sábado, 25 de fevereiro de 2023

Mali de armas na mão constitui-se na vanguarda da luta de libertação em África

… “Mas a luta atual, ainda mais que a anterior, são as massas que a travarão, os povos que a travarão (aplausos); o povo terá um papel muito mais importante do que então; nesta luta, indivíduos e líderes contam e contarão menos do que no passado.

Esta epopéia que nos espera, é a massa faminta de índios, camponeses sem terra, trabalhadores explorados que a escreverá; são as massas progressistas, os intelectuais honestos e brilhantes que abundam em nossas dolorosas terras da América Latina. Luta de massas e ideias. Epopeia cujos protagonistas serão os nossos povos que o imperialismo maltratou e desprezou, os nossos povos que até agora ignorou, mas que começam a fazê-lo perder o sono. O capital monopolista ianque nos via como um rebanho indefeso e dócil; mas começa a se assustar com esse rebanho, esse rebanho gigante de duzentos milhões de latino-americanos no qual já vê seus coveiros (aplausos).

Nunca fizemos caso, ou muito pouco, dessa humanidade trabalhadora, desses explorados, desumanizados, miseráveis, conduzidos ao porrete e ao chicote. Desde os primórdios da independência, seu destino é o mesmo: sejam índios, gaúchos, mestiços, zambos, quadradões ou brancos sem bens e renda, toda aquela massa humana que forjou uma "pátria" da qual nunca gozou, que foi ceifada aos milhões, que foi despedaçada, que arrebatou a independência das metrópoles em benefício da burguesia, que se manteve no momento da divisão, esta massa continua a ocupar o degrau mais baixo em termos de serviços sociais, continua a morrer de fome, de doenças curáveis, de descuido, porque os bens elementares nunca foram para eles: um pão, uma cama de hospital, o remédio que salva, a mão amiga”… - Declaração de Havana: a resposta de Cuba em 4 de fevereiro de 1962 à sua expulsão da OEA em Punta del Este! – https://haitiliberte.com/declaration-de-la-havane-reponse-de-cuba-le-4-fevrier-1962-a-son-expulsion-de-loea-a-punta-del-este/. 

SOBRE A CONFLUÊNCIA DESESTABILIZADORA QUE RECAI EM CHEIO SOBRE O SAHEL

Martinho Júnior, Luanda

Nos dias de hoje são múltiplas e ainda intensas as confluências que de forma interconectada concorrem para a colonização do Sahel; de entre elas há a realçar:

a) As ingerências, manipulações e manobras sociopolíticas e económicas que actuam em função de amarras coloniais que continuam a persistir século XXI adentro;

b) A expansão caótica, de há 12 anos a esta parte, dos resultados da destruição da Jamairia Líbia;

c) A injecção corrente do “diktat” neocolonial segundo o modelo do hegemon aplicado desde a inauguração do Africom em 2008.

Essas confluências estão todas implicadas nos processos de neocolonização de África, minando a segurança comum em fronteiras traçadas pelas potências coloniais na Conferência de Berlim!

a) Em relação às ingerências, manipulações e manobras sociopolíticas e económicas que actuam em função de amarras coloniais destacam-se: 

. A continuidade da colonização do Sahara por conluio entre as monarquias espanhola e marroquina, visando explorar as riquezas naturais do país determinando impunemente o saque e subjuga a mão-de-obra saharaoui, mantida no último escalão da estratificação colonial;

. A continuação da existência da moeda colonial Franco CFA, que amarra as economias da vasta região da África Ocidental e Sahel ao espectro da “FrançAfrique” desde a disseminação das redes Foccard, (que assimilaram o que de mais humanamente retrógrado resultou da derrocada colonial na Argélia).

Essa é, por si, uma situação âncora que amarra a região e o Mali ao passado colonial que não deixou de estar presente e se manifestou de forma armada pela via da Operação Barkane!

b) Em relação à expansão caótica, de há 12 anos a esta parte, dos resultados da destruição da Jamairia Líbia:

As opções derivadas da agressão que provocaram o colapso da Jamairia Líbia e o assassinato do seu líder Kadafi, impactaram o processo sociocultural, provocando rupturas no frágil equilíbrio entre nómadas e sedentários particularmente ao longo do rio Níger (abarcando o Mali, o Burkina Faso e a Nigéria) e no que diz respeito ao Mali:

. Provocaram o retorno dos touaregs que proclamaram na asa norte do território a Azawad, o que foi imediatamente aproveitado pelo artificioso radicalismo islâmico emanado desde as correntes que compõem os Irmãos Muçulmanos, elas mesmo financiadas por interesses filtrados pelas inteligências “ocidentais” desde a Arábia Saudita, do Israel sionista e de outras monarquias arábicas, entre as quais se destaca a do Qatar (implicada na destruição da Jamairia);

. Provocaram ainda o florescimento do contrabando e de tráficos por todo o Sahel fugindo ao controlo dos frágeis governos centrais instalados, ou seja, criando rupturas económicas “informais” em cadeia, que contribuíram para desestabilizar ainda mais os ténues relacionamentos humanos, afectando cada vez mais comunidades;

. Determinaram que os únicos empreendimentos capazes de consolidada sustentação fossem os ligados às desenfreadas explorações mineiras neocoloniais, como a da Areva no Níger (exploração do urânio que alimenta a indústria nuclear francesa e europeia).

c) Em relação à injecção corrente do “diktat” neocolonial segundo o modelo do hegemon aplicado desde a inauguração do Africom em 2008:

