quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Brasil | Crise Yanomami reforça denúncias contra Bolsonaro no Tribunal de Haia

Solon Neto | em Pátria Latina

Sputnik – A crise humanitária Yanomami ganhou notoriedade nacional após a recente visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao território indígena e uma investigação sobre genocídio foi aberta. A Sputnik Brasil ouviu especialistas para discutir o assunto e o possível envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o governo federal, 570 crianças menores de cinco anos morreram nos últimos quatro anos no território Yanomami de mortes evitáveis. Apenas no ano passado, foram cerca de 100 crianças mortas no território. Diante da situação, ainda no dia anterior à visita de Lula, o Ministério da Saúde já havia criado uma sala de situação para apoiar ações na Terra Indígena Yanomami e declarou emergência em saúde pública de importância nacional.

Além das ações emergenciais da Saúde, o Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou a abertura de uma investigação de possível genocídio envolvendo a responsabilização do ex-presidente Jair Bolsonaro e de membros de seu governo. Na segunda-feira (30), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso determinou a abertura de investigação de crime de genocídio contra o povo Yanomami praticado pelo governo Bolsonaro.

Em relatório preliminar divulgado na mesma data, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania aponta possíveis omissões e violações do extinto Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos durante o governo Bolsonaro, prevendo a “responsabilização de agentes que promoveram ações deliberadas contra a dignidade humana na gestão passada”.

Entre as denúncias apresentadas está a “sugestão de veto à obrigação do fornecimento de água e equipamentos básicos” para as comunidades Yanomami em meio à pandemia da COVID-19, além da ausência de planejamento de assistência para crianças e adolescentes indígenas no Plano Nacional de Enfrentamento da Violência contra Crianças e Adolescentes.

Apesar da notoriedade recente, a crise atual foi denunciada dezenas de vezes nos últimos anos por diversas organização e instâncias da Justiça, como no caso do Ministério Público Federal (MPF), que denuncia a situação desde 2020.

A população Yanomami vive em um território cobiçado há décadas por garimpeiros com área de 192 mil quilômetros quadrados na região fronteiriça entre Brasil e Venezuela. Estudiosos apontam que a floresta e o tipo de vegetação presente na região têm influência direta dos Yanomami, que preservam e cultivam a região como “ativos construtores”. A área demarcada dentro do território brasileiro — homologada em 23 de maio de 1992 — se estende pelos estados do Amazonas e de Roraima. Com cerca de 96.650 quilômetros quadrados, o território abriga, no Brasil, cerca de 26 mil indígenas divididos em 228 comunidades.

PERU: VIAGEM AO CENTRO DA REVOLTA

A um passo de derrubarem a presidente usurpadora, camponeses colorem o país com colchas, sombreros e huarácas. “Toda a cordilheira está dizendo chega”, afirmam após 58 mortes. Ninguém arreda pé. São os herdeiros de Tupac Amarú

Tom Phillips | no The Guardian | Outras Palavras | Tradução: Rôney Rodrigues | # Publicado em português do Brasil

Um a um, os campesinos rebeldes subiram no palanque improvisado que construíram no topo de uma barricada de terra de 2 metros, declarando estar determinados em derrubar a presidente do Peru.

“Irmãos e irmãs, agora nosso Peru precisa de nós mais do que nunca”, disse Nilda Mendoza Coronel, agricultora de 35 anos, a centenas de grevistas que se reuniram sob o sol forte da manhã.

“Vamos lutar até o fim, carajo!”, Mendoza gritou através de um megafone. “Ninguém vai parar nossa luta!”

Outro orador, Aparicio Meléndez, instou a multidão na cidade andina de Sicuani a ignorar os relatos de que tropas do Exército estavam a caminho para desbaratinar a revolta. “Ficaremos aqui até que eles gastem a última bala”, prometeu o criador de gado de 55 anos enquanto observava o protesto que bloqueava a rodovia 940 que atravessa os Andes peruanos.

Um grito de guerra de duas palavras havia sido pintado na pista atrás da barricada: “Insurgência do povo”.

Há sete semanas, a cidade de Sicuani está no centro desta insurreição contra a presidente do Peru, Dina Boluarte, e o establishment político do país, que começou no início de dezembro após o presidente esquerdista, Pedro Castillo, ser destituído e preso sob acusação de tentar encenar um golpe.

