Milhares de pessoas participaram, este fim-de-semana, em protestos de rua na Grã-Bretanha para denunciar a pobreza alimentar crescente e «os lucros obscenos» dos supermercados.
A iniciativa, que partiu da People's Assembly Against Austerity (Assembleia Popular contra a Austeridade), teve sábado como dia principal e procurou chamar a atenção para a pobreza infantil e as férias escolares, um período «em que muitas famílias enfrentam dificuldades acrescidas com a alimentação».
As crianças que recebem refeições escolares gratuitas, nesta altura, deixam de o fazer, pelo que aos pais resta «a escolha sombria de passar fome, não pagar as facturas ou endividar-se».
O ano passado, por ocasião do início das férias escolares, Katie Schmuecker, que lidera um programa contra a pobreza na Joseph Rowntree Foundation, alertou para este problema, que afecta sobretudo famílias com baixos rendimentos.
Um ano depois, refere o portal thecanary.co, a People's Assembly (PA) afirma que pouco mudou e, se aconteceu, foi para pior.
De acordo com números oficiais, quase 24% dos alunos britânicos (mais de dois milhões) recebiam refeições alimentares em 2021-22, num cenário em que 4,2 milhões de crianças são afectadas pela pobreza no país.
Assim, a PA decidiu erguer a voz contra «os lucros obscenos dos supermercados», denunciando que «estão a tirar proveito de forma descarada da crise do custo de vida».
Na jornada de acção, o grupo apresentou uma «lista de reivindicações» que quer ver concretizadas, que passam pela redução dos preços dos supermercados e pelo aumento dos salários dos trabalhadores das lojas.
Também pediu ao governo de Sunak que controle o preço dos bens alimentares, de forma a torná-los acessíveis a todos, e refeições escolares para todas as crianças em todo o país.
Pobreza é resultado de um sistema que alimenta a ganância
Na Escócia, em frente à Câmara Municipal de Aberdeen, Tommy Campbell, dirigente da secção de reformados do sindicato Unite na cidade, disse: «A pobreza alimentar e todas as formas de pobreza são uma consequência directa de um sistema económico que promove e dá prioridade aos lucros crescentes do patronato e dos accionistas, à custa das pessoas que trabalham duramente para criar a riqueza.»
No âmbito da jornada de protesto, nalguns locais juntou-se comida, que foi entregue a bancos alimentares. Jesse Palmer, da organização nacional da PA, considerou a acção um «êxito», tendo dito ao Morning Star: «Conseguimos falar com milhares de pessoas, que apoiaram as nossas exigências.»
Antes da acção, a secretária nacional da PA, Laura Pidcock, chamou a atenção para os «4,2 milhões de crianças na pobreza no país» e para a situação «sombria» que as suas famílias vivem.
«Níveis extremos de desigualdade e níveis grotescos de pobreza estão a tornar-se endémicos no Reino Unido, e as pessoas estão absolutamente fartas de lugares-comuns sobre "decisões difíceis" por parte do espectro político em Westminster», disse.
Imagem: Membros da People's Assembly Against Austerity em Southend, Inglaterra, a 22 de Julho de 2023 Créditos/ Morning Star
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