quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cabo Verde: Centrais sindicais exigem aumentos salariais para compensar...




... perda de poder de compra

CLI – JSD - LUSA

Cidade da Praia, 17 mai (Lusa) - As duas centrais sindicais de Cabo Verde exigiram hoje ao Governo a reposição do poder de compra dos cabo-verdianos, através da atualização salarial e a implementação do salário mínimo nacional.

A União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos (UNTC-CS) e a Confederação Cabo-Verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL) reuniram-se hoje, em separado, como o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, para discutir a situação socioeconómica do país e as formas de reduzir os efeitos da crise internacional.

Após o encontro, o secretário-geral da UNTC-CS, Júlio Ascensão Silva, disse que a principal preocupação dos sindicatos é a reposição do poder de compra dos cabo-verdianos perdido nos últimos cinco anos, que, disse, ascende a 10 por cento.

"É evidente que, nesta contabilidade, há que dizer que houve a redução da taxa do IUR (Imposto Único sobre Rendimentos) e que houve ganhos para os trabalhadores, mas o ganho obtido pela via da redução da taxa do IUR não beneficia a todos da mesma maneira", disse.

Ascensão Silva explicou que, para os trabalhadores isentos de pagamento do IUR, não houve nenhum benefício e mesmo para os dos escalões mais baixos, os ganhos foram de apenas 0,5 por cento.

No entanto, escusou-se a avançar uma proposta de atualização salarial para 2011, explicando que a questão dever ser tratada em sede de concertação social.

Por seu lado, o presidente da CCSL, José Manuel Vaz, também no final da audiência com José Maria Neves, realçou que a perda de poder de compra constitui o principal problema a resolver neste momento.

O sindicalista propôs um aumento salarial acima dos 9,5 por cento para corrigir a perda de poder de compra desde de 2007 e fazer face à inflação prevista para este ano, de 3 por cento.

"Vamos levar o assunto ao Conselho de Concertação Social para que os salários dos trabalhadores cabo-verdianos sejam dignos", defendeu.

José Maria Neves, por sua vez, afirmou que o encontro não tinha por objetivo discutir a atualização salarial, mas sim a proposta de um acordo de concertação estratégica.

"Estas questões serão discutidas proximamente na reunião do Conselho de Concertação Social. Discutimos com os sindicatos a possibilidade de assinatura de um acordo de concertação estratégica para a legislatura, envolvendo a questão do salário mínimo, do décimo terceiro mês, da qualificação dos recursos humanos, da criação de emprego e desenvolvimento empresarial. E há abertura dos sindicatos para discutir a matéria", disse.

Sobre a perda de poder de compra dos cabo-verdianos, José Maria Neves explicou que a respetiva reposição não pode ser feita totalmente em 2011, mas sim no decorrer da legislatura, que terminará em 2016.

Sobre o salário mínimo nacional, José Maria Neves defendeu que só poderá entrar em vigor no próximo ano, já que os estudos estão ainda a decorrer.

Nos encontros, o primeiro-ministro cabo-verdiano disse ainda ter explicado aos parceiros sociais a proposta do Pacto Nacional para o Emprego, que irá analisar todas as políticas necessárias para acelerar o ritmo de geração de emprego.

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