Ventos políticos estranhos e violentos têm fustigado a América Latina e o Caribe ultimamente, com uma “revolta” de extrema direita no Brasil, colapso político e social no Haiti e protestos na Bolívia após a prisão de um dos líderes mais proeminentes de oposição. Mas em nenhum lugar a turbulência foi mais generalizada — ou mortal — do que no Peru, onde pelo menos 58 vidas foram perdidas desde a dramática queda de Castillo.

Portugal | Lagosta para um Papa humilde, carapau para um povo necessitado

Filipa Roseta, vereadora da Habitação, criticou no passado a "orgia de abusos na Parque Escolar" permitida pelas exceções permanentes às regras da contratação para obras públicas, mas hoje, como administradora da sociedade de requalificação urbana da Câmara, "aproveita exceção dada para a Jornada Mundial da Juventude para fazer ajustes diretos atrás de ajustes diretos", condena Daniel Oliveira.

Daniel Oliveira* | TSF | opinião

No seu espaço habitual de opinião na antena da TSF, Daniel Oliveira lembra que "Carlos Moedas disse que poderia ter adjudicado o famoso palco diretamente um construtor, mas não o fez. Consultou várias empresas, mas até ontem adiava tornar públicos os resultados dessa consulta."

Acabou por escolher a Mota-Engil, "empresa que sempre manteve boas relações com o poder político e que contratou sem concurso, graças ao tipo de execução que a vereadora tinha criticado no passado." Isto argumentando que a empresa "mais careira" pedia 18 milhões de euros para construir o altar-palco, concluindo que poupou muito.

"Prefiro a velha anedota do tipo que, substituindo os transportes pela corrida, em vez de correr atrás de um elétrico corria atrás de um táxi, que sempre poupava mais", ironiza Daniel Oliveira.

O jornalista analisa os projetos que ficaram para trás: o primeiro era "amovível e baseado em contentores, aproveitando o cenário portuário e tendo como mote a sustentabilidade, seguindo os requisitos do Vaticano e as medidas de segurança. Custava um milhão e meio de euros".

A segunda proposta era semelhante ao atual projeto do palco, mas a pala cobria apenas o altar onde ficava o Papa. Custaria três milhões de euros.

É com Moedas mas não são esmolas: JMJ não deixará ninguém no purgatório

João Miguel Salvador, jornalista | Expresso (curto)

Olá,
E obrigado por começar o dia connosco.


Quando o projeto de um altar-palco foi apresentado, nunca se pensou que a polémica em torno do mesmo pudesse tornar-se maior do que a própria obra. Mas a verdade é que cresceu ao ponto de se agigantar, mesmo perante um investimento de 4 milhões e 240 mil euros. Foi mesmo esta proposta mais barata, apresentada pela Mota Engil, que venceu por apenas 11 mil euros a segunda proposta mais baixa. Custará menos de metade do que foi proposto por uma empresa de eventos, que se propôs colocar o sumo-pontífice sobre um altar de €8,5 milhões, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) marcada para agosto.

Seria, ainda assim, apenas uma pequena parte de todo o dinheiro investido na JMJ. De acordo com as estimativas mais recentes da Igreja Católica, do Governo e dos municípios de Lisboa e Loures, a realização do maior evento católico em Lisboa, no início de agosto, terá um custo de pelo menos 155 milhões de euros.

No caso de Lisboa, a maior parte do dinheiro (21,5 milhões de euros) será destinada ao Parque Urbano Tejo-Trancão, numa intervenção composta por rubricas tão distintas como as obras de reabilitação no aterro sanitário de Beirolas (orçamentadas em 7,1 milhões de euros), o polémico altar-palco de grandes dimensões (que custará 4,24 milhões de euros, aos quais acresce IVA e os custos das fundações), uma ponte pedonal sobre o rio Trancão (4,2 milhões de euros), assim como saneamento, abastecimento de água e eletricidade (3,3 milhões de euros).

