sábado, 12 de novembro de 2011

A MAÇONARIA E AS SUSPEITAS




JOÃO MARCELINO, opinião – DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Falar em maçonaria é convocar a polémica, suscitar a discussão acerca das motivações de uma organização semi-secreta na sociedade livre e democrática em que hoje vivemos e que este movimento, aliás, sempre teve como objectivo teórico ajudar a criar - o que historicamente se comprova com a liderança das revoluções francesa e norte-americana.

A maçonaria pretende assumir-se como um espaço de permanente requalificação do indivíduo, de desenvolvimento espiritual do homem, em prol de uma sociedade tolerante, universalmente fraterna.

E, no entanto, vista de fora, cresce a suspeita.

Há quem defenda que uma importante parte da maçonaria terá traído os seus ideais, os princípios e os valores da fundação e que comportará hoje muita gente, mais jovem, sobretudo interessada na promoção de lógicas de poder pessoal.

Ao homem justo, crente em Deus e nos valores da família, livre pensador, indivíduo de estatura moral elevada e motor de uma sociedade nova poderá estar a suceder o homem que quer subir na vida mais depressa e sem problemas independentemente dos seus méritos.

Na visão mais conspirativa, as "lojas" ter-se-iam, assim, transformado em centrais de tráfico de influências, e os "irmãos" seriam agora sobretudo cúmplices capazes de subverterem os mais elementares princípios de justiça - e de utilizarem a régua, o compasso e o esquadro originais dos pedreiros para construírem uma moderna vida de bem-estar e exercerem um geométrico poder em benefício próprio numa teia de interesses transversal a quase todos os partidos políticos.

Este é o pano de fundo para esta viagem que o Diário de Notícias decidiu promover ao interior da maçonaria portuguesa, dividida nos seus braços "regular" e "irregular". Procurámos, como nos trabalhos anteriores, ser substantivos e factuais. Na dúvida, eliminámos referências. No final, ficámos com a certeza de que há ainda muita gente que foge do estatuto de maçom que efectivamente é o seu. A organização mantém um carácter semi-secreto catalisador da suspeita externa, porque, como no passado, continua a ligar pessoas de partidos e credos diferentes tanto quanto de empresas comuns.

Não temos uma tese para assumir; temos informação para publicar e alguns pontos de reflexão para deixar à consideração dos leitores. (Ver mais em baixo)

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