quarta-feira, 3 de maio de 2023

CRIMES DE MERCENÁRIOS FRANCESES NA UCRÂNIA

A Comissão de Inquérito russa sobre os crimes cometidos na Ucrânia declarou ter identificado mercenários franceses entre os responsáveis pelo assassinato de 25 prisioneiros de guerra russos. Eles teriam agido como parte do Batalhão Azov e da 92ª Brigada das Forças Armadas Ucranianas.

A Comissão de Inquérito apurará todas as circunstâncias dos incidentes para levar à justiça os implicados na prática dos crimes.

Haveria 8.000 mercenários estrangeiros na frente ucraniana, principalmente Polacos (Poloneses-br), Norte-Americanos, Canadianos (Canadenses-br), Romenos e Britânicos.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCH), o Austríaco Volker Turk, a Ucrânia não lança qualquer punição contra os seus soldados que tenham cometido crimes de guerra documentados.

O Código Penal francês pune com 5 anos de prisão e a proibição dos direitos cívicos, civis e familiares, as actividades de mercenariato (art. 436). Os mercenários, tal como os soldados regulares, devem também responder por actos de tortura e de assassinato de prisioneiros. Incorrem, então, na pena de prisão perpétua.

Voltairenet.org |  Tradução Alva

DRONE UCRÂNIANO TENTA ATINGIR PRESIDENTE RUSSO PUTIN NO KREMLIN - vídeo

Antes do incidente, o prefeito de Moscou anunciou que era proibido lançar drones na capital, exceto aqueles usados ​​​​por decisão das autoridades.

South Front | # Traduzido em português do Brasil

O ataque do drone no Kremlin é um incidente revolucionário que pode ser comparado ao ataque à Casa Branca em Washington. Os militares russos têm todos os meios necessários para destruir o principal centro de decisão do regime de Kiev. No entanto, mísseis russos ainda não atingiram as instalações governamentais na rua Bankova, na capital ucraniana.

Anteriormente, em conversa com o primeiro-ministro israelense, Putin prometeu que Zelensky não seria tocado pelas forças russas. Apesar de todas as tentativas dos gerentes de relações públicas de Zelensky de criar uma imagem de um bravo líder ucraniano que é forçado a carregar armas com ele para se defender dos russos, Moscou repetidamente demonstrou seu compromisso com as declarações de Putin. Zelensky está são e salvo.

Por sua vez, o regime nazista em Kiev elevado por seus patronos de Londres e Washington lançou uma guerra covarde contra os russos, enquanto os militares ucranianos não têm chance de vencer os soldados russos no campo de batalha.

Se por mais de um ano de operações militares, os mísseis russos não atingiram a rua Bankova, não se deve surpreender com as tentativas covardes dos ucranianos de atacar o Kremlin. O tempo mostrará se o ataque de hoje mudará a posição do Kremlin.

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A reta final para a contra-ofensiva ucraniana

Sabotadores explodiram o segundo trem na região russa de Bryansk

Pesadelo na Ucrânia: ataques de retaliação russa atingem instalações militares estratégicas

Há Liberdade de Imprensa no Ocidente? Então Porque Julian Assange Está Preso?

A pressão pública está funcionando, mas a mídia deve parar de ser prostituta e exigir liberdade

Finian Cunningham* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

Os ilustres jornalistas independentes Dave Lindorff e Ron Ridenour deram suas opiniões nesta entrevista com Finian Cunningham. Ver vídeo em baixo.

O governo australiano está finalmente respondendo aos crescentes protestos públicos para libertar Julian Assange de sua masmorra de tortura britânica.

Os ilustres jornalistas independentes Dave Lindorff e Ron Ridenour deram suas opiniões nesta entrevista com Finian Cunningham.

Como o mundo celebra o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa em 3 de maio, o resultado mais apropriado seria a libertação imediata de Julian Assange. É uma farsa 'comemorar' este dia enquanto ele está preso.

Assange, nascido na Austrália, foi detido arbitrariamente na Grã-Bretanha por 11 anos por causa de um caso de sexo infundado que foi arquivado anos atrás. Mas o governo britânico, agindo como capanga dos Estados Unidos, manteve Assange em confinamento solitário por mais de quatro anos, aguardando a extradição para os Estados Unidos. Nos Estados Unidos, ele enfrenta acusações de espionagem e invasão de computadores que podem levá-lo a passar o resto da vida na prisão.