O PS, que desmentiu Moedas depois de o presidente da Câmara ter acusado o partido dos atrasos e ter começado do zero, dá-lhe agora a mão - viabilizando um empréstimo de 15 milhões para as obras - , mas não o faz sem marcar a sua posição sobre o tema e atirar diretamente contra o edil: “Este é o preço da ineficácia de Carlos Moedas e do seu executivo: é mais um valor que temos de pagar pela ineficácia da gestão”, disse ao Expresso o líder do PS na Assembleia, Manuel Portugal Lage. Os 15,3 milhões de euros servirão para “financiar investimentos emergentes”, pelo que a construção de estruturas como palcos, altares ou altares-palco não poderá ter acesso a esta parte do financiamento.

A fatura só chegará no fim, mas a conta já vai longa e no rol já há algo escrito a caneta permanente: os custos puseram fim ao consenso alargado que existia em torno da JMJ.

Só que os custos não se medirão apenas em euros. É que a Câmara de Lisboa assumiu a coordenação da Jornada Mundial da Juventude com a Igreja, excluindo o coordenador escolhido pelo governo. “Não aceitamos mais pretensos coordenadores que não fazem nada e que não ajudam a resolver nada”, atirou o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Silva, sobre José Sá Fernandes.

Se a coordenação municipal correr sem (mais) sobressaltos e o evento se confirmar um sucesso - é preciso muito mais do que betão para que tal aconteça - , Moedas poderá subir aos céus. Se os resultados forem negativos, estará destinado ao inferno. Em política são muitos os decisores que conseguem ficar pelo purgatório, mas todo o escrutínio em torno da JMJ antecipa que não será esse o caso.

Portugal | DEUS, PODER, DINHEIRO

Costuma-se dizer "o Estado é laico, o país não". Sucede que é ao contrário, como demonstra a reação ao esbanjo das jornadas. Que o debate, se não vier a tempo de poupar milhões, sirva para concluir que o catolicismo automático dos Censos não pode servir para sustentar privilégios e reverências inconstitucionais.

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

“O Estado deve aumentar a sua participação financeira na construção de novos templos (...). Comparando com o investimento noutras infra-estruturas, a participação do Estado é pequena. Era preciso investir mais e com maior rapidez, porque às vezes fica-se 10 ou 15 anos à espera de uma infra-estrutura deste tipo. Trata-se de uma obrigação do Estado e não de um favor que faz à Igreja Católica. O Governo tem obrigação de apetrechar a comunidade com as estruturas que são precisas. Se a comunidade é religiosa, tem tanto direito a ter uma estrutura religiosa como de saúde ou uma escola."

Estas palavras, proferidas por um clérigo católico - o então cardeal patriarca de Lisboa, José Policarpo - fizeram em setembro 20 anos. Quando as li, esfreguei os olhos: acabara de descobrir que os orçamentos públicos de um país laico, cuja Constituição consagra a separação entre Estado e confissões religiosas, atribuíam, no dealbar do século XXI, verbas específicas para construção de templos católicos. A notícia especificava até existir um quantitativo máximo para o efeito: 648 500 euros, ou até "60% do custo de cada templo". Que, naturalmente, o hierarca achava pouco: "As igrejas incluídas no Orçamento de Estado não são tantas quanto era preciso."

Quem isto dizia, anote-se, lamentaria escassos seis anos depois, numa "carta pastoral à igreja de Lisboa", a existência de um "elevado número de batizados não praticantes ou, porventura, não crentes", que poderia "alimentar a confusão" entre sociedade e Igreja Católica - para concluir não haver identidade entre as duas.

E Policarpo ia até mais longe. Mesmo entre os que frequentavam fisicamente os templos católicos, disse, muitos não agiam como verdadeiros crentes. A essa conclusão levara-o o resultado de um inquérito na diocese de Lisboa: "Embora muitos cristãos declarem ter a Bíblia em casa, são poucos os que a leem frequentemente; na Liturgia a proclamação da Palavra é uma parte do rito, e nem sempre tem a densidade de uma escuta do Senhor. (...) Uma Igreja onde os cristãos não rezam, não é a Igreja que Deus quer e torna-se incapaz de ser sinal de esperança no mundo de hoje."

FRANÇA IRROMPE CONTRA O PLANO DE PENSÕES DE MACRON

Kenny Stancil* | Consortium News | Common Dreams | # Traduzido em português do Brasil

Trabalhadores enfurecidos em toda a França abandonaram o trabalho e foram às ruas na terça-feira para protestar contra o plano impopular do presidente Emmanuel Macron de aumentar a idade oficial de aposentadoria do país de 62 para 64 anos .

