domingo, 23 de outubro de 2011

Sanções dos EUA "não vão ferir economia chinesa" -- economista chefe do Banco da China




DM - LUSA

Macau, China, 23 out (Lusa) - A imposição de taxas adicionais à importação de produtos chineses que o projeto-lei aprovado pelo Senado norte-americano prevê para punir a alegada manipulação cambial do yuan não vai afetar a China, defende Cao Yuanzheng, economista chefe do Banco da China.

"Não penso que estas sanções possam ferir a economia chinesa", declarou Cao Yuanzheng em entrevista à Agência Lusa em Macau, argumentando que não faz sentido que seja aberta uma "guerra comercial" entre as duas maiores potências económicas do mundo.

"Qual é o objetivo?", interrogou, ao apontar que, no quadro da sua nova política reformista, "a China está determinada em reduzir a dependência das exportações, tentando mobilizar a procura interna reforçando os rendimentos da população", algo que traz "esperança".

Anualmente, "os rendimentos 'per capita' têm vindo a aumentar oito por cento ou mais" e "o consumo na China é muito forte", destacou o economista, ao salientar que no passado o receio quanto a medidas sancionatórias era maior devido à maior dependência do mercado externo.

"Porque é que antes estávamos muito mais preocupados com este tipo de sanções?" voltou a questionar, mas salientando que a China "tinha uma população muito grande, uma força laboral muito grande com necessidade de emprego, mas agora estes assuntos ganharam cada vez menos [importância], tendo em conta que a demografia da China está a mudar e (...) as pessoas já não têm receio de perder oportunidades de emprego nas indústrias exportadoras".

Para Cao Yuanzheng, a iniciativa legislativa que passou no Senado norte-americano, em meados deste mês, não vai resolver o problema dos Estados Unidos: "Mesmo se o yuan valorizar e a China exportar menos (...) o Vietname e outros países vão substituir a China" nessa matéria e, por conseguinte, o défice comercial norte-americano "vai continuar lá".

"Os Estados Unidos devem exportar mais para a China", argumentou o economista do Banco da China, ao sustentar que, "caso levantem as atuais restrições" sobretudo no que diz respeito aos produtos de alta tecnologia, "talvez a balança melhore um pouco".

Em 2010, o excedente comercial da China em relação aos Estados Unidos atingiu o montante recorde de 273.000 milhões de dólares (200.838 milhões de euros).

Para Pequim, a taxa de câmbio do yuan não figura como responsável pelo "desequilíbrio" da balança comercial bilateral, sendo a "principal razão" do crescente défice norte-americano a limitação à exportação de produtos de alta tecnologia para a China, imposta por Washington.

Embora a iniciativa legislativa tenha conquistado amplo apoio junto do Senado norte-americano, a oposição manifestada pelo presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, torna mais improvável a aprovação do diploma.

O presidente norte-americano, Barack Obama, que tem criticado a política cambial chinesa, também se mostrou "preocupado" com os efeitos daquele diploma e advertiu que o seu conteúdo poderá violar as regras da Organização Mundial do Comércio.

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