Julian Assange está sendo perseguido porque expôs os crimes de guerra dos EUA e da Grã-Bretanha no Iraque e no Afeganistão e inúmeras outras formas de corrupção de Washington e seus lacaios aliados ocidentais. Assange está sendo enterrado sob paredes de concreto porque expôs a verdade sobre a corrupção que está no cerne do governo dos EUA.

O que está em jogo é extremamente vital. Não apenas a liberdade de um homem bom, mas todo o direito de liberdade de expressão e jornalismo independente e o direito do público de saber. Se a perseguição de Julian Assange for permitida, então podemos dizer adeus aos direitos humanos básicos. A degradação da mídia ocidental está em andamento rapidamente, como ilustra o caso Assange. Mas pode ficar muito pior se a injustiça contra Assange for permitida.

Dave Lindorff explica como a pressão pública exigindo a libertação de Julian Assange está pressionando o governo australiano a finalmente, tardiamente, fazer representações para tirá-lo da prisão. Há um movimento mundial em apoio a Assange.

Ron Ridenour diz que o público ocidental precisa intensificar os protestos de maneira semelhante ao movimento dos anos 1960 pelos direitos civis dos EUA e a guerra anti-Vietnã.

Ridenour e Lindorff condenam a grande mídia ocidental por trair Assange e não ajudar a ampliar a pressão por justiça. Ridenour satiriza a mídia corporativa ocidental como prostitutas para os poderes constituídos. Ele desafia o New York Times, o Washington Post e outros a provarem que não são prostitutas, assumindo a causa para exigir a liberdade de Assange.

VER VÍDEO DA ENTREVISTA – em inglês

© Foto: REUTERS/Ассанж John Sibley

* Ex-editor e redator de grandes organizações de mídia. Ele tem escrito extensivamente sobre assuntos internacionais, com artigos publicados em vários idiomas

DIA DA LIBERDADE DE IMPRENSA

Vladimir Khakhanov, Rússia | Cartoon Movement - 3 de maio de 2023

Mídia russa. Confira nossa coleção para mais cartoons sobre a liberdade de imprensa.

Obs PG: Na realidade a Liberdade de Imprensa está em declínio. Não só acontece o descalabro na mídia russa em que o autor se inspirou mas também no afamado Ocidente "livre e democrático", em que impera a chamada redação única de grandes grupos económicos multinacionais - como o jornalista Artur Queiroz a denomina aqui no PG.             

Portugal | O QUE É UM ASSUNTO DE ESTADO?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião

Há uma enorme distância entre os problemas palacianos, que causam tensões políticas e são capazes de derrubar ministros, para os problemas da vida real, que se arrastam mas não fazem mudar as políticas dos governos.

Olho (e participo), de um lado, para a discussão aberta sobre uma suposta cena de violência física entre funcionários políticos, o envolvimento do SIS na recuperação de um computador momentaneamente desencaminhado do Ministério das Infraestruturas e para a controvérsia sobre se os espiões portugueses fizeram um indevido serviço policial ou se aconteceu apenas um ridículo serviço de recolha ao domicílio.

Seja como for, o resultado conclusivo é igual: nos media repete-se a frase "este é um assunto de Estado grave, muito grave, extremamente grave..."

Olho (e participo), do outro lado, para a análise da evolução dos preços da comida, da subida da fatura da energia, da elevação do custo da habitação; dos aumentos das taxas de juro, da proliferação de empregos mal pagos, inseguros e de exploração intensiva do trabalhador; da deterioração das condições de trabalho de médicos, enfermeiros e auxiliares; de navios de combate que não navegam; do roubo da contagem do tempo de carreira a professores e outras profissões públicas; da degradação dos serviços de saúde, do ensino, da justiça, das forças armadas, das forças de segurança, do próprio SIS; de uma infinidade de problemas da vida quotidiana, com uma guerra assustadora em pano de fundo, que infernizam o dia-a-dia de milhões de portugueses.

Já ouvi sobre estes assuntos as mais díspares análises, acusações e soluções, mas nunca ouvi, como oiço agora, quase de minuto a minuto, por causa dos disparates à volta do ministro João Galamba: "este é um assunto de Estado grave, muito grave, extremamente grave..."