É a segunda vez neste mês que os trabalhadores franceses se mobilizam contra o ataque de Macron ao sistema previdenciário do país. Greves e marchas em todo o país em 19 de janeiro  reuniram  entre 1 milhão e 2 milhões de pessoas, e os sindicatos tentaram igualar ou superar esses números na terça-feira, com cerca de 250 manifestações planejadas em todo o país.

O líder esquerdista de longa data Jean-Luc Mélenchon  previu  na manhã de terça-feira que “um dia histórico” de protestos ajudaria a derrotar a proposta de Macron de uma vez por todas, enquanto grandes multidões se reuniam em cidades e vilas fora de Paris – antes de uma grande marcha que  paralisou  a capital francesa na tarde de terça-feira.

“Não é sempre que vemos uma mobilização de massa como essa”, disse Mélenchon da cidade de Marselha, no sul. “É uma forma de insurreição dos cidadãos.”

Na pequena ilha ocidental de Ouessant, cerca de 100 pessoas se reuniram no início do dia para um protesto em frente ao gabinete do prefeito Denis Palluel.

Em uma entrevista por telefone com  a Associated Press , Palluel  observou  que a ameaça de ter que trabalhar mais para se qualificar para uma pensão completa consternou os marinheiros da ilha que têm empregos extenuantes no oceano.

“Aposentar-se em uma idade razoável é importante”, disse ele, “porque a expectativa de vida não é muito longa”.

Rússia apoia esforços da Índia na defesa da provocação de guerra híbrida da BBC

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

Todos os países têm o direito soberano de defender seus modelos nacionais de democracia das ameaças de Guerra Híbrida exacerbadas externamente, da maneira que escolherem, e a Índia não é exceção. No caso de a BBC não cessar sua Guerra Híbrida na Índia, o que primeiro exigiria que a facção amiga da Índia do establishment britânico tomasse o controle desta arma de guerra de quinta geração da facção rival que atualmente a está explorando para esse fim, então a Índia pode ser forçada a bani-lo.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, foi recentemente convidada durante uma coletiva de imprensa a comentar o escândalo em torno do mais recente “documentário” da BBC sobre os distúrbios de Gujarat em 2002. Como foi observado anteriormente, “A BBC está abusando da liberdade de imprensa para travar uma guerra híbrida na Índia” e “Oportunistas estão girando o escândalo da BBC para confundir a Índia e Elon Musk”. As análises anteriores devem ser lidas por quem não conhece este escândalo nem a sua dinâmica estratégica.

Foi no contexto da mais recente provocação da Guerra Híbrida da BBC contra a Índia, que visava manipular parte da sua população para cometer actos de violência em resposta às acusações do “documentário” daquele canal estatal britânico, que Zakharova expressou seu apoio a Delhi. O parceiro estratégico especial e privilegiado de décadas da Rússia proibiu que esse produto de guerra de informação fosse visto dentro de suas fronteiras, o que ela sugeriu ser razoável. De acordo com ela:

“Gostaria de chamar sua atenção para o fato de que é mais uma evidência de que a BBC está travando uma guerra de informação em várias frentes – não apenas contra a Federação Russa... mas também contra outros centros globais de poder que seguem uma política independente. Depois de um certo número de anos, verifica-se que a BBC está lutando até mesmo dentro do establishment britânico, sendo um instrumento dos interesses de alguns grupos contra outros. Precisamos tratar isso de acordo. Esta não é uma corporação independente de TV e rádio, mas dependente, muitas vezes negligenciando os requisitos básicos da profissão de jornalista”.

O seguinte insight pode, portanto, ser intuído a partir dos comentários da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia. Primeiro, o Kremlin considera a BBC uma arma de guerra híbrida do establishment britânico que está sendo usada para punir países multipolares independentes como a Índia. Em segundo lugar, os meios de ataque são indiretos e realizados por meio de guerra de informação, que neste caso se refere ao “documentário” desse veículo estatal britânico sobre os distúrbios de 2002 em Gujarat.