. Provocaram a instalação da tendência retrógrada conjugada do fluxo de vassalos neocoloniais no Magrebe, na África Ocidental e no Sahel, colectando os interesses representados pelas coroas espanhola e marroquina, assim pela “FrançAfrique” com todos os expedientes colocados à disposição do “guarda-chuva” Africom;

. Estimularam as amarras económicas dos vassalos, de forma a que o saque continuasse a fluir na direcção da Ásia Ocidental tomada pelo hegemon;

. Estimularam tacitamente as redes jihadistas (radicais islâmicos), de forma a instalar as forças militares da antiga potência colonial (“FrançAfrique”) como uma forma não de combater o caos e o terrorismo, antes de gerir o pântano da conveniência neocolonial;

. Procuraram isolar a Argélia, tentando impedir que ela viesse a influenciar ou ocupar de certo modo o lugar deixado no vazio da Jamairia Líbia em relação ao Sahel;

. Destruíram qualquer veleidade no sentido da criação duma moeda africana e torpedearam sobremodo as possibilidades de desenvolvimento sustentável de África.

Os factores de insegurança multiplicaram-se de tal ordem que impedem o exercício conducente à autodeterminação, à independência e à soberania, com o dedo apontado à potência (neo) colonial no momento extraordinariamente dialético da mudança de paradigma!

Angola | A SEITA DOS SUICIDAS MORIBUNDOS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Francisco Queiroz, cumprindo ordens de João Lourenço, transformou os assassinos golpistas de 27 de Maio de 1977 em vítimas e as vítimas em assassinos. Ousaram falsificar a História Contemporânea de Angola porque já garantiram que as provas documentais existentes nos arquivos do MPLA e do Ministério da Defesa, onde funcionaram os tribunais marciais que julgaram os líderes do golpe de estado militar, já foram apagadas. Rasgadas. Queimadas. Só ficou mesmo o depoimento de Nito Alves. Autêntico. Verdadeiro. Impossível adulterá-lo.

O ministro da Defesa antes da saída de cena do Presidente José Eduardo dos Santos foi João Lourenço. Depois de eleito Presidente da República em 2017 conseguiu que alguns notáveis do MPLA abaixo assinassem para o líder sair antes do congresso do partido, como mandam as regras. Com a faca e todos os queijos na mão, tudo foi apagado para que avançasse a operação “perdoar às vítimas e abraçar bandidos golpistas”. 

A LUSA, agência oficiosa da UNITA e câmara de ressonância do Miala, revelou que o memorial em homenagem “às vítimas dos conflitos políticos em Angola” custa 33 milhões de euros. Mais muitos milhões, para uma empresa que garante “a assistência técnica especializada”. Está tudo explicado num Decreto Presidencial.

A “notícia” plantada pelos mentores do negócio e facilitada pelo Miala garante que o monumento vai ser altíssimo e construído ao lado do Memorial Agostinho Neto, na Praia do Bispo. Os escribas a soldo chamam ao local Cidade Alta. Porque não conhecem Luanda mesmo vivendo na capital. Que eu saiba, a única praia que existe no alto de Luanda, a colina que vai do Hospital Josina Machel (Maria Pia) e a Fortaleza passando pela depressão do Hotel Boavista, até à Fortaleza, é o palácio onde anda muita gente à boa vida e ostenta doutoramentos de lazer.

Angola é muito grande. Do Maiombe a Namacunde e do Lobito ao Luau há seguramente milhões de lugares onde os malabaristas que transformaram assassinos golpistas em vítimas e as vítimas em assassinos podem erguer o “memorial”. Mas se assim fosse, não abandalhavam a figura de Agostinho Neto. Se trataram o Presidente José Eduardo como se fosse um angolano indigente que precisou de um favor do Estado para regressar à Pátria num caixote e encafuado no porão do avião, imagino o que vão fazer ao Fundador da Nação. 

A tumba da filha Leda é permanentemente vandalizada pelos “visitantes” às campas dos golpistas transformados em vítimas. O Memorial Agostinho Neto será demolido quando estiver concluído o negócio do abraço aos assassinos e perdão aos golpeados. Pelos vistos ninguém está preocupado com isso. 

O chanceler alemão e a presidente da Comissão Europeia traíram os povos da Europa?

Explosão do Nord Stream I e II: o chanceler alemão e o presidente da Comissão Europeia traíram o povo da Alemanha e da Europa?

A traição dos políticos a seus compatriotas, as mesmas pessoas que confiam neles, que podem ter votado neles e que pagam com seus impostos seus salários e meios de subsistência, deve ser um dos crimes mais miseráveis ​​da humanidade. É tão “baixo” que não há palavra que descreva adequadamente a absoluta ausência de ética, moral e alma dessas pessoas. Fora que são sem alma, sem ética e sem moral.

Peter Koenig* | Global Research | # Traduzido em português do Brasil

Eles podem ser raros, mas tais pessoas e políticos existem. Eles são muito procurados pelos oligarcas-elitistas e pelos mestres do engano e das finanças corporativas, operando no escuro, o Estado Profundo, governando por meio de seus órgãos executores, Washington / Casa Branca; o Fórum Econômico Mundial (WEF), a OMS, o FED, a União Europeia/Comissão da UE – e, finalmente, por meio do Bank for International Settlement (BIS).

