DW (Deutsche Welle) | com agências
Caos marca distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza feita por fundação apoiada pelos EUA. A ONU critica o plano e desconfia que possa servir objetivos militares. E os EUA rebatem: "É o cúmulo da hipocrisia".
Milhares de palestinianos acorreram nesta terça-feira (27.08), ao novo centro de distribuição de ajuda humanitária em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, aberto por uma fundação apoiada pelos Estados Unidos da América, em busca de alimentos. Mas muitos regressaram às casas sem nada, devido ao caos que se registou no local que forçou a interropção temporária do processo de distribuição da ajuda.
Ayman Abu Zaid, um dos deslocados palestinianos, descreve o momento vivido em Rafah: "Estava na fila com centenas de pessoas quando, de repente, muitos começaram a empurrar e a entrar à força, devido a falta de ajuda e dos atrasos na distribuição."
Para tentar controlar a situação, o Exército israelita efetou disparos para dispersar a multidão. E Ayman Zaid diz que "o som foi assustador. As pessoas começaram a fugir, mas algumas continuaram a tentar apanhar comida, mesmo com o perigo."
A Organização das Nações Unidas e várias organizações não-governamentais entendem que o cenário vivido nesta terça-feira, em Rafah é revelador de que o plano de distribuição da ajuda usado pela Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos Estados Unidos, não respeita os princípios humanitários básicos e pode estar a servir objetivos militares.
Críticas da ONU
Falando à jornalistas, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, defendeu que "a ajuda humanitária tem de ser distribuída de uma forma segura, segundo princípios de independência e imparcialidade, como sempre fizemos, com base num sistema que funciona há muito tempo, que alimenta as pessoas que têm fome, que dá água às pessoas que têm sede, que dá medicamentos às pessoas que estão doentes".
Em reação, Whashington, segundo a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, qualificou as palavras da ONU nos seguintes termos: "É o cúmulo da hipocrisia. O foco devia ser a entrega de ajuda a Gaza, mas em vez disso, criticam o estilo e quem está a fazê-lo. Neste tipo de ambiente, não é surpreendente que haja alguns problemas, mas a boa notícia é que aqueles que procuram fazer chegar a ajuda à população de Gaza, que não é o Hamas, conseguiram”.
Tammy Bruce garante que só nesta terça-feira (27.05), milhares de caixas de alimentos foram distribuídas.
"Quando se distribuem 8 mil caixas de comida, não se pode esperar que seja como ir ao centro comercial. É um ambiente complicado, mas está a funcionar."
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reconheceu o caos registado em Rafah, mas garantiu ontem a criação de mais pontos de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
"A ideia é, basicamente, retirar a pilhagem humanitária, como instrumento de guerra do Hamas, para a dar à população e, eventualmente, criar um cordão de segurança no sul de Gaza, para onde toda a população se possa deslocar para a sua própria proteção", justificou.
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