Terceiro, o próprio establishment britânico está dividido, o que explica sua abordagem esquizofrênica em relação à Índia, em que uma facção deseja expandir as relações com aquela grande potência globalmente significativa, enquanto outra quer puni-la por redobrar suas relações com a Rússia, apesar da pressão ocidental para reduzi-las. Em quarto lugar, esse insight prova que a BBC não pode ser considerada precisa ou confiável e, por último, sua negligência regular com os requisitos jornalísticos básicos deixa em aberto a possibilidade de outros países bani-la.

A Rússia, por exemplo, já proibiu a BBC com base nisso no início do ano passado, logo após o início de sua operação especial. A Índia não deu a entender que fará o mesmo, mas a opção permanece sobre a mesa, caso em que a Rússia está sinalizando que apoiará Delhi se decidir fazê-lo como parte de sua “Segurança Democrática”. Todos os países têm o direito soberano de defender seus modelos nacionais de democracia das ameaças de Guerra Híbrida exacerbadas externamente, da maneira que escolherem, e a Índia não é exceção.

No caso de a BBC não cessar sua Guerra Híbrida na Índia, o que primeiro exigiria que a facção amiga da Índia do establishment britânico tomasse o controle desta arma de guerra de quinta geração da facção rival que atualmente a está explorando para esse fim, então a Índia pode ser forçada a bani-lo. O Bilhão de Ouro do Ocidente liderado pelos EUA provavelmente explodiria em furor hipócrita, apesar de eles próprios banirem a mídia russa financiada publicamente, como RT e Sputnik, sob o mesmo pretexto (independentemente de sua veracidade).

Assim como os países do bloco de fato da Nova Guerra Fria têm o direito soberano de proibir saídas estrangeiras por razões de segurança nacional (independentemente de quão hipócrita isso possa ser em termos de seu contexto sociopolítico doméstico e se os observadores apoiam ou não esse movimento), então a Índia também. Esperançosamente, a facção amiga da Índia do establishment britânico conseguirá impedir a guerra híbrida de seus rivais na Índia, dirigida pela BBC, a fim de evitar esse cenário, para que Delhi não seja forçada a se defender de forma mais robusta.

*Andrew Korybko -- Analista político americano especializado na transição sistêmica global para a multipolaridade

A OTAN tenta arrastar a Coreia do Sul para o abismo do conflito Rússia-Ucrânia

Global Times |# Trduzido em português do Brasil

Arrastando a Coreia do Sul para o abismo de fornecer ajuda à Ucrânia, a OTAN está testando o quão perto Seul está disposta a se vincular à aliança militar liderada por Washington. Seu objetivo final é estender seus tentáculos ainda mais na Ásia-Pacífico por meio de seus parceiros na região.

Durante sua visita à Coreia do Sul, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, pediu na segunda-feira à Coreia do Sul que fortaleça sua assistência militar à Ucrânia e até considere permitir a exportação direta de armas.

Tendo como pano de fundo o conflito em curso entre a Rússia e a Ucrânia, a OTAN está tentando persuadir seus membros e parceiros a formar um campo maior que apoie Kiev política e militarmente. Nesse processo, será necessário que esses países forneçam o máximo de ajuda possível. Portanto, nessa lógica, como a Coreia do Sul possui uma indústria de defesa relativamente avançada e produtiva, o país precisa exportar mais armas para a Ucrânia.

Entre os países que forneceram armas a Kiev, Seul desempenhou uma função muito limitada, fornecendo armas em quantidades relativamente pequenas e em níveis baixos. Mas para a OTAN, não importa que tipo de armas a Coréia do Sul tenha oferecido ou planeje oferecer; o mais importante é se Seul mostrará o gesto de concordar em aumentar a assistência. Em outras palavras, o desejo de Stoltenberg vem mais provavelmente de uma perspectiva política do que de necessidades militares.

A OTAN procura transformar-se de uma organização regional numa organização global. Dentro desse objetivo, uma de suas garras é aproximar os aliados dos EUA no Oriente. Com isso, a OTAN tem trabalhado com todas as suas forças em seus dois principais eixos na região da Ásia-Pacífico - Japão e Coreia do Sul.