Um lembrete: nas décadas de 1930 e 1940, o BIS canalizou fundos dos EUA para o Reichsbank (Banco Central) da Alemanha para financiar a guerra de Hitler contra a União Soviética. Hoje, o BIS é literalmente o Banco Central de (quase) todos os Bancos Centrais.

O chanceler alemão Olaf Scholz e a presidente não eleita da Comissão da UE (CE), Ursula von der Leyen , atendem ao perfil desses traidores procurados. As potências obscuras levaram meses para examinar a candidatura dos dois para seus cargos designados de, respectivamente, Chanceler da Alemanha e Presidente da Comissão Européia (CE).

A maneira como essas tarefas devem ser realizadas, são trabalhos de “integridade” para o obscuro, para o Deep State, para o Culto da Morte que parece estar comandando nosso mundo – por enquanto.

A última, Von der Leyen, provou sua deslealdade ao povo europeu ao encomendar em setembro de 2022 4,5 bilhões de doses de vacinas contra a covid-19 da Pfizer para uma população europeia de cerca de 450 milhões – cerca de dez vacinas por pessoa. São bilhões de euros de impostos pagos à Pfizer por uma injeção experimental de mRNA totalmente inválida e altamente perigosa.

E isso depois que o CEO da Pfizer, Albert Bourla,  reconheceu abertamente que as vacinas da Pfizer não estão impedindo a “doença” da covid, nem a propagação da covid. Ele também reconheceu os sérios efeitos colaterais que as injeções experimentais de mRNA podem ter.

Em vez de cancelar imediatamente todos os programas de vacinação em todo o mundo para proteger o que resta de pessoas não vacinadas, especialmente crianças, a futura geração da humanidade, von der Leyen coloca mais combustível no trator vaxx para que mais pessoas sofram, percam sua imunidade, adoeçam e Pode morrer. Sem mencionar a corrupção total por trás do negócio de 4,5 bilhões de doses – até agora impune. Von der Leyen mantém sua ilustre posição de hipocrisia e falsidade.

No entanto, hoje o foco está no primeiro, no chanceler alemão Olaf Scholz em seu conhecimento prévio da explosão do oleoduto Nord Stream.

Como precursora do que se seguirá, Madame Von der Leyen estava plenamente consciente, envolvida e atualizada como compatriota e aliada de Olaf Scholz, tendo passado pela mesma Schwab / WEF Academy for Young Global Leaders (YGL). Além disso, Ursula von der Leyen também faz parte do Conselho de Administração do FEM. Ela está profundamente comprometida com a Agenda WEF/ONU 2030.

Quanto conhecimento avançado o Chanceler Scholz tinha sobre a explosão do Nord Stream 2 em 26 de setembro de 2022?

Apesar de algumas faltas de precisão no artigo de Seymour Hersh - veja isto  - durante uma coletiva de imprensa conjunta do presidente Biden e do chanceler alemão Olaf Scholz na Casa Branca em 7 de fevereiro de 2022, cerca de duas semanas antes da Ação Especial da Rússia sobre a Ucrânia, Joe Biden disse que essas  precisas palavras: "Se a Rússia invadir, não haverá mais um Nord Stream 2, vamos acabar com isso."

Quando um repórter perguntou exatamente como ele pretendia fazer isso, visto que o projeto estava sob o controle da Alemanha, Biden apenas disse: “Prometo que seremos capazes de fazê-lo”.

Scholz, ao lado de Biden, respondeu à mesma pergunta, dizendo algo como: “estamos juntos nisso” . (Veja a análise detalhada  e a entrevista em vídeo de Michel Chossudovsky )

Paz na Ucrânia | O tempo provará o enorme valor do documento de posição da China

No aniversário de um ano do conflito Rússia-Ucrânia, a China emitiu um documento de posição intitulado "Posição da China sobre a solução política da crise na Ucrânia", elaborando sistematicamente a posição da China em 12 pontos. Como um grande país responsável, embora a China não seja parte na crise da Ucrânia, ela está sempre disposta a desempenhar um papel construtivo na promoção de uma resolução para ela. O que este documento mostra é a sinceridade e boa vontade da China em promover ativamente as negociações de paz.

Global Times | editorial | # Traduzido em português do Brasil

Atualmente, o conflito Rússia-Ucrânia ainda está em um impasse, e é difícil ver a possibilidade de seu abrandamento no curto prazo. No entanto, ninguém pode arcar com uma guerra de atrito de longo prazo, e seus efeitos colaterais despertaram uma vigilância generalizada na comunidade internacional. O impacto desta crise sobre o grande número de países em desenvolvimento que precisam urgentemente atingir suas metas de desenvolvimento é especialmente direto e forte. É precisamente por isso que esses países não querem ser forçados a escolher lados no conflito, mas esperam ansiosamente que todas as partes possam encontrar uma solução racional e pacífica. Nesse contexto, o significado e o valor do documento emitido pela China na sexta-feira são ainda mais proeminentes.

Desde a eclosão da crise na Ucrânia, a China sempre fez o que é certo e seguiu o curso da objetividade e da justiça. O presidente Xi Jinping apresentou quatro princípios, pediu esforços conjuntos em quatro áreas e compartilhou três observações sobre a Ucrânia, desempenhando um papel responsável e construtivo em aliviar a situação e resolver a crise e delinear a abordagem fundamental da China para a questão. Este documento abrange 12 áreas: respeitar a soberania de todos os países, abandonar a mentalidade da Guerra Fria, cessar as hostilidades, retomar as negociações de paz, resolver a crise humanitária, proteger civis e prisioneiros de guerra, manter as usinas nucleares seguras, reduzir riscos estratégicos, facilitar o cultivo de grãos exportações, cessando sanções unilaterais, mantendo cadeias industriais e de suprimentos estáveis, e promover a reconstrução pós-conflito. Ele não apenas reiterou a proposta consistente da China, mas também absorveu as preocupações razoáveis ​​de todos os países, refletindo o maior denominador comum da comunidade internacional sobre a questão da Ucrânia.

