ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
A comunicação social portuguesa, salvo publicações supostamente menores, esteve-se nas tintas para a publicação do livro “Cabinda – ontem protectorado, hoje colónia, amanhã Nação”. Nada de novo, portanto.
Certamente que os donos dos jornalistas, bem como os donos dos donos, não ficariam satisfeitos se fosse dada qualquer notícia sobre um livro que colide com os interesses instalados em Portugal e em Angola. Nada de novo, portanto.
É perfeitamente natural que a comunicação social portuguesa, dita de referência, saiba que o dono de Angola (por sinal no cargo de presidente há 32 anos sem nunca ter sido eleito) não iria gostar de ver notícias sobre algo que o atormenta. Nada de novo, portanto.
Também é lógico que essa imprensa, supostamente livre, nada tenha dito que possa beliscar José Eduardo dos Santos. Se o presidente de Angola é, para além de dono do seu país, quase dono de Portugal, quem se atreveria a divulgar algo que de alguma forma pudesse pôr em causa a publicidade e os apoios financeiros (colectivos e ou individuais) que o regime angolano dá a Portugal? Nada de novo, portanto.
Recordo, por exemplo, que no dia 22 de Novembro do ano passado publiquei no Notícias Lusófonas um texto intituado “Regime de Angola aperta o cerco a todos os que falam de Cabinda”.
Nele dizia que “em vários países, nomeadamente em Portugal, os serviços do MPLA estavam a apertar o cerco aos jornalistas, seja por ameaças físicas ou pelas tentativas de suborno”.
Três dias depois fui contactado por Cristina Magalhães, jornalista(?) da RDP/África. Cristina Magalhães dizia que tinha lido o artigo sobre Cabinda e que queria falar comigo sobre o assunto.
Para além de lhe fornecer, no mesmo dia, todos os meus contactos, falei com ela ao telefone disponibilizando-me para conversar sobre o assunto.
Nesse texto publicado no NL afirmei (o que mantenho) que segundo o regime angolano urgia não só calar os jornalistas que mais atentos estão à questão, como evitar que de Cabinda saiam informações sobre as acções militares e policiais que já estavam agendadas e que poderia ser desencadeadas a todo o momento.
Acrescentava igualmente que vários jornalistas que trabalham fora de Angola foram e estão a ser contactados por mandatários do regime angolano, sendo-lhe transmitidas duas soluções: “Quanto querem para deixar de falar de Cabinda” e “Ou deixam de falar de Cabinda ou a vossa integridade física corre sérios riscos”.
Mandatários esses que acrescentavam que “dinheiro não é problema”, reforçando que “também o resto não é problema”.
Acontece que até agora nunca mais fui contactado. Não é, aliás, de estranhar. Os critérios editoriais dos donos dos jornalistas e dos donos dos donos servem exactamente para isso. Confesso que estranhei o contacto, desde logo porque não estava, nem estou, a ver a RDP/África a fazer algum trabalho que possa desagradar aos donos do poder, estejam eles em Luanda ou em Lisboa.
Mas esta história, triste para o Jornalismo mas lucrativa para quem dele se serve em vez de o servir, não é nova e tem outros protagonistas.
Já no dia 12 de Outubro de 2007, já lá vai um tempito mas o conteúdo é o mesmo, a jornalista Isabel Guerreiro, do semanário português “O Diabo”, resolveu fazer-me, por escrito, três perguntas a propósito da Imprensa angolana.
Na altura perguntei à jornalista se, como é habitual quando se escreve o que não é esperado por quem manda (os tais critérios editoriais), não haveria o risco de as respostas serem enviadas directamente para a reciclagem.
Garantiu-me que não. Também eu quis acreditar que não. Mas a verdade é que as respostas nunca foram publicadas. E assim, cantando e rindo, vão as ocidentais praias lusitanas. Sempre satisfazendo os donos dos jornalistas e os donos dos donos. A bem, é claro, da Nação.
Foto: Apresentação do livro “Cabinda – ontem protectorado, hoje colónia, amanhã Nação” em Lisboa, na Casa da Imprensa.
É perfeitamente natural que a comunicação social portuguesa, dita de referência, saiba que o dono de Angola (por sinal no cargo de presidente há 32 anos sem nunca ter sido eleito) não iria gostar de ver notícias sobre algo que o atormenta. Nada de novo, portanto.
Também é lógico que essa imprensa, supostamente livre, nada tenha dito que possa beliscar José Eduardo dos Santos. Se o presidente de Angola é, para além de dono do seu país, quase dono de Portugal, quem se atreveria a divulgar algo que de alguma forma pudesse pôr em causa a publicidade e os apoios financeiros (colectivos e ou individuais) que o regime angolano dá a Portugal? Nada de novo, portanto.
Recordo, por exemplo, que no dia 22 de Novembro do ano passado publiquei no Notícias Lusófonas um texto intituado “Regime de Angola aperta o cerco a todos os que falam de Cabinda”.
Nele dizia que “em vários países, nomeadamente em Portugal, os serviços do MPLA estavam a apertar o cerco aos jornalistas, seja por ameaças físicas ou pelas tentativas de suborno”.
Três dias depois fui contactado por Cristina Magalhães, jornalista(?) da RDP/África. Cristina Magalhães dizia que tinha lido o artigo sobre Cabinda e que queria falar comigo sobre o assunto.
Para além de lhe fornecer, no mesmo dia, todos os meus contactos, falei com ela ao telefone disponibilizando-me para conversar sobre o assunto.
Nesse texto publicado no NL afirmei (o que mantenho) que segundo o regime angolano urgia não só calar os jornalistas que mais atentos estão à questão, como evitar que de Cabinda saiam informações sobre as acções militares e policiais que já estavam agendadas e que poderia ser desencadeadas a todo o momento.
Acrescentava igualmente que vários jornalistas que trabalham fora de Angola foram e estão a ser contactados por mandatários do regime angolano, sendo-lhe transmitidas duas soluções: “Quanto querem para deixar de falar de Cabinda” e “Ou deixam de falar de Cabinda ou a vossa integridade física corre sérios riscos”.
Mandatários esses que acrescentavam que “dinheiro não é problema”, reforçando que “também o resto não é problema”.
Acontece que até agora nunca mais fui contactado. Não é, aliás, de estranhar. Os critérios editoriais dos donos dos jornalistas e dos donos dos donos servem exactamente para isso. Confesso que estranhei o contacto, desde logo porque não estava, nem estou, a ver a RDP/África a fazer algum trabalho que possa desagradar aos donos do poder, estejam eles em Luanda ou em Lisboa.
Mas esta história, triste para o Jornalismo mas lucrativa para quem dele se serve em vez de o servir, não é nova e tem outros protagonistas.
Já no dia 12 de Outubro de 2007, já lá vai um tempito mas o conteúdo é o mesmo, a jornalista Isabel Guerreiro, do semanário português “O Diabo”, resolveu fazer-me, por escrito, três perguntas a propósito da Imprensa angolana.
Na altura perguntei à jornalista se, como é habitual quando se escreve o que não é esperado por quem manda (os tais critérios editoriais), não haveria o risco de as respostas serem enviadas directamente para a reciclagem.
Garantiu-me que não. Também eu quis acreditar que não. Mas a verdade é que as respostas nunca foram publicadas. E assim, cantando e rindo, vão as ocidentais praias lusitanas. Sempre satisfazendo os donos dos jornalistas e os donos dos donos. A bem, é claro, da Nação.
Foto: Apresentação do livro “Cabinda – ontem protectorado, hoje colónia, amanhã Nação” em Lisboa, na Casa da Imprensa.
*Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
1 comentário:
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