Caitlin Johnstone* | Caitlin Johnstone.com.au | # Traduzido em português do Brasil | Com áudio por Tim Foley, em inglês
Eu estava ouvindo um jovem escritor descrever uma ideia que teve e que o deixou tão empolgado que não conseguiu dormir na noite anterior, e me lembrei de como, antes de Gaza, eu costumava me empolgar para escrever. Não sentia isso desde 2023.
Não estou reclamando nem sentindo pena de mim mesma, estou apenas comentando o quão incrivelmente sombrio e sombrio o mundo tem sido durante este período terrível. Seria estranho e prejudicial à saúde se eu estivesse gostando do meu trabalho aqui neste último ano e meio. Essas coisas não deveriam ser boas. Não se você realmente as encarar e for sincero e honesto consigo mesmo sobre o que está vendo.
Tem sido tão feio e tão perturbador esse tempo todo. Não há como ressignificar todo esse horror e fazer com que tudo fique bem. Tudo o que você pode fazer é trabalhar em si mesmo para garantir que tenha espaço interior suficiente para acomodar os sentimentos ruins e senti-los até que eles se manifestem. Deixe entrar o desespero. A tristeza. A raiva. A dor. Deixe-a percorrer todo o seu organismo sem resistir e então levante-se e escreva a próxima coisa.
É isso que escrever é para mim agora. Nunca é algo que me empolgue para compartilhar ou que me inspire. Na verdade, é mais como "Ok, aqui está, desculpe ter que mostrar isso para vocês, pessoal". É só encarar a escuridão, o sangue, a violência e os rostos angustiados, e escrever o que vejo, dia após dia.
Nada nisso é agradável ou gratificante. É só o que você faz quando há um genocídio transmitido ao vivo acontecendo bem na sua frente, com o apoio da sua própria sociedade. Tudo é péssimo, e não há como fazer para que não seja péssimo, mas você faz o que precisa ser feito, como faria se fosse sua própria família lá nos escombros.
Este genocídio me mudou para sempre. Mudou muitas pessoas para sempre. Nunca mais seremos os mesmos. O mundo nunca mais será o mesmo. Não importa o que aconteça ou como este pesadelo termine, as coisas nunca mais voltarão a ser como eram.
E não deveriam. O Holocausto de Gaza é o produto da forma como o mundo era antes de acontecer. Nossa sociedade o criou, e agora ele está bem na nossa cara. É isso que somos. Este é o fruto da árvore do que a civilização ocidental tem sido até agora.
Agora é só uma questão de fazer tudo o que pudermos para garantir que o genocídio acabe e que o mundo aprenda as lições certas com ele. Esta é a causa mais nobre que alguém poderia abraçar nesta vida.
Ainda tenho esperança de que possamos ter um mundo saudável. Ainda tenho esperança de que escrever sobre o que está acontecendo possa ser agradável novamente um dia. Mas essas coisas existem do outro lado de um trabalho muito árduo e desafiador nos próximos anos. Simplesmente não há como evitar. O mundo não poderá ter paz e felicidade até que tenhamos nos conformado plenamente com o que fizemos a Gaza.
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Este artigo é do Caitlin Johnstone.com.au e republicado com permissão.
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