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Cidade da Praia, 10 Jun (Inforpress) - Cabo Verde lidera a lista dos 18 países da África Subsaariana com mais empresas lideradas por mulheres (mais de 50 por cento), seguindo-se o Botswana e Moçambique (mais de 40 por cento).
A informação é avançada por um estudo apresentado no âmbito da assembleia anual do Banco Africano de Desenvolvimento, que hoje termina em Lisboa.
O estudo foi realizado pela organização "New faces, New Voices”, em parceria com o Banco Africano de Desenvolvimento, junto de 28 bancos para saber a forma como o sector financeiro africano responde às necessidades de financiamento das mulheres empresárias.
A pesquisa revela que 48 por cento das pequenas e médias empresas (PME) da África Subsaariana, entre 17 e 21 milhões, pertencem a mulheres e destas cerca de 10 por cento têm mais de 10 empregados.
Apesar de as mulheres deterem quase metade das pequenas e médias empresas na África Subsaariana, têm necessidades de financiamento de 19 mil milhões de dólares que não estão a ser satisfeitas pelos bancos, confirma a pesquisa da "New faces, New Voices”.
O estudo assinala, igualmente, que o tecido empresarial feminino é constituído, sobretudo, por microempresas, na sua maioria negócios informais.
Citada pela Agência Lusa, Nomsa Daniels, da "New Faces, New Voices", defendeu, na apresentação do estudo, esta manhã na capital portuguesa, que o desafio do futuro passa por "tornar os pequenos negócios em médios e grandes", sendo crucial o papel dos bancos no financiamento dos projectos.
O financiamento das PME detidas por mulheres, como disse, tem sido assegurado em grande parte pelas Organizações Não-Governamentais (cerca de 80 por cento), representando o financiamento dos bancos apenas 40 por cento dos empréstimos a mulheres.
A falta de formação e de confiança das empresárias, os constrangimentos legais, que em alguns países impedem às mulheres de serem proprietárias, e a falta de especialização dos bancos para lidarem com as necessidades financeiras das empresárias têm impedido o crescimento dos seus negócios.
O estudo conclui dizendo que apenas quatro dos 30 bancos da África Subsaariana (Senegal, Tanzânia, Uganda e Quénia) oferecem produtos especializados para mulheres empresárias.
Evelyn Oputu, directora do Banco Industrial da Nigéria, advogou, por sua vez, que são os bancos de investimento que têm de estar mais atentos a estas questões.
Lembrou que mais de 65 por cento da carteira de crédito malparado no seu banco pertence a homens, indicando que "o crédito malparado entre as mulheres praticamente não existe".
Segundo essa bancária, é necessário "dar mais crédito e formação às mulheres", uma vez que, "no sistema financeiro, as mulheres não têm voz, os homens fazem o que querem”. Na sua opinião, “se as mulheres tiverem acesso ao financiamento a sociedade será mudada".
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