RAPIDINHAS DO MARTINHO – 04

MARTINHO JÚNIOR

ÁFRICA PRETENDE LUTAR CONTRA A EPIDEMIA DA “MODESS DEMOCRACY”

…E ao terceiro dia, conforme as escrituras, o continente africano, pela (in)consistência de suas “novas” elites (uma parte delas formatadas nos processos de ingerência agenciados pelas potências, bem como pelos seus interesses e pelas suas conveniências), despertou!

A representação da União Africana, que foi incapaz de se posicionar a tempo e horas em relação à Tunísia e ao Egipto, conseguiu encontrar expressão agora com a Líbia, sendo preciso para esse efeito que, de manipulação em manipulação se tornassem possíveis ingerências ao nível do AFRICOM , da OTAN e de seus aliados extra continentais!!!

Os três estados africanos presentes no Conselho de Segurança da ONU (Nigéria, Gabão e África do Sul), ingenuamente votaram pela ingerência das potências ocidentais, nem sequer esboçando a alternativa da paz e do diálogo, a fim de evitar mais derramamento de sangue, a divisão da Líbia e a delapidação avulsa do seu património face às aves de rapina!

As “novas” elites africanas agora têm bastos motivos para estarem receosas: elas conhecem como ninguém as minas e armadilhas que elas próprias contribuíram para semear intra muros quando optaram pela via capitalista, nas mal paradas parcerias formatadas sobretudo com os ocidentais de inspiração anglo-saxónica, reforçados pelos gauleses de Sarkozy e outros derivados europeus, pelo que agora procuram ensaiar o arrepio do caminho, começando pelo finca-pé em relação ao estrondoso caso da Líbia.

Se as monarquias não são bem vindas a África (e os rebeldes líbios começaram por “restaurar” a bandeira duma monarquia) em que patamar se vão agora situar determinadas castas africanas que tanto se têm esforçado por se identificar com o modelo de castas induzidas pelo império?

Se a “modess democracy” se expande pelo continente como uma virulenta gripe, há todo o risco da barbárie ainda se tornar mais barbárie, mas a África que não tenha ilusões: nada historicamente de novo nos chega do norte (é só constatar a história de mais de 200 anos da América Latina), pelo que África só tem a solução de busca de equilíbrios com o sul e com os emergentes, por muito frágeis que sejam ainda as suas posições no co-relacionamento de forças para com os vampiros!

Martinho Júnior - 25 de Abril de 2011

 ÁFRICA REJEITA PLANOS DOS ESTADOS UNIDOS

JORNAL DE ANGOLA

Responsáveis americanos e da União Africana (UA) não chegaram a acordo quanto a um plano para pôr termo à crise líbia. A União Africana rejeitou os pedidos de Washington para que Muamar Kadhafi renuncie ao poder e parta para o exílio.

O presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, e a secretária de Estado norte-americana, Hilary Clinton, reunidos durante a segunda cimeira de alto nível entre a UA e os Estados Unidos, que abordou temas como a democracia e as perspectivas políticas em África, não estão de acordo quanto à saída de Kadhafi do poder.

De acordo com um comunicado da União Africana ontem tornado público, o Governo americano tomou nota do empenho da UA a favor de um cessar-fogo na Líbia e o início de negociações sobre uma estratégia política para fazer face às necessidades a longo prazo dos líbios.

Os dois campos, que se reuniram durante dois dias, em Washington, não chegaram a consenso sobre uma estratégia comum para pôr termo à crise líbia.

Os responsáveis americanos fizeram da partida do dirigente líbio uma condição prévia para o relançamento do diálogo político neste país da África do Norte.

Jean Ping apresentou o plano da UA, que insiste na cessação imediata das hostilidades, o fornecimento de ajuda humanitária, a protecção dos estrangeiros que vivem na Líbia, o relançamento de um processo político inclusivo no país e define o período de transição para a aplicação das reformas políticas.

A União Africana insistiu que a questão da liderança política apenas pode ser resolvida pelos próprios líbios, acrescenta o comunicado da União Africana.

Um painel de cinco chefes de Estado foi constituído pela União Africana  para encontrar uma saída da crise na Líbia através do diálogo entre os rebeldes e o Governo de Muamar Kadhafi.

O painel compreende os presidentes Jacob Zuma, da África do Sul, o maliano, Amadou Toumani Touré, o ugandês, Yoweri Museveni, o mauritano, Mohamed Ould Abdel Aziz, e o congolês, Denis Sassou Nguesso.

Uma reunião ministerial do painel deve decorrer hoje, em Addis Abeba, Etiópia, para reflectir sobre os próximos passos a seguir no plano de acção da União Africana”.