GMG. BE admite comissão de inquérito e vai chamar Paulo Lima de Carvalho e Luís Bernardo à AR
Também o deputado único do Livre, Rui Tavares, admitiu a possibilidade de ser constituída uma comissão de inquérito parlamentar sobre o estado deste grupo.
Francisco Nascimento com Maria Ramos Santos | TSF
Bloco de Esquerda (BE) e o Livre admitiram esta quinta-feira avançar com uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da Global Media Group (GMG). O BE quer ainda ouvir na Assembleia da República (AR) o administrador do grupo Global Media Paulo Lima de Carvalho e o consultor de comunicação Luís Bernardo.
"O caso da gestão da GMG já inclui Marco Galinha e José Paulo Fafe, um gestor com dívidas. A própria GMG agora coloca o nome Paulo Lima de Carvalho e de um ex-assessor de Sócrates. Parece-nos evidente que uma próxima legislatura terá de discutir uma comissão de inquérito. O BE certamente fará esse debate", disse Joana Mortágua, em declarações aos jornalistas.
"Aos trabalhadores da GMG, aos leitores destes títulos e à democracia portuguesa são lhes devidos esclarecimentos, sobretudo sobre o futuro das várias marcas, nomeadamente a TSF e o Jornal de Notícias, aqueles que estão neste momento em maior risco", sublinhou.
"Temos tentado descobrir a quem pertence o World Opportunity Fund e o que é que esse fundo pretende", acrescentou Joana Mortágua.
Na audição desta quinta-feira, o antigo direitor da TSF Domingos de Andrade disse, perante os deputados da Comissão de Cultura, que foi informado por Marco Galinha, em meados de maio, da entrada de um fundo representado por um novo administrador, Paulo Lima de Carvalho.
"Soubemos também que esse administrador terá ligações a Luís Bernardo, ex-assessor de Sócrates (...). Só por aqui podemos ver de que nada do que estamos a descobrir se avizinha menos do que o parece ser mais um jogo de gangsters a acontecer", concluiu Joana Mortágua, afirmando que para já vai chamar Paulo Lima de Carvalho e Luís Bernardo à AR.
Também em declarações no parlamento sobre o mesmo tema, o deputado único do Livre, Rui Tavares, admitiu a possibilidade de ser constituída uma comissão de inquérito parlamentar sobre o estado deste grupo, mas apenas após as eleições legislativas antecipadas de março.
Tavares realçou que está em causa um grupo que tem "títulos históricos do jornalismo português" e que "venderam edifícios muito relevantes, tanto em Lisboa como no Porto" como a redação do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias, "e que depois dizimaram esse valor em pouco tempo".
"Onde é que esse valor foi parar? Para que bolsos, de que maneira? Isso é preciso esclarecer, quanto mais não seja para retirarmos ensinamentos, porque sabemos que ter um jornalismo forte e uma imprensa livre é importante para a democracia", alertou.
O deputado comprometeu-se, na próxima sessão legislativa, a propor "ou uma sequência de audições sobre este tema na comissão de Cultura" ou uma comissão de inquérito.
Na opinião do dirigente, apesar de o Governo estar em gestão e o país estar em período pré-campanha eleitoral, "o Estado não perde as suas funções de garante da Constituição".
"E portanto, se for preciso agir de forma a que se salve o grupo temporariamente para encontrar uma viabilidade futura, eu acho que o Estado não se pode eximir dessa função por causa do momento em que estamos, porque há um valor mais alto que se levanta e que se pode perder irremediavelmente caso o Estado não aja", avisou.
O WOF detém 51% das empresas Palavras Civilizadas e Grandes Notícias, onde os acionistas Marco Galinha e António Mendes Ferreira são detentores dos restantes 49%, de acordo com nova gestão da GMG, sendo que estas duas controlam 50,25% da GMG.
Notícia atualizada às 13h49
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