Alcides de Oliveira sentiu-se incomodado com o nosso editorial de 11 de Novembro e remeteu-nos missiva indignada. Porém, ontem, ao telefone, foi cuidado nas palavras e tíbio no tom de voz… Como se sabe, a coragem não é um dos seus atributos…
«RESPOSTA DE ALCIDES OLIVEIRA AO JORNAL O LIBERAL
Recentemente, o jornal online Liberal fez um artigo, com a costumeira (in) dignidade de Editorial, contra a Associação Cívica Pró Praia e contra a minha pessoa, Presidente dessa organização da Sociedade Civil, no fundo nos imputando «acção insuficiente» contra o Governo de Cabo Verde.
Quando um jornal da praça, ao invés de ater-se ao nobre papel que a lei confere a todos os órgãos de comunicação social em Cabo Verde, de informar bem os cidadãos e, desta forma, reforçar a sua faculdade de pleno exercício da cidadania activa, assume posições tão bizarras contra uma pessoa e uma instituição, ambas bem reconhecidas e moralmente bem engajadas, é sinal de que algo está muito mal dentro da sua administração. Consequentemente, esta terá que responsabilizar-se pela incúria dos seus dirigentes.
Como deveriam saber, um jornalismo de qualidade se fundamenta no conhecimento, na imparcialidade e na verdade dos factos. Ora, isto revela ser o calcanhar de Aquiles que vem desnorteando Liberal online.
Primeiro, as questões de fundo:
1. A Pró Praia não é uma organização política, nem está ao serviço de causas partidárias, pelo que não se presta a fazer fretes ou a servir de arma de arremesso político, não caindo na vanidade e no histerismo de «mostrar serviço» a este ou aquele grémio partidário, seja da situação ou da oposição
2. Nesta qualidade, a Pró Praia pauta as suas acções no interesse estrito da sociedade civil praiense e cabo-verdiana, fora das esferas político-partidárias, relacionando-se em total equidistância e autonomia com entidades como a Presidência da República, o Governo de Cabo Verde, os Partidos Políticos, a Câmara Municipal da Praia, entre as demais, não se descurando da postura e da lisura, algo que não é apanágio da «família do Liberal», na veiculação das suas demandas e, assuma-se, reivindicações.
3. No referente aos apagões na Cidade da Praia, uma das questões que tem merecido da Pró Praia forte e consequente atenção, está esta organização ciente da insatisfação dos praienses e da complexidade da situação, merecedora de melhores respostas por parte da Electra, do Governo de Cabo Verde, dos Municípios (em sua quota-parte de responsabilidade no cômputo da iluminação pública).
4. Queremos ainda esclarecer aos “iluminados” do Liberal que Pressão e reivindicação não se traduzem necessariamente em manifestações de rua. Ciente das nossas responsabilidades sociais e públicas, o diálogo tem sido e continuará a ser o nosso principal instrumento de mediação entre os diferentes níveis de tomada de decisão, não deixando de auscultar sempre os praienses e de tomar medidas em consenso dos membros da Associação, designadamente em manifestações cívicas (repito a palavra que vos estranha: cívicas), petições e contactos permanentes. Todavia em nenhuma circunstância serviríamos de Quinta Coluna para acções histéricas e estéreis que certos articulistas (às expensas de que indecorosas sopas?) nos pretende impor.
Depois, as questões mais circunstanciais e pessoais:
5. No referente à minha pessoa, naturalmente que essa hedionda tentativa de linchamento moral não cola, nem faz mossa. Sabe-se manifestamente que não faço assessorias aos conspiradores baratos, nem vivo às expensas de favores e/ou encomendas, mas sim do trabalho e faço-o em organizações credíveis que não recrutam por bilhetinhos ou por apadrinhamentos indecorosos.
6. Não tenho histórico de «fazedor de fretes», nem tenho andado em campanhas a «mostrar trabalhinho» para depois receber a prebenda de jornalecos ou de prestações de serviços de mercenário à política. O cidadão Alcides Oliveira não se presta a comparações éticas e morais com a laia do Liberal.
7. Tanto que me reservo no direito de interpor contra o jornal Liberal e a corja que o dirige um processo-crime, por difamação e calúnia, bem como abuso da liberdade de imprensa, já que o meu bom-nome, com perdão pela imodéstia é mais sagrado que esse órgão de imprensa.
8. A Associação Pró Praia igualmente e em desagravo tomará as medidas que se impuserem e, creiam, serão proporcionais à afronta contra ela desferida.
9. Quanto às lutas em causa, elas continuarão a considerar os apagões, a precariedade da água, a insegurança pública, o saneamento, o plano director municipal, o património e a qualidade de vida dos praienses, não abrindo mão à denúncia das tentativas de disfarçar democracia com fascismo e liberdade de imprensa com corrupção mediática, tão ao gosto dos «liberais» e dos seus facínoras mandantes.
Ficando ora por aqui, devo por merecido este meu direito à resposta.
Atentamente,
Alcides Oliveira»
NOTA DA REDACÇÃO
Alcides Oliveira deu-nos o privilégio de descer ao nível da “corja”, escrevendo para Liberal. É um direito seu e um dever nosso publicar-lhe a missiva, bem mais criativa que a sua precária oralidade.
No Editorial em referência, escrevemos que Alcides era aldrabão e intelectualmente desonesto. O seu direito de resposta confirma-o. Uma única vez fez qualquer alusão à circunstância de ter mentido aos praienses – há notícias na imprensa e registos vídeo –, ao anunciar manifestações que não promoveu. E foi essa a razão do nosso texto, como Alcides sabe mas faz-se de esquecido.
Alcides Oliveira limitou-se a tecer redondilhas, insinuando discreto trabalho da associação que dirige no fito de ajudar a resolver o problema da energia e da água. A fábula conspirativa dá sempre um grande jeito quando o trabalho é pouco e as “pressões” falam mais alto. Que diferença entre a tibieza de ontem ao telefone – porque nos obsequiou com uma chamada – e a “coragem” retórica de hoje.
O Alcides não faz fretes, o Alcides é um poço de integridade, o Alcides é o supra-sumo da ética. Só tem um pequeno defeito: é mentiroso e intelectualmente desonesto. E é cobarde porque, mesmo à distância de uma chamada, fala pianinho…
E, em matéria de “indecorosas sopas”, lá saberá o Alcides de que prato costuma alimentar-se ou que mão costuma lamber.
A Redacção
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