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Macau, China, 31 ago (Lusa) -- Uma maior aposta do Português nos blocos económicos, como a União Europeia (UE), "pode ajudar" a torná-lo numa das línguas oficiais das Nações Unidas, defendeu o diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP).
O reconhecimento "é um objetivo pelo menos a médio prazo", disse Gilvan Müller de Oliveira, em declarações à Agência Lusa em Macau, à margem do III Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa, a decorrer até sexta-feira, defendendo, contudo, que "é necessário preparar um ambiente de aceitação" para que a meta seja alcançada, o que acredita que vai acontecer.
"É preciso acelerar a presença do Português nos blocos económicos regionais" -- como União Europeia, Mercosul ou ASEAN -- porque "exercem pressão sobre as Nações Unidas", dado que "envolvem toda a sociedade transversalmente", vincou o diretor executivo do IILP, frisando que a crescente procura que a língua portuguesa tem registado "não basta".
No entanto, "há muitos problemas para resolver em termos da gestão da língua portuguesa", verificando-se "uma série de tarefas atrasadas" no que diz respeito ao Português nas organizações internacionais, uma das quatro grandes áreas estratégicas definidas no plano de ação de Brasília, em 2010, na sequência da primeira conferência internacional sobre o futuro da língua portuguesa no sistema mundial.
A segunda área de internacionalização "urgente" passa pela gestão da língua na Internet, elencou o diretor executivo do IILP, apontando para o facto de o Português "não ter um mercado de busca unificado" devido à existência de "duas normas com gestão separada" fruto do "afastamento histórico" entre Brasil e Portugal, algo que "prejudica" a sua presença no mundo digital.
Ao mesmo tempo, tal "implica que os demais países (lusófonos) não participem nessa gestão" da língua, acrescentou, ao sublinhar que uma "presença unificada" na Internet teria "amplas consequências".
Um objetivo que, continuou, pode ser atingido, tendo, por exemplo, "um corretor ortográfico, um tradutor eletrónico, um sintonizador de voz e todos os outros desdobramentos tecnológicos".
O terceiro campo prende-se com a língua portuguesa nas diásporas, com Gilvan Müller de Oliveira a apontar que "é de todo o interesse" que haja maior cooperação, de modo a que "os países não cuidem apenas da sua diáspora", mas "compartilhem políticas" através de projetos do IILP e da CPLP em termos da manutenção do Português ou "fidelização das novas gerações na perspetiva cultural".
A última questão -- "que é importante para que a lusofonia e a CPLP se possam legitimar" -- tem a ver "com o dar lugar às outras línguas faladas" na comunidade. "Temos entre 301 e 339 línguas que não o português (...), mas estamos atrasados em relação a outras línguas internacionais no mundo em termos do respeito por estas tradições linguísticas", referiu.
O mundo lusófono tem de estar "conectado com as determinações das Nações Unidas" e de outras organizações quanto aos direitos linguísticos dos falantes, tanto que será organizado entre 11 e 14 de setembro, em Maputo, um colóquio sobre a diversidade linguística na CPLP.
Os encontros a realizar para discutir as quatro áreas estratégicas vão servir de preparação para a segunda conferência internacional sobre o futuro da língua portuguesa no sistema mundial, que terá lugar em outubro do próximo ano em Lisboa, donde sairá o plano de ação 2012-2014.
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