quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Brasil já não é competitivo na produção de aço -- presidente de instituto do setor




FO - LUSA

Rio de Janeiro, 31 ago (Lusa) -- O Brasil já não é competitivo a produzir aço e está a viver um processo de desindustrialização, admitiu esta terça-feira à imprensa o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, entidade que representa as empresas do setor.

"O setor do aço no Brasil vem perdendo competitividade pelas anomalias e artificialismos. A situação do setor no Brasil não é aquela que se imaginava, o sinal vermelho foi aceso", afirmou Marco Polo de Mello Lopes.

O Instituto Aço Brasil, que representa os interesses de 13 empresas brasileiras, reviu as projeções para o setor em 2011 e anunciou que a produção de aço bruto sofrerá uma queda de 39,4 milhões de toneladas (previstas inicialmente) para 36,3 milhões de toneladas.

Mesmo assim, este volume produzido em 2011 representará um aumento de 10,5 por cento em relação a 2010.

Esta revisão reflete, segundo Marco Polo, a expetativa de menor crescimento do mercado interno brasileiro devido ao arrefecimento da economia, à persistência de stocks elevados e à severa competição das importações.

"O mercado internacional está a viver uma sobreoferta e o mundo hoje está todo querendo proteger os seus mercados internos", explicou.

O responsável defendeu que haja da parte do governo brasileiro a definição de uma estratégia de defesa nacional "mais consistente para o setor já que a situação do câmbio não deve ser resolvida a curto prazo".

Marco Polo esteve reunido esta segunda-feira, em Brasília, com os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, e das Relações Exteriores, António Patriota, para discutir a procura no setor.

"É um setor estratégico para o desenvolvimento nacional. Como estancar a desindustrialização? Já levamos isso aos ministros. O governo vai pensar em como agir", afirmou.

Marco Polo, defende a desoneração de investimentos e da exportação, assim como a redução da carga tributária e dos custos de energia elétrica.

"Essas anomalias devem ser corrigidas no Brasil. Não havia a consciencialização do governo sobre a real situação do setor. A situação é emergencial (de emergência) para a cadeia como um todo", alertou ao reivindicar que os esforços sejam concentrados na área de redução de custos.

Segundo anunciou o Instituto Aço Brasil, as exportações em 2011 deverão alcançar 11,2 milhões de toneladas no valor de 6,5 mil milhões de dólares, um crescimento estimado entre 24,8 e 46,6 por cento, respetivamente.

As importações devem fechar o ano em 3,4 milhões de toneladas no valor de 4 mil milhões de dólares, representando já um decréscimo de 42,4 e 27,3 por cento, respetivamente.

Mesmo assim, as importações "continuam a ser uma ameaça", segundo a entidade do setor, devido à existência de fatores como o câmbio, a guerra fiscal nos estados brasileiros e excedentes de aço no mercado internacional.

O setor do aço no Brasil exporta para cerca de 100 países e envolve 2,4 mil milhões de dólares de investimentos.

No Brasil há 28 fábricas de aço que geram cerca de 140 mil empregos.

A crise do subprime, em 2008, provocou uma queda de produção e de vendas para metade no Brasil.

O setor já recuperou, segundo a entidade, após o governo anunciar a redução de impostos para os setores da construção civil, automóvel e de equipamentos, o que teve efeitos positivos na indústria do aço.

*Foto em Lusa

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