A memória é muito falível e quando falha pode criar prejuízos a terceiros ou mal entendidos incómodos. Ontem escrevi sobre a chegada da primeira delegação oficial do MPLA a Luanda. E recordei que o movimento ficou instalado em vivendas da Vila Alice, mobilizadas por Hermínio Escórcio, Aristófanes Couto Cabral e Correia Mendes. Antes que choviam recriminações e protestos, desde já declaro que a minha memória falhou. Porque excluiu os manos Antas (Chico e Lindo) os nossos ministros da habitação e transportes. Casa e carro para quem precisava, fosse das FAPLA ou da direcção do MPLA, era com eles.
Graças à Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, Angola teve uma presença excelente na cimeira mundial do clima (COP27), que decorre no Egipto. As suas declarações aos Media, hoje, revelaram que a cientista é uma política com pensamento bem estruturado. Domina o tema com grande segurança. As suas palavras têm conteúdo. É bom sabermos que a sua eleição se deve mais às qualidades e sabedoria que demonstra do que a ser mulher, embora isso seja importante. Precisamos de cada vez mais mulheres no poder.
A propósito, o MPLA não tem uma mulher de alto nível para o lugar do senhor ministro Marcy Lopes? Sua excelência concentra nele quantidades industriais de mediocridade e subserviência.
O seu antecessor fez pela vida no sector mineiro e com o negócio das ossadas. Marcy Lopes vende amnistias que são autênticos atentados aos direitos humanos e à Constituição da República. Aproveito esta oportunidade para lhe explicar umas coisas muito simples, mas que devem ser do conhecimento de quem é ajudante do titular do poder executivo na área da Justiça e dos Direitos Humanos.
Errico Malatesta definia anarquia como “o sonho de justiça e amor entre os homens”. Ao contrário, o capitalismo na versão democracia representativa é a melhor maneira de sujeitar um povo à escravatura, “dando-lhe a ilusão de estar a participar nas decisões”. O pensador italiano remata assim o tema do capitalismo: “Todas as grandes fortunas, todos os ricos, resultam de um qualquer conluio com o Estado”.