Artur Queiroz*, Luanda
Acácio Barradas fez grande parte da sua carreira profissional no Jornal do Congo (Uíje), ABC Diário da Tarde e revista Notícia (Luanda). Por onde passou fez escola. Era um mestre na organização do espaço. Ensinou-me essas técnicas quando eu era um aprendiz iniciado. Cheguei a velho sempre aprendiz. O empregado da embaixada dos EUA em Luanda, Faustino Henrique, face a uma notícia falsa sobre a minha pessoa comentou: Wa kuka kia! O que ele não sabe é que essa expressão também se aplica a jovens que se comportam como velhos Ele é um velho empregado do estado terrorista mais perigoso do mundo. E faz de conta que é jornalista no Jornal de Angola. Bom disfarce!
Nos anos 60 Acácio Barradas
animava uma tertúlia literária
No golpe de estado do 27 de Maio
1977 Acácio Barradas convidou-me a reportar sobre o acontecimento o que fiz
durante mais de um mês, com várias reportagens e textos de opinião. No início
de 1992 (
Face à repressão, solidarizei-me com os meus camaradas e publiquei no semanário “Expresso” um texto de opinião sobre o acontecimento. Como coincidiu com o primeiro congresso dos jornalistas, apresentei uma tese tendo como tema as prisões de Luanda. Acácio Barradas era da comissão organizadora do congresso e admitiu a minha tese.
Os jornalistas José Luís de Matos e José Patrício, meus amigos e camaradas, representavam Angola no congresso e ameaçaram abandonar se a minha tese fosse discutida. E mobilizaram as delegações de todos os países de língua portuguesa para fazerem o mesmo. Para não inviabilizar tão importante acontecimento para os jornalistas abandonei eu o congresso. Mas a tese foi incluída no livro que depois saiu com todas as teses. A criadagem que de vez em quando invoca o meu texto de opinião no “Expresso” sobre a maka da “Peça e Quadro”, deve publicar a tese que não apresentei mas foi publicada, sobre liberdade de expressão e expressão da liberdade.Luís Fernando foi director do Jornal de Angola e tinha colaboradores próximos que se comprometeram a produzir e publicar um livro sobre a vida e obra de Agostinho Neto. Passaram os meses (mais de dois anos) e nada. O empresário Carlos São Vicente pediu a seu pai, Acácio Barradas, para desencalhar o projecto. Recebi um telefonema do mestre a convocar-me para a equipa que ia fazer o livro. Mangas arregaçadas e pouco tempo depois saiu o livro “Agostinho Neto Uma Vida Sem Tréguas”. Uma obra graficamente belíssima e com conteúdos importantes, integralmente financiada por Carlos São Vicente. Será por tudo isto que prenderam Carlos São Vicente e confiscaram todos os seus bens?
O Tribunal da Comarca de Luanda (Segunda Secção) recebeu um requerimento pedindo a transmissão das quotas da AAA Activos Lda. Assim que Carlos São Vicente soube da diligência instruiu os seus advogados para pedirem a anulação da transmissão, ocorrida no dia 15 de Fevereiro de 2024. Os proprietários da empresa não foram ouvidos nem achados. O que aconteceu foi uma golpada. Uma ilegalidade. Nem Carlos São Vicente nem a AAA Internacional Lda. transmitiram as suas quotas para o Estado. O mobutismo no seu pior!
A golpada teve como base um Acórdão de 5 de Julho de 2024 mas simplesmente não serve de fundamento legal à transmissão das quotas. A sentença do Tribunal da Comarca de Luanda, de 24 de Março de 2022 é omissa em relação à AAA Activos Lda. A empresa não foi confiscada nem com base naquele Decreto Presidencial que o Tribunal Constitucional mandou para o lixo! A empresa não foi nacionalizada. Continua a existir como ente jurídico e com os mesmos proprietários de sempre.
A golpada mobutista é ainda mais grave porque a AAA Activos Lda. não é parte do processo judicial que envolve Carlos São Vicente. Não foi notificada de nada. Nunca foi constituída arguida. Não foi julgada nem condenada. Por isso foi necessário recorrer a golpes baixos e truques sujos para “transmitir” as quotas dos seus legítimos proprietários para o Estado! E neste crime participaram um Conservador, a advogada Romy Jerome e o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE). Já chegámos ao Congo do Mobutu!
A “nova” AAA Activos Lda. virou AAA Activos (SU) Lda. Eis a golpada. Mas quem está minimamente dentro deste assunto sabe que a Conservatória do Registo Comercial não pode aceitar o nome de uma empresa que se confunda com outra já existente. É proibido, mesmo que isso seja para beneficiar o nosso Mobutu e seis sequazes, cada vez mais sedentos de dinheiro dos outros. AAA Activos (SU) Lda. é igual a AAA Activos Lda. Portanto, o Conservador de serviço participou no golpe baixo e no jogo sujo.
A advogada Romy Jerome fez
um requerimento em nome da AAA Activos Lda. e sem data mas não foi mandatada
para esta diligência pelos legítimos proprietários da empresa! O requerimento
falso deu entrada no Tribunal da Comarca de Luanda Segunda Secção em 24 de
Setembro de
O ministro da comunicação
social, Mário Oliveira, anunciou
* Jornalista
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