Artur Queiroz*, Luanda
Na Faixa de Gaza ninguém pode tomar banho porque água é preciosidade que só existe quando os ocupantes e genocidas israelitas permitem. Mas os nazis de Telavive atiram com as suas crianças para a fossa com a água do banho. Este é o grande mistério da agressão à Palestina visto pelo lado dos reféns civis de várias nacionalidades e prisioneiros das forças militares de Israel.
Ninguém no seu perfeito juízo atira fora a criança com a água do banho. Uma mãe extremosa não protege o seu bebé abandonando-o na lixeira. Quem está numa situação de grande fragilidade e vulnerabilidade não é protegido despejando bombas sobre as suas frágeis vidas. Ninguém recupera algo valioso, muito querido, entregando o seu destino a combatentes dispostos a tudo como ficou demonstrado no dia 7 de Outubro em Israel.
Telavive está a proteger os reféns e prisioneiros nas mãos do braço armado do HAMAS despejando bombas potentíssimas sobre eles. Abandonando-os à crueldade de quem provou ser suficientemente cruel no dia 7 de Outubro. Está acontecendo assim. Por isso, das duas, uma: Os reféns e prisioneiros militares não estão na Faixa de Gaza ou estão e os nazis de Telavive querem ter a certeza de que nem mais um sai vivo das mãos dos seus captores. Não querem testemunhas. Segundo um porta-voz do braço armado do HAMAS, os bombardeamentos a Gaza iniciados no dia 7 de Outubro passado já mataram 50 reféns. As bombas só param quando morrerem todos. Porquê?
Os civis pouco ou nada têm a ver com o mistério. Em princípio apenas estavam no lugar errado à hora errada. Mas os militares têm muito que contar. E esses contos podem desvendar o mistério. Ninguém acredita que no governo de Telavive sejam todos loucos varridos. Ou tão irresponsáveis que atirem com as crianças para a fossa, com a água do banho. Que matem os reféns com os seus bombardeamentos criminosos fazendo deles “danos colaterais”. Até porque as famílias cobram todos os dias o seu resgate.
A força aérea diz que já atingiu centenas de “alvos do HAMAS” na Faixa de Gaza, na Síria e no Líbano. Quem temia que a guerra “alastrasse” a outros países, aí está a resposta. Os nazis de Telavive não querem apenas ocupar definitivamente a Palestina, matando todos os palestinos que não fogem ou não podem fugir. Querem muito mais. Querem o Grande Israel. Loucura à solta nos corredores do poder. Em Berlim o mesmo sonho louco e a mesma arrogância do regime nazi. Tudo tão assustadoramente igual!
O ocidente alargado criou um “escudo de ferro” sobre os Media. Só passa o que eles deixam, devidamente trabalhado por “jornalistas” que fazem o trabalhinho a troco de uma moeda, como os arrumadores. Carl Kraus dizia na sua “Die Fackel”, há 120 anos, que os escriturários fugiram todos para o Jornalismo. Nessa época Viena era o centro cultural do mundo. Feérico de luzes do conhecimento.
Hoje os arrumadores invadiram as redacções e estendem a mão aos donos para lhes cair uma moedinha. Só assim se compreende a censura às declarações do Presidente Lula da Silva que apontou o caminho pacífico na Palestina: Israel ocupa apenas o território definido pela ONU e desocupa toda a Palestina. Tão simples como isto. Mas não convém que se saiba.
Washington, Londres, Paris, Berlim e Bruxelas acreditam mesmo que vão conseguir exterminar os palestinos e Israel vai ocupar a Palestina, Síria, Líbano e sabe-se lá que mais. Acreditam que ainda estamos no tempo da Conferência de Berlim quando as potências colonialistas retalharam África à medida dos seus caprichos e interesses mesquinhos. Estão perigosamente loucos!
Londres e Washington, com o apoio leviano de Paris, criaram a tragédia que hoje se vive em Israel e na Palestina. Com a arrogância própria dos ocupantes colonialistas decidiram expulsar os palestinos das suas casas e lavras, para nos seus lugares instalarem judeus, que aceitaram o presente envenenado. Nem pensaram que os legítimos proprietários daquelas terras e casas podiam revoltar-se. Lutar pelo regresso a casa e pela dignidade. Mas isso aconteceu.
A revolta começou há 75 anos, não foi no dia 7 de Outubro de 2023. Nessa data já tinha jorrado muito sangue inocente. Muita humilhação. Muita prisão arbitrária. Muita tortura. Muitos atentados tresloucados vitimando inocentes. E há 56 anos aconteceu uma ocupação sufocante da Palestina pela força das armas. Acompanhada de leis do apartheid!
Israel ocupa há 56 anos a Palestina num regime de apartheid. Israel fez da Faixa de Gaza uma imensa prisão. O bloqueio total começou em 2008, há precisamente 15 anos. O tempo suficiente para fazer colapsar a economia da região e colocar as populações na dependência da ajuda humanitária. Há 75 anos expulsaram das suas terras 715.000 palestinos. Foram acolhidos na região, em campos de refugiados. Hoje são mais de dois milhões nesses campos. Os que lá nasceram já têm netos e o futuro deles é a tenda, a comida atirada à cara pela caridade das organizações humanitárias. A desumanização.
Sabem qual foi o primeiro alvo da
aviação israelita na cidade de Gaza? Destruição total do edifício onde
funcionava a Universidade Islâmica. Dezenas de escolas da ONU transformadas
No momento do bombardeamento centenas de pessoas estavam no hospital porque pensavam que era um lugar seguro. Uma médica da Cruz Vermelha (Crescente Vermelho) informou que estavam dezenas de pessoas nos cuidados intensivos. A sua transferência quer dizer morte. E daí? A operação é mesmo para matar os palestinos até onde for preciso. Os nazis de Telavive estão a matar uma criança de 10 em 10 minutos. O trio Biden, Blinken e Austin são os assassinos. Sunak, Macron, Scholtz e Úrsula deram ordens aos sargentos dos EUA no Médio Oriente: Matem os palestinos até onde for preciso.
Se os números podem servir de consolo aos bons samaritanos, informo que no mundo morre uma criança por minuto, com fome e doenças curáveis. A Palestina está bem. As crianças só morrem de dez em dez minutos. É este mundo que querem? Então entreguem-no ao HAMAS e aos nazis de Telavive. Eles resolvem com grande eficácia. Querem ver? A ONU noticiou hoje que os bombardeamentos de Israel a Gaza já mataram 63 funcionários seus. Guerra à paz!
* Jornalista
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