Pretória e seus aliados foram de fracasso em fracasso até à derrota final no Tumpo
Artur Queiroz*, Luanda
O Povo Angolano pagou um preço elevadíssimo pelo 4 de Abril. Começou a pagar com vidas e sangue no dia 4 de Fevereiro de 1961 e só descansou no dia 22 de Fevereiro de 2022. Em todos esses anos, milhares de angolanos deram a vida pela paz e a reconciliação nacional. Bateram-se até à morte na guerra contra os invasores estrangeiros. O preço foi muito elevado, mas para os combatentes, a Independência Nacional, a liberdade e a dignidade estão acima de tudo.
Assinar a declaração do fim da guerra no Luena foi muito mais do que esse gesto simples. O abraço entre os generais Armando da Cruz Neto e Abreu Muengo Kamurteiro, na Assembleia Nacional encerrou o período dos anos de chumbo. Para trás ficaram grandes operações militares de agressão a Angola. O seu fracasso foi a vitória de todos os angolanos.
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Após a Independência Nacional, tudo começou com a “Operação Protéa”, no dia 23 de Agosto 1981, com um ataque da aviação sul-africsna contra vários objectivos económicos e sociais nas proximidades de Xangongo e Ondjiva. As forças da SWAPO e os seus postos de comando na província do Cunene, também foram bombardeadas. Centenas de angolanos, militares e civis, morreram durante estes ataques de surpresa. A comunidade internacional nem sequer quis saber do número de mortos. Seres humanos só existem na Ucrânia!
A invasão estrangeira foi feita
às claras e com meios abundantes. Era impossível esconder a agressão. Pretória
atacou o Sul de Angola com 11.000 homens, 36 tanques “Centurion M41”, 70
blindados “AML90”, 200 veículos de transporte de tropas tipo Rattel, Buffel e
Sarracen. Um número indeterminado de canhões G-5 e de
A comunidade internacional, sobretudo as grandes potências mundiais, não viram este movimento maciço de tropas. Estes foram os meios dos crimes contra Angola. Os mandantes são conhecidos por todos: Estados Unidos da América, França, Reino Unido, Alemanha e outros países da União Europeia. Os cúmplices, hoje vivem em paz entre os angolanos e escondem-se sob a capa da associação de malfeitores UNITA.
A “Operação Protéa” bateu estrondosamente na parede da Cahama e de lá as forças agressoras estrangeiras nunca passaram. Inseguros quanto aos resultados finais, tiveram o cuidado de destruir a ponte sobre o rio Cunene, em Xangongo (antiga vila Roçadas) para que as forças angolanas não tivessem capacidade para perseguir os invasores. Do rio para Norte, só actuava a aviação inimiga, até ao dia em que os “karkamanos” perderam o domínio do ar.
A invasão estrangeira começou com um bombardeamento aéreo sobre a Cahama e Chibemba. Os racistas de Pretória atacaram com seis aviões “Mirage” e dois “Buccanneer”. No dia seguinte aos bombardeamentos aéreos, dia 24 de Agosto de 1981, três colunas de infantaria motorizada atacaram e ocuparam Namacunde, Xangongo e Humbe. Mas Ondjiva resistiu aos invasores.
No dia 27 de Agosto de 1981, às 7h00 da manhã, os invasores tentam ocupar a capital da província do Cunene, depois dos bombardeamentos aéreos que destruíram objectivos económicos e alvos civis, como o edifício do Governo Provincial. Foram repelidos. Mais duas investidas e de novo o inimigo teve que recuar.
No dia 28 de Agosto de 1981 os
combatentes angolanos, totalmente isolados e debilitados, foram obrigados a
abandonar Ondjiva. Centenas de combatentes da liberdade morreram. Os invasores
a partir desse momento ocuparam
No início de Setembro de 1981, os invasores retiram para a margem Sul do rio Cunene os blindados e a artilharia pesada. Não conseguiram passar da Cahama e à cautela destruíram a ponte sobre o rio Cunene, na época a maior de Angola.
Operação Daisy
Para reforçar a agressão através
da “Operação Protéa” Pretória lançou no dia 1 de Novembro de
A “Operação Daisy” terminou no dia 20 de Novembro com a destruição de todos os meios da SWAPO em Bambi e Chetequera. A SWAPO, sempre com o apoio de Angola e do seu Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, reagiu e foi abrir outra frente em Kaokoland.
Os racistas de Pretória
responderam com uma nova investida, em Janeiro de
Em Angola nunca houve uma guerra civil. Desde a guerra colonial que angolanos foram forçados a integrar as tropas de ocupação através do serviço militar obrigatório. No ano em que faziam 20 anos eram integrados nas fileiras. Obrigados. Mas Jonas Savimbi e a UNITA decidiram, voluntariamente, combater do lado errado da História. Renegaram a Pátria. Combateram se armas na mão contra a Independência Nacional. Mas isso não muda a natureza da guerra, apenas define a dimensão moral dos que integravam essa associação de malfeitores.
