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São Paulo, 15 nov (Lusa) - O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, autorizou o registo de sete sindicatos que representam setores da indústria que não existem no Estado em que foram criados, noticiou hoje o jornal Folha de São Paulo.
Com o registo, esses sindicatos podem receber parte dos 2 mil milhões de reais (830 milhões de euros) arrecadados anualmente pelo imposto sindical.
Segundo o jornal, as certidões foram emitidas entre abril e agosto de 2009 a pedido do deputado Bala Rocha (PDT-AP), dirigente do Partido Democrático Trabalhista (PDT), o mesmo de Lupi.
Num dos documentos, publicado pelo jornal, é possível ver a assinatura de Lupi ao lado da inscrição "certifico e dou fé".
Questionado pelo jornal, o ministério disse que os registos seguem "procedimentos previstos nos normativos legais" e negou que a emissão atenda a interesses políticos.
A denúncia é mais um capítulo da crise do Ministério do Trabalho, iniciada no dia 05 de novembro com a publicação de uma reportagem pela revista Veja que denunciava um alegado esquema de corrupção.
Segundo a revista, funcionários do ministério cobravam "luvas" de organizações não governamentais (ONG) que desviavam recursos públicos através de acordos com o Governo.
Após a denúncia, o ministro afastou imediatamente um assessor e negou ter conhecimento do esquema. Uma semana depois, a mesma revista publicou que, em 2009, Lupi fez uma viagem oficial num avião cedido por um empresário acusado de chefiar uma ONG com contratos suspeitos com o ministério.
O Ministério do Trabalho divulgou uma nota em que atribuiu ao PDT a responsabilidade pelo avião usado na viagem. Em audiência na Câmara dos Deputados na semana passada, Lupi negou que conhecesse o empresário.
Hoje, porém, o jornal O Estado de São Paulo publica uma entrevista com o presidente da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira, na qual o empresário desmente Lupi e diz que viajou com ele em 2009 durante a visita oficial ao Estado do Maranhão.
O responsável da ONG disse que indicou a aeronave a ser alugada para a viagem, mas negou que tenha arcado com os custos. Meira disse ainda não saber quem pagou o aluguer, mas que acha que a "versão de que foi o PDT pode ser verdade".
O presidente em exercício do PDT, André Figueiredo, disse na segunda-feira que vai pedir à direção do partido no Maranhão a prestação de contas de 2009 para comprovar o pagamento do avião usado pelo ministro.
A ONG Pró-Cerrado atua na área da formação profissional de jovens e, desde 2008, assinou oito acordos com o Ministério do Trabalho, que totalizam 13,98 milhões de reais (5,81 milhões de euros). A organização é investigada pela Controladoria-Geral da União (CGU) por suspeita de desvio de recursos.
Na segunda-feira, o Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), que faz oposição ao Governo, encaminhou um requerimento à Comissão de Assuntos Sociais do Senado para que Lupi seja ouvido para explicar a viagem de 2009.
A crise no Ministério do Trabalho acontece poucas semanas após o afastamento do então ministro do Desporto, Orlando Silva, por denúncias de corrupção na sua pasta.
Orlando Silva foi o sexto ministro afastado do Governo desde a posse da Presidente Dilma Rousseff, em janeiro. Em cinco dos casos, as demissões foram motivadas por escândalos políticos.
*Foto em Lusa
1 comentário:
E mais um ministro do "magnífico" governo Dilma/PT irá cair. Mais um ... essa gente não se cansa de se ferrar, caramba?
Ah, e agora não vai ter o Lula para tentar apagar o fogo lá em Brasília, já que ele precisa cuidar da própria saúde. Para quê oposição, se o famigerado LULOPETISMO pode afundar sozinho?
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