sábado, 21 de dezembro de 2024

Terrorismo: Os mortos, o suspeito e reações. Tudo sobre o ataque em mercado de Natal

Sabe-se que, pelo menos, cinco pessoas morreram, entre elas uma criança pequena. Em Portugal, expressa-se solidariedade para com o povo alemão e fala-se num ataque "horrendo".

A cidade alemã de Magdeburgo acordou, este sábado, de luto, após uma noite marcada pelo pânico e pela tragédia, na sequência de um ataque levado a cabo num mercado de Natal. Pelo menos cinco pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas, depois de um homem conduzir um carro contra uma grande multidão. Que detalhes são já conhecidos? 

Ao longo das horas tem havido informações contraditórias sobre o número de mortos. Sabe-se, contudo, que há pessoas gravemente feridas e que o número de vítimas mortais pode aumentar. 

Na noite de ontem, o primeiro-ministro da Saxônia-Anhalt, Reiner Haseloff, esclareceu, numa conferência de imprensa, que havia pelo menos dois mortos, entre eles uma criança pequena. Contudo, já este sábado, a Der Spiegel, citando fontes policiais, adiantou que este número tinha subido para pelo menos cinco.

"É uma catástrofe para a cidade de Magdeburgo, para o Estado e para a Alemanha em geral", disse o responsável.

Suspeito agiu sozinho. É um médico de 50 anos

O ataque aconteceu por volta das 19 horas locais (18 horas em Lisboa) e o condutor, que seguia ao volante de um BMW preto, foi detido no local, quando tentava fazer marcha-atrás.

"À luz dos factos conhecidos, o suspeito é o único autor do crime, pelo que não há, para já, qualquer perigo para a cidade", declarou Reiner Haseloff. 

Psiquiatra e opositor do Islão. O autor do ataque na Alemanha

Parece estar excluída uma motivação islamista e os meios de comunicação social alemães apontam para uma motivação islamofóbica.

Já a ministra do Interior de Saxony-Anhalt, Tamara Zieschang, adiantou, taambém em conferência de imprensa, que o suspeito é um médico saudita de 50 anos que chegou à Alemanha em 2006. 

A Der Spiegel escreve que o homem foi identificado como Taleb A., que vivia na cidade vizinha de Bernburg. Fontes policiais disseram à revista que não se sabe se o suspeito é islamista, mas que aparece na Internet como um ex-muçulmano e opositor do Islão. Os antecedentes do incidente ainda não são totalmente claros, tal como o possível motivo.

o rescaldo do ataque levado a cabo num mercado de Natal na cidade alemã de Magdeburgo continuam a surgir informações sobre o suspeito e são cada vez mais as questões em torno das suas motivações.

Recorde-se que o ataque aconteceu por volta das 19 horas locais (18h00 em Lisboa) e o condutor, que seguia ao volante de um BMW preto e que avançou contra a multidão, foi detido no local, quando tentava fazer marcha-atrás. As autoridades já tinha indicado que, "à luz dos factos conhecidos, o suspeito é o único autor do crime". 

O homem já foi identificado como Taleb A., de 50 anos, um médico que vivia na cidade vizinha de Bernburg. Nasceu na Arábia Saudita e foi para a Alemanha em 2006. 

A publicação Der Spiegel avança que o homem trabalhava na ala psiquiátrica da clínica Salus de Bernburg, ausentando-se frequentemente nas últimas semanas por motivo de doença. Taleb A. é especialista em psiquiatria e psicoterapia. A informação foi confirmada pela clínica à revista alemã, que informou que o homem se mostrou pouco preparado nas reuniões.

Já os meios de segurança indicaram à Spiegel que o suspeito não é conhecido como islamista. Aparece na Internet como um ex-muçulmano e opositor do Islão. Os antecedentes do incidente ainda não são totalmente claros, tal como o possível motivo.

A revista alemã avança ainda que o homem terá feito um donativo ao Conselho Central dos Ex-Muçulmanos - e depois retirou-o. "Taleb A. contactou-nos há alguns anos", disse Mina Ahadi, presidente do Conselho Central dos Ex-Muçulmanos, à Spiegel.

O suspeito doou 500 euros. "Dois dias depois, exigiu a devolução do dinheiro. Devolvemos o dinheiro e ele começou a insultar-nos e a aterrorizar-nos por e-mail. Depois bloqueei-o em todo o lado", indicou a responsável. 

Além disso, as autoridades receberam uma queixa contra Taleb A., em dezembro de 2023, devido a declarações pública na então rede social Twitter. Dizia que a Alemanha iria "pagar um preço" pela alegada perseguição de refugiados da Arábia Saudita. 

A imprensa local descreve também a sua declarada simpatia pela Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, e por teorias sobre um alegado plano para islamizar a Europa, concebido, segundo ele, pela ex-chanceler Angela Merkel.

A chegada à Alemanha em 2006 foi como estudante e obteve asilo em julho de 2016, depois de ter sido ameaçado de morte por se ter afastado do Islão.

Foi também identificado o seu ativismo a favor das mulheres sauditas. Informava e aconselhava mulheres sauditas sobre as possibilidades de fugirem do seu país e tinha uma página na 'internet' com informações sobre o sistema alemão de asilo.

Numa entrevista concedida ao Frankfurter Rundschau, em 2009, afirmou que muitas mulheres sauditas o procuraram, em busca de proteção, depois de terem sido violadas pelo homem de quem dependiam.

Nessa entrevista, afirmou que o sistema de asilo alemão era um caminho para a liberdade destas mulheres. Contudo, a partir de certa altura, começou a surgir o distanciamento em relação ao Islão e este transformou-se numa rejeição aberta da política migratória alemã.

Noutras publicações nas redes sociais, em novembro, deixou uma mensagem com "quatro exigências da oposição saudita" e afirmou que a Alemanha tinha que proteger as suas fronteiras da migração ilegal.  Em outras publicações nas redes sociais, mostrou simpatia pela AfD, porque disse que era o único partido que lutava contra o Islão na Alemanha.

Taleb A. queria fundar, juntamente com a AfD, uma academia para ex-muçulmanos na Alemanha, de acordo com o Der Spiegel.

Há apenas uma semana, foi difundida uma entrevista sua, num blogue islamofóbico dos Estados Unidos, na qual afirmava que o Estado alemão tinha uma operação secreta para perseguir ex-muçulmanos sauditas em todo o mundo e, ao mesmo tempo, concedia asilo a 'jihadistas' sírios.

Numa outra mensagem no X, que foi posteriormente apagada, anunciou vingança, segundo o diário Die Welt.

De realçar que várias pessoas morreram na sequência do ataque, entre as quais uma criança. As autoridades locais já tinham referido que o número de mortos deveria aumentar, tendo em conta a gravidade dos feridos. O último balanço, adiantado por fontes oficiais, apontava para dois mortos - uma criança e um adulto - e mais de 60 feridos.

Há, contudo, alguma divergência quanto ao número de vítimas na imprensa alemã. A Der Spiegel avança cinco mortos, enquanto o Bild, por exemplo, diz que há quatro mortos. 

Magdeburgo é uma cidade a cerca de 160 quilómetros de Berlim, com cerca de 240 mil habitantes.

[Notícia atualizada às 11h34]

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagens: 1 - © OHN MACDOUGALL/AFP via Getty Images                      2 - © RONNY HARTMANN/AFP via Getty Images

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