Operação Meebos
A “Operação Meebos” foi lançada em Julho e Agosto de 1982, um ano depois da “Operação Protéa”. Os invasores fizeram inúmeros ataques aéreos contra as unidades das FAPLA estacionadas na Mupa, onde também se encontrava desdobrado o quartel-general da SWAPO, denominado “Frente Leste”.
Angolanos e namibianos tombaram durante estes ataques. Equipamentos sociais foram destruídos. Os racistas de Pretória não conseguiam aniquilar as FAPLA e as forças armadas de libertação da Namíbia (PLAN). Em Fevereiro de 1983, Pretória lançou a “Operação Fénix”, reagindo a uma ofensiva das forças armadas da SWAPO. Esta acção militar terminou no dia 13 de Abril, quase um mês depois, com um resultado inesperado para Pretória: As forças armadas da África do Sul perderam 27 militares koiros e de olhos azuis. Os racistas começavam a provar o sabor amargo da derrota. Pensavam que iam “caçar negros” em Angola e começaram a ser caçados.
Os sul-africanos reforçaram as acções e em 6 de Dezembro de 1983 lançaram a “Operação Askari” para destruir as infra-estruturas logísticas das forças armadas de libertação da Namíbia (PLAN). Os ataques foram aéreos e terrestres. Depois desta acção, Pretória entrou na via dos assassinatos selectivos. Em 29 de Junho de 1985 os racistas lançaram a “Operação Boswilger”, que durou apenas 48 horas e consistiu no assassinato de combatentes e quadros políticos da SWAPO em solo angolano.
Salvamento do Biombo
Entre 19 de Setembro e o início
de Outubro de
Entre 14 de Agosto e 25 de
Novembro de
O Triângulo do Tumpo
As FAPLA tiveram de recuar e adoptar posições defensivas. Pretória lançou então a “Operação Hooper” para capturar o Cuito Cuanavale e avançar sobre Menongue. Tropas aliadas, da UNITA, já estavam na zona do Bié. O objectivo final era criar um “país” para Savimbi a Sul do rio Cuanza.
O teatro desta operação foi o
Triângulo do Tumpo, à vista do Cuito Cuanavale. Os racistas de Pretória foram
derrotados. E com a derrota, foram forçados a capitular
A “Operação Hooper” desenrolou-se nas elevações de Chambinga (via de Mavinga) e no Triângulo do Tumpo. Face à humilhante derrota que lhes foi infringida pelas FAPLA, as forças sul-africanas retiraram. Deixaram no terreno muito material de guerra e tiveram pesadas baixas.
Os generais de Pretória decidiram então o tudo ou nada e lançaram a “Operação Packer” (26 de Fevereiro a 23 de Março de 1988). Desta vez um dos contendores ia ser “empacotado”. Foram os invasores que empacotaram as imbambas e retiraram com o apoio da “Operação Displace”, que decorreu de 30 de Abril a 29 de Agosto de 1988.
Os últimos soldados sul-africanos
retiraram-se, após terem sido derrotados no Tumpo. Esta operação visou apoiar o
grupo de engenheiros (sapadores sul-africanos) empenhado na implantação de
minas, em todas as travessias sobre os rios Cuito e Cuanavale, numa extensão de
mais de
Os “generais” que querem saber
por que razão não houve perseguição aos invasores, a resposta está dada. Nenhum
chefe militar atira com os seus homens para campos de minas. E ninguém se
preocupa com os biombos, antes de arrumar a casa para saber se ainda faz falta
algum biombo. Na Frente do Cunene foi outra conversa. Os karkamanos só pararam
debaixo da cama
Operações Especiais
Os sul-africanos também fizeram operações militares em Angola contra objectivos económicos e estratégicos. No dia 12 de Agosto de 1980 os racistas tentaram destruir as fontes de recursos que sustentavam a guerra, realizando um ataque contra as instalações petrolíferas no Porto do Lobito. Foi a “Operação Amazone”. No dia 30 de Novembro de 1981 lançaram a “Operação Kerslig” para destruir as instalações petrolíferas no Porto do Luanda.
Em Maio de 1985 Pretória
desencadeou a “Operação Argon” contra a base petrolífera do Malongo,
Nas guerras pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial os Comandantes foram os Presidentes da República Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos.
O senhor general Furtado, ministro de Estado, disse ontem à TPA que as e os condecorados de hoje “tiveram a sorte de ser selecionados”. Percebi a lógica da elaboração das listas. Foi uma espécie de roleta. Quem teve sorte ganhou e quem teve azar ganhou mais ainda, porque o seu nome não foi incluído ao lado de Chivukuvuku, Samakuva, Nito Alves ou Bakalof. Felizes os azarados.
*Jornalista
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