sexta-feira, 3 de março de 2023

Portugal | SEBASTIANISMO - VELHA GUARDA PSD REGRESSA AO LOCAL DO CRIME

Montenegro diz que regresso de Passos à política será "sempre motivo de satisfação"

Presidente da República sublinhou que não "interfere na vida partidária" e rejeitou especular sobre um eventual regresso à vida política do ex-primeiro-ministro.

O presidente do PSD afirmou esta quarta-feira que um eventual regresso de Passos Coelho à política ativa será "sempre um motivo de satisfação" para o partido e para si próprio, poucos minutos após um breve encontro com o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro visitaram esta quarta-feira a Bolsa de Turismo de Lisboa -- o Presidente chegou antes do meio-dia e o líder social-democrata uma hora mais tarde -, mas o cruzamento acabou por acontecer na zona dedicada à região do Porto.

As perguntas dos muitos jornalistas centraram-se no jantar que juntou na segunda-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, no Grémio Literário, na comemoração dos dez anos do Senado, mas esta quarta-feira nem Marcelo nem Montenegro quiseram prolongar o tema.

De acordo com o Expresso, na segunda-feira, o antigo líder do PSD apontou a falta de um desígnio para o país, mencionou o seu "horizonte político," e o chefe de Estado, que discursou depois, assinalou que "vale a pena fixar este dia", em que Passos Coelho "definiu a sua vida política e pessoal, falando do futuro".

Questionado se tinha falado com Luís Montenegro sobre este tema, o chefe de Estado respondeu: "Falamos sempre, mas não dizemos à comunicação social".

"Quase dia sim, dia sim", acrescentou Montenegro.

"Eu não conto as conversas que tenho aqui com o presidente", disse Marcelo, o que Montenegro confirmou: "E eu muito menos".

Mais tarde, já em declarações aos jornalistas sem o Presidente da República por perto, Montenegro voltou a ser questionado como veria um eventual regresso de Passos Coelho à política.

"Não posso fazer leituras do que vai no pensamento de Pedro Passos Coelho, acho que ele é um ativo extraordinário do país, que o país não deve desaproveitar seja em que circunstância for: na sua vida académica, seja em representação de Portugal, seja na política ativa", disse.

"Se Pedro Passos Coelho regressar à política ativa será sempre motivo de satisfação do PSD e da minha satisfação particular", disse, salientando que se tal acontecesse seria positivo para o partido, "e sobretudo para o país".

Montenegro assegurou que não mudará de opinião "sejam as circunstâncias quais forem" e disse mesmo que "estará ao lado" de Passos Coelho se o antigo primeiro-ministro voltar à vida pública.

"Eu não tenho receio de nada nem de ninguém", disse, quando questionado se esteve eventual regresso não ensombra a sua liderança, e frisou que nos poucos mais de seis meses em que lidera o PSD, o partido "está a disputar a liderança política de Portugal".

O presidente do PSD recusou-se a comentar quaisquer considerações do Presidente da República -- "ele também não comenta as minhas" -- e salientou a relação de grande proximidade que existe entre si e Marcelo Rebelo de Sousa dentro "das tarefas que cabem a cada um".

"A mim cabe-me hoje ser líder da oposição, gerir o PSD e ser primeiro-ministro amanhã, se os portugueses quiserem", afirmou, dizendo ter todo o "respeito e espírito de colaboração" com a forma como Marcelo Rebelo de Sousa exerce as funções presidenciais.

Questionado se, nas conversas frequentes entre ambos, falaram sobre Pedro Passos Coelho, Montenegro não respondeu diretamente: "Falamos sobre muitos temas, falamos sobre tudo aquilo que importa ao país e à função que cada um desempenha".

Já à pergunta se tem falado com Pedro Passos Coelho, respondeu afirmativamente: "Sim, temos falado de vez em quando".

Montenegro visitou esta quarta-feira a Bolsa de Turismo de Lisboa, começando pelos 'stands' dos Açores, onde se encontrava o presidente do Governo Regional José Manuel Bolieiro, e da Madeira, também com a presença do líder do Governo Miguel Albuquerque.

O líder provou um queijo açoriano, brindou com vinho de Arcos de Valdevez e, à entrada, foi abordado por alguns manifestantes do setor do Alojamento Local que se concentram esta quarta-feira à tarde na FIL num protesto contra as medidas do Governo para este setor.

"Nós temos a nossa porta aberta para podermos conversar, se calhar desta vez estamos muito em coincidência de opiniões. O alojamento local e os vistos 'gold' são importantes para o país, para a economia, para o turismo, para o emprego e para as revitalizações das cidades", defendeu Montenegro.

Marcelo diz que só verificou que Passos Coelho "falou no seu futuro político"

O Presidente da República sublinhou esta quarta-feira que não "interfere na vida partidária" e rejeitou especular sobre um eventual regresso à vida política de Pedro Passos Coelho, afirmando que apenas verificou que o ex-primeiro "falou no seu futuro político".

Em declarações aos jornalistas na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado se considera que o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho tem melhores condições do que Luís Montenegro para liderar o PSD.

"Eu não me pronuncio sobre essas questões, eu limitei-me a assistir a uma sessão na qual o antigo primeiro-ministro e antigo líder do PSD falou no seu futuro político", respondeu Marcelo Rebelo de Sousa, numa alusão a um jantar, na segunda-feira à noite no Grémio Literário, em que, segundo o Expresso, o Presidente da República, após ouvir um discurso de Passos Coelho, terá considerado que valia a pena fixar esse dia, uma vez que o ex-primeiro-ministro tinha falado no seu futuro político.

Esta quarta-feira, o Presidente da República referiu que, nesse encontro, foi questionado sobre o futuro político de Passos Coelho, tendo respondido que não sabe e que "é o próprio que decide a oportunidade, se, quando, como".

"Eu limito-me a verificar que ele falou no seu futuro político. Agora, em que cargo e de que maneira, não é o Presidente da República que se substitui à escolha de eventuais líderes ou candidatos a líderes do que quer que seja", reforçou.

Questionado novamente se Passos Coelho é uma "melhor alternativa" do que Luís Montenegro para liderar o PSD, Marcelo reiterou: "Quem elege o líder de um partido são os militantes do partido, o Presidente não interfere na vida partidária".

Na terça-feira, o Expresso noticiou que, no jantar no Grémio Literário que juntou o Presidente da República e o ex-líder do PSD, Passos Coelho mencionou o seu "horizonte político".

De acordo com o Expresso, o antigo líder do PSD apontou a falta de um desígnio para o país, mencionou o seu "horizonte político" e o chefe de Estado, que discursou depois, assinalou que "vale a pena fixar este dia", em que Passos Coelho "definiu a sua vida política e pessoal, falando do futuro".

"Se as coisas correrem como é suposto, vale a pena fixar o dia de hoje", assinalou Marcelo Rebelo de Sousa.

Num discurso centrado no futuro da União Europeia, Passos Coelho tinha dito que, para "desespero de alguns", não haverá "uma espécie de união orçamental e de dívida, nem governo europeu que reaja aos choques coletivos de forma agregada". Depois, concretizou: "Não o teremos nos anos mais próximos e não o antecipo no horizonte da minha vida política e pessoal.".

Diário de Notícias | Lusa | Imagem: Miguel Lipes / Lusa

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