DEUTSCHE WELLE
Liamba ou marijuana: no combate às drogas, São Tomé e Príncipe capacita professores. Algumas mães dão álcool aos bebês. E criminalista diz que relações pessoais dificultam a luta contra entorpecentes.
Nos últimos dois anos, São Tomé e Príncipe registrou um aumento do consumo das chamadas “drogas leves”, principalmente entre adolescentes e jovens. A violência doméstica e o roubo são alguns dos comportamentos associados ao consumo de drogas neste conjunto de ilhas, localizado próximo às costas do Gabão, Guiné Equatorial, Camarões e Nigéria.
O caso mais recente, que chocou a sociedade são-tomense, foi a violação e o assassinato de uma menina de 12 anos na roça Diogo Vaz. Segundo a Polícia de Investigação Criminal (PIC), um homem de 30 anos conhecido como Nandinho confessou o crime e admitiu que estava embriagado e sob o efeito de liamba.
Atualmente, a droga mais consumida em São Tomé e Príncipe é a cannabis, conhecida também como liamba ou marijuana, disse Yvete Lima: “É considerada uma droga leve, mas para a nossa realidade eu não considero leve”. Ela enfatizou que o país não está preparado tecnicamente para lidar com estes problemas porque na situação em que se encontra, já faz-se a necessidade de ter um centro de desintoxicação.
A diretora do gabinete de luta contra a droga ressalta que em São Tomé e Príncipe já há quem consuma drogas há dez ou 15 anos e que manifesta vontade de se tratar. “Mas nós não temos condições de proceder este tratamento”, lembra Yvete.
Álcool aos bebês
Outro problema é o alcoolismo. Algumas mães dão bebidas alcoólicas aos seus bebês para que consigam adormecer com mais facilidade. Face à dimensão do problema, uns qualificam-no de “pandemia” e outros, de “flagelo”.
Porém a droga “pesada” que começa a entrar no país é a cocaína. De acordo com os dados disponíveis, em 2006 houve duas apreensões de cerca de 80 quilos de cocaína.
Em nome da amizade
Segundo um levantamento feito em 2009, algumas pessoas fazem uso de entorpecentes durante atividades recreativas – disse Lázaro Afonso, criminalista e ex-diretor da PIC.
Ele precisou ainda que entende “que algumas figuras têm certo receio de começar a colocar a mão” ou interferir no uso de entorpecentes. “O grau de parentesco, amizades e tudo isso pode criar um determinado compromisso ou seja, fazer com que não se vá diretamente às pessoas que muitas vezes tenham (drogas) ou praticam estas atividades (usar entorpecentes)”, assume Lázaro.
Acesso à informação e não ao álcool
Contudo, medidas de prevenção e de combate estão em curso. Professores do ensino básico e secundário de todos os distritos e da Região Autônoma do Príncipe estão sendo capacitados para transmitir aos alunos informações e conhecimento sobre a questão da droga, de modo que estes possam se prevenir e saber das consequências do consumo de entorpecentes, explicou Yvete.
Além dessa componente de prevenção primária, estão sendo discutidas duas propostas de lei já aprovadas pela maioria do parlamento: a Lei de Base sobre a Droga, que proíbe a entrada de menores em estabelecimentos públicos onde são vendidas bebidas alcoólicas e passados filmes pornográficos.
Na opinião de alguns especialistas, não se pode falar de tráfico de droga no arquipélago. Existem grupos isolados que atuam em diversas localidades, nos diferentes distritos. As autoridades têm identificado locais onde as drogas são plantadas ou produzidas, comercializadas e consumidas.
Há ainda muito trabalho a fazer: como estreitar os vínculos entre as diversas estruturas que podem combater o uso da droga, nomeadamente o controlo efetivo das fronteiras marítimas.
Autores: Juvenal Rodrigues ( São Tomé ) / Bettina Riffel.
Revisão: António Rocha
Revisão: António Rocha
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