Artur Queiroz*, Luanda
Angola é a jóia africana mais
apetecida pelos que no Manifesto do MPLA foram definidos como colonialistas e
imperialistas, corria o ano de 1956, vai para 67 anos. Apesar das sucessivas
derrotas nunca desistiram. Nem vão desistir até conseguirem o seu objectivo.
Mas só conseguem se destruírem o MPLA. Essa destruição está
Em 1992, quando mudou o regime, colonialistas e imperialistas invadiram a Comunicação Social e puseram em marcha as suas tropas de choque. O sector empresarial do Estado foi acusado de só dar voz ao Governo e violar princípios fundamentais do Jornalismo. Ao mesmo tempo nasciam subprodutos que nada tinham a ver com a Imprensa. Nem sequer eram (ou são) papel sujo. Não faltaram serventes para esses projectos, quase todos frustrados ou ressabiados por não conseguirem enganar os responsáveis dos Meda públicos. Esse modelo está aí, pujante, expandido ao Audiovisual e dominando as redes sociais.
O regime democrático nasceu mutilado de uma trave mestra, a Comunicaçã0 Social responsável, isenta e livre. Profissionais sem ofício nem oficina servem uma Redacção Única ainda que recebam em vários balcões (Embaixadas!) e respondam ante diversos donos. A agenda tem um ponto único: Destruir Angola e o Regime Democrático! Até o Agualusa estende a mão, curva-se até ao chão e exibe as garatujas. Depois puseram-lhe uns restos no prato e agora morde menos nos calcanhares do Executivo e seu titular.
Mais por incompetência, negligência e apetência para abocanhar o poder todo do que por interferência externa, o Poder Judicial também foi demolido. A Democracia Representativa é um tripé: Partidos Políticos, Liberdade de Imprensa e Poder Judicial Independente. Está por terra. Sem Jornalismo rigoroso (o rigor é a marca distintiva do Jornalismo…), com o Poder Judicial de rastos e os Partidos Políticos anémicos pouco mais resta.
O problema dos partidos é muito mais grave por falta de soluções. Projectos políticos que podiam garantir a alternância foram extintos por falta de votos. A direcção do Bloco Democrático optou pelo suicídio na praça pública. Deu cobertura à fraude chamada Frente Patriótica Unida. Numa decisão contra natura trocou a democracia por alguns lugares na lista de deputados da UNITA. Traíram militantes, votantes e a democracia representativa. Ninguém no partido desconhece que a UNITA é inimiga mortal da democracia. Impede a alternância.
O eleitorado angolano é muito politizado. E a maioria sabe que a UNITA foi um instrumento armado dos colonialistas. Um grupo de extermínio dos nazis de Pretória. Ladrões de diamantes de sangue. Criminosos que só abandonaram a senda do crime quando forças armadas e policiais acabaram com o chefe do gangue no Lucusse. Nunca o partido chegará ao poder pela via do voto popular. Seca os projectos políticos da oposição e assim a alternância é impossível.
A UNITA conseguiu institucionalizar a impunidade na sociedade angolana. Se UNITA traiu todos estes anos eu também posso trair. Se UNITA destruiu todos os anos da sua existência eu também posso partir tudo. A UNITA raptou, torturou e matou desde que existe. Os matadores recebem boas casas, bons carros e muitos milhões. Eu também vou fazer o mesmo. A UNITA queimou mulheres vivas e fez de prisioneiras escravas sexuais. Eu também faço.
A UNITA combateu ao lado dos portugueses durante a Guerra Colonial. Eu também posso receber uns trocos dos donos estrangeiros que me compram. A UNITA foi uma unidade especial dos nazis de Pretória nas agressões a Angola. Eu também posso trair os angolanos, os africanos e a Humanidade. Vou ser nazi do Galo Negro. A UNITA tem gangues para destabilizar o país. Eu também posso ter o meu gangue para promover o caos social.
Nas últimas eleições, os abstencionistas, votos brancos e nulos deram mais do que os votos no MPLA, que ganhou as eleições com maioria absoluta. De 2022 para a frente o panorama vai piorar se ninguém fizer nada para remover o cancro UNITA da sociedade angolana. Um cancro que mata a liberdade e a democracia
Abílio Camalata Numa publicou ontem um texto no Club K no qual defende posições racistas e xenófobas. Caso o Procurador-Geral da República ainda não saiba (o coitado já nem sabe se está vivo ou morto), informo que são crimes de ódio. Crimes contra a Humanidade. Não é a primeira vez que este dirigente da UNITA bolsa impunemente o veneno do racismo. Ninguém reage. Os próprios responsáveis do “portal” acham que podem promover racistas e xenófobos. As autoridades titulares da investigação e acção penal são coniventes. Ficam gratas por terem alguém a destilar racismo por elas. Assim não se sujam.
