DA MEMÓRIA COLECTIVA OU TALVEZ NÃO -- O violento incêndio que deflagrou ao início da tarde de 17 de junho de 2017, há precisamente seis anos, no concelho de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, provocou a morte a 66 pessoas, no mais mortífero fogo registado em Portugal.
Cristina Figueiredo, editora de política da SIC | Expresso (curto)
Antes de mais dois convites: hoje, às 14h00, Junte-se à Conversa com David Dinis, Susana Frexes e Rita Dinis. Desta vez sobre se “Costa vai, Costa fica?”. Inscreva-se aqui. Amanhã, dia 29 de junho, às 12h00, irá realizar-se mais um “Visitas à redação”, exclusivo para assinantes. Inscreva-se através do mail producaoclubeexpresso@expresso.impresa.pt e venha conhecer o seu jornal.
Depois da clamorosa ausência a 17 de junho, dia em que se assinalaram seis anos sobre a tragédia de Pedrogão Grande, Governo (em peso) e Presidente da República (vindo diretamente da Sicília, de onde saiu mais cedo para poder chegar a tempo) estiveram esta terça-feira no concelho, na inauguração oficial do monumento de homenagem às 66 vítimas mortais do incêndio de 2017. Ficou bem aos responsáveis políticos do país emendarem assim a mão perante o que, há duas semanas, pode ter sido apenas um lapso inadvertido ou um desleixado desacerto de agendas entre as várias entidades envolvidas, mas resultou na percepção pública de que a memória é sempre curta e nem uma tragédia como a que ali se passou em 2017 escapa à inexorável lei humana de que o tempo tudo apaga. Não pode apagar. E ontem quer o primeiro-ministro quer o Presidente da República fizeram questão de lembrar isso mesmo, em intervenções onde, a propósito do monumento de Souto Moura (que também pretende simbolizar a vida e a esperança), não escamotearam o perigo de que o passado se possa repetir. Vivemos num país particularmente exposto às alterações climáticas, risco esse que exige prevenção do Estado, reconheceu Costa, mas também consciência coletiva. Já Marcelo anunciou o 10 de junho do próximo ano nos municípios afetados pelos incêndios de há seis anos: “Os que nos deixaram merecem que esse não seja apenas o dia da celebração de Portugal, mas que seja também a celebração do compromisso de Portugal com a construção de um futuro mais coeso territorialmente”. Talvez, antes disso, se possa começar por atar as pontas soltas que ainda ficaram de 2017. E atenção: até domingo há 21 concelhos em perigo máximo de incêndio.
OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO…
Já desta manhã, e no dia em que o ministro da Saúde reúne com a FNAM para mais
uma ronda negocial, o anúncio de Manuel Pizarro de que todas as unidades de
saúde familiar vão passar, este ano ainda, a ter a remuneração dos seus
profissionais associada ao desempenho. A medida, espera o ministro, vai
permitir que até 250 mil portugueses tenham médico de família.
O Banco Central Europeu termina hoje o seu encontro anual. Os
responsáveis máximos da organização têm estado reunidos em Sintra onde, ontem,
ouvimos Christine Lagarde a confirmar que os juros vão voltar a subir a 27 de
julho e que ainda é cedo para dar por terminado todo o trabalho de controle
da inflação. O economista Ricardo Reis é o convidado do podcast Expresso
da Manhã e está confiante que a atuação do BCE trará a inflação até aos 2%.
“A classe de
António
A CGTP-IN promove o Dia Nacional de Luta!, com greves, paralisações e
concentrações em todo o país contra o aumento do custo de vida e pelo direito à
saúde e à habitação. Às 15:00 inicia-se uma marcha do Cais do Sodré até à
Assembleia da República, com a presença de Isabel Camarinha, secretária-geral
da CGTP-IN, Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, e Mariana Mortágua,
coordenadora do Bloco de Esquerda.
Portugal venceu a Bélgica por 2-1, no apuramento para os quartos de final do
Europeu de Sub21, graças a um pénalti nos últimos minutos. “Depois de
muitas dúvidas e hesitações os sub-21 portugueses foram salpicados pela fortuna
divina”, escreve-se na crónica do jogo, na Tribuna.
A seleção nacional de rugby vai disputar o mundial da modalidade, em
França, entre setembro e outubro. Os Xutos e Pontapés ofereceram-lhe um hino intitulado “Somos lobos”.
…E LÁ FORA
As últimas da guerra na Ucrânia. O general russo Sergei Surovikin sabia
dos planos de Prigozhin, segundo as autoridades norte-americanas, avança o New York Times. Dois mísseis russos que atingiram a noite
passada um restaurante no centro da cidade ucraniana de Kramatorsk, causando 8
mortos (entre eles três crianças) e 56 feridos. O ataque foi conhecido depois
do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter confirmado que houve avanços das tropas ucranianas “em todos os setores” da
linha da frente. Analistas ouvidos pelo Expresso convergem na certeza
de que “as Forças Armadas ucranianas tentarão destruir o máximo possível
de infraestrutura crítica para interromper a logística russa. Além das pontes,
também pretendem destruir centros de comando e controlo e depósitos de
munições.”
