ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
O candidato à Presidência da República de Cabo Verde, pelo PAICV, Manuel Inocêncio Sousa gosta – um pouco à semelhança do que é prática em Portugal, por exemplo – que os jornalistas lhe façam apenas as perguntas que ele própria entende que devem ser feitas.
Quando assim não acontece, o que é raro, vai aos arames. E, de facto, é uma chatice não terem acabado de uma vez por todas com essa classe que teima em lutar contra a extinção e que dá pelo nome de Jornalistas.
A história é contada pelo Liberal. O candidato do PAICV e ex-ministro acha normal, e se calhar tem razão, que o filho de um ministro – neste caso o seu – entre para uma empresa pública que o pai tutela.
O problema está, apenas, no facto de Cabo Verde dizer que é uma democracia e um Estado de Direito. E se é não pode ter ministros, muito mais um potencial presidente da Republica, que se julgue dono do país e da verdade.
Segundo o Liberal, Manuel Inocêncio Sousa fico virado do avesso quando o jornalista lhe perguntou se também era normal a sua antiga sócia ter ganho vários concursos públicos em obras que o seu próprio ministério promovia.
O causador da irritação ditatorial de Manuel Inocêncio Sousa foi o jornalista João Matos, da Rádio França Internacional.
Esta história faz-me lembrar que, há uns bons pares de anos, fui entrevistar, no Porto, Armando Guebuza e protagonizei um desentendimento com este político que viria a substituir Joaquim Chissano. Tudo porque, provavelmente ao contrário do que estaria habituado, não aceitei fazer as perguntas que um dos seus muitos assessores tinha preparado.
«Assim não dou a entrevista», disse-me Guebuza, acrescentando: «Eu é que sei o que é importante perguntar».
Perante a minha recusa, Guebuza acabou por aceitar responder ao que eu quis perguntar, deixando no fim um recado: “Se fosse em Moçambique eu dizia-lhe como era”.
Voltemos a Cabo Verde. Como escreve o Liberal, “grosso modo os jornalistas são gente pacata, ordeira e reverente ao poder, nunca por nunca colocariam o ex-ministro a sujeitar-se ao incómodo de perguntas desagradáveis”.
Moral da história. Para o candidato Manuel Inocêncio Sousa é tudo normal: “o filho entrar numa empresa pública por ele tutelada, a sócia ganhar concursos atrás de concursos numa área também por ele tutelada… Enfim, segundo esta bizarra figura, trata-se de “baixa política” encontrar nesta “normalidade” um leve sinal de nepotismo…”
A história é contada pelo Liberal. O candidato do PAICV e ex-ministro acha normal, e se calhar tem razão, que o filho de um ministro – neste caso o seu – entre para uma empresa pública que o pai tutela.
O problema está, apenas, no facto de Cabo Verde dizer que é uma democracia e um Estado de Direito. E se é não pode ter ministros, muito mais um potencial presidente da Republica, que se julgue dono do país e da verdade.
Segundo o Liberal, Manuel Inocêncio Sousa fico virado do avesso quando o jornalista lhe perguntou se também era normal a sua antiga sócia ter ganho vários concursos públicos em obras que o seu próprio ministério promovia.
O causador da irritação ditatorial de Manuel Inocêncio Sousa foi o jornalista João Matos, da Rádio França Internacional.
Esta história faz-me lembrar que, há uns bons pares de anos, fui entrevistar, no Porto, Armando Guebuza e protagonizei um desentendimento com este político que viria a substituir Joaquim Chissano. Tudo porque, provavelmente ao contrário do que estaria habituado, não aceitei fazer as perguntas que um dos seus muitos assessores tinha preparado.
«Assim não dou a entrevista», disse-me Guebuza, acrescentando: «Eu é que sei o que é importante perguntar».
Perante a minha recusa, Guebuza acabou por aceitar responder ao que eu quis perguntar, deixando no fim um recado: “Se fosse em Moçambique eu dizia-lhe como era”.
Voltemos a Cabo Verde. Como escreve o Liberal, “grosso modo os jornalistas são gente pacata, ordeira e reverente ao poder, nunca por nunca colocariam o ex-ministro a sujeitar-se ao incómodo de perguntas desagradáveis”.
Moral da história. Para o candidato Manuel Inocêncio Sousa é tudo normal: “o filho entrar numa empresa pública por ele tutelada, a sócia ganhar concursos atrás de concursos numa área também por ele tutelada… Enfim, segundo esta bizarra figura, trata-se de “baixa política” encontrar nesta “normalidade” um leve sinal de nepotismo…”
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado
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