CORREIO DO BRASIL, com agências internacionais - do Cairo
A al Qaeda divulgou uma gravação póstuma em áudio de Osama bin Laden, na qual ele elogia as revoluções que varrem diversos países árabes e pede que mais “tiranos” sejam derrubados. Os islâmicos têm chamado a atenção por sua ausência dos levantes no Oriente Médio e no norte da África, liderados em grande medida por cidadãos comuns revoltados com governos autocráticos, corrupção e economias mal conduzidas.
A al Qaeda e outros grupos militantes desencadearam campanhas sangrentas mas malsucedidas para depor os mesmos governantes, e ao elogiar as revoltas Bin Laden, que foi morto em um ataque dos EUA no Paquistão no dia 2 de maio, parecia tentar tornar os islâmicos novamente relevantes.
A al Qaeda disse que bin Laden, mentor dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, gravou uma mensagem uma semana antes de sua morte. O áudio foi incluído em um vídeo de mais de 12 minutos de duração publicado em sites islâmicos na Internet.
“O sol da revolução nasceu no Magreb. A luz da revolução veio da Tunísia. Trouxe tranquilidade à nação e alegria ao semblante das pessoas”, diz o orador, que soa como bin Laden.
“À nação muçulmana – estamos observando com você este grande evento histórico e compartilhamos com você a felicidade e a alegria. Parabéns por suas vitórias e que Deus conceda perdão a seus mártires, recuperação a seus feridos e liberdade a seus prisioneiros.”
O presidente da Tunísia, Zine al-Abidine Ben Ali, foi deposto por protestos em massa em janeiro, seguido por Hosni Mubarak, no Egito. Bin Laden elogiou a revolução egípcia e exortou os manifestantes árabes a manter o ímpeto, acrescentando:
– Acredito que os ventos da mudança irão envolver todo o mundo muçulmano. Esta revolução não foi por comida e roupas. Ao invés disso, foi uma revolução por glória e orgulho, uma revolução de sacrifício e doação. Ela inflamou as cidades e vilarejos do Nilo de alto a baixo. Aos rebeldes livres de todos os países – mantenham a iniciativa e sejam cuidadosos no diálogo. Nada de conciliação entre as pessoas da verdade e as do desvio.
Bin Laden não fez referências específicas a Líbia, Síria, Barein e Iêmen, onde protestos pró-democracia tiveram menos sucesso do que no Egito e na Tunísia, mas disse que Israel, rejeitado por muitos árabes comuns, está preocupado com os tumultos.
Bin Laden pediu que os jovens árabes consultem “os dotados de experiência e honestidade” e que organizem uma estrutura que lhes permita “acompanhar os acontecimentos e trabalhos em paralelo… para salvar as pessoas que lutam para derrubar seus tiranos”.
Mas ele não mencionou ou apoiou governos democráticos, uma exigência fundamental dos manifestantes no Egito, na Tunísia e no Barein em particular. Figuras proeminentes da al Qaeda geralmente destilam desprezo por democracias de molde ocidental, que vêem como contraditória com os valores islâmicos.
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