A posição da China sobre a questão ucraniana é neutra, mas não passiva, e é uma postura que pode ser descrita com precisão como "neutralidade ativa". O documento de posição da China reflete as demandas da Rússia e da Ucrânia e também aborda questões internacionais mais amplas, como guerra nuclear, segurança alimentar e estabilidade estratégica global. O artigo é altamente condensado e específico, com grande relevância para a situação atual. Ele reconhece plenamente a complexidade e dificuldade da questão e mostra a atitude responsável da China de não ficar de braços cruzados, não atiçar o fogo e se opor a tirar proveito da situação.

Portugal | INVISIBILIDADE OU AMNÉSIA?

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Imensos cidadãos que trabalham são catalogados de "profissionais invisíveis" apesar de serem seres humanos tão concretos quanto os profissionais mais visíveis.

Em tempos de grandes apertos, a sociedade toda consegue vê-los. No auge da pandemia de covid-19, o medo da doença e da morte gerou discursos de valorização de profissões essenciais na engrenagem da organização da nossa vida socioeconómica e sociocultural.

Valorizaram-se muito as profissões médicas e de enfermagem, assistentes operacionais, os professores. Foi enaltecida a sua capacidade para criar e executar respostas qualitativas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da escola. Não faltou quem dissesse que mereciam muito melhores remunerações. Elogiou-se, com inteira razão, a capacidade criativa e a dedicação dos profissionais da cultura e das artes. Hoje, todos esses profissionais estão em luta contra a amnésia dos governantes. Eles, injustiçados mas não invisíveis, não se submetem ao esquecimento e, com as suas lutas, talvez tirem do estado de letargia parte da sociedade que "só se lembra de Deus quando troveja".

Foram valorizados muitos outros profissionais pela sua importância social e por estarem expostos a penosidades e riscos: os(as) trabalhadores(as) que nos abastecem de produtos alimentares e outros de primeira necessidade; muitos dos que garantem os serviços da limpeza; os estafetas; as cuidadoras e cuidadores; os trabalhadores agrícolas e de várias outras atividades. Todos estes têm em comum executar trabalhos considerados não qualificadas, pouco valorizados em termos simbólicos, contratuais e salariais. São, em grande parte, os designados "profissionais invisíveis". A constatação da sua importância não passou do discurso. Continuam submetidos a duras precariedades e desgaste físico e muitos à margem de um vínculo de emprego.

A falta de visibilidade no trabalho gera graves carências materiais e invisibilidade social. Há quem considere que a aceleração na utilização de vários instrumentos da intermediação digital - desde logo com os serviços públicos - permite que quase ninguém fique impedido de exercer os seus direitos. Isso não é verdade, por muito que a digitalização facilite contactos.

Maioria aprova que professores recuperem todo o tempo congelado -- Sondagem

PORTUGAL

65% concordam com greves convocados por docentes e 71% com os serviços mínimos decretados para escolas.

A maioria (63%) dos portugueses concorda com a recuperação integral do tempo de serviço dos professores, de forma faseada (38%) ou imediata (25%). Na sondagem feita pela Aximage para o JN, DN e TSF, 29% dos inquiridos respondem, ainda, que "deve haver cedências de ambas as partes e que só uma parte do tempo deve ser recuperada". Feitas as contas, só 8% discordam de uma recuperação. Esta é a principal reivindicação dos professores, que tem alimentado greves e manifestações por todo o país. Sem a calendarização desta negociação, os sindicatos garantem que não darão aval a qualquer entendimento e ameaçam endurecer os protestos. Na Madeira e Açores, a recuperação do tempo de serviço já foi aprovada.

As carreiras da Administração Pública estiveram congeladas entre 2005 e 2007 e entre 2011 e 2017, num total superior a nove anos e quatro meses. Desse tempo, os professores recuperaram cerca de um terço: dois anos, nove meses e 18 dias, faltando contabilizar seis anos, seis meses e 23 dias. O primeiro-ministro tem argumentado que o custo da recuperação desse tempo para todas as carreiras congeladas representaria uma despesa permanente e anual de 1300 milhões de euros para o Estado.

Em 2018, no entanto, o Ministério das Finanças, liderado por Mário Centeno, estimava que o custo da recuperação fosse de 800 milhões de euros anuais, dos quais 635 milhões para os professores. PSD, CDS, BE e PCP chegaram a aprovar, em 2019, a recuperação faseada do tempo até 2023. Mas a ameaça de demissão, de António Costa levou a Direita a recuar.

Já este ano, o ministro das Finanças, Fernando Medina, garantiu que o impacto da exigência dos professores seria de 331 milhões de euros. A este valor, somar-se-ão os 244 milhões que o ministro da Educação revelou no Parlamento ser a despesa anual pela recuperação dos dois anos e nove meses. Ou seja, dá um total de 575 milhões. O Governo esclareceu, entretanto, que a divergência nas contas resulta das aposentações dos docentes e do número dos professores que se encontram no topo da carreira.

