Marco Galinha: Fundo que comprou Global Media foi representado por advogados de Macau
O Empresário disse no Parlamento que nunca teve contacto direto com o fundo WOF, falando com o seu representante em Portugal, o advogado José Leitão, do escritório macaense MdME. Grupo BEL poderá avançar com um processo judicial contra o fundo por incumprimento dos contratos, adiantou.
Inês Pinto Miguel e Filipe Alves | Jornal Económico
O ex-presidente da Comissão Executiva do Global Media Group (GMG) revelou hoje que o advogado José Leitão, do escritório macaense MdME, representou o fundo World Opportunity Fund (WOF), sediado nas Bahamas, na compra da aquisição do capital maioritário.
Após ser várias vezes questionado pelos deputados sobre com quem negociou a entrada do fundo no capital da Global Media, Marco Galinha respondeu, já no final da audição, que não teve contacto com os responsáveis do WOF mas sim com os seus advogados. “O normal nestas situações é falar com os representantes destes fundos. Neste caso foi o José Leitão, do MdME, o segundo maior escritório de Macau”, disse o fundador do grupo BEL, que até ao passado mês de outubro foi o maior acionista da Global Media.
A identidade dos detentores de participações deste fundo é uma das principais preocupações da ERC, que abriu um procedimento de averiguações para este efeito. Os deputados aproveitaram a audição do antigo CEO e acionista da Global, que vendeu o controlo do grupo ao WOF, para tentar perceber quem está por detrás desta entidade. Até à data, desconhecia-se quem representou o WOF nas negociações.
Na sua audição no Parlamento, Marco Galinha acusou o WOF de ter falhado os seus compromissos e prometeu recorrer a todos os instrumentos legais à sua disposição para defender os interesses do grupo BEL e da Global Media. “Tenho de agir contra quem não cumpriu os contratos assinados comigo”, disse Marco Galinha. Quando questionado se já deu entrada alguma ação judicial, o empresário respondeu que a sua equipa jurídica está a analisar todos os cenários possíveis mas que neste momento não conhece os passos exactos que estão a ser dados. “Não sou advogado”, justificou-se.
Marco Galinha revelou ainda que as conversas com o fundo WOF, sabendo-se agora representado pelo advogado José Leitão, começaram em outubro de 2022, sendo que o negócio foi concretizado em julho, após Galinha vender o controlo da holding Páginas Civilizadas ao WOF, uma notícia que foi avançada em primeira mão pelo Jornal Económico.
Questionado se a venda da participação da Global na agência Lusa era necessária para pagar salários, como a administração liderada por José Paulo Fafe (nomeada pelo WOF) indicou recentemente, Marco Galinha admitiu que esta operação está no business plan do fundo.“O fundo disse que estava disposto a investir mas que não estava disposto a meter dinheiro para salários. A venda da Lusa era necessária para cobrir esse gap“, afirmou.
A comissão parlamentar recebe esta terça-feira, às 17h00, o novo presidente executivo da Global Media, José Paulo Fafe, que inicialmente se mostrara indisponível para ir ao Parlamento mas que entretanto mudou de posição. Na sua audição, Marco Galinha afirmou várias vezes que não foi responsável pela escolha de José Paulo Fafe para a liderança do grupo e que até ficou “surpreendido” com o facto de o WOF atribuir “tanto poder” ao antigo jornalista e à restante comissão executiva por si nomeada.
MdME assessora de empresas chinesas com negócios em Portugal
A MdME, que assessora várias empresas chinesas com negócios em Portugal, tendo a sociedade um escritório próprio em Portugal em 2022 e ainda integrado, no final do ano passado, a boutique de Macau DSL.
José Leitão é um dos sócios desta sociedade de advogados, sendo responsável pela área de Compliance & Regulatório. Na página da MdME, é referido que o advogado “tem uma vasta experiência no aconselhamento de clientes num vasto leque de questões de direito público e é amplamente reconhecido como um advogado de referência nos sectores da construção e dos serviços financeiros”.
“Na área de Compliance, José Leitão trabalha para conglomerados nacionais e empresas multinacionais em exercícios complexos de compliance, com especial incidência na privacidade de dados transfronteiriços, no combate ao branqueamento de capitais, na luta contra a corrupção e na proteção dos consumidores”, lê-se ainda.
Imagem: Marco Galinha na AR com foto Miguel A. Lopes/ Lusa
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