PORTUGAL
A demissão de João Galamba ou a
continuidade do ministro das Infraestruturas no cargo deixou o país em suspenso
durante todo o dia de terça-feira, as fugas de informação foram inexistentes, e
o primeiro-ministro tratou do caso junto do seu núcleo duro, com os ministros
Fernando Medina, Pedro Adão e Silva, Mariana Vieira da Silva e Duarte Cordeiro.
Apesar de no PS se terem ouvido
vozes a pedir uma remodelação alargada ao Governo, para um novo fôlego, desde
logo, pelo presidente do partido Carlos César, um deputado socialista defende,
em conversa com a TSF, que a "coragem" de António Costa vai
contribuir para a "mobilização" do partido.
"É um ato de coragem que
mobiliza o partido e não deixa ninguém indiferente", atira, reconhecendo
que em vez de remodelar o Governo, Costa "remodelou a oposição e o
Presidente da República", já que "colocou todos no seu devido
lugar".
Ou seja, tal como Marcelo Rebelo
de Sousa admitiu na nota que publicou no site da presidência, o chefe de Estado
"não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do
primeiro-ministro", e Costa "entendeu não o fazer, por uma questão de
consciência, apesar da situação que considerou deplorável".
Um outro dirigente socialista
admite que António Costa "não escolheu o caminho fácil", e abriu uma
guerra com o Presidente da República, mas optou por rejeitar as pressões de
Belém e da maioria dos comentadores políticos, com uma "decisão em
consciência".
Na opinião dos socialistas, para
virar a página da crise política, dando um novo fôlego ao Governo, António
Costa não está obrigado a uma "mudança de caras no Conselho de
Ministros". O refrescamento também se faz com iniciativa política: "O
Governo tem de assumir a iniciativa política e resolver os problemas das
pessoas".
Se António Costa tivesse demitido
João Galamba, dava um sinal "de que havia uma conduta errada por parte do
ministro". E "não é esse o entendimento" do primeiro-ministro
que "está seguro da inocência de João Galamba.
"Não acredito que o António
Costa tenha mantido o Galamba correndo o risco de que na comissão parlamentar
de inquérito apareça uma versão diferente que implique o ministro",
sustenta o mesmo deputado do PS.
Embora admitam que há "um
conjunto de situações que são anormais", o "funcionamento das
instituições mantém-se intacto", assim como a sua independência, como
mostra a decisão de António Costa, mas também "a demissão de Frederico
Pinheiro como adjunto nas Infraestruturas".