Independentemente do custo, o líder da Fenprof, Mário Nogueira, avisa o Governo e os partidos que, para os professores, o tempo trabalhado "é sagrado" e a sua não recuperação "imperdoável".

Portugal | Profissionais da Educação voltam hoje a manifestar-se em Lisboa

Professores e trabalhadores não docentes voltam hoje a manifestar-se em Lisboa, numa marcha organizada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop) em defesa da escola pública e por melhores condições de trabalho e salariais.

Éa quarta manifestação promovida pelo Stop desde dezembro, quando iniciou também uma greve por tempo indeterminado que ainda se mantém, para exigir melhores condições para todos os profissionais das escolas, como um aumento salarial de 120 euros

A marcha tem início marcado para as 14:00 em frente ao Palácio da Justiça, porque, explicou o coordenador nacional do Stop - estão "a exigir justiça" e prossegue até à residência oficial do primeiro-ministro.

O protesto deverá juntar-se depois à concentração do movimento Vida Justa, em frente à Assembleia da República, onde alguns professores e não docentes vão iniciar uma vigília de três dias, também organizada pelo Stop.

Em comunicado, o sindicato antecipou que, até terça-feira, estará ali acampada mais de uma centena de pessoas, "de boca amordaçada e os braços presos em sinal de protesto perante todos os ataques" que consideram estão a ser feitos contra a democracia e o direito à greve e "a uma escola pública de qualidade para todos que lá trabalham".

Além de melhores condições de trabalho e salariais para os profissionais das escolas, o Stop reivindica também a recuperação dos mais de seis anos de tempo de serviço dos professores e o fim das vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões da carreira.

Contestam também a proposta do Governo para o novo modelo de recrutamento e colocação de docentes, que esteve em negociação com as organizações sindicais.

O processo negocial terminou na quarta-feira, sem acordo por parte dos representantes dos docentes. No final da reunião, o coordenador nacional do Stop, André Pestana, não adiantou se o sindicato iria pedir a negociação suplementar, mas considerou que os avanços, que diz terem sido conseguidos graças à contestação, foram, ainda assim, insuficientes.

"Manifestamente, é muito pouco para as questões centrais e que não estão a ser colocadas em cima da mesa", sublinhou.

Na última marcha do Stop, em 28 de janeiro, que percorreu a Avenida 24 de Julho, desde o Ministério da Educação até aos jardins em frente à residência oficial do Presidente da República, o sindicato diz ter juntado mais de 100 mil pessoas.

Notícias ao Minuto | Lusa

Angola | Borlas Fiscais e Infiéis Depositários – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Pedro Jara mobilizou os Leões d’Anhara para uma operação especial que consistia em ganhar muitos dólares na Cabinda Gulf (Chevron). Por pouco ia sozinho porque apenas o Bob, enfermeiro perito em tratar blenorragias, alinhou na cruzada. Chegados a Cabinda começaram logo a pintar “pipelines”, de sol a sol. Mal receberam o primeiro salário fugiram a sete pés. 

Os dois heróis regressaram a Luanda à boleia do comandante Piedade, que tinha navios de cabotagem para os portos de Noqui, Sazaire (Soyo) e Cabinda. Chegaram ao Palácio da Cuca num estado miserável. O sol impiedoso queimou-lhes a pelo da cara e das costas. Pareciam cobras em mudança de pele. Gastámos os dólares rapidamente e ficámos ainda com mais raiva aos gringos. Ideologicamente, estávamos do lado dos maus.

A Chevron explorava o petróleo em Cabinda a preços de favor. Salazar deu a concessão à multinacional mais a troco do apoio de Washington às políticas colonialistas do que dinheiro. Logo a seguir à Independência Nacional o ministro Carlos Rochas (Dilolwa) denunciou o acordo e conseguiu que a petrolífera pagasse os fundos do Orçamento Geral do Estado, integralmente! Todas as outras receitas serviam para pagar o esforço de guerra contra as tropas invasoras.

Os militantes do MPLA que pertenciam aos comités Amílcar Cabral e Henda criticaram duramente a operação. Porque era um a prova do triunfo da burguesia sobre a revolução maoista. Nito Alves e seus matadores encarregaram-se de reprimir os contestatários que consideravam  os “nitistas” revisionistas e apoiantes do social fascismo. Era este o paleio deles. Um dos mais assanhados foi Filomeno Vieira Lopes que agora é racista da UNITA. 

O Presidente João Lourenço foi a Washington beijar a mão do padrinho Biden. Para entrar na tertúlia do estado terrorista mais perigoso do mundo teve que pagar tributo. Já está. A Assembleia Nacional acaba de aprovar o Decreto Presidencial que prolonga Concessão Petrolífera da Zona Marítima de Cabinda à Chevron por mais 30 anos! Acabava em 2030 passou para 2050, quando os netos do chefe já estiverem velhotes. 

Além da dilatação da concessão a Chevron ainda vai ter uma borla fiscal apreciável. O padrinho manda o apadrinhado cumpre. Isto acontece quando a energia vale muito mais do que ouro e ameaça rebentar a escala dos preços. Biden prometeu dar um cabrito mas já recebeu um rebanhio inteiro. Como sempre. Os abutres debicam em Angola até o papo rebentar. Mas há mais um pormenor interessante. 

São Tomé e Príncipe | Assalto ao quartel militar: Delfim Neves rejeita tese do MP

O ex-presidente do parlamento são-tomense, Delfim Neves, rejeitou a conclusão do Ministério Público de que o assalto ao quartel militar, de 25 de novembro, foi motivado por vingança do mentor do crime devido a negócios.