Coragem de Costa "mobiliza" e dissolução faria de Marcelo "líder de partido", diz PS

PORTUGAL

A demissão de João Galamba ou a continuidade do ministro das Infraestruturas no cargo deixou o país em suspenso durante todo o dia de terça-feira, as fugas de informação foram inexistentes, e o primeiro-ministro tratou do caso junto do seu núcleo duro, com os ministros Fernando Medina, Pedro Adão e Silva, Mariana Vieira da Silva e Duarte Cordeiro.

Apesar de no PS se terem ouvido vozes a pedir uma remodelação alargada ao Governo, para um novo fôlego, desde logo, pelo presidente do partido Carlos César, um deputado socialista defende, em conversa com a TSF, que a "coragem" de António Costa vai contribuir para a "mobilização" do partido.

"É um ato de coragem que mobiliza o partido e não deixa ninguém indiferente", atira, reconhecendo que em vez de remodelar o Governo, Costa "remodelou a oposição e o Presidente da República", já que "colocou todos no seu devido lugar".

Ou seja, tal como Marcelo Rebelo de Sousa admitiu na nota que publicou no site da presidência, o chefe de Estado "não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro", e Costa "entendeu não o fazer, por uma questão de consciência, apesar da situação que considerou deplorável".

Um outro dirigente socialista admite que António Costa "não escolheu o caminho fácil", e abriu uma guerra com o Presidente da República, mas optou por rejeitar as pressões de Belém e da maioria dos comentadores políticos, com uma "decisão em consciência".

Na opinião dos socialistas, para virar a página da crise política, dando um novo fôlego ao Governo, António Costa não está obrigado a uma "mudança de caras no Conselho de Ministros". O refrescamento também se faz com iniciativa política: "O Governo tem de assumir a iniciativa política e resolver os problemas das pessoas".

Se António Costa tivesse demitido João Galamba, dava um sinal "de que havia uma conduta errada por parte do ministro". E "não é esse o entendimento" do primeiro-ministro que "está seguro da inocência de João Galamba.

"Não acredito que o António Costa tenha mantido o Galamba correndo o risco de que na comissão parlamentar de inquérito apareça uma versão diferente que implique o ministro", sustenta o mesmo deputado do PS.

Embora admitam que há "um conjunto de situações que são anormais", o "funcionamento das instituições mantém-se intacto", assim como a sua independência, como mostra a decisão de António Costa, mas também "a demissão de Frederico Pinheiro como adjunto nas Infraestruturas".

Portugal | QUEM MANDA?


Henrique Monteiro | Henricartoon

Portugal | Qual é a tua, ó meu? Andares a dizer “Quem manda aqui sou eu”!*

Pedro Cordeiro, editor da Secção Internacional | Expresso (curto)

Bom dia!

Antes de mais um convite: hoje, 3 de maio, às 14h, Junte-se à Conversa com David Dinis, Paulo Baldaia e Vítor Matos. Desta vez sobre “A crise do Governo e os limites do Chega”. Inscreva-se aqui.

A de ontem foi uma noite para political junkies, como dizem os camaradas da secção de Política do Expresso. João Galamba esteve demissionário, mas menos tempo do que Paulo Portas há dez anos, durante a crise do “irrevogável”. Dessa vez foram dias, agora escassas horas. Intensas, e a equipa cá de casa esteve em direto a explicar tudo o que se passava.

O ministro das Infraestruturas pediu a demissão ao início da noite, em prol da “necessária tranquilidade institucional”, devido à perceção pública do caso do assessor Frederico Pinheiro, por si exonerado e que alegadamente protagonizou cenas de violência no Ministério. Galamba assegurava “em momento algum ter agido em desconformidade com a lei ou contra o interesse público” ou ter sonegado dados à comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, e pedia desculpa aos afetados por esse episódio.

António Costa surpreendeu grande parte do país quando, pouco depois, recusou a demissão. Explicou o primeiro-ministro que “seria muito mais fácil seguir a opinião unânime dos comentadores, ouvir a generalidade dos agentes políticos e aceitar a demissão”, mas tal violaria a sua consciência. Entregar de bandeja a cabeça de Galamba seria “dançar a dança do populismo”. Na visão do chefe do Executivo, o ministro “não fez nada de mal”. Também Costa pediu desculpa pelo ocorrido no Ministério, responsabilizando o assessor afastado, a quem acusa de ocultar informações à Assembleia da República.

