Cimeira da NATO "já é histórica". Stoltenberg abre dois dias de trabalhos em Vilnius
O secretário-geral da NATO sustentou na manhã desta terça-feira, primeiro dia da cimeira da NATO em Vilnius, na Lituânia, que o encontro de líderes da Aliança Atlântica possui já um cunho histórico, depois de o presidente turco ter anuído a dar luz verde à adesão da Suécia. Jens Stoltenberg reconheceu, por outro lado, que o fornecimento de munições à Ucrânia é ainda "um desafio”.
Esta é uma reunião "já histórica", nas palavras do secretário-geral da Aliança Atlântica, dada a posição assumida na tarde de segunda-feira pelo presidente da Turquia. Recorde-se que Recep Tayyip Erdogan se comprometeu a remeter a breve trecho o protocolo de adesão da Suécia à NATO para ratificação parlamentar.
Questionado sobre a possibilidade de a Turquia receber, em troca, caças F-16 dos Estados Unidos, Jens Stoltenberg afirmou que tal decisão cabe a Washington. Mas sublinhou que este cenário "não faz parte do acordo" obtido na véspera.
Stoltenberg reconheceria, depois, que "o fornecimento de munições" à Ucrânia "é um desafio", quando questionado sobre a controvérsia em torno do fornecimento, por parte dos Estados Unidos, de bombas de fragmentação às forças do país invadido pela Rússia.Stoltenberg insistiu na tese de que as bombas de fragmentação - com riscos acrescidos para as populações civis - foram empregues por ambos os lados na guerra em solo ucraniano, mas Kiev fê-lo para se defender e a Rússia para invadir.
O secretário-geral da NATO voltou a defender um reforço da produção de armamento e munições, sem deixar de vincar que o tipo de material a enviar à Ucrânia "é uma decisão nacional de cada um dos aliados".
Relativamente ao anúncio russo da instalação de armamento nuclear na Bielorrússia, Stoltenberg afirmou que a NATO não vislumbra qualquer alteração na postura de Moscovo quanto a este dossier.
"A retórica nuclear da Rússia é insensata e perigosa. Os aliados da NATO estão a acompanhar de perto o que a Rússia está a fazer. Até ao momento, não vimos quaisquer mudanças na postura de destacamento nuclear da Rússia que impliquem uma alteração da nossa parte, mas vamos permanecer vigilantes", enfatizou.
O responsável recorreu à mesma fórmula para se referir à eventual presença de mercenários do grupo Wagner em território bielorrusso. A Aliança Atlântica, disse, não deu conta de movimentações neste sentido, mas está "a acompanhar a situação de muito perto".
Adiante, após uma reunião bilateral com o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, o secretário-geral da NATO afirmou que "muito acontece no Indo-pacífico que interessa" à organização.
Ao mesmo tempo, quis chamar a atenção para o que descreveu como "ramificações globais" da guerra na Ucrânia, propugnando que as relações com os parceiros asiáticos são preponderantes para "a segurança global".
Carlos Santos Neves | Duarte Valente, enviado especial da RTP a Vilnius | Agências | Imagem: © Filipe Singer - EPA
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