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Novas denúncias na imprensa brasileira aumentaram a pressão sobre o ministro do Desporto, Orlando Silva, que há dez dias está com o cargo ameaçado por acusações de desvio de dinheiro no ministério.
O jornal O Estado de São Paulo publica esta segunda-feira que pelo menos 1,3 milhões de reais (525 mil euros) do programa Pintando a Cidadania foram pagos no ano passado para empresas fantasma ou para companhias que exercem atividade incompatível com o serviço contratado pelo ministério.
O jornal cita, por exemplo, um acordo de dois milhões de reais (800 mil euros) com uma ONG chamada Instituto Pró-Ação, com sede em Brasília.
A ONG emitiu um cheque de mais de 300 mil reais (120 mil euros) para a empresa Automatec Tecnologia e Serviços, que está registada como uma loja de motos do interior do Estado de Goiás. Segundo a nota fiscal, o pagamento refere-se à compra de "tecidos, algodão e tinta".
O dono da Automatec, Marcos Oliveira, disse que desconhece o instituto e afirmou que emitiu as notas fiscais a pedido de um amigo.
O Pintando a Cidadania tem como objectivo fomentar a prática do desporto através da distribuição gratuita de material desportivo e promover a inclusão social.
O jornal Folha de São Paulo publica hoje que um relatório apresentado pelo ministério aponta o desvio de 17 milhões de reais (6,8 milhões de euros) do programa Segundo Tempo, que também tem como objectivo fomentar a prática de desportos por jovens carentes.
O relatório foi feito a pedido de um parlamentar e, segundo o jornal, lista 15 projetos em que os recursos transferidos pelo Governo teriam sido desviados da sua finalidade.
O Segundo Tempo é o centro das primeiras denúncias contra o ministério. João Dias Ferreira, um ex-polícia militar que foi detido em 2010 sob acusação de desvio de recursos do programa, disse em entrevista à revista Veja da semana passada que não só o ministro Orlando Silva tinha conhecimento sobre o esquema de corrupção, como recebeu "luvas".
Na edição desta semana, a revista publica excertos de um diálogo gravado em 2008, no qual assessores do ministro negoceiam com Dias Ferreira para ajudá-lo a se livrar das acusações de desvio de dinheiro.
Orlando Silva negou todas as denúncias e pediu provas do seu envolvimento, referindo-se ao autor das acusações como "bandido".
No final da semana passada, a Presidente Dilma Rousseff decidiu que Orlando Silva ficaria no cargo, sob o argumento de que o Governo brasileiro respeita a presunção de inocência.
A edição do jornal O Globo de hoje, porém, destaca que a demissão ainda não está descartada. A publicação entrevistou o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que afirmou que o Governo não tem uma posição definitiva.
Segundo Gilberto Carvalho, Dilma Rousseff não cedeu ao "clima de histeria" instalado nos media. "A Presidente quer ter o direito de fazer a avaliação com calma, atendendo aos princípios da defesa", declarou.
"Transformar a acusação em confirmação não dá", afirmou o ministro ao jornal.
*Foto em Lusa
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