Agente (de Deus)
Stoltenberg
O ministro português dos Negócios Estrangeiros é o convidado do podcast “Bloco de Leste” e mostra-se convicto que depois da
rebelião do último fim de semana “Putin foi claramente humilhado” e
que o que aconteceu “não se encena”.
Foi conhecido esta terça-feira um relatório do Comité de Segurança Interna do
Senado dos EUA que conclui que o FBI e outros serviços de informações não
relevar as mensagens nas redes sociais que prenunciavam o ataque ao
Capitólio que veio a acontecer em janeiro de 2021. “O ataque foi planeado à vista de todos”, escreve-se.
Está confirmada a morte do ator inglês Julian Sands (conhecido, entre
outros papéis, por Um Quarto com Vista sobre a Cidade). O ator, de 65 anos,
desaparecera a 13 de janeiro, durante uma tempestade na Califórnia. Foram agora encontrados os seus restos mortais.
FRASES
“O nosso trabalho ainda não terminou”
Christine Lagarde, presidente do
Banco Central Europeu, sobre o controlo da inflação através do aumento das
taxas de juro
“Temos de afastar essa narrativa de que Portugal está melhor, mas, afinal, os
resultados não chegam aos portugueses. Chegam sim, estão a chegar a cada um
portugueses”
Eurico Brilhante Dias, líder
parlamentar do PS
“O Estado não precisa de austeridade porque teve a taluda de milhões da
inflação”
Eduardo Catroga, antigo ministro das Finanças
“Austeridade tenho eu atualmente nas palavras. Aí sou muito austero”
Cavaco Silva, ex-Presidente da
República, recusando-se a comentar a atualidade quando instado pelos
jornalistas
“Fiz várias perguntas [a Putin], incluindo sobre os seus planos para lidar com
esta situação, e apercebi-me de que a situação era grave”
Aleksandr Lukashenko, Presidente da Bielorrússia, sobre a crise provocada pelas movimentações do grupo Wagner na Rússia
PODCASTS A NÃO PERDER (sugestões
da equipa multimédia)
As viagens Má Língua desejam as boas-vindas a todos. A comandante Júlia
Pinheiro oferece o cocktail de boas-vindas enquanto o primeiro imediato Rui
Zink acomoda os vossos pertences. O cozinheiro Manuel Serrão irá explicar tudo
sobre a refeição servida a bordo, pedras de chupar, alimentação aprovada pela
marinheira Rita Blanco, que é vegan. Queremos agradecer a vossa confiança e se
acontecer algum percalço… morreram todos! Embarque no podcast da Má Língua.
Albertina e GPT-PT são os dois primeiros membros do clube de Grandes Modelos de
Linguagem que dominam o português. António Branco é responsável por desenvolver
estes modelos de Inteligência Artificial Generativa, não só capazes de falar
português, mas também de gerar uma alternativa viável às grandes marcas
tecnológicas. Ouça o episódio do podcast Futuro do Futuro para saber mais.
O primeiro-ministro já disse que não aceitará qualquer lugar europeu se isso
colocar em causa a estabilidade
O QUE VOU LER E VER
Parto para férias com a crença (irrealista, claro) de que vou ler em três
semanas boa parte do que não li desde o último verão. Já vou com umas páginas
lidas de “Os engenheiros do caos”, o livro que António Costa citou no
último debate com os partidos na Assembleia da República (e de que falei no meu
último Curto, em maio), de Giuliano da Empoli. É uma investigação sobre os
bastidores do movimento populista ou de “como as fake news, as teorias da
conspiração e os algoritmos estão a ser utilizados para disseminar ódio, medo e
influenciar eleições”. Empoli refere-se ao movimento como um “carnaval
contemporâneo” que se alimenta da “ira dos povos” face a
problemas económicos e sociais bem reais e de uma “máquina de comunicação
superpotente”. É sobre esta que se debruça, argumentando que “para
combater a grande onda populista é preciso compreendê-la, mais do que
condená-la”. O livro arranca a partir de uma conversa do autor com Steve Bannon
(o ex-conselheiro político de Donald Trump e mentor do movimento global de
extrema-direita).
Na mala vai também a autobiografia de Elton John, “Me Elton John”. Já é de
2019 mas ganha nova atualidade agora que Sir Elton se despediu dos palcos (aconteceu
este domingo, em Glastonbury, no Reino Unido). E ainda um livro que estava na
minha lista há já uns tempos mas que só agora me chegou às mãos: “And in
the end. The last days of the Beatles”, de Ken McNab, um documento sobre os
dias finais da maior banda de todos os tempos.
Por fim, deixo uma sugestão teatral que, para grande pena, não vou eu própria
poder seguir: “O Livro de Pantagruel”, texto e encenação do inteligente,
divertido e muito criativo Ricardo Neves Neves, direção musical de Filipe
Raposo. Vai estar em cena em Lisboa, no Teatro São Luiz, de
E o Curto fica por aqui, neste que é, desde há 54 anos, o Dia
Internacional do Orgulho LGBT (foi a 28 de Junho de 1969, no Stonewall,
bar gay de Nova Iorque, que começou a luta pelos direitos das pessoas gays,
lésbicas, bissexuais e trans). A intolerância já devia ser coisa do passado
mas, infelizmente, continua a ser coisa do presente. Diversidade é o que não
falta nos sites do Expresso e da SIC Notícias. Tenha um dia bom.
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