quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Timor-Leste: Métodos tradicionais para resolução de conflitos entre comunidades





Uma antiga e violenta disputa de terras entre duas comunidades tradicionais de Metinaro, localidade próxima da capital Díli, acabou de uma forma peculiar: danças e cantares típicos, um belo discurso e uma ceia colectiva. A celebração ocorreu após três meses de diálogo comunitário, através de técnicas formais de negociação a métodos locais tradicionais de resolução de conflitos, segundo relata o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

"Falamos em democracia, mas o respeito é muitas vezes esquecido", diz Adão Araújo, administrador de Metinaro, uma das regiões mais populosas do distrito de Díli. "Nós encontramos uma forma de amar a nossa comunidade e acabar com a violência", continua.

De forma a abandonar a violência como forma de resolver os conflitos, elementos pertencentes a grupos rivais de artes marciais juntaram-se a respeitados anciões locais de duas vilas vizinhas, para assinar um documento. Nele continham, entre outras coisas, o abandono da violência, a não ocupação de terras alheias e o respeito pelo meio ambiente, proibindo a caça em locais de preservação.

A cerimónia, conhecida como Tara Bandu, reuniu mais de 500 moradores, celebrando com entusiasmo o acordo comunitário. O PNUD tem capacitado o governo timorense em evitar que disputas locais como o acima referido, possam desembocar em conflitos violentos.

O projecto do PNUD criou, por meio de assistência técnica e financeira, o Departamento de Construção da Paz e Coesão Social, inserido no Ministério de Solidariedade Social. Este novo departamento treinou comunidades, líderes regionais e representantes locais dos distritos de Ermera, Díli e Baucau.

Técnicas de mediação, facilitação de diálogo e construção de consenso foram os temas apresentados para posteriormente colocarem-nos em prática. Metinaro foi uma das áreas mais afectadas pelos violentos confrontos em 2006, quando mais de 150 mil pessoas deixaram as suas habitações para procurar abrigo na região. Ao retornarem no final de 2009, registaram-se várias disputas territoriais entre grupos de artes marciais rivais e desempregados. Desde a criação do Departamento de Construção da Paz, já foram resolvidos três conflitos locais.

"Temos que criar a paz, unidade e estabilidade", diz Félix Rodrigues, representante de um dos grupos de artes marciais que assinou o acordo em Metinaro. "Os nossos problemas não podem mais ser resolvidos com violência. Temos que levá-los às autoridades locais para podermos encontrar soluções", garante.

SAPO TL com PNUD

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