"Como é que uma pessoa vai planificar uma coisa dessa por estar chateada com Delfim Neves? Delfim Neves está no poder? Essa teoria só seria válida se essa inventona ou intentona acontecesse quando eu estava na função de presidente da Assembleia Nacional. Se me disserem que essa armação estava a ser preparada contra Delfim Neves, eu estava de acordo. Agora depois de o Delfim Neves já não estar no poder ele vai fazer uma coisa dessa para vingar Delfim?”, questionou esta sexta-feira (24.02) o ex-presidente do parlamento são-tomense.

Delfim Neves foi ilibado pelo Ministério Público (MP) no caso do assalto ao quartel militar, em novembro, em que foi implicado por Arlécio Costa, orquestrador do ataque e morto sob custódia militar, segundo a acusação divulgada na quinta-feira pela Procuradoria-Geral da República.

Sobre a motivação do assalto ao quartel - que o MP acredita que seria a primeira etapa de uma tentativa de "subversão da ordem constitucional" - estava em causa a propriedade de terrenos atribuídos a Arlécio Costa e outros "ex-búfalos” envolvidos na tentativa de golpe de 2003, após uma amnistia.

GUERRA NA UCRÂNIA: O SUL GLOBAL REJEITA A OTAN

Surpresa num estudo de Cambridge, a partir de pesquisas em 137 países: 70% simpatizam com a China e 66% com a Rússia. Cresce a crítica ao colonialismo – ampliada pelo apartheid vacinal, pilhagem financeira e desigualdade inédita

KrishenMehta* | MonthlyReview online | em Outras Palavras | Tradução: Maurício Ayer | # Publicado em português do Brasil

Em outubro de 2022, cerca de oito meses após o início da guerra na Ucrânia, a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, harmonizou pesquisas que perguntavam aos habitantes de 137 países a respeito de suas opiniões sobre o Ocidente, a Rússia e a China. As descobertas em estudo combinado são robustas o suficiente para exigir de nós séria atenção.

Das 6,3 bilhões de pessoas que vivem fora do Ocidente, 66% têm sentimento positivo em relação à Rússia e 70%, o mesmo em relação à China.

75% dos entrevistados do Sul da Ásia, 68% dos entrevistados da África francófona e 62% dos entrevistados do Sudeste Asiático relatam um sentimento positivo em relação à Rússia.

A opinião pública sobre a Rússia também é positiva na Arábia Saudita, Malásia, Índia, Paquistão e Vietnã.

Essas descobertas causaram alguma surpresa, e até raiva, no Ocidente. É difícil para os líderes ocidentais compreenderem que dois terços da população mundial simplesmente não estão alinhados com o Ocidente neste conflito. Não obstante, acredito que sejam cinco as razões pelas quais o Sul Global não se posicione do lado ocidental. Discuto essas razões brevemente a seguir.

1. O Sul Global não acredita que o Ocidente entenda ou tenha empatia pelos seus problemas

O ministro das Relações Exteriores da Índia, S. Jaishankar, resumiu sucintamente em uma entrevista recente: “A Europa precisa superar a mentalidade de que os problemas da Europa são problemas do mundo, mas os problemas do mundo não são problemas da Europa”. Os países em desenvolvimento enfrentam muitos desafios, desde as consequências da pandemia, o alto custo do serviço da dívida e a crise climática que devasta seus ambientes até a dor da pobreza, a escassez de alimentos, as secas e os altos preços de energia. O Ocidente mal deu ouvidos à seriedade de muitas dessas questões, mas insiste que o Sul Global se junte a ele nas sanções à Rússia.

A pandemia de covid-19 é um exemplo perfeito. Apesar dos repetidos apelos do Sul Global para que a propriedade intelectual das vacinas fosse compartilhada com o objetivo de salvar vidas, nenhuma nação ocidental se dispôs a fazê-lo. A África permanece até hoje o continente com as menores taxas de vacinação do mundo. As nações africanas têm capacidade para fabricar as vacinas, mas sem a propriedade intelectual necessária elas permanecem dependentes de importações.

A ajuda, porém, veio da Rússia, da China e da Índia. A Argélia lançou um programa de vacinação em janeiro de 2021, depois de receber seu primeiro lote de vacinas Sputnik V, da Rússia. O Egito iniciou as vacinações depois de receber a vacina chinesa Sinopharm quase ao mesmo tempo, enquanto a África do Sul adquiriu um milhão de doses de AstraZeneca do Serum Institute, da Índia. Na Argentina, a Sputnik tornou-se a base do programa nacional de vacinas. Enquanto tudo isso acontecia, o Ocidente usava seus recursos financeiros para antecipar a compra de milhões de doses, que muitas vezes eram destruídas por expirarem. A mensagem para o Sul Global foi clara: a pandemia em seus países é problema de vocês, não nosso.

O NEW YORK TIMES ADMITIU QUE O OCIDENTE FALHOU EM ISOLAR A RÚSSIA

Andrew Korybko* | Substack | # Traduzido em português do Brasil

A incapacidade contínua da maioria dos observadores de reconhecer esta verdadeira causa por trás do fracasso dos esforços do Ocidente para isolar a Rússia os deixará lutando para entender a complexa dinâmica estratégica que está se desenrolando neste momento crucial da transição sistêmica global. Eles correm o risco de serem pegos de surpresa pelo que pode acontecer em breve, especificamente a campanha de desestabilização cada vez mais intensa que a elite liberal-globalista do Ocidente está preparando para travar contra a Índia.