Sob a instigação de Washington, a OTAN está tentando estender seus tentáculos mais profundamente na região e fazer com que mais países regionais envolvidos no conflito Rússia-Ucrânia compartilhem os riscos dos EUA na política internacional. Transformar um conflito local na Europa em um problema global serve apenas à Estratégia Indo-Pacífico dos EUA.

Para o secretário-geral da OTAN, o objetivo imediato de instar Seul a mudar sua política é formar uma aliança ocidental mais sólida para ajudar a Ucrânia neste conflito em curso. Mas em termos de objetivos estratégicos de médio e longo prazo, ele quer que Seul se ligue mais fortemente à carruagem da OTAN. Dessa forma, a organização poderá usar a Coreia do Sul como ponto de entrada nos assuntos da Ásia-Pacífico com mais facilidade.

Portanto, aos olhos dos EUA, se a Coréia do Sul está envolvida em um conflito militar europeu, então é adequado que a OTAN interfira nas possíveis disputas e conflitos no Leste Asiático, especialmente sob o disfarce de uma organização internacional justa.

Especialistas acreditam que a Coreia do Sul, por si só, pode não ser capaz de resistir à pressão da OTAN. Por um lado, a cooperação com a OTAN ajudará Seul a fortalecer sua presença global. Por outro lado, desde que o presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol estabeleceu a meta de levar seu país a se tornar o quarto maior exportador de armas do mundo até 2027, é difícil para a Coreia do Sul - movida por interesses econômicos - continuar avançando com cautela e lentamente na venda de mais armas.

Para persuadir melhor a Coreia do Sul, Stoltenberg ainda usou o exemplo de como vários aliados da OTAN, que tinham como política nunca exportar armas para países em conflito, mudaram essa política. Mas o que realmente vemos aqui é como esses países finalmente mostraram suas verdadeiras cores sob a máscara da hipocrisia, tornando-se totalmente sujeitos às estratégias e políticas de Washington.

O passo perigoso dado por esses países pode facilmente levar toda a Europa à beira do conflito. Como resultado, teme que tal ação prolongue o conflito Rússia-Ucrânia, aumente a tensão entre os países da OTAN e a Rússia e complique a situação na Europa.

O Ocidente sempre fala sobre "ordem baseada em regras", mas se as regras podem ser alteradas tão facilmente apenas por causa dos interesses estratégicos do Ocidente liderado pelos EUA, não há como falar sobre uma ordem. Isso não apenas afetará a situação atual, mas também representará um desafio severo e de longo prazo para todo o sistema de regras nas relações internacionais.

Ilustração: A OTAN - Chen Xia/Global Times

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Pressionar a OTAN para se preparar para o confronto direto com a Rússia dificilmente encontrará eco na Europa

As Filipinas não serão facilmente enganadas como os EUA pensam

Global Times | editorial | # Traduzido em português do Brasil

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, que está visitando a Coreia do Sul, se reuniu com seu colega sul-coreano na terça-feira. Um alto funcionário dos EUA, que informou aos repórteres sob condição de anonimato, alvejou a China novamente, alegando um "aumento acentuado no comportamento operacional desestabilizador da RPC [República Popular da China]", incluindo o que foi descrito como "perigosas interceptações ar-ar". " e uso de "enxames de navios da milícia marítima" no Mar da China Meridional.

Austin deixará a Coreia do Sul para uma visita às Filipinas. O funcionário provavelmente disse o que Austin vai dizer nas Filipinas com antecedência. Esse conjunto de platitudes que exaltam a chamada ameaça da China deve ter entediado as pessoas.

Antes de Austin chegar às Filipinas, a mídia americana já havia começado a divulgar uma "grande notícia", dizendo que Austin chegaria a um acordo com o presidente filipino Ferdinand Romualdez Marcos Jr. localizado na Ilha de Luzon e outro localizado em Palawan, que recebeu a visita da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, em novembro passado. Os dois lugares estão próximos da ilha chinesa de Taiwan, as Ilhas Nansha, respectivamente. A intenção de atingir a China não poderia ser mais óbvia. Atualmente, os militares dos EUA já possuem cinco bases nas Filipinas em regime de rodízio. Acrescentar mais quatro significará que a cooperação militar EUA-Filipinas deu mais um passo à frente. É exatamente por isso que os EUA estão lutando.

