O novo livro do historiador António Araújo, Morte à PIDE!, regressa ao 25 de Abril de 1974 e à sede da polícia política para lançar a pergunta: foi mesmo uma revolução branda, sem sangue? E os cinco mortos daquele dia? E que destino tiveram os agentes daquela força?
Tornou-se um lugar-comum descrever o 25 de Abril de 1974 como uma revolução sui generis, sem derramamentos de sangue nem violências. O carácter pacífico dos acontecimentos revolucionários teve mesmo expressão simbólica nas flores postas por soldados e populares nos canos das espingardas que se mantiveram silenciosas durante todo o golpe militar. A imagem da "revolução dos cravos" correu mundo. Dois jornalistas espanhóis diriam que Portugal passou de "um lugar de escravos a uma pátria de cravos". Tratou-se de uma "branda revolução", observará, dez anos mais tarde, Willy Brandt.
O historiador Kenneth Maxwell afirmava ter sido "uma revolução asseada"; mas, cauteloso, não deixou também de avisar que "as flores murcham depressa". Nas páginas do suíço Le Courrier escrevia-se que "o golpe de Estado que ontem se viveu em Portugal não tem igual nos anais da história". A Time, por seu turno, falou num golpe "quase sem derramamento de sangue" e a Newsweek num "cavalheiresco golpe de Estado em Portugal", sublinhando que "mal se disparou um tiro". Pese a diferença da forma, o que diziam estas prestigiadas publicações norte-americanas pouco diferia do que escreveu, por essa altura, uma criança portuguesa de 11 anos, Custódio Joaquim da Silva, numa redacção intitulada "Como eu vejo o 25 de Abril":
"O 25 de Abril tem cravos
vermelhos nas espingardas.
Não ouvi tiros.
Toda a gente estava contente.
Eu não quero que se acabe o 25 de Abril." (continua)
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