Recém-admitido que as sanções do Ocidente contra a Rússia falharam, o New York Times (NYT) acabou de lançar outra bomba da verdade ao admitir também que este bloco de fato da Nova Guerra Fria falhou em isolar a Rússia. Seu longo artigo sobre este tópico inclui muitos gráficos que ilustram claramente os seguintes fatos “politicamente inconvenientes”: 1) A Rússia substituiu com sucesso suas importações ocidentais perdidas; 2) apenas 39 países armaram Kiev e/ou sancionaram Moscou; e 3) há uma tendência crescente de neutralidade.

Essas observações provam que a grande maioria da humanidade não considera o conflito ucraniano como uma luta existencial entre o bem e o mal ou entre democracias e autocracias como o Golden Billion do Ocidente liderado pelos EUA tentou girá-lo, mas como uma guerra por procuração entre a Rússia e a OTAN. Essa diferença crucial de perspectiva explica por que eles não estão dispostos a ceder unilateralmente em seus interesses nacionais objetivos como parte dos sacrifícios coletivos exigidos deles pelo declínio da hegemonia unipolar.

Isso não apenas foi desvantajoso para os grandes interesses estratégicos dos EUA por razões óbvias, que incluem mostrar ao mundo os limites muito reais de sua influência, mas também os inspirou a explorar seriamente maneiras de expandir de forma abrangente a cooperação Sul-Sul. Como se viu, a Índia liderou o caminho a esse respeito depois de se tornar o maior país em desenvolvimento a desafiar com sucesso os EUA, mantendo laços pragmáticos com ele, o que coincidiu com sua presidência do G20 neste ano.

Delhi pretende usar esta plataforma para promover os interesses de seus pares de desenvolvimento, ergo a Cúpula virtual da Voz do Sul Global que sediou em meados de janeiro. A rápida ascensão da Índia como uma grande potência globalmente significativa, provocada por sua política pragmática de neutralidade de princípios em relação ao conflito ucraniano em particular e à Nova Guerra Fria em geral, serve como um exemplo para outros seguirem. O efeito cumulativo dessa tendência emergente é a consolidação estratégica de todo o Sul Global.

Ao contrário da Velha Guerra Fria, onde o Movimento Não-Alinhado (NAM) foi amplamente instrumentalizado pelas superpotências como parte de sua competição mundial entre si, desta vez o novo Movimento Não-Alinhado (“Neo-NAM”) que a Índia está tentando reunir-se informalmente na Nova Guerra Fria significa ser verdadeiramente independente. A razão pela qual se espera que essa rede remixada funcione de maneira diferente de sua antecessora é o quanto as Relações Internacionais mudaram ao longo das décadas.

A transição sistêmica global para uma multipolaridade mais complexa (“multiplexidade”) está em pleno andamento depois que a rápida ascensão da Índia como uma grande potência globalmente significativa no ano passado tornou isso irreversível. Os EUA já não são a hiperpotência que eram imediatamente após a Velha Guerra Fria, enquanto o duopólio bi-multipolar sino-americano de superpotências que até então caracterizava as Relações Internacionais até às vésperas da operação especial da Rússia está a desaparecer como resultado de tudo o que se passou através o mundo desde então.

É esse desenvolvimento estrutural-sistêmico o maior responsável pelo fracasso do Bilhão de Ouro em isolar a Rússia, já que sua ausência teria levado as políticas de “contenção” desse bloco da Nova Guerra Fria de fato a serem incomparavelmente mais bem-sucedidas se o Sul Global tivesse rendido seus interesses aos EUA. Verdade seja dita, a tendência para mais multiplexidade precede de longe os eventos do ano passado, mas foi acelerada sem precedentes por eles e poderosamente catalisada pelo exemplo independente da Índia.

A incapacidade contínua da maioria dos observadores de reconhecer esta verdadeira causa por trás do fracasso dos esforços do Ocidente para isolar a Rússia os deixará lutando para entender a complexa dinâmica estratégica que está se desenrolando neste momento crucial da transição sistêmica global. Eles correm o risco de serem pegos de surpresa pelo que pode acontecer em breve, especificamente a campanha de desestabilização cada vez mais intensa que a elite liberal-globalista do Ocidente está preparando para travar contra a Índia.

Não é à toa que o mentor da Revolução Colorida, George Soros, de fato declarou a Guerra Híbrida na Índia durante seu discurso na Conferência de Segurança de Munique em meados de fevereiro. Ele e sua turma querem puni-lo por arruinar seu grande plano estratégico para isolar a Rússia, ergo as crescentes informações e campanhas de guerra econômica que eles começaram a travar contra a Rússia na Great Power desde o início deste ano. Os mais pragmáticos de seus pares querem cooperar com a Índia, mas radicais como Soros querem destruí-la.

A Índia não é apenas a voz do Sul Global nem seu líder emergente, mas hoje funciona como o fulcro geoestratégico do mundo em desenvolvimento devido a tudo o que conquistou de forma impressionante no ano passado. A iminente campanha de desestabilização da Guerra Híbrida dos liberais-globalistas ocidentais contra ela pode, portanto, ser conceituada como um grande jogo de poder, perdendo em importância global apenas para o conflito ucraniano que eles próprios provocaram em primeiro lugar.