“Lamento desiludir os que vou desiludir”, ironizou Costa, para afirmar o seu poder: “Cabe-me a mim decidir”. A ele e não ao mais ilustre dos comentadores nacionais, o que preside à República. Marcelo Rebelo de Sousa não demorou a reconhecer que “não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro”, sublinhando que discorda de Costa “quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem”. Ou seja, por ele Galamba saía. Ou talvez nem devesse ter entrado.

Ao afrontar em público o Presidente, Costa eleva a parada e não segue o aviso com que o David Dinis recordava a demissão, há 23 anos, de Armando Vara por pressão do Presidente Jorge Sampaio. Ouvi, bem entrado o serão, análises de quem acha que o primeiro-ministro confia que Marcelo não tem trunfos para ripostar, já que dissolver a Assembleia da República seria de alto risco (o PS podia ganhar; a aritmética parlamentar subsequente tornar o país ingovernável; ou, pior, abrir as portas do poder à extrema-direita, a quem o PSD as fechou, mas não trancou, no entender até de militantes laranja. Há ainda quem creia que Costa quer ir já a votos, antes que seja pior para o PS.

Em relação a Belém, cujo inquilino vai estar fora do país entre sexta e quarta-feira que vem, há igual cisma: uns garantem que o Presidente retaliará, sob pena de perder autoridade; outros asseguram que preferirá deixar queimar o Governo em lume brando, aguardando pelo fim da comissão de inquérito (onde o PS foi criticado) ou, quiçá, que algo mexa no PSD e o partido que Marcelo um dia liderou se torne alternativa a Costa. Estará Marcelo sequestrado, como defende no “Público” a Ana Sá Lopes? O desafio à autoridade presidencial é inegável, explica a Rosália Amorim no “Diário de Notícias”.

A maior formação da oposição foi a única representada no Parlamento que não reagiu de viva voz à demissão abortada. Um curto comunicado promete algo pelas 12h30, após reunião interna, e critica um Governo “sem liderança efetiva, com inegável falta de autoridade e numa tentativa teatral de ultrapassar tantas fragilidades”. Do líder social-democrata, ficou um tweet que depressa perdeu atualidade, a celebrar a saída de Galamba quando esta já fora revertida. A IL e o Chega consideram que o Executivo chegou ao fim; o PCP, o BE e o PAN preferem criticar a política do Governo; e o Livre recusa bravatas.

O título deste Curto é tomado de empréstimo a uma célebre canção de José Mário Branco, a quem saberá sempre bem recordar e homenagear no mês de maio

COMO O GOOGLE SE ALIOU À ULTRADIREITA

Estudo de laboratório da UFRJ revela: Alphabet e Meta fazem tudo para tentar derrubar o PL 2630. Buscas recomendam sites de fake news, Youtube promove vídeos desinformativos e empresa tenta influenciar produtores de conteúdo contra projeto

Ana Gabriela Sales, no GGN | em Outras Palavras | # Publicado em português do Brasil

Líder global do mercado de buscas na internet, o Google tem favorecido sites de extrema-direita, publicadores de fake news, negacionismo e revisionismo histórico, nas pesquisas de usuários por informações sobre o Projeto de Lei nº 2630/2020, chamado popularmente de PL das Fake News.

A informação é do relatório “A guerra das plataformas contra o PL 2630“, produzido pelo NetLab, o Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

De acordo com o estudo, a investida faz parte de uma ofensiva das empresas big techs – o Google, também responsável pelo Youtube, e a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhasApp – contra o PL, que está na pauta da Câmara dos Deputados desta terça-feira (2).  

A análise mostrou que, em meio à recomendação de fontes sobre o “PL 2630”, o Google tem redirecionado usuários para “sites nocivos”, “hiperpartidários” e que estão em campanha aberta contra o PL, uma vez que as respectivas sugestões desses portais aparecem logo na primeira página dos resultados de buscas anônima ou orgânica.

DECADÊNCIA

A decadência dos EUA é evidente. Basta olhar para Biden, Trump e as ferozes lutas intestinas do poder. Nas últimas décadas, o capitalismo nos EUA refugiou-se cada vez mais na financeirização e desindustrialização, nas guerras, na pilhagem, crime e especulação. Tudo isto tem custos.

