua-se outros cidadãos/ãs de outras idades… Isso é contribuir para o assassínio de portugueses! Mas a responsabilidade da ineficiência do SNS não é só de Marta, vem muito de atrás no tempo e refinou-se nos primados de Sócrates e muito mais no de Passos Coelho. Para não se falar da múmia Cavaco Silva que quando primeiro-ministro até reduziu as admissões à Faculdade de Medicina porque – tanto quanto há memoria – “não precisávamos de tantos estudantes de medicina e futuros médicos…” Às vezes a memória é coisa muito desagradável para esses chamados “altos responsáveis” – que são uns minorcas impunes quanto a responsabilidades e como pessoas. Pois.

Certo é que Marta está a pagar a fatura. Culpas tem. Principalmente por não ter tintins e não dizer ao Costa que na saúde não podem haver cortes de orçamento nem escassez de profissionais e de meios que assegurem vida saudável aos portugueses. Não há médicos? Vão a Cuba ou onde quiserem desde que possuam qualidades profissionais para evitar tanta mortandade como tem acontecido. E parem com as desculpas da pandemia e agora da guerra da Ucrânia porque até nem foi perguntado aos portugueses se querem dar para esses gastos de milhões e de suporte de sanções em que não somos metidos nem achados porque o mentor dessa guerra, como sabemos, são os EUA. Então eles que suportem as vicissitudes do que aprontaram e que se deixem de guerras como é seu hábito de cowboys.

Voltando a Marta e à sua falta de tintins seria reparador ela explicar publicamente se realmente lutou devidamente para solucionar as carências do SNS e, se sim, quem foram os que obstaculizaram as medidas e soluções há muito prementes e causadoras de tanta mortandade em idosos, aos de meia-idade, jovens, grávidas e recém-nascidos… Quais são as culpas-responsabilidades, de Costa e outros, para que o SNS se tenha transformado num necrotério de cidadãos portugueses e outros em Portugal? Era bom sabermos tintim por tintim e não ficar tudo ocultado, por esclarecer, devido a políticos que não merecem a maioria parlamentar que os eleitores portugueses lhes entregaram… Para quê? Para tudo isto que está a acontecer de errado? De irreparável?

Tudo indica que a questão é funda e que Marta temeu continuar ministra da morte neste luso-país muito doente e desgovernado.

A prosa vai longa e não era nossa intenção. Assim está, deixemos estar. Tem muita ‘palha’? Talvez. Mas fica como assim. Embrulhem e mandem para a terra. Acabemos tal e qual o Curto e desculpem a extensão do emaranhado de letras. Talvez fruto do sentido desta subvida em Portugal Emaranhado.

Bom dia e um queijo Rabaçal acompanhado de um tinto velhote e pomadoso. Alentejano… Pois. Isso.

Avante. Curta o Curto, a seguir.

MM | PG

Portugal | PARA TERMOS UMA IDEIA

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

Quando um líder partidário elogia o linchamento do bispo castelhano de Lisboa em 1383 e o compara ao primeiro-ministro, rematando com "não é para terem ideias, mas nós estamos noutro momento de risco da pátria", se calhar não é só mais um sound bite.

Fernão Lopes quem conta. Martinho de Zamora (cidade de Castela onde nasceu), bispo de Lisboa, "bom grande letrado e bom eclesiástico" que "regia mui bem sua igreja", fechou-se na Sé quando no dia 6 de dezembro de 1383, na sequência do homicídio do conde de Andeiro, ouviu os sinos da cidade a repicar.

Como os da Sé não soassem, alguns "homens-bons do concelho" terão então subido a um dos torreões e perguntado ao bispo porquê, tendo este dito que não sabia o motivo para o fazer. Não estaria segundo o cronista no intuito dos que foram falar com o clérigo fazer-lhe mal, mas o povo furioso exigia que o atirassem Sé abaixo, ameaçando os que estavam com ele. Estes, aventa o cronista, terão considerado não haver alternativa, e arremessaram o prelado.

A morte não matou a raiva da turba: desnudaram-lhe o cadáver, roubaram o que havia para roubar, agrediram-no até fartar e depois "assim o arrastaram pela cidade, com as vergonhosas partes descobertas e o levaram ao Rossio, onde o começaram a comer os cães, que o não ousava nenhum soterrar."

Testemunho do horror e bestialidade a que pode conduzir o ódio político, nacionalista e religioso - havia um cisma na Igreja Católica à época -, eis um relato do qual, pensar-se-á, não passará pela cabeça de alguém orgulhar-se.

Portugal | MARTA FARTA


 Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | Um em cada quatro magistrados diz que há juízes corruptos

Joana Petiz | Diário de Notícias | opinião

Um ano difícil para os procuradores e a ministra sob os holofotes, com os casos Sócrates e Salgado na agenda." Eram os processos quentes que chegavam a tribunal naquele que o DN titulava como O Ano da Justiça. A edição datava de 2016 e já se antecipava que o caso que envolve o antigo primeiro-ministro, investigado desde 2013 por corrupção, fraude fiscal e branqueamento, devia "arrastar-se mais um ano até julgamento". Para o mesmo ano de 2017 estava marcado o arranque do julgamento (estamos à espera...) dos casos saídos do colapso do grupo Espírito Santo, em 2014. Fast forward até a década seguinte.