A Rússia e a Índia são alvos de “balcanização”, mas são extremamente resilientes e têm a coesão sociopolítica para se defenderem diante dessas ameaças de Guerra Híbrida. O fracasso do Bilhão de Ouro em isolar a Rússia se deve em grande parte ao desafio do Sul Global inspirado pela Índia às demandas do bloco da Nova Guerra Fria, por isso Soros e outros estão se preparando para desestabilizar a Índia na esperança de que isso desestabilize a Rússia e, assim, permitir que o Ocidente recupere o controle do mundo.

*Andrew Korybko -- Analista político americano especializado na transição sistêmica global para a multipolaridade

Surgem mais evidências de que os EUA queriam que a Rússia invadisse a Ucrânia

No ano passado, surgiram provas adicionais provando a provocação do Ocidente à Rússia para lhe dar o seu “Vietnã” na Ucrânia. 

Consortium News* | # Traduzido em português do Brasil

O Consortium News  em 4 de fevereiro de 2022 alertou que os EUA estavam armando uma armadilha para a Rússia na Ucrânia, como fizeram no Afeganistão em 1979 e no Iraque em 1990, para provocar a Rússia a invadir a Ucrânia para fornecer o pretexto para lançar um ataque econômico, de informação e guerra por procuração projetada para enfraquecer a Rússia e derrubar seu governo - em outras palavras, para dar à Rússia seu "Vietnã". Vinte dias depois, a Rússia invadiu. 

Um mês depois, o presidente Joe Biden confirmou que uma armadilha realmente havia sido armada, conforme relatado pelo Consortium News em 27 de março de 2022, republicado aqui hoje. A evidência de que os EUA queriam e precisavam que a Rússia invadisse como causa para lançar suas guerras econômicas, de informação e por procuração era clara: 

Os EUA apoiaram um golpe em 2014, instalando um governo anti-russo em Kiev e apoiando uma guerra contra os resistentes ao golpe em Donbass.

Os Acordos de Minsk de 2015 para acabar com a guerra civil ucraniana nunca foram implementados.

No dia da invasão de 24 de fevereiro de 2022, Biden disse a repórteres que as sanções econômicas nunca tiveram a intenção de deter a Rússia, mas mostrar ao povo russo quem era o presidente russo Vladimir Putin. Em outras palavras, os EUA não estavam tentando impedir a invasão, mas derrubar Putin, como Biden confirmou um mês depois em Varsóvia, a fim de restaurar o domínio sobre a Rússia que os EUA desfrutavam na década de 1990. 

Os Estados Unidos e a OTAN rejeitaram as propostas de tratados russos para criar uma nova arquitetura de segurança na Europa, levando em consideração as preocupações de segurança da Rússia. Apesar de um aviso russo de uma resposta técnica/militar se os projetos de tratados fossem rejeitados. Mesmo assim, os EUA e a OTAN os rejeitaram, sabendo e aceitando as consequências. Em vez de retirar as forças da OTAN da Europa Oriental, como exigiam as propostas do tratado, a OTAN enviou mais tropas.

Por 30 anos, a OTAN continuou se expandindo em direção à Rússia, apesar das promessas em contrário, realizando rotineiramente exercícios perto de sua fronteira, apesar de entender perfeitamente as objeções da Rússia, de Boris Yeltsin a Putin, e sabendo que isso provocaria uma reação hostil. O senador Joe Biden disse isso em 1997.

O falso escândalo do Russiagate ajudou a preparar a população dos EUA para as hostilidades contra a Rússia e lançou sanções baseadas em uma mentira que nunca foi levantada. 

Apesar de 100.000 soldados russos no lado russo da fronteira, a OSCE relatou um aumento de bombardeios pela Ucrânia de Donbass no final de fevereiro de 2022, indicando uma ofensiva iminente contra civis de etnia russa que sofreram oito anos por resistir a uma mudança inconstitucional de governo em 2014. Era o mesmo que atrair as forças russas para cruzar a fronteira. 

No ano passado, surgiram evidências adicionais provando a provocação do Ocidente:

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, reconheceu que a estratégia dos EUA na Ucrânia é “enfraquecer” a Rússia. Para este fim, os EUA interromperam os esforços de paz, mesmo por Israel, para prolongar o conflito. 

A ex-chanceler alemã Angela Merkel, o ex-presidente francês François Holland, o ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson e o ex-presidente ucraniano Petro Poroschenko admitiram nos últimos meses que nunca tiveram qualquer intenção de implementar os Acordos de Minsk (aprovados pelo Conselho de Segurança da ONU) e foram amarrando a Rússia para dar tempo para a OTAN treinar e equipar os militares ucranianos para a intervenção russa que antecipou. 

O planejamento de sanções contra a Rússia começou em novembro de 2021, três meses antes da invasão, segundo Ursula von der Leyen, presidente do Conselho Europeu. 

O planejamento para destruir os oleodutos Nord Stream foi iniciado pelos Estados Unidos em setembro de 2021, cinco meses antes da invasão, segundo reportagem de Seymour Hersh.         

Juntas, todas essas evidências deixam poucas dúvidas de que os EUA estavam provocando a Rússia a invadir a Ucrânia para implementar seu plano de derrubar o governo russo. Que o plano dos EUA tenha falhado até agora , é outra questão. 

Esta foi a reportagem do Consortium News em 27 de março de 2022:

Em um momento de franqueza, Joe Biden revelou por que os EUA precisavam da invasão russa e por que precisam que ela continue, escreve Joe Lauria.

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