Jorge Cadima *

O FMI estima que a China terá este ano 19% do PIB mundial (em Paridade de Poder de Compra), os EUA pouco mais de 15%. A diferença é bem maior se apenas se considerar a produção material. Segundo o Banco Mundial (worldbank.org) o valor acrescentado industrial da China em 2021 foi (em dólares) quase igual ao dos EUA e UE em conjunto.

A mudança de critérios nas estatísticas oficiais esconde por vezes os problemas. O portal shadowstats.com calcula estatísticas paralelas com critérios oficiais usados no passado. Em 1994, as taxas de desemprego nos EUA deixaram de incluir os desempregados de longa duração que desistiam de procurar emprego. Incluindo-os, o portal estima o desemprego nos EUA em cerca de 25%, cinco vezes maior que a taxa oficial. Usando os critérios de 1980, estima a subida do índice de preços ao consumidor nos EUA em mais de 13% (em vez dos 5% oficiais). Aplicando a correcção, estima que o PIB dos EUA tem caído desde há vários anos (e não crescido, como dizem os números oficiais).

O SENHOR LAVROV REVIRA NOVA YORK -- Pepe Escobar

Pepe Escobar [*]

O desempenho em Nova York do ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov é o equivalente diplomático a deitar a casa abaixo.

Agora imagine um verdadeiro cavalheiro, o principal diplomata destes tempos conturbados, no comando total dos fatos e dotado de um delicioso senso de humor, dando um passeio perigoso pelo lado selvagem, para citar o icônico Lou Reed, e saindo ileso.

Na verdade, o momento do ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov em Nova York – como em suas duas intervenções perante o Conselho de Segurança da ONU em 24 e 25 de abril – é o equivalente diplomático a deitar a casa abaixo. Pelo menos as seções da casa habitadas pelo Sul Global – ou Maioria Global.

O dia 24 de abril, durante a 9308ª reunião do CSNU [Conselho de Segurança das Nações Unidas – NT] sob o tema “Manutenção da paz e segurança internacionais, multilateralismo efetivo através da proteção dos princípios da Carta da ONU”, foi particularmente relevante.

Lavrov destacou o simbolismo do encontro ocorrido no Dia Internacional do Multilateralismo e Diplomacia para a Paz, considerado bastante significativo por uma resolução da Assembleia Geral da ONU de 2018.

Em seu preâmbulo, Lavrov observou como “em duas semanas, celebraremos o 78º aniversário da Vitória na Segunda Guerra Mundial. A derrota da Alemanha nazista, para a qual o meu país deu um contributo decisivo com o apoio dos Aliados, lançou as bases da ordem internacional do pós-guerra. A Carta da ONU tornou-se sua base legal, e nossa própria organização, incorporando o verdadeiro multilateralismo, adquiriu um papel central e coordenador na política mundial”.

Bem, na verdade não. E isso nos leva à verdadeira caminhada de Lavrov pelo lado selvagem, apontando como o multilateralismo foi pisoteado. Muito além das torrentes de difamação dos suspeitos de sempre, e sua tentativa de submetê-lo a um banho gelado em Nova York, ou mesmo confiná-lo no congelador – geopolítico –, mas ele prevaleceu. Vamos dar um passeio com ele pelo deserto atual. Sr. Lavrov, você é a estrela do show.

Essa tal “ordem baseada em regras”:

“O sistema centrado na ONU está passando por uma crise profunda. A causa principal foi o desejo de alguns membros de nossa organização de substituir o direito internacional e a Carta da ONU por uma espécie de ‘ordem baseada em regras’. Ninguém viu essas ‘regras’, não foram objeto de negociações internacionais transparentes. Elas são inventadas e usadas ​​para neutralizar os processos naturais de formação de novos centros independentes de desenvolvimento, que são uma manifestação objetiva do multilateralismo. Eles estão tentando contê-los com medidas unilaterais ilegítimas, incluindo cortar o acesso a tecnologias modernas e serviços financeiros, expulsá-los das cadeias de suprimentos, confiscar propriedades, destruir a infraestrutura crítica dos concorrentes e manipular normas e procedimentos universalmente aceitos. Como resultado, a fragmentação do comércio mundial, o colapso dos mecanismos de mercado, a paralisia da OMC e a transformação final, já sem disfarce, do FMI em uma ferramenta para alcançar os objetivos dos Estados Unidos e seus aliados, incluindo metas militares.”

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