terça-feira, 30 de agosto de 2011

Moçambique: Governo evita "polémica da lua" e marca feriado do Ramadão sem data




ANGOLA PRESS

Maputo - O Governo moçambicano decretou hoje (segunda-feira) tolerância de ponto para o fim do Ramadão e celebração do Ide, mas evitou indicar a data, permitindo que os muçulmanos comemorem a efeméride consoante virem o crescente da lua. 
    
A celebração do fim do Ramadão e do início do Ide-Ul-Fitre tem dividido a comunidade muçulmana em Moçambique por causa da data exacta da aparição da lua na sua fase crescente, que segundo uns será na terça-feira e para outros na quarta-feira. 
 
Em causa estão divergências sobre se a nova fase da lua deve ser avistada a olho nu ou se o que vale são as projecções astronómicas que marcam a entrada do satélite da terra na sua fase crescente. 
 
Em comunicado de imprensa hoje enviado à Lusa, o Ministério do Trabalho moçambicano anunciou a marcação de um feriado para o fim do Ramadão e celebração do Ide, mas não indica a data das festividades. 
 
Em declarações à Lusa, fonte do Ministério do Trabalho disse que o Governo preferiu não avançar com a data para permitir que a comunidade islâmica chegue a consenso sobre a matéria. 
 
"Nos outros anos, depois de ouvirmos as várias sensibilidades sobre o tema, fixámos uma data. Este ano, preferimos deixar ao critério da comunidade muçulmana a marcação da data, por causa da polémica sobre a lua", acrescentou a mesma fonte. 
 
Comentando a decisão do Governo moçambicano, Amad Kamal, empresário e influente membro da comunidade islâmica de Moçambique, disse à Lusa que a "decisão mostra que o Governo ficou educado em relação à forma como olha" para os muçulmanos. 
 
"Fez muito bem o Governo, ficou neutro, porque não se podia arrogar o direito de dizer aos muçulmanos para celebrarem a sua data num dia influenciado por uma das correntes da comunidade", sublinhou Amad Kamal, ex-deputado do partido no poder, FRELIMO. 
 
No calendário islâmico, lunar, o Ramadão ocorre sempre nas mesmas datas, embora elas variem no calendário gregoriano, solar, adoptado pela maioria dos países não muçulmanos e é comemorado como o mês da revelação do livro sagrado do Islão, caracterizando-se pelo sacrifício do jejum. 
 
O Ide Ul-Fitre é o banquete que assinala o fim do sacrifício vivido durante o Ramadão. 
 
A religião islâmica, a par da católica, é uma das mais professadas em Moçambique, principalmente no norte do país, e a sua comunidade é influente nos negócios.

A tolerância de ponto é apenas concedida aos seguidores da religião islâmica. 

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