ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA
Portugal foi o país da União Europeia que mais progrediu na última década em termos de população que termina pelo menos o 12º ano, atingindo médias europeias no ensino superior, frequentado por um em cada três jovens de 20 anos.
Os avanços de Portugal poderão constituir um exemplo para outros países que têm vindo a baixar nos indicadores em causa, mas os bons resultados conseguidos estão ainda "aquém do exigido", precisou a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Ana Maria Bettencourt.
O estudo sobre a qualificação dos portugueses serviu, hoje, de base à intervenção da presidente do CNE na abertura de uma conferência da Rede Europeia de Conselhos de Educação, em Lisboa, que contou com a presença da secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário, Isabel Leite.
A diversificação da oferta de formação profissional, bem como da educação de adultos "contribuíram, sem dúvida, para os progressos que pudemos verificar", reconheceu Ana Bettencourt.
A responsável alertou que é preciso garantir "níveis ainda mais elevados de recuperação", que permitam ao país recuperar de um atraso de décadas e alcançar as metas estabelecidas para 2020.
"O que só será possível com o recurso a medidas extraordinárias dirigidas à captação de pessoas pouco escolarizadas, com as quais o país tem uma dívida", defendeu.
O CNE recomenda que é necessário avaliar e melhorar percursos e estratégias, prosseguindo na melhoria da educação e qualificação.
"Sabemos que as dificuldades exigem esforços redobrados das políticas, dos sistemas e das práticas, mas também das instituições, dos actores sociais e das estruturas do tecido empresarial", sustentou a presidente deste órgão independente.
No mesmo sentido, considerou que o contributo das empresas pode ser decisivo, "quer pela valorização de melhores qualificações em novas admissões, quer pela maior especialização que darão ao sector produtivo, quer ainda pelo desenvolvimento profissional dos seus colaboradores", permitindo adequar as suas competências às necessidades do mercado de trabalho.
Ana Bettencourt advertiu que a presente crise irá agravar as condições de vida na sociedade portuguesa e "comprometer as oportunidades de emprego", desejando que as ofertas educativas possam gerar mudanças que reduzam as desigualdades e a exclusão.
A secretária de Estado frisou, por seu lado, que a maioria da população activa portuguesa continua a entrar no mercado de trabalho "muito impreparada", apesar das medidas tomadas por anteriores governos.
Responsáveis de concelhos de educação de vários países da Europa estão reunidos até terça-feira na conferência dedicada a debater "Novas Competências para Novos Empregos".
Esta é a notícia ou, se se preferir, a teoria ou embalagem. A realidade, a substância, o conteúdo desmente muitas destas divagações estatísticas que, regra geral, dão para tudo.
Num sistema laboral como o português, o importante não é estar bem preparado, desde logo porque a competência nada significa perante a subserviência em que os "jobs" são para os "boys", em que os génios são menos importantes do que os néscios desde que estes tenham obviamente cartão do partido.
Quando um país vê os seus licenciados a guiar táxis, a fazer embrulhos em lojas de roupa ou a servir às mesas nos cafés do país e nada faz é porque, de facto, deixou de ser um país e passou a ser um local mal frequentado.
O Governo actual, como os anteriores, simulou que queria alterar o (mau) estado das coisas mas de facto é mais a parra do que a uva. Mais o acessório do que o essencial. Mais o oportunismo do que o realismo. Mais a embalagem do que o produto.
Seguindo “ipsis vervis” a metodologia que tanto criticou no PS, o PSD está a estacionar, com algumas raras excepções, as suas peças em sectores relevantes, marimbando-se para a real competência dos portugueses que caminham a passos largos para deixarem de ser cidadãos de segunda para serem apenas e tão só escravos.
Na comunicação social, por exemplo, continua a valer a regra socialista de que mais vale ser um propagandista de barriga (bem) cheia do que um ilustre Jornalista com ela vazia.
Tal como John Kennedy, também Passos Coelho diz que: "É a altura, não de perguntar aquilo que o Governo pode fazer por nós, mas aquilo que todos podemos fazer pelo Governo".
(A tradução da frase de Kennedy para português é : "quem pode manda")
É claro (para mim - entenda-se) que este Governo (ao contrário dos leves e iniciais indícios e de alguns – embora poucos – competentes que o integram) está-se nas tintas para os portugueses que não têm coluna vertebral amovível.
Porquê? Porque, cada vez mais, os portugueses sabem que é sempre possível ter um cartão do partido no meio de tantos outros, mesmo que a validade seja curta.
Sabem que, sendo do partido, haverá sempre um lugar como assessor, como especialista ou como super qualquer coisa.
Como dizia Inês Pedrosa, "temos cada vez mais jornalistas que saltam das redacções para se tornarem criados de luxo do poder vigente". E a regra não é exclusiva dos jornalistas.
E, é claro, depois dessa rodagem há sempre a possibilidade de ver criados saltarem do poder para serem sobas nas empresas, fundações, institutos e similares com especialização em estar sempre de acordo com os seus donos.
Tal como conheço pessoas de alto nível cultural e profissional que são motoristas de táxi, repositores de produtos em supermercados, fazedores de embrulhos em lojas e, é claro, desempregados, também conheço políticos e similares (deputados, autarcas, assessores, administradores de empresas públicas, institutos etc.) que deveriam ser motoristas de táxi, repositores de produtos em supermercado, fazedores de embrulhos em lojas e, é claro, desempregados.
A diferença entre eles não está na origem do “dr.” (quem diz doutor, diz engenheiro) mas nas ligações partidárias que, a par ou não da competência, são muito mais do que meio caminho andado para se ter um bom tacho.
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
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