Abílio Camalata Numa escreve que “a antropogénese política constitutiva do MPLA tem no seu DNA as estruturas de células do elitismo político de únicos sucessores do colonialismo português, do lumpenato social, da mentira historiográfica, da desaculturação africana, da vivência na violência e da corrupção”. Esta declaração racista ditada pelos donos do assassino de civis indefesos é o mesmo que gritar Morte aos Mulatos e Brancos!
Os racistas são doentes mentais. Mas também têm um défice de inteligência muito visível. O assassino favorito de Jonas Savimbi jamais conseguirá compreender que a senda vitoriosa do MPLA, desde a sua fundação até hoje, só foi possível porque mobilizou todos os nacionalistas, desde os camponeses aos carregadores do porto. Dos estudantes aos professores. Ricos e pobres. Negros, mestiços e brancos. Até foram mobilizados os portugueses progressistas. É muita força. Ninguém na História Universal conseguiu tão ampla aliança de classes.
Nos anos 50 Luanda tinha uma única médica ginecologista e obstetra, a Dra. Julieta Gandra, portuguesa. Subscreveu na íntegra o Manifesto do MPLA. Foi presa. Os seus carcereiros levavam-na da cela para o hospital quando era necessário fazer um parto. Depois regressava à prisão. A Angola que hoje paga ao Abílio Camalata Numa os homicídios que cometeu e as traições que vendeu também é obra da saudosa Doutora Julieta.
O engenheiro Brandão, director
técnico da Textang, a maior indústria angolana nessa época, subscreveu sem
hesitar o Manifesto do MPLA. Quando começaram as prisões no âmbito do “Processo
dos
Hermínio Escórcio, no início dos
anos 60 mobilizou técnicos e intelectuais sob a Bandeira do MPLA. Nunca se
esqueçam do processo do Laboratório de Engenharia de Angola. O movimento
revolucionário ganhou velocidade até ao 11 de Novembro de
O assassino a soldo dos nazis de Pretória diz que além dos mestiços e brancos o MPLA apenas mobilizou “o lumpenato social”. Para o racista e xenófobo, os negros que aderiram ao amplo movimento era gente desclassificada. Marginais!
Agostinho Neto e Diógenes Boavida, médicos. Manuel dos Santos Lima, primeiro comandante do Exército Popular de Libertação de Angola, estudante do ensino superior, oficial miliciano do Exército Português. Aniceto Vieira Dias (Liceu) músico. Desidério Costa, José de Carvalho (Hoji ia Henda),Rute Neto, Deolinda Rodrigues, Maria Mambo Café, Manuel Pedro Pacavira, estudantes. Agostinho Mendes de Carvalho, Noé Saúde, Gabriel Leitão, funcionários públicos. No 4 de Fevereiro comandaram os revolucionários Imperial Santana, Neves Bendinha, Paiva Domingos da Silva ou a rainha Engrácia Cabenha.
Estou a recordar ao correr da pena. As minhas desculpas aos que não incluí. Aminha gratidão por me ajudarem a ser o que sou. O assassino favorito de Savimbi, Abílio Camalata Numa, está coberto de mordomias à custa dessas e desses heróis aos quais chama “lumpenato social”.
O assassino favorito de Jonas Savimbi diz que o MPLA tem der ser “mais africano”. O ditador Mobutu chamava a isso “autenticité”. O Presidente João Lourenço “tem de ser um patriota africano”. O assassino às ordens de Savimbi dá este conselho ao Titular do Poder Executivo: “Mude 50 por cento do seu Executivo e coloque gente comprometida com o país”. É como quem diz: Despache os mestiços e brancos! E mais esta que é marca dos sicários do Galo Negro: “Primeiro o Angolano, segundo o Angolano, terceiro o Angolano…”
Abílio Camalata Numa escreve que “o MPLA é o partido mais impopular do mundo”. Mas ganhou as eleições com maioria absoluta num quadro em que boa parte do seu eleitorado se absteve, votou branco ou nulo. Dizer que esse partido “é o mais impopular do mundo” não é opinião. É propalar mentiras. É manipular. É uma forma ardilosa de rejeitar os resultados eleitorais. É renegar o regime democrático. É fazer gala da impunidade.
A comunicação social alimentada pelos diamantes de sangue diz que Adalberto da Costa Júnior pediu perdão aos angolanos pelos crimes cometidos pela UNITA. É mentira. O kamanguista sancionado pela ONU, na sua declaração, intimidou os familiares das vítimas de Jonas Savimbi. As suas palavras e o tom foram ameaçadores. Desafiou as autoridades. Mostrou que tem a impunidade garantida. Até quando?
*Jornalista
*Até ao dia 17 de Setembro os títulos são sempre versos de Agostinho Neto
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