Às portas de 2023, são os mesmos casos que "marcam a agenda", mas a esses somam-se outros igualmente de alto perfil, com destacados membros da sociedade sentados no banco dos réus há anos. Juízes, governantes, empresários e gestores que foram acusados de crimes - com a gravidade acrescida decorrente da importância dos cargos que ocupavam. E que continuam sem sentença à vista.

Falta de meios, tribunais entupidos em burocracia, formalidades anacrónicas e recursos intermináveis, plataformas digitais que visam simplificar processos mas não dispensam o papel, falta de especialização em crimes económicos... muitas podem ser as razões apontadas para chegar a uma conclusão antiga: há um problema na justiça. Antes: há enormes problemas na justiça. De custos, limitando aos muito ricos e aos muito pobres o acesso. De burocracia, afastando os portugueses desgastados por sucessivas barreiras. De tempo, que tira eficácia às decisões, quando estas chegam a existir. De injustiça, afinal.

A mera morosidade de qualquer caso - não são só os megaprocessos - impede que se cumpra a finalidade repositiva de direitos, principal objetivo da justiça. Experimente ver quanto tempo demora e quanto gasta em custas, taxas e representação para fazer pagar uma dívida incumprida, por exemplo. Ou para resolver um caso de agressão. Dados do Pordata mostram que por cada 100 casos fechados, quase 130 ficam pendentes nos tribunais.

A este retrato junta-se o traço mais negro de todos, que já vai além da ideia de impunidade dos fortes, enraizando-se na convicção generalizada de que o crime compensa. Ou pelo menos que é relativamente fácil fugir ao castigo.

Quando um em cada quatro magistrados acredita que há juízes envolvidos em esquemas de corrupção, está quase tudo dito.

O autor da maior fraude financeira de todos os tempos, Bernie Maddoff, foi detido em 2008, condenado em 2009 e preso de seguida. É assim tão difícil?

Portugal | MARTA TEMIDO APRESENTOU DEMISSÃO E COSTA ACEITOU

Comunicado do Ministério da Saúde foi divulgado esta madrugada. António Costa aceitou o pedido de renúncia da ministra da Saúde.

A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou esta terça-feira a demissão ao primeiro-ministro, “por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo”. António Costa já aceitou o pedido de Temido, confirmou ao PÚBLICO fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro.

O comunicado do Ministério da Saúde, enviado às redacções ao início da madrugada desta terça-feira, não acrescenta mais informações.

Já o comunicado entretanto enviado pelo gabinete de António Costa à 01h29 confirma que o primeiro-ministro aceitou o pedido de Marta Temido, acrescenta que o líder do Governo “respeita a sua decisão” e adianta que a saída da ministra já foi comunicada ao Presidente da República.

 “O primeiro-ministro agradece todo o trabalho desenvolvido pela Dra. Marta Temido, muito em especial no período excepcional do combate à pandemia da covid-19”, pode ainda ler-se na nota enviada às redacções. Que conclui referindo que “o Governo prosseguirá as reformas em curso tendo em vista fortalecer o SNS (Serviço Nacional de Saúde) e a melhoria dos cuidados de saúde prestados aos portugueses”.

Com a saída de Marta Temido e até que seja nomeado o sucessor da até aqui ministra, o Ministério da Saúde passa a contar apenas com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, e com a secretária de Estado da Saúde, Maria de Fátima Fonseca.

Temido assumiu funções como ministra da Saúde em Outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos Fernandes, isto depois de em Dezembro de 2017 ter abandonado a liderança do Conselho Directivo da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), culminando uma presidência de dois anos marcada por uma relação tensa precisamente com Campos Fernandes.

Após ter assumido a chefia do Ministério da Saúde ainda no primeiro Governo de António Costa, foi já no segundo executivo que Marta Temido enfrentou a maior prova de fogo: a pandemia da covid-19, acabando por ser reconduzida em finais de Março deste ano aquando da formação do XXIII Governo Constitucional e numa altura em que se mantinha como a governante mais popular do executivo, avaliação conquistada durante o combate à crise pandémica.

Aliás, foi já com o predicado de ministra mais popular do então XXII Governo que Marta Temido brilhou no congresso do PS, realizado em Agosto do ano passado, ocasião que António Costa aproveitou para mediatizar a entrega do cartão de militante à governante, até então independente.

Esse momento colocou Marta Temido entre os potenciais sucessores de António Costa na liderança socialista, ideia que a própria alimentou ao afirmar sobre tal possibilidade que “nunca se sabe”. “O futuro é uma coisa que é sempre ampla e nunca se sabe o que nos pode trazer”, disse à chegada ao 23.º congresso do PS, que decorreu em Portimão.

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