Orban espera que Trump ajude conservadores polacos a retornar ao poder -- Andrew Koribko

Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil

O líder americano que retorna pode apoiar a oposição contra seus inimigos liberais-globalistas no poder.

O chefe do gabinete do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban anunciou na quinta-feira que concedeu asilo ao ex-vice-ministro da Justiça polonês Marcin Romanowski fugitivo com base no fato de que a crise do estado de direito na Polônia e a guerra jurídica associada contra os oponentes do partido no poder tornam um julgamento justo impossível. Romanowski é acusado de abuso de fundos públicos durante seu tempo no antigo governo. A Polônia convocou o embaixador húngaro e chamou o seu próprio de Budapeste em resposta.

Foi avaliado durante o verão que “ A Irmandade Polonesa-Húngara de 700 Anos Está Oficialmente Morta no Nível de Estado para Estado ” depois que os liberais-globalistas governantes da Polônia repetidamente denegriram a Hungria por seus laços com a Rússia e, assim, obrigaram Orban a finalmente reagir a essas provocações com algumas palavras duras. No entanto, uma reaproximação ainda é hipoteticamente possível, embora apenas se os antigos (muito imperfeitos) conservadores-nacionalistas retornarem ao poder. É esse cenário que Orban está mantendo esperança.

Ele não teria aprovado o pedido de asilo de Romanowski se não achasse que isso poderia valer a pena em uma data futura. Para que isso aconteça, os conservadores-nacionalistas precisam manter a presidência durante a eleição do ano que vem, depois do que eles teriam que então retomar o controle sobre o parlamento durante as próximas eleições em 2027 (a menos que sejam chamados antes, embora isso não possa ser dado como certo). Essa sequência de eventos poderia previsivelmente se desenrolar durante o segundo mandato de Trump no cargo.

O vice-presidente eleito JD Vance criticou duramente o primeiro-ministro polonês Donald Tusk nas redes sociais no início do ano, antes de ser convidado a se juntar à chapa de Trump, e até mesmo enviou uma carta ao secretário de Estado Antony Blinken antes disso sobre a falta de liberdade de imprensa durante os primeiros dias de seu governo. O eurodeputado conservador-nacionalista Dominik Tarczynski então se encontrou com a equipe de Trump após a eleição para informá-los de todas as vezes que Tusk e seu ministro das Relações Exteriores Radek Sikorski insultaram Trump no passado.

Portanto, a administração entrante provavelmente não terá termos amigáveis ​​com Tusk e Trump pode até insultá-lo da mesma forma que está insultando o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau. Os EUA também podem chegar ao ponto de ameaçar a Polônia com sanções sobre sua nova crise de estado de direito, preferindo abertamente a oposição conservadora-nacionalista e, assim, tentando influenciar as próximas duas eleições. O objetivo seria ajudar a negar aos liberais-globalistas a presidência e, em seguida, varrê-los do parlamento.

Isso não seria perseguido apenas por despeito ou solidariedade ideológica, mas também pela razão pragmática de que os conservadores-nacionalistas são mais pró-americanos do que os liberais-globalistas, os últimos dos quais se alinham mais com a Alemanha do que com os EUA. Com certeza, os EUA ainda mantêm muita influência sobre a Polônia, mesmo sob seu atual arranjo de governo, mas poderiam ter ainda mais influência se a oposição retornasse ao poder. Orban não se importa com nada disso, já que ele só está preocupado com as relações bilaterais.

Enquanto os liberais-globalistas continuarem governando a Polônia, os laços com a Hungria permanecerão problemáticos devido à oposição ideologicamente motivada às suas políticas domésticas e estrangeiras, que destruíram sua irmandade no nível de estado para estado. É somente por meio do possível retorno ao poder dos conservadores-nacionalistas apoiados por Trump que esse dano pode ser reparado. A decisão de Orban de conceder asilo a Romanowski visa, portanto, manter seu moral alto e encorajá-los a continuar lutando até lá.

* Analista político americano especializado na transição sistémica global para a multipolaridade

* Andrew Korybko é regular colaborador em Página Global há alguns anos e também regular interveniente em outras e diversas publicações. Encontram-no também nas redes sociais. É ainda autor profícuo de vários livros