terça-feira, 30 de agosto de 2022

Angola | A VITÓRIA RETUMBANTE DE UM CONTRA TODOS -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Frente Patriótica Unida alargada aos accionistas da sociedade civil. Até incluíram um “projecto” de Abel Chivukuvuku que nunca existiu. Tudo em nome da alternância. A montanha pariu uma matacanha. Todos contra o MPLA deu mais uns quantos deputados que não aquecem nem arrefecem. Oportunistas, vadios doutorados, matumbos encartados, pançudos deformados e imbecis descabeçados chegaram a deputados, eleitos nas listas da UNITA. Tenham dó. 

O partido UNITA foi usado pelo colonialismo para travar a luta armada pela Independência Nacional. Depois foi usado pelos independentistas brancos para destruir o processo de descolonização. A seguir os sicários do Galo Negro foram usados pelo regime racista de Pretória para destruírem a Soberania Nacional e a Integridade Territorial. Entre uma e outra traição puseram as armas ao serviço dos kamanguistas karkamanos e internacionais. Roubaram milhares de milhões de diamantes ao Povo Angolano. Pedras cobertas com o precioso sangue dos nossos Heróis. Nestas eleições venderam lugares nas listas de deputados a toda a espécie de bandidos. É o fim da linha.

Os donos da UNITA estão a lançar o barro à parede. Querem que o MPLA deixe entrar os seus sicários no Executivo. Já esqueceram que se uniram todos para a “alternância”. Até meteram o Chico Viana, chulo dos angolanos, desde que nasceu. E o decrépito soldado motorista do RI20. A desavergonhada Luzia Moniz. E outro lixo político mais perigoso do que o coronavírus. 

Todos contra o MPLA. Chegou a hora da alternância. E todos levaram uma tareia eleitoral memorável. Não brinquem com coisas sérias. A legislatura iniciada em 2017 foi praticamente perdida. Crise do petróleo. Pandemia. E na ponta final a guerra da Ucrânia. O simples desgaste da governação pode custar de três a cinco porcento dos votos. A forma desastrosa como foi gerida a morte do Presidente José Eduardo também fez voar muitos votos.  

Alguém mal informado e mal formado politicamente se com venceu que ele não tinha qualquer apoio no seio do partido e sobretudo entre o Povo Angolano que serviu desde 1961, ainda jovem estudante do Liceu. A Frente Patriótica Unida e os accionistas da Sociedade Civil em consórcio com a UNITA tinham tudo para subir a votação. Erro de cálculo trágico. As eleições de 24 de Agosto revelaram que a maior organização política angolana foi o Partido Abstenção. Os milhões de eleitores que não foram votar, se tivessem comparecido nas urnas de voto, o MPLA ganhava mais uma vez com maioria qualificada. Não foram. Castigaram o seu partido. E com toda a razão.

A UNITA averbou em 2017, 26 por cento dos votos. No caldeirão de todos contra o MPLA entraram os votos da CASA-CE levados por Chivukuvuku, dez por cento. O voto de protesto e a bipolarização deram apenas mais oito pontinhos. Com uma agravante. O MPLA nunca bipolarizou, nunca roubou espaço nem base de apoio aos pequenos partidos. A UNITA usou sozinha essa arma de destruição maciça contra os pequeninos. Cobardia. Tudo lhes serviu para a alternância. Até o Marcolino Moco e uns oportunistas encartados, a caírem de podres. Perderam estrondosamente. 

A vitória do MPLA não é tão curta como alguns “analistas” querem fazer crer. Pelo contrário, Uma vitória por maioria absoluta é sempre robusta e marcante. Queriam que o partido repetisse maiorias qualificadas de cinco em cinco anos? Acham que a fasquia mínima deve estar nos 81 por cento de 2008? Muito, obrigado pela simpatria e a confiança. Eu sei que o MPLA é imbatível. Mas manter essa marca é humanamente impossível. E nunca se esqueçam que os milhões de eleitores que não foram votar são uma reserva de emergência que pertence ao partido em próximos actos eleitorais. Agora é governar. Governar mesmo, não fingir. E arrumar a casa que ficou um pouco desorganizada nos últimos cinco anos.   

Os donos da UNITA em Portugal já enviaram os seus recados à direcção do MPLA. Até o Paulo Portas, um cadáver político esquisito, metade Adalberto metade André Ventura, “aconselhou” o MPLA a abrir as portas da governação ao partido do Galo Negro. Nunca se esqueçam que a primeira sede da UNITA em Lisboa (Campo Grande), foi aberta em instalações cedidas pelo CDS e o Paulinho (aliás Catherine Deneuve) foi líder dos centristas, anos mais tarde.

Esta gente perdeu a cabeça. Comporta-se como se Angola ainda fosse colónia portuguesa. O MPLA teve mais de 51 por cento dos votos. E eles acham que tem de partilhar o poder com a UNITA. Nas últimas eleições em Portugal o Partido Socialista ganhou com 41,37 por cento (menos do que a UNITA teve hoje) e ninguém exige que António Costa faça Governo com o PPD/PSD que ficou em segundo lugar com 27,67 por cento. Mas um partido que teve mais de 50 por cento dos votos expressos e tem mais milhões de votos na abstenção tem que fazer governo com os criados dos portuguesitos amalucados. 

Agora põem tudo em causa. Dizem que o Supremo Tribunal se confunde com o MPLA. O Tribunal Constitucional confunde-se com o MPLA. A Comissão Nacional Eleitoral confunde-se com o MPLA. Só lhes falta dizer o mais importante e que justifica cinco vitórias eleitorais retumbantes, sempre acima dos 50 por cento: O Povo Angolano é o MPLA e o MPLA é o Povo Angolano. Sabem porquê? Libertou Angola do colonialismo português apoiado pela OTAN (ou NATO). Libertou África e o mundo do regime racista da África do Sul. Abriu as portas da prisão a Nelson Mandela. Esteve sempre ao lado do povo. Às vezes falha. Mas as angolanas e os angolanos sabem que errar é humano.

Agora venha daí esse Executivo. Com as e os melhores. O recreio acabou. 

Um alerta. O terrorista encartado Abel Chivukuvuku diz que os resultados definitivos “são da CNE e do MPLA. Os verdadeiros vamos nós publicar em breve”. Em 1992, o chefe dos assassinos de Savimbi ameaçou reduzir Angola a pó se os resultados eleitorais fossem publicados. Um jogador, a UNITA, decidiu que era também árbitro do jogo. Partiu para a balcanização do país. 

Todos sabemos o que aconteceu. Uma rebelião armada que só foi esmagada em 2002. Hoje o mesmo terrorista de papel passado repete o crime. Diz que o árbitro não é árbitro mas sim ele. Alguém tem de chamar o criminoso à pedra antes que ganhe imunidade como deputado. Os oficiais das Forças Armadas, que salvaram Chivukuvulu do linchamento na Sambizanga quando tentou dar um golpe de estado armado em Luanda, informem-no que desta vez não lhe salvam a vida nem o levam para o hospital. Fica por conta dele. O Adalberto já deve estar no Puto a contar o dinheiro que recebeu para as eleições que perdeu.

*Jornalista

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