Depois que Marcos foi eleito presidente, as Filipinas se tornaram o principal alvo de corte de Washington. Joe Biden foi o primeiro líder estrangeiro a telefonar para parabenizar Marcos, e altos funcionários de Washington visitaram intensamente as Filipinas. Se este acordo for alcançado, pode ser considerado como resultado de esforços de vários meses. Com tantos recursos diplomáticos e políticos investidos, o Departamento de Estado dos EUA e o Pentágono realmente precisam entregar algumas "conquistas políticas" decentes para confortar os eleitores domésticos, e fica melhor quando escrito em PPT.

O principal significado deste acordo que os EUA estão pressionando pode ser que ele pode ser visto como um "projeto de conquista diplomática e militar" para Washington. Para lidar com a China, os EUA estão correndo pelo mundo, especialmente pela China. É muito corrido e também cansativo. Se a estratégia de Washington para a China for comparada a uma empresa listada, ela está desperdiçando o dinheiro dos investidores de maneira errada. É um poço sem fundo que consome muito, mas produz pouco valor, muito menos lucrando. Se não mudar de rumo, mais cedo ou mais tarde irá à falência.

Os EUA e as Filipinas são aliados militares. Se e como fortalecer as relações militares deve ser uma questão entre os dois países. Mas o problema agora é que as Filipinas querem garantir sua própria segurança, enquanto Washington tentou todos os meios para "armar uma armadilha" para as Filipinas, vinculando deliberadamente a cooperação entre os dois à "ameaça da China" e tentando pressionar as Filipinas para a linha de frente do confronto com a China. A diferença entre os dois é óbvia. A visita de alto nível do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, às Filipinas no ano passado reafirmou o "compromisso de segurança" dos EUA, enquanto Manila disse que não poderia permitir "mais nenhuma escalada de tensões na região". Nos últimos anos, Manila sempre manteve a sobriedade estratégica.

As Filipinas enfatizam que sua cooperação militar com os EUA "não tem como alvo nenhum terceiro específico". Os americanos também sabem que isso ocorre porque as Filipinas não estão dispostas a "escolher um lado" entre a China e os EUA. Essa atitude é clara e firme. Mas se não visse a China como "terceira parte", os EUA não teriam tanto interesse em cortejar as Filipinas. Em outras palavras, existem diferenças fundamentais nas posições e interesses dos Estados Unidos e das Filipinas, o que não apenas exige que as Filipinas se equilibrem cuidadosamente, mas também aumenta os custos diplomáticos de Washington e enfraquece sua eficácia diplomática.

Agora, altos funcionários em Washington estão cada vez mais ansiosos para falar sobre a "crise do Estreito de Taiwan" com as Filipinas. A opinião pública americana também seguiu o exemplo, muitas vezes declarando fora de contexto que as Filipinas estão muito preocupadas com a situação no Estreito de Taiwan, sugerindo que Manila pode se envolver. No entanto, a questão de Taiwan não tem nada a ver com as Filipinas. Em recente entrevista exclusiva ao Financial Times, Marcos reiterou a política de "uma China" e mencionou várias vezes a "paz". Isso mostra que, em relação ao Estreito de Taiwan, as Filipinas não querem guerra e caos, para não sofrer o efeito de transbordamento. Para Manila, é especialmente importante ver claramente quem é o verdadeiro instigador na situação do Estreito de Taiwan.

Como equilibrar prudentemente seu relacionamento com as grandes potências é um grande teste para Manila, mas a escala que pode avançar deve ser traçada em torno do centro de seus próprios interesses nacionais. As Filipinas já foram uma colônia dos EUA e ainda são aliadas militares dos EUA na região da Ásia-Pacífico. A maior base militar dos EUA no exterior já foi nas Filipinas, mas as Filipinas retomaram a soberania da base dos EUA em 1992. Diante dos EUA, ao contrário de alguns outros países, as Filipinas geralmente demonstraram a independência de um Estado soberano. Esperamos também que as Filipinas possam manter essa tradição e mostrar sua estabilidade estratégica e sabedoria política.

Imagem: O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, observa o hino nacional durante uma cerimônia de boas-vindas no Ministério da Defesa em Seul, em 31 de janeiro de 2023. Foto: AFP

OS EUA AGRESSIVOS E DITATORIAIS

Ilustração: Liu Rui/GT

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