segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Cristina Duarte: Cabo Verde corre o risco de cair na "armadilha do país de rendimento médio"




A SEMANA - ECONOMIA
"Com o contexto económico internacional adverso, Cabo Verde corre o risco de cair na armadilha de ser um país de rendimento médio". Este foi um dos pontos focados por Cristina Duarte, ministra das Finanças, durante a Conferência dos Ministros das Finanças Africanos nos encontros anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, que aconteceram nos EUA.
Cristina Duarte começou por descrever o percurso de Cabo Verde desde a independência até à sua elevação a país de rendimento médio. Destacou perante os seus pares do Congo, Tanzânia e Gâmbia que "outros países alcançaram a graduação, mas não conseguiram seguir um caminho sustentável para se manterem no nível de rendimento médio. E Cabo Verde está agora a enfrentar este desafio".
Para a ministra das Finanças, o Banco Mundial e o FMI têm um papel determinante neste processo, no sentido de que devem continuar a apoiar os países africanos. "África deve fazer parte da solução da crise internacional e não parte do problema", realçou. E exemplifica: "Se Cabo Verde, sem recursos naturais, conseguiu crescer a uma média de seis por cento ao ano na última década, imagine Costa do Marfim, Nigéria e outros países".
Cristina Duarte falou ainda sobre o trabalho em África. "Há uma procura muito grande de força de trabalho qualificada em África, que não encontra correspondência no lado da oferta. Temos uma força de trabalho pouco qualificada e de baixa produtividade", aponta.
 Por isso, sublinha, é necessário olhar para o mercado de trabalho e analisá-lo do ponto de vista formal e informal. "Na componente formal, na maioria dos países em África, também em Cabo Verde, o mercado de trabalho não é flexível. Há um défice de flexibilidade no trabalho". Isto faz com que o mercado de trabalho informal tenha um peso colossal em África.
E sublinha: "Quando alguém está no mercado informal, não tem condições de acesso ao capital e à expansão de uma ideia de negócio. Nós acreditamos que para concertar o mercado laboral com o sector económico é preciso melhorar as regras do trabalho porque o poder